Once Upon a time... A circus
"Senhoras e senhores
Meninos e meninas
Venha um, venham todos
Para o circo na rua!
Deixe os seus problemas na porta
Vocês não precisam mais deles!
Deixem a realidade para o lado de fora
E venham para o passeio
Mas lembrem-se
Enquanto vocês estiverem nos assistindo
Façam tudo que a gente fizer!"
Cirque Dans la Rue Plain White T's
Quatorze de outubro de 1888, domingo. (tarde/noite). Londres (Trafalgar Square). Inglaterra.
- Ah que divertido! – Recomponho-me. – Um circo! Eu nunca fui a um circo e trabalhar em um... Puxa!
Ele afaga meus cabelos e sorri, depois desliza sua mão e me faz encará-lo. E seus olhos roxos ficam bem cansados.
- Você nunca foi a um? Quando tinha sua idade eu nem sabia o que era um, mas eu já sabia muitas coisas horríveis.
- Hã... – Afasto sua mão, posso atuar, mas não gosto disso. – Er... Você sabe o que é um freakshow?
- Sei. – Ele ri. – Já frequentei um, você deve tomar cuidado, afinal, nossos olhos chamam atenção.
- Sim. – E agora, como eu posso saber se ele conhece o Bell?
- Acho que um freakshow também virá a Trafalgar. – Ele diz pensativo.
- Verdade?
- Não sei, mas, geralmente, eles vêm depois de nós, sabe? De circos normais, sem... "Aberrações"
- Aberrações têm sentimentos. – Digo.
- Sim, tem. – Ele arqueja e corre sumindo de vista. Espero até que ele surge envolto no manto negro. – Encontrei.
- Que sorte. – Voltamos a caminhar até que paramos em frente ao barranco. – Bem...
- Vamos, não precisa subir, meus amigos estão por ali. – Ele aponta para a direita.
- Mas... Minha irmã! – Choramingo.
- Ah certo, vocês são em quantos?
- Cinco! – Chuto. Bem, eu, Lilith, Jared, Barbie e Chess?
- Aí, vão me matar, mas podem ir, ok?
Consinto com afinco e paro fazendo-o me encarar.
- Prometo compensar!
- Assim seja! – Ele ri e estende sua mão. – Aqui, meu nome é Ikki, prazer.
- Ikki...? – Repito. – Bem... – Aperto sua mão e penso. – Sou... Jeremy.
- Belo nome! Jey.
Sorrio forçadamente e solto nossas mãos.
- Venha ao meu encontro, amanhã bem cedo, estarei no Divine Cirque Jeremy.
- Irei, obrigado, mais uma vez. – Me curvo e ele sorri largamente.
Viro-me e ele faz o mesmo, seguindo para a direita e eu para a esquerda. Obrigado pelas informações, mas agora não sei o que me acontecerá.
Caminho sem nem perceber até que sou puxado pelo braço.
- Vamos ter uma conversa beeeeem séria. – Matthew diz me encarando amargamente.
XXX
- Por onde eu começo...?
Encaro Marcel que caminha de um lado a outro da sala, unindo os dedos e sorrindo, de um modo que me causa arrepios, Lilith está ao meu lado, encarando-o apreensiva também, e para ouvir a "bronca", Chess está fechando o último assento do sofá. E Stitches está sentado a um canto com uma coleira rosnando para o Matthew.
- Pelo começo?! – Cheshire rebate.
- Sim, o começo... Você! Como ousa sequestrar essas pragas, levá-las a um parque a céu aberto, deixando-as sozinhas, quando podiam cair nas garras da Wonderland!!!!
- Não estavam sozinhas...
- O defunto não conta, muito menos você.
- Bem... – Lilith começa. – A ideia foi minha.
- Calada, você vem depois. – Marcel diz sem encará-la e mantendo seu olhar no de Chess.
- Eu estava monitorando, tudo bem, mon amour? Eu vi tudo, tudinho que elas fizeram! E estava preparado para um ataque.
- He claro, estava... E muito bem. – Matthew diz ressentido ao fundo. – Até mesmo atacou um aliado.
- Não fui eu... – Chess joga sua cabeça para trás e o encara. – Foi o Stitch. Senhor Matthew.
- Esse bicho asqueroso é pauta para outra discussão. – Marcel rosna.
- Tudo bem, tudo bem. – Chess ergue as mãos. – Eu tinha uma pista, ok? Eu sabia que vocês não me ouviriam se eu dissesse que precisaria levá-los a um circo, por isso agi por conta própria.
- E que pista seria essa? – Matthew indaga.
- Ora, ora... – Chess sorri largamente e desaparece.
- Nem ouse! – Marcel grita ao nada. – Volte para a sala, imediatamente!
- Era uma vez um circo... – A voz paira pela sala. – E nesse circo havia um garoto de olhos roxos. – Olhos surgem nas paredes, roxos e procuram algo. – E ele vinha de um lugar distante, um lugar de joias amaldiçoadas que gostam de pertencer à realeza. – Uma joia paira na sala e não consigo desprender meus olhos dela. – E essa joia liberta o poder de um dragão.
Sinto o ar ficar mais frio e fecho os olhos, mas quando os reabro estou brilhando. O que? Estendo minhas mãos à frente do corpo e elas possuem garras negras, sinto minhas costas pesarem e ao me virar noto asas esqueléticas com escamas negras. Jaguadarte...
Magicamente minha transformação se desfaz e Cheshire volta a se sentar sorridente na poltrona. Marcel pigarreia e encara Matthew.
- Bem, se é dessa forma, podemos pensar em algo... – Ele sussurra.
- Ei! – Puxo a gola da camisa. – Quando fui a minha casa enterrar Christopher, algo muito estranho aconteceu...
- Oh é mesmo, tinha me esquecido disso. – Chess sussurra.
- E agora... Não sei para que propósito isso serve.
Desabotoou a camisa e respiro aliviado por ela ainda estar lá. O triângulo trespassado. Marcel encara Matthew e os dois dão de ombros.
- É a marca de Caim, presumo? – Marcel indaga.
- Creio eu que sim.
- Tecnicamente. – Encaro Chess. – Essa é a marca de banimento de Alice, quando o expulsou de seu reino, mas aqui teve um propósito diferente, e como o que Ele mesmo disse: Punirá sete vezes quem o atacar, Caim.
- Bem... – Matthew encara Chess. – Conde, nós não sabemos nada sobre isso, creio eu que, por hora, confiaremos no Cheshire. E não faça loucuras, ou melhor, mais loucuras.
- E quanto ao circo... – Marcel começa.
Corto-o e digo:
- Eu já tenho um plano. – Sorrio quando todos me encaram assustados.
XXX
Conto a eles sobre o garoto que encontrei a tarde e sobre sua proposta, eles pensam por muito tempo. Até que Marcel e Matthew se retiram nos deixando a sós.
- