17. Discípulos Determinados (parte 3)

A cidade não parecia aterrorizada com o demônio ou espírito maligno que a assombrava o que Sha Hualing achou um péssimo trabalho.

A Pessoa Que Limpa Seus Olhos e os outros três discípulos que Sha Hualing não fazia questão de lembrar os nomes entraram em uma grande mansão com altos muros e telhados bem elaborados. Não foi difícil Sha Hualing pulá-los e depois subir no telhado como uma sombra ao luar. Sha Hualing moveu silenciosamente uma telha para poder espiá-los.

— Eles são bem ricos. — O discípulo sem graça falou. — Dizem que são os melhores artesãos de espelhos de toda região. Shizun tem um espelho deles, sabiam?

— Claro! — a menina irritante e que vivia grudada na sua Liu Mingyan concordou. — Shizun tem muito bom gosto!

— Shizun ganhou ele de presente do líder da Seita. — o sem sal falou de novo.

— Mesmo? — A beleza entre todas as belezas virou curiosa para o discípulo comum. Sha Hualing soltou um suspiro encantado pela graciosidade de Liu Mingyan.

— Shizun sempre recebe presentes do líder da Seita. — a menina com fitas laranjas no cabelo afirmou.

— Oh. — As pupilas de Liu Mingyan cresceram acima do véu destacando a linda lágrima de beleza abaixo dos olhos cristalinos.

— Por favor, jovens mestres, sigam por aqui. — um servo humano apareceu e os guiou para outro cômodo.

Sha Hualing reposicionou a telha e foi para onde o servo levava Liu Mingyan e os outros que não eram Liu Mingyan. Escolheu outra telha.

Eles nunca tinham visto um espelho tão grande, o quarto estava repleto de velas e lanternas vermelhas, as cortinas sedosas chegavam até o chão tampando as janelas. Uma beldade vestida em roupas de seda sentava de frente ao espelho.

— Senhora. — o servo avisou. — Trouxe visitas para a senhora.

— Hm? Claro, você já notou como o meu perfil é nobre? — Ela não tirou os olhos do espelho.

Sha Hualing desprezou, Liu Mingyan era muito mais linda! O que é uma lanterna perto do sol?

— Essa menina não sai desse espelho para nada! — Uma mulher mais velha saiu de uma cadeira no canto do quarto. Deveria ser a mãe da beldade pois era uma beldade também. — Agradeço à Montanha Cang Qiong por enviar seus discípulos. Sou a Senhora Wu.

Eles a cumprimentaram com o devido respeito. Ela continuou:

— Os cultivadores do Palácio Huan Hua apenas ignoraram meus pedidos, apesar dos claros sinais de haver algo maligno por essa cidade.

— A senhora já tentou deixá-la longe do espelho? — Ming Fan perguntou.

— Acha que não tentei? Este é o quarto espelho. Quebrei os outros depois de tentar separá-la dele. Quando fiz, ela se recusou a comer ou beber, ao menos se olhando nos espelhos ela se alimenta. — Ela olhou para a filha. — Filha, tem fome?

— Sou linda. — ela respondeu.

A mãe levou a mão à testa frustrada.

— Gostaria que esse assunto fosse resolvido o mais rápido possível. Somos artesãos de espelhos não quero boatos se espalhando e atrapalhando os negócios.

— Estes discípulos farão o possível.

Madame Wu fez sinal para dispensar o servo enquanto os discípulos faziam preparativos para a investigação. Ming Fan tirou um amuleto da sua bolsa qiankun e o colocou sobre o grande espelho.

— Você está atrapalhando a minha visão. — A Senhorita Wu falou irritada.

— Veja a sua boca, menina! — a mãe brigou com a filha. — Estes jovens discípulos vieram de longe para ajudar!

— Ajudar eu ficar mais bonita? Será que é possível? — Ela admirava todos os ângulos do rosto belo como jade. — Mas eles nem são tão bonitos assim.

Ming Fan sabia que não fazia exercícios há algum tempo, que andava comendo muitos mantous e suas olheiras estavam fundas de tantas noites que passou devorando pergaminhos, mas não acreditava que estava tão ruim assim. Olhou-se no espelho e não se achou tão mau, sentiu vontade de admirar mais tempo esse jovem de aparência simples, porém aura nobre. Mas estava aqui para uma missão! Pôs outro amuleto sobre o espelho.

Sha Hualing ficou revoltada com aquela senhorita! Como pôde dizer que Liu Mingyan não era tão bonita assim?! Queria destruir o rosto dessa humana estúpida com suas unhas afiadas.

