❐ 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐅𝐨𝐮𝐫𝐭𝐞𝐞𝐧 ➹

Christian ainda não acreditava no que aconteceu. Ele já havia repitido a morte de Aurora dezenas de vezes em sua mente. A garota cravando a faca em Doug. O sangue escorrendo pelas mãos. O arpão atravessando o estômago.

A imagem da filha caindo morta no chão o aterrorizava. A mãe da garota morreu exatamente da mesma forma, perfurada por um arpão no estômago, lançado por um carreirista.

O vitorioso não sabia o que fazer. O sol já estava nascendo, fazia cerca de um dia que Aurora foi morta e mesmo assim Christian não havia levantado de sua poltrona, não havia ingerido água e nem comido qualquer coisa, ele estava em completo choque.

De repente, abrindo a porta da sala dos mentores, Caroly entrou e se sentou na poltrona a esquerda de Jonathan.

ㅡ É de família? Esse problema de raiva descontrolada? ㅡ Indagou a jovem se arrumando numa posição.

ㅡ A culpa é toda minha. ㅡ Christian coçou os olhos, limpando algumas lágrimas que insistiam em brotar. ㅡ Eu permiti que ela visse meu lado enfurecido dezenas de vezes, ela sonhava em ganhar assim como eu. Talvez seu subconsciente guardou aquelas imagens e decidiu que iria imita-las.

Então, segurando firme nos braços da poltrona, a visão de Chris enegreceu e ele sentiu sua pressão baixar, seu corpo ficou mole e ele caiu pro lado.

ㅡ Ei! A quanto tempo você não come? ㅡ Caroly se levantou rápido, indo até a mesa com o café da manhã já servido e pegando um pedaço de pão e um copo de suco. Depois, a garota voltou até Christian. ㅡ Consegue mastigar?

Com dificuldade, Christian pegou um pedaço o do pão, mastigou um pouco e engoliu. Após isso, pegou o copo de suco e bebeu um longo gole. A tontura não iria passar imediatamente, mas pelo menos ele já estava mais firme.

ㅡ Eu nunca devia ter deixado ela ir! Era uma ideia estúpida!

ㅡ Não se culpe tanto assim, Chris! Era um sonho dela, e a garota foi atrás. ㅡ Caroly pegou o copo e entregou o resto do pão para o homem. ㅡ Eu também tinha esse sonho, fui atrás e o conquistei! Aurora poderia também.

ㅡ Para! Para de tentar justificar meu erro! Além disso, ela não era nenhuma carreirista doutrinada para matar. ㅡ Christian enfiou mais um pedaço de pão na boca.

ㅡ Em momento eu justifiquei seu "erro", Chris. ㅡ Caroly fez aspas com os dedos. ㅡ Não é um erro deixar sua filha seguir seu sonho. Além disso, em momento nenhum Aurora gostou do que fez. Era visível pelas câmeras como ela ficava após estraçalhar alguém, ela permitiu que Eva a matasse, estava arrependida do que fez e decidiu que iria ser morta. Pare de se culpar, você foi um ótimo pai e um ótimo mentor, não só para ela.

Caroly sorriu para Christian dando um abraço nele.

ㅡ Eu sei que você não concorda, mas só venci por sua causa, mesmo que não fora meu mentor. Que tal no ano que vem você levar mais um tributo a vitória?

Então, atraindo a atenção dos dois, a arena começou a tremer. Eles imediatamente olharam para a câmera, observando cada um dos focos. Algo estava acontecendo lá dentro.

Sarah tinha acabado de sair para procurar Sophia. Seguindo para o oeste, ela caminhou até os pinheiros. As enormes árvores serviam como um teto, impedindo que a luz solar ultrapassasse para dentro de sua área.

A mente de Sarah estava a mil por hora, ela precisava encontrar Sophia. Mas, apesar de tentar se convencer do contrário, a verdade era que não era esse o motivo das preocupações de Sarah. A verdade era que ela estava cansada de tudo aquilo.