— Não aconteceu nada. — Ming Fan coçou a cabeça.

De repente Ning Yingying colou um amuleto nas costas da Senhorita Wu como se houvesse um mosquito ali que quisesse matar. A Senhorita Wu nem se moveu.

— Shijie! — Luo Binghe repreendeu.

— O demônio pode estar nela. — Ning Yingying justificou ansiosa esperando alguma reação da senhorita, mas nada aconteceu. — Ué?

— Estranho. — Ming Fan concordou. — Não é no espelho e nem na senhorita. Talvez seja algo na mente?

— Mente? — Madame Wu perguntou.

— Não. — Liu Mingyan descartou a hipótese e todos se surpreenderam com a sua fala repetina. — Devemos fazer uma análise profunda.

Meng Mo ria no fundo da mente de Liu Mingyan, ele gostaria de ver como tudo desenrolaria com esses jovens cultivadores sem qualquer experiência:

— Quanto tempo estes jovens tolos demorarão até descobrirem o mistério?

Liu Mingyan aproximou-se do espelho, se o Demônio dos Sonhos estava rindo deles, sem dúvida havia algo ali. Tocou na superfície lisa, mas não sentiu nada fora do normal. Concentrou-se e encarou o espelho. Não viu nada de mais, apenas seu reflexo de sempre. A senhorita Wu era uma perfeita beldade, longos cabelos negros e sedosos como tinta e uma pele de jade sem falhas, a maquiagem que usava apenas destacava suas qualidades assim como os robes caros.

— Gostaria que os meus irmãos-marciais virassem de costas, por favor. — Liu Mingyan pediu. — Menos shijie e a Madame Wu.

— Claro, Shimei, mas por quê? — Ming Fan perguntou tão curioso quanto Luo Binghe que permanecia nobre e calado.

— Peço que apenas virem por favor.

— Claro. — Ming Fan desconfiado deu as costas assim como Luo Binghe.

— Preste atenção no espelho, shijie. — Liu Mingyan aconselhou.

Então A Beleza Entre As Belezas tirou o véu e se fitou intensamente no espelho. Sha Hualing sentiu o coração pular para fora do peito e todo o seu mundo se limpar das coisas desprezíveis e medíocres.

Ning Yingying não conseguiu desviar o olhar do reflexo de Liu Mingyan. O rosto dela era como a pintura mais bela de um deus das artes.

Se o demônio admirava beleza, então ficaria encantado pela aparência da jovem e então poderiam pegá-lo, foi o que Liu Mingyan pensou, mas mesmo encarando o espelho por vários minutos, nada extraordinário aconteceu. Nem a Senhorita Wu tirou o foco de si mesma, era como se Liu Mingyan não existisse. A jovem cultivadora ficou impressionada e tomou uma conclusão ao recolocar o véu.

— Liu Mingyan é mais linda do que a flor mais rara em primavera. — Ning Yingying estava boquiaberta.

Sha Hualing achou ultrajante aquela menina tola ter tido o privilégio de ver o rosto de Liu Mingyan. Queria cegá-la.

— Tente você, Shijie. — Liu Mingyan ofereceu seu lugar logo atrás da Senhorita Wu.

— Eu? — Ning Yingying apontou para si mesma ainda impressionada pela mais velha. — Está bem.

A menina posicionou-se e encarou firmemente o espelho sem desviar o olhar. Seus cabelos estavam amarrados em fitas laranjas e as roupas eram sem manchas de terra, folhas ou farpas dos treinos. Fora isso nada fora do comum.

— Acho que não está acontecendo nada. — Ning Yingying falou um tanto decepcionada.

— Sua vez, shixiong. — Liu Mingyan acenou para Ming Fan.

— Tudo bem. — Ele tomou o lugar de sua Shimei. Ming Fan via seu cabelo um tanto desgrenhado e o rosto cansado das calvagadas, as vezes sentia a visão cansada, mas isso era bem antes do espelho. — Acho que não está acontecendo nada também.

— Luo Binghe. — Liu Mingyan afirmou.

Luo Binghe se colocou no lugar de Ming Fan, mas tudo o que via era o seu simples eu.

— O que dizem? — Madame Wu ficou curiosa e ansiosa com os testes.

— Essa discípula pensa em uma hipótese. — Liu Mingyan respondeu calmamente. — Este é o quarto espelho que sua filha se admira constantemente?

— Sim, quebrei os outros três anteriores, mas ela sempre acaba voltando para algum.