Apesar de não aparentar, a perda de JJ arrasou a garota. Mascarando seus sentimentos por trás da máscara de assassina que buscava vingança e vitória, ela era apenas uma garota que sempre sonhou em ser independente em relação a seu irmão, mas não daquele jeito. Talvez fosse culpa de Sarah o irmão estar morto, já que, desde que a mãe deles os abandonou, JJ sempre foi superprotetor.

Ela estava quebrada, sua cabeça não sabia mais o que era certo e errado. Sarah, apesar de sonhar com a vitória, deseja que aquele sofrimento apenas se acabasse, mas ganhar os Jogos não traria fim a ele.

Então, tirando Sarah de seus devaneios, o solo da arena começou a tremer.

ㅡ Que porra é essa? ㅡ Indagou uma voz entre as árvores. Ficando em silêncio, o máximo que conseguia com tudo a sua volta tremendo, Sarah se aproximou e conseguiu ver Rey, do Distrito 3, puxando o corpo de Sophia. A loira ainda respirava!

ㅡ Vadia! ㅡ Sarah gritou avançando sobre Rey, que desviou por muito pouco. De repente, impedindo a luta entre as duas, uma porção de terra entre elas afundou, dando lugar a um buraco cheio de água. ㅡ O que aconteceu?

ㅡ Malditos idealizadores... ㅡ Rey olhou para trás, onde a savana e os pinheiros faziam fronteiras, ambas as vegetações estavam tremendo. ㅡ Seguinte, me ajuda a tirar sua amiga daqui e depois a gente resolve isso, pode ser?

Apesar de receosa, Sarah não pretendia deixar Sophia morrer. Porém, caso o chão continuasse afundando e virando água, a garota morreria afogada.

ㅡ Pega nos braços e eu as pernas. ㅡ Ordenou Sarah pulando o buraco de água e levantando as pernas de Sophia. O peso não era tanto, mas ainda assim diminuiria a velocidade da carreirista. ㅡ Vamos para a Cornucopia!

ㅡ Nem a pau! ㅡ Exclamou Rey segurando os braços. ㅡ Eu tô na frente, eu controlo. Além disso, os eucaliptos fica mais perto.

Sem que Sarah pudesse contestar, Rey começou a correr. A garota era baixinha, mas corria velozmente. O começo foi difícil, os membros de Sophia ficavam caindo das mãos de Sarah e ela quase caia em cima da amiga. Além disso, o tremor não ajudava muito.

Enquanto corriam, as garotas desviavam de mais e buracos que surgiam no chão, as vezes afundando árvores inteiras apenas para aparecer uma porção de água.

Depois de cerca de cinco minutos correndo, Sarah já conseguia ver a floresta de eucaliptos. A vegetação, ao contrário dos pinheiros e da savana, estava parada, sem nenhum tremor.

De repente, tirando Sarah do chão, a terra afundou. Ela não sentiu mais algo sólido sob os pés enquanto as pernas de Sophia escapavam de suas mãos.

Nos poucos segundos que ficou voando, ela olhou rapidamente para os lados, toda a floresta de pinheiros tinha virado água, nada sólido.

As três caíram na água espirrando gotículas pra todo lado. Agarrando o braço de Sophia, Sarah usou sua experiência nos mares do Distrito 4 e as levou para a superfície. Rey apareceu logo em seguida.

ㅡ Porra! Olha aquilo! ㅡ Rey apontou com o dedo rapidamente para uma onda que se formava atrás delas, vindo em sua direção.

Virando a cabeça na direção contrária a onda, Sarah avistou os eucaliptos.

ㅡ Vamos nadar pra lá! Rápido! ㅡ Ela não devia estar ajudando Rey, mas sabia qual era a sensação de se afogar e não desejava a ninguém.

Ambas começaram a nadar em direção a floresta, com Sarah segurando Sophia e mantendo sua cabeça pra cima da água. Porém, duas vezes mais rápida que elas, a onda se aproximava com seus três metros de altura.