— Oh! — Ming Fan bateu o punho na palma da mão. — Não é o espelho o problema! É o que a Senhorita Wu vê quando se olha em espelhos! É essa a hipótese da Shijie?

Liu Mingyan acenou nobremente. Meng Mo deu um risinho:

— Está chegando perto, menina. Este Ancião está impressionado.

— Mas o que Senhorita Wu vê que nós não vemos? — Ning Yingying inclinou a cabeça para a beldade.

— Percebem como o meu nariz tem o tamanho ideal? — a jovem perguntou ao admirar-se.

— Tudo o que essa menina vê é a si mesma! — Madame Wu estava no limite com a filha.

— O reflexo! — Luo Binghe teve uma epifania — O que é preciso para se ver em em um espelho?

— Luz. — Liu Mingyan respondeu de imediato e com um fluído movimento de artes marciais apagou todas as lanternas do cômodo de uma só vez.

— Que lindo, Shimei! — Ning Yingying elogiou e deu um pulinho de excitação ao bater palmas.

— Lindo?! Lindo?! O que há de lindo aqui?! Eu não posso me ver! — A Senhorita Wu gritou irritada e desesperada. — Mãe! Acenda uma vela! Como vou me ver sem luz?!

Liu Mingyan tinha a cultivação um pouco mais afiada que os dos discípulos mais novos que lhe acompanhavam. Seus olhos foram direto para o espelho na escuridão que permanecia igual, enquanto Senhorita Wu ainda sentada no chão tateava desesperada atrás de lanternas. Era como se fosse viciada no seu reflexo.

Ming Fan tirou outro amuleto da bolsa qiankun e ele queimou verde iluminando o cômodo e o rosto de Luo Binghe ao seu lado, mas o que surpreendeu foi que a Senhorita Wu correu até ambos e quase puxou o jade de Luo Binghe.

— Ah, olhem como eu sou linda! — falou aliviada admirando-se no pingente do discípulo.

Luo Binghe deu um passo para trás e escondeu o pingente dentro dos robes.

— Shixiong. — Liu Mingyan aproximou-se dele e ergueu a mão pedindo o amuleto em chamas. Ele deu.

Liu Mingyan esvaziou um prato de bronze polido e colocou-o perto da luz.

— Por que fazem isso comigo? — Senhorita Wu reclamou. — Estão com inveja por não serem lindos como eu?

Ela esticou as mãos para o prato bem polido e admirou-se no fundo de bronze sem sair de perto da luz.

— Sem dúvidas é o próprio reflexo de Senhorita Wu. — Luo Binghe disse.

Liu Mingyan acenou dando o aval e com o amuleto começou a acender as lanternas do cômodo. Assim que terminou, Senhorita Wu largou o prato no chão sem pestanejar e correu para o espelho maior. Abraçou-o.

— Ele é como os discípulos do Pico Bai Zhan! — Ning Yingying apontou. — Sempre procurando uma fonte maior para me irritar!

Ning Yingying estava certa, se houvesse um espelho maior que aquele, a Senhorita Wu já estaria lá. O que importava era a qualidade da visão de si mesma e não o objeto em si.

— Esta menina está quase chegando lá… — Meng Mo divertia-se, há muitos anos não acompanhava as descobertas dos inexperientes. Lembrou da época em que era jovem há centenas de anos.

— Vocês conseguiram a solução para ajudar minha filha? — Madame Wu perguntou preocupada.

Liu Mingyan abaixou a cabeça humildemente e falou com cuidado:

— Será necessário um pouco mais de tempo. Espero que Madame Wu consiga perdoar estes jovens discípulos.

A mulher sentou-se na cadeira levando a mão às têmporas:

— Tudo bem, eu não esperava que o assunto fosse resolvido de imediato, porém me alivia saber que vocês, jovens discípulos, estão fazendo mais do que a própria seita dessa região. — Olhou para eles: — Têm lugar para passar a noite?

— Agradecemos o convite. — Ming Fan curvou-se. — Estamos hospedados na pousada da cidade. Voltaremos amanhã de manhã logo após mais investigações.

Eles saíram da mansão banhados pelo luar e uma figura esguia seguia-os a uma distância segura pelos telhados das casas.

Mesmo de noite a cidade parecia calma e tranquila, não viram sequer um pedinte na rua.

— Eles são artesãos de espelhos — Ming Fan contava nos dedos —, essa cidade tem duas grandes famílias fabricantes de espelhos e confirmamos que não é o espelho o problema e sim o reflexo da pessoa encantada.