ㅡ Só mais um pouco! ㅡ Gritou Sarah entre uma braçada e outra, mais para si mesma do que para Rey.

Entretanto, a onda chegou primeiro. Em poucos segundos, Sarah sentiu seu corpo subindo já água. Ela agarrou os braços de Sophia enquanto a água a submergia e a arrastava.

Foram os piores segundos da vida de Sarah, ela estava totalmente submersa sem conseguir nadar, o desespero tomava conta de sua mente. Então, sentindo algo sólido, Sarah se segurou.

A água abaixou, permitindo que a garota respirasse. A carreirista estava na margem da floresta de eucaliptos, se segurando em uma raiz, apenas as mãos e a cabeça para fora da água. Sua respiração estava extremamente acelerada, mas ela estava aliviada. Ao seu lado, Sophia estava estirada na terra enquanto Rey a puxava.

ㅡ Ei! Larga ela! ㅡ Gritou Sarah tentando subir, mas algo na água a impedia.

ㅡ Se não o que? ㅡ Indagou Rey debochando. ㅡ Não sei se sabe, mas depois de uma onda a água sempre volta de onde veio.

Então, uma enorme pressão começou a puxar o corpo de Sarah. Apesar de estar descendo, a água ainda tinha uma grande força. A carreirista colocou toda a força que tinha nas mãos, se agarrando firme na raiz, enquanto o corpo era arrastado pela água.

Porém, depois de algum tempo segurando, as mãos de Sarah cederam. A garota foi sugada pela pressão da água, sendo lançada ao fundo do mar.

Rey arrastava o corpo de Sophia pela terra. Depois de ver Sarah sendo sugada pela água, ela passou a agir mais rápido, temendo ser pega pela próxima onda que atingisse os eucaliptos.

Depois de um certo tempo arrastando a carreirista, Rey tirou sua mochila das costas, o tecido e tudo dentro estava encharcado de água.

A garota retirou uma enorme corda, além de três facas, de dentro e as jogou no chão. Pegando uma das facas, cortou um pedaço da corda e amarrou uma ponta na mão esquerda de Sophia, prendendo a outra ponta num eucalipto não muito grosso. Repetiu esse processo com a outra mão e ambos os pés.

Quando terminou de amarrar a última corda, deixando sobrar um pedaço em sua mão, Rey se virou para Sophia. A carreirista estava acordando.

Um sorriso se abriu no rosto de Rey ao mesmo tempo que Sophia abria os olhos. Não era um sorriso de felicidade, muito menos vergonha. Era um sorriso de malícia. Maldade pura.

Antes que Sophia pudesse abrir a boca, após arregalar os olhos, Rey segurou firme a faca em sua mão, avançou e cravou a lâmina em uma das mãos de Sophia.

ㅡ VADIA! ㅡ Gritou Sophia seguido de um agudo "aaai". A carreirista olhou com ódio para Rey, que sorria alegre vendo o sangue escorrer. ㅡ Você é louca!

ㅡ Não estou fazendo nada de errado. ㅡ Rey pegou a segunda faca e enfiou na outra mão de Sophia, que rugiu de dor. ㅡ É apenas vingança.

A carreirista arfava com força enquanto suas mãos escorriam sangue. Rey se sentia completa pela primeira vez em sua vida, escutar os gritos de Sophia lhe trazia satisfação.

Com a última faca, Rey abriu um corte na perna esquerda da carreirista, que esperneou e gritou.

Rey passou a lâmina pela pele bem devagar, apreciando os sons de dor que sua adversária emitia. Por fim, Rey parou, o corte ia do joelhos até o tornozelo, a pele estava pintada de vermelho.

ㅡ Me mata logo! ㅡ Esbravejou Sophia com caretas de dor. A tributo do Distrito 3 não respondeu, apenas se virou para a outra perna e encostou a lâmina suja de sangue na perna. ㅡ Não! Me mata, eu lhe imploro!

Sophia não teve tempo de respirar, suas palavras foram seguidas por um grito alto e agudo. Lágrimas escorriam aos montes pelo rosto da garota.