— A possibilidade de ser um encanto é grande mesmo, Dashixiong. — Luo Binghe concordou.

— É uma conexão entre a pessoa, reflexo e *espelho*. — Liu Mingyan insistiu, Meng Mo cantarolou satisfeito. — Quanto melhor a superfície em que a pessoa se vê, melhor para o demônio, espírito maligno, apesar de a força do encanto continuar a mesma em qualquer superfície.

— Dashixiong falou que há outras vítimas! — Ning Yingying lembrou. — Elas também eram comerciantes de espelhos?

— Não. — Ming Fan ergueu o rosto para cima para se lembrar. — Uma era um caçador que desapareceu na floresta Bai Lu, outra era um jovem acadêmico com espelho de mão, um velho rico joalheiro com bandejas polidas de ouro e uma dama viúva.

— Como um caçador teria acesso a um espelho? — Ning Yingying questionou pois espelhos eram muito caros.

— Vamos saber isso amanhã. — Ming Fan anunciou. — Está muito tarde para visitas e há um demônio a solta por aí.

Os quatro voltaram para a pousada.

***

Ning Yingying dormia tranquila na cama ao seu lado quando Liu Mingyan acordou. Havia uma sombra na janela que assim que Liu Mingyan pulou para fora do quarto.

A jovem discípula pegou a espada de madeira e correu para a janela, lá embaixo uma figura de com uma grande capa e um capuz. Ela esticou o braço e acenou, as pulseiras prateadas brilharam no luar e os sininhos tilintaram no ritmo do risinho travesso.

Sha Hualing disparou rua abaixo. Seus passos ressonando os sinos nós calcanhares. Liu Mingyan deu uma última olhada para Ning Yingying que nem se movia e saltou pela janela.

Liu Mingyan aterrissou com suavidade e seguiu a Santa Demoníaca que corria entre as ruas até saltar sobre um muro com a destreza de um gato e correr com velocidade no pouco espaço para os pés. Liu Mingyan continuava em seus calcanhares e os sinos cantavam a noite.

De repente, Sha Hualing virou-se e deu um ataque direto com as garras para Liu Mingyan que defendeu com destreza. O risinho da demônio ecoou pelo corpo de Liu Mingyan causando calafrios.

— É você que está por trás disso, demônio? — Liu Mingyan exigiu com a espada ainda apontada.

— Será? — Os olhos vermelhos de Sha Hualing cintilaram vivos sob o capuz.

Ela deu outro golpe que Liu Mingyan conseguiu desviar, depois outra sequência de ataques em garras que batiam contra a madeira fortificada da espada. Liu Mingyan lutava entre defender-se e equilibrar-se no muro, mas fazia-o muito bem. Ambas avançaram vários passos e Sha Hualing estava quase no final perdendo terreno com um sorriso afiado eclipsado pela sombra do capuz.

De repente, Sha Hualing atacou com mais agressividade, Liu Mingyan conseguiu manter a defesa firme e rápida bloqueando as garras da demônio e atacando-a ao mesmo tempo. Sha Hualing desviou, mas sua capa foi atingida e o manto soltou-se na noite revelando sua figura esguia.

A Santa Demoníaca vestia o mesmo estilo exótico de tecidos vermelhos cobrindo apenas partes-chaves de seu corpo, nos braços inúmeras pulseiras de prata brilhavam com os sinetes pendurados dividindo espaço com o leve tecido amarrado, seus tornozelos brilhavam com jóias e seus pés descalços.

— Vejo que Liu Mingyan melhorou bastante no combate. Esta Ling-Er está impressionada. — A demônio apoiou o cotovelo na outra mão, as garras tão vermelhas quanto seus olhos e o sangue que tinha sede brilhavam perigosas. — Meng Mo não aceitaria qualquer um…

— Você está metida nos casos dessa cidade, demônio?

— Passamos tanto tempo sem nos ver e tudo o que essa nobre cultivadora fala é sobre coisas sem importância? Não seria melhor ter a sua revanche e finalmente limpar a sua reputação e a do seu pico?

— Como a vida humana é sem importância? Demônios não podem brincar com elas como bem entendem!

— Ah, claro. — Sha Hualing fingiu refletir profundamente. — Mas humanos podem brincar com a vida de humanos?

— Do que está falando?

— Olhe ao redor, Liu Mingyan. — Sha Hualing gesticulou para a cidade abaixo delas. A cultivadora não reparou que a perseguição levou-as até o alto de uma área abandonada. — O que são aqueles pontinhos nesta cidade que é tão rica? Cheia de artesãos de espelhos e opulência?

Liu Mingyan viu que os pontinhos que Sha Hualing falava eram os mendigos amontoados contra o frio.

— Já que as vidas humanas são tão valiosas e vocês são tão nobres, por que deixam os seus viverem assim? Nós demônios ao menos temos a decência de eliminar os mais fracos. Se Liu Mingyan é tão nobre como diz ser, basta descer lá e eliminá-los da dor.

Liu Mingyan ficou ultrajada com a sugestão de Sha Hualing.

— Isto é horrível! Desumano!

A Santa Demoníaca gargalhou perfurando a noite. Jogou a cabeça para trás no ato, depois agachou-se com as mãos apoiadas no muro como se fosse um gato e disse:

— Mas eu não sou humana. — Então deu um mortal para trás impulsionando os pés e mergulhando no vazio.

A figura esguia de Sha Hualing fez uma linda curva no ar e seus sinetes delineavam cada parte dela. Sha Hualing caiu de pé no chão, seu sorriso cresceu mais e correu.

Liu Mingyan não pôde evitar persegui-la. A demônio fazia um jogo de gato-e-rato com a cultivadora deixando que se aproximasse, trocassem alguns golpes e depois escapulia com imensa facilidade. Sha Hualing só estava brincando com Liu Mingyan, apesar dos ataques sem piedade.

— Você melhorou muito, Liu Mingyan. — elogiou. — Mas será que foi o suficiente? Ou está somente escondendo suas fraquezas assim como os humanos escondem sua natureza egoísta nas periferias da cidade longe dos olhos dos ricos?

Ela riu e atacou, Liu Mingyan defendeu, apesar de cansada. Seguia Sha Hualing há mais de duas horas.

— Quão grande é o ego de um cultivador? Maior que o Palácio Huan Hua? Que a Montanha Cang Qiong? Um espelho deste tamanho serviria?

— Do que está falando?

— Tantas riquezas e tantas pessoas passando fome. — Sha Hualing fingiu lamentar. — Você é diferente dos outros cultivadores, Liu Mingyan?

Sha Hualing corria se escondendo atrás de uma árvore para outra, desaparecendo tão rápido das vistas de Liu Mingyan quanto aparecia. O véu dela grudava contra a boca e nariz pela respiração pesada.

— Estaria disposta a se sacrificar por todas essas pessoas como as lendas dizem que os cultivadores faziam?

— É o meu dever! — Tentava encontrar a garota demoníaca entre os troncos das árvores, só podia guiar-se através do tilintar dos sinetes e das folhas sendo levantadas pelos pés ligeiros.

Sha Hualing riu, seus olhos vermelhos surgiram como dois pontos incandescentes em lugar e logo depois sumiram.

— Seus shidis na pousada concordam com isso? Viveriam na mediocridade e sem honras para salvar os mais fracos?

— É o nosso dever!

Sha Hualing riu outra vez e surgiu na frente de Liu Mingyan como um raio, com chute giratório jogou a espada de madeira para longe. O pulso de Liu Mingyan latejou, ela não teve tempo de contra-atacar pois a demônio desapareceu logo em seguida.

Liu Mingyan sentiu a pressão deslocar acima de si, virou e viu uma Sha Hualing pulando do topo das árvores direto para ela. A Santa Demoníaca agarrou-a e ambas caíram na relva, Sha Hualing segurou seus pulsos acima da cabeça e imobilizou seu tronco com o peso do corpo. Liu Mingyan não era páreo para a força demoníaca.

Sha Hualing inclinou o rosto para o seu, as tranças dela caíram nos lados do seu rosto, os sinetes tocavam a canção de suas respirações, os olhos dela eram profundos e brilhantes com longos cílios, a marca no centro da testa era belamente desenhada como um artista faria e os finos lábios de Sha Hualing eram vermelhos destacando as presas branquíssimas.

— Cuidado com o que diz, Liu Mingyan. Não sabe que a vaidade de um cultivador é um monstro que pode o devorar?

Sha Hualing aproximou-se mais, Liu Mingyan não fechou os olhos, não demonstraria medo. A demônio lhe mataria aqui e agora… porém tudo o que Sha Hualing fez foi abrir mais o sorriso para em seguida sumir.

Liu Mingyan ficou perdida sem saber o que fazer entre as folhas da relva.

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Até logo!
Bjinhus!

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