Depois de cortar a segunda perna, Rey soltou a faca no chão e pegou o pedaço de corta que sobrou, segurando ele como um chicote.

ㅡ Não! Não faz isso, por favor! ㅡ Sophia tentava se soltar desesperada, mas já estava fraca.

Rey começou sua sessão de tortura, chicoteando as pernas, braços e barriga de Sophia, sorrindo de prazer a cada grito e espasmo da garota.

ㅡ Essa sensação é tão... Gostosa! ㅡ Por mais sessenta segundos, Rey chicoteou o corpo de Sophia sem parar, rápida e firme. A carreirista chorava e urrava, preenchendo a floresta de eucaliptos com seus gritos de dor. O chão abaixo da garota estava molhado de lágrimas e sangue.

ㅡ Chega! ㅡ Sophia atraiu a atenção de Rey. ㅡ Chega, eu faço qualquer coisa, só para, por favor.

Rey realmente parou de chicotear, para alivio da carreirista. Porém, segundos depois, Sophia se arrependeu de seu pedido.

ㅡ Se for pra ficar me interrompendo, melhor calar a boca. ㅡ Rey pegou sua faca e fez um corte não muito profundo no pescoço de Sophia. O ultimo grito da carreirista recebeu um corte seco, Rey cortou suas pregas vocais. ㅡ Melhor agora.

A garota sorriu vendo que Sophia estava aos prantos, sem emitir nenhum ruído. Ela pegou sua corda e voltou a chicotear, porém, algo parecia incompleto.

ㅡ Não tem mais graça sem os seus gritos. ㅡ Sophia ainda estava viva, mas sua respiração fraca e os olhos, cheios de lágrimas, quase se fechando indicavam que a carreirista logo estaria morta.

Rey fez um corte no abdómen de Sophia, não para matar, mas para que mais sangue pudesse escorrer.

O corpo de Sophia estava pintado de vermelho quase que por completo. As canelas, as mãos, o abdómen e o pescoço encharcados, além dos cortes e machucados pelos braços e pernas. A respiração da garota diminuía a cada segundo e as lágrimas já estavam secando. Por fim, seu peito abaixou e a cabeça pendeu para o lado.

Canhão.

Rey sorriu para o corpo. Um sentimento totalmente novo preenchendo a garota, a adrenalina percorria suas veias. Rey não estava apenas feliz ou alegre, ela não se sentia apenas bem e tranquila. Rey se sentia viva.

Castiel observava Kaya. A garota costurava os pequenos furos dos casacos, mas a falta de material a atrapalhava. Felizmente, apenas o casaco de Castiel estava furado, Kaya cortou um pequeno pedaço da gola para costurar o estrago.

Ao lado de Castiel, Willow dormia tranquila. Eles estavam no meio da manhã e o clima nos eucaliptos estava fresco. Depois de resgatar Kaya e Willow, Castiel correu para a floresta, seguindo a fronteira com a neve, agora o novo acampamento do trio ficava na divisa dos eucaliptos com a tundra.

O garoto acariciava o cabelo de Willow enquanto olhava para Kaya, que estava concentradissíma. Os lindos olhos de Kaya brilhavam com a luz solar que caia sobre si, o cabelo preso numa trança elaborada e os delicados lábios, contraídos.

ㅡ Terminei! ㅡ Exclamou Kaya se levantando de repente, e tirando Castiel de seu transe. Os olhos de ambos se encontraram, Castiel sentiu um calafrio percorrer todo seu corpo ao mesmo tempo que ficou corado.

Kaya se aproximou, estendendo o braço e dando o casaco para o garoto. No momento em que Castiel foi pegar, as mãos dos dois se encontraram por baixo do tecido. Se Castiel já estava corado, agora ele ficou rubro. Kaya desviou o olhar e se sentou, olhando para Willow.

ㅡ Ela parece um anjo. ㅡ Disse arrumando o casaco no corpo da garotinha.

ㅡ Eu sempre quis ter filhos. ㅡ Falou Castiel distraído. Logo em seguida, o garoto arregalou os olhos. ㅡ Pera! Isso não foi uma indireta! ㅡ Kaya riu alto jogando o corpo para trás e deitando na grama.

ㅡ Meus pais costumavam dizer que crianças são anjos que Deus enviou a terra para purifica-la, mas que infelizmente o mundo as corrompe. ㅡ A garota coçou os olhos olhando para o céu. ㅡ Crianças realmente são seres belos.

ㅡ Sabe, a gente parece uma família. ㅡ Falou Castiel olhando para Willow. ㅡ O pai, a mãe e a filha. ㅡ Kaya se sentou novamente e olhou para o garoto, sorrindo.

ㅡ Você quer que sejamos uma família? ㅡ Indagou a garota ainda sorrindo, tirando alguns fios de cabelo do rosto.

ㅡ Mais que tudo! ㅡ Castiel olhou para Kaya, sorrindo envergonhado. A garota se aproximou dele, ficando frente a frente. Tão próximo que era possível escutar sua respiração. Por fim, Kaya selou seus lábios com os deles, num beijo rápido, mas carregado de sentimentos. ㅡ Eu te amo.

ㅡ Eu também te amo. ㅡ Sussurrou Kaya.

Zachary mancava entre Everlee e Artemisia. Eles andavam em uma fila indiana, com Eve e seu arco na frente, Zach no meio e Art no final. O pé de Everlee já estava totalmente cicatrizado, permitindo que ela corresse livremente por ai. Já a perna de Zach começava a ficar com uma aparência mais bonita, porém bastante machucada.

O trio estava caçando, tributos ou comida. Infelizmente, ou não, não acharam nenhum dos dois. Para Zachary, porém, o problema de não encontrar nenhum tributo o agradava. Ele não queria entrar numa luta tão cedo com aquela perna estraçalhada, e sua fobia de sangue não o ajudava.

ㅡ Nunca achei que diria isso, mas tô sentindo falta de ir pra escola. ㅡ Exclamou Everlee mirando uma flecha em um esquilo. ㅡ Acabei me acostumando com a rotina.

Everlee soltou a flecha, empalando o esquilo ao acerta-lo no olho. Zachary suspirou enquanto Eve ia em direção ao animal morto.

ㅡ Eu nem lembro de como era. ㅡ Zachary coçou o cabelo. ㅡ Parei de estudar depois que minha mãe adoeceu pra poder ganhar dinheiro.

ㅡ Eu gostava da escola, era uma ótima desculpa pra ficar longe de casa pelo máximo de tempo possível. ㅡ Artemisia arqueou suas sobrancelhas e olhou para Zachary. ㅡ Pera, a gente já não estudou na mesma classe?!

ㅡ Sim, mas nunca nos falamos.

ㅡ Caralho princesa, bem humilde você. ㅡ Everlee se aproximou com o esquilo na mão. ㅡ Temos o jantar.

ㅡ A culpa não era dela. Foi na época que minha mãe adoeceu e eu faltava quase todos os dias. ㅡ Zachary sorriu olhando pro esquilo. ㅡ Já tive uma cachorrinha, quando tinha uns treze anos, depois que o orfanato desistiu de me levar de volta.

ㅡ Ah poxa, minha mãe nunca deixou que tivéssemos um. ㅡ Everlee suspirou. O trio voltou a andar, se aproximando da divisa entre a tundra e os eucaliptos. ㅡ Quando ganhar, vou ter vários na minha casa nova.

ㅡ E quem disse que você vai ganhar? Ta muito convencida. ㅡ Zachary mostrou o dedo do meio pra Eve. ㅡ Enfim, voltando ao assunto, ela era a coisa mais linda do mundo...

De repente, calando a boca de Zachary com a mão, Artemisia sussurrou.

ㅡ Calem a boca! ㅡ A garota apontou para três tributos na fronteira, um pouco mais a frente. Dois estavam sentados e o outro deitado. Castiel, Kaya e Willow.

Everlee engatilhou uma nova flecha e mirou.

Sarah lutava para não desmaiar. A pressão da água sugou a garota para o fundo da enorme lagoa que se formou no lugar da savana e dos pinheiros.

A garota, em questão de segundos, foi até o fundo e voltou a superfície, nadando contra a correnteza. Porém um redemoinho se formou próximo a ela e a puxou de volta as profundidade.

Lá estava agora, lutando contra a força do redemoinho, tentando desesperadamente voltar a superfície enquanto ainda lhe restava oxigênio nos pulmões.

Sua cabeça doía, seu coração faltava saltar para fora do peito, suas pernas e braços se mexiam em sincronia tentando nadar, mas nqda resolvia.

De repente, uma pedra atingiu o braço direito de Sarah, fazendo-a abrir a boca para gritar. Lá se foram as últimas reservas de ar de Sarah, subindo para a superfície em forma de pequeninas bolhas.

Seus sentidos começaram a falhar, ela já não conseguia mais escutar nada, exceto um contínuo ruído, e sua visão enegrecia.

Por fim, Sarah sucumbiu a pressão da água e desmaiou.

Depois de alguns segundos desacordada, seus olhos se abriram. Ela estava deitada em sua cama, na casa que dividia com o irmão no Distrito 4.

Olhou em volta assustada, como ela tinha chegado ali? Se levantando, Sarah percebeu que vestia seu pijama curto de sempre. Ao longe, o som das ondas do mar era música para seus ouvidos, o cheiro da água salgada misturada com a areia preencheu seu nariz. Ela estava em casa.

Saindo do quarto, olhou para dentro do quarto de JJ, a cama estava toda bagunçada, com a coberta espalhada pelo colchão. O coração de Sarah acelerou, ela lembrava de ter visto JJ arrumando sua cama no dia da Colheita.

ㅡ Jace? ㅡ Gritou a garota indo até a cozinha. ㅡ Tá em casa?

ㅡ Tô aqui! ㅡ Respondeu alguém, a voz vindo da cozinha. Sarah correu até o cômodo.

Lá estava JJ, apenas de bermuda de praia e avental, fazendo ovo mexido no fogão a lenha. O cabelo do garoto estava grande e macio e sua pele bronzeada parecia reluzir. Ele sorriu para a irmã enquanto lágrimas escorriam pelo rosto de Sarah.

Sarah avançou até o irmão, dando lhe um abraço apertado. Enquanto o garoto sorria e não entendia nada, Sarah afundou seu rosto no peito do irmão e chorou, permitindo que todas suas lágrimas, tristezas e problemas se escorressem junto com o choro.

Então, JJ acertou Sarah com uma joelhada no estômago. O ar fugiu de seus pulmões e a garota caiu no chão, chorando. Novamente sua visão ficou turva e a última coisa que viu foi JJ sorrindo pra ela.

Kaya se afastou de Castiel, sorrindo. O garoto estava inteiro corado.

Ela sorriu e se deitou na grama no instante em que uma flecha zuniu, arranhando sua bochecha e se cravando num eucalipto.

ㅡ Que merda é essa? ㅡ Indagou Castiel se levantando e pegando seu machado.

ㅡ Acorda, Willow! ㅡ Kaya gritou se colocando em pé e sacando suas facas.

No lado da tundra, Artemisia segurava um facão, Zachary, duas adagas, e Everlee mirava outra flecha.

ㅡ Não se mexam! ㅡ Avisou Everlee. ㅡ Eu não tenho medo de atirar!

De repente, assustando os seis, um canhão soou. Everlee soltou sua flecha, cravando-a numa árvore. Castiel aproveitou o momento e avançou sobre Artemisia enquanto Willow correu até às duas flechas de Eve.

ㅡ Devolve minhas flechas, criança! ㅡ Willow pegou ambas e saiu correndo, com Everlee em seu encalço.

ㅡ Willow! Espera! ㅡ Kaya tentou correr atrás das garotas, mas foi impedida por uma faca que Zachary lançou em sua direção.

ㅡ Eu preferia ter ficado com a criança. ㅡ Resmungou Zach preparando outra faca na mão. Kaya o olhou de cima a baixo, ela não queria lutar, não mesmo, mas precisava.

ㅡ Eu sinto muito pela sua perna. ㅡ A garota avançou sobre Zachary, com ambas as facas em mãos, sem saber o que fazer. Ela podia chutar, socar, dar rasteira, atacar com as facas, mas não pretendia nada disso.

Então, surgindo atrás de Kaya, Willow apareceu, sendo seguida por Everlee. A garota se virou para trás, dando abertura para que Zachary se aproximasse e colocasse a ponta de sua faca no pescoço dela.

Ao mesmo tempo, Willow tropeçou em uma raiz e caiu no chão, permitindo que Everlee mirasse nela. Por sua vez, Castiel conseguiu imobilizar Artemisia, depois de muita dificuldade.

ㅡ Ninguém mexe um milímetro. ㅡ Avisou Zachary. ㅡ Temos duas na mira!

ㅡ Não esqueçam que estou com uma de vocês. ㅡ Castiel aproximou seu machado do pescoço de Art.

ㅡ Que se dane. ㅡ Eve insinuou que soltaria sua flecha, atraindo a atenção de Castiel. O garoto soltou Artemisia e correu até a arqueira, empurrando ela pro lado e fazendo a flecha engatilhada escapar de sua mão. ㅡ Porra!

A flecha, apesar de disparada sem querer, acertou um alvo. Um não, mas dois. Ela transpassou o estômago de Kaya e perfurou o de Zachary.

ㅡ Kaya! ㅡ Gritou Castiel se esquecendo da luta e correndo até sua amada, com Willow atrás de si. ㅡ Ei! Não fecha os olhos! Fica comigo!

O garoto impediu que Kaya caísse no chão a agarrando em seus braços. Uma enorme poça de sangue se formava embaixo dela, e lágrimas escorriam como uma cachoeira no rosto de Castiel.

Ao lado, Artemisia e Everlee arrastavam Zachary de volta pra tundra. Elas apenas se distanciaram um pouco e começaram a ajudar o garoto.

ㅡ O céu tá tão lindo hoje. ㅡ Disse Kaya com a voz fraca. ㅡ Meus pais sempre olham o céu quando estão tristes, a beleza das várias formas das nuvens os alegram.

Willow sorriu tentando segurar as lágrimas enquanto acariciava os cabelos de Kaya.

ㅡ Por favor, não vá! ㅡ Pediu Castiel. ㅡ Eu não posso te perder também!

ㅡ Você não vai me perder, sempre estarei nas suas memórias e lembranças. ㅡ A garota sorriu e tossiu sangue.

Canhão.

Castiel gelou. Ele olhou para o lado e viu que Zachary não respirava mais, além de que Eve e Artemisia fungavam.

ㅡ Willow, tome mais cuidado. ㅡ Pediu Kaya. ㅡ Você é forte e inteligente, vai sobreviver.

Kaya, com dificuldade, levantou sua mão direita e passou pelas bochechas molhadas de Willow.

ㅡ Castiel. ㅡ A garota tossiu novamente, contorcendo o rosto. ㅡ Eu te amo. ㅡ Castiel, com o rosto molhado de lágrimas, se aproximou de Kaya e deu lhe um beijo. A garota sorriu novamente.

ㅡ Eu também te amo, Kaya.

Canhão.

Sarah acordou tremendo de frio, com o sol batendo em seu rosto. Ela se levantou, olhando para os lados. Estava deitada na neve, provavelmente foi levada pela correnteza até a tundra.

Ela suspirou lembrando de seu sonho com JJ, desejando esquecer aquilo. O irmão jamais a trairia.

A garota começou a andar em direção a Cornucopia, ou ao menos onde imaginava ser. Apesar do frio intenso, o movimento da caminhada dava-lhe um pouco de calor.

Sorrindo enquanto olhava para a água, Sarah se lembrou das boas lembranças que compartilhou com o irmão durante sua dura infância. Abandonada pelo pai antes de nascer, depois, aos oito anos, pela mãe, sendo criada por seu irmão super protetor. Sarah amava JJ, mas as vezes ele era muito rígido.

Mesmo assim, a vida dos irmãos Karev foi tranquila. Morando numa casa beira mar, JJ pescava o dia todo e depois vendia seus peixes na feira noturna, ganhando o dinheiro que os sustentava. Já Sarah, passava a maior parte do dia na escola, estudando para ter um bom emprego. Eles viviam felizes, com o pouco que tinham.

Mas a proposta de ser uma carreirista acabou atrapalhando a relação dos irmãos. Jace sempre alegou que aquilo era suicídio, enquanto Sarah afirmava que era o meio mais prático deles ficarem ricos e poderem viver bem. Apesar das brigas, os Karev nunca se separaram, permanecendo juntos até o final.

Sarah já não via mais sentido em continuar vivendo, ela já não tinha família para voltar. Iria ganhar uma enorme mansão e rios de dinheiro, e mesmo assim ainda seria triste. Iria ter tudo que quiser, mas seria incompleta. A ideia do suicídio jamais passou por sua cabeça antes, mas agora parecia algo muito próximo.

Então, para surpresa da garota, ela pisou numa porção de neve e afundou no chão. Seu corpo tremia coberto de neve, ela se levantou rapidamente e chacoalhou-se.

ㅡ Eu falei que tinha escutado alguém! ㅡ Resmungou uma voz. Logo um garoto moreno e uma menina ruiva, ambos de casaco, se aproximaram. ㅡ É uma das carreiristas.

ㅡ Quem são vocês? ㅡ Perguntou Sarah levando a mão até o bolso da calça apenas para descobrir que sua faca não estava lá.

ㅡ Ninguém! Já estamos dando o fora. ㅡ Respondeu a ruiva puxando o menino para trás.

Mas Sarah não ia deixar eles fugirem assim, sem lutar. Ela ainda tinha seu orgulho carreirista e, se estava numa caçada, deveria lutar, mesmo que usando apenas suas mãos.

A garota correu, avançando sobre o menino moreno e o derrubando no chão. Ambos rolaram na neve enquanto Sarah tentava imobiliza-lo. A ruiva tentou livrar o garoto, mas Sarah lhe deu um soco no nariz.

Logo, depois de feita a imobização, a carreirista segurou o garoto pela cabeça com ambas as mãos, pronta para quebrar seu pescoço. Porém, ela deixou a guarda baixa.

A ruiva cravou sua faca na cabeça de Sarah. A carreirista soltou o menino enquanto perdia seus sentidos e caia no chão.

Talvez ela tivesse deixado a guarda baixa de propósito, apenas para ser atingida. Enquanto sua visão enegrecia, Sarah só pensou que finalmente iria poder abraçar JJ novamente.

Canhão.

001. ㅡ Que capítulo meus amigos, que capítulo

002. ㅡ Quatro mortes, que delicia hehehehehe se eu não me engano, próximo vão ser cinco mortes

003. ㅡ Me perdoem pela morte da Kaya, mas foi necessário. F pelo casalzinho

004. ㅡ Agora que não temos mais Jonathan, alguém precisava ocupar o lugar de antagonista, chutem aí quem vai ser

005. ㅡ Só mais dois capítulos para descobrirem quem vai ser o vitorioso, eu não to me aguentando mais akakak

006. ㅡ Hoje não vai ter ameaça porque matei uma das favoritas, mas dá o feedback aí por favor

007. ㅡ VITORIOSO nos seus três tributos favoritos ainda vivos (Kaya não ta mais na lista 😭)

Moon, D2

Rey, D3

Eva, D4

Castiel, D7

Everlee, D9

Artemisia, D9

Willow, D11

Delilah, D12

Aniel, D12

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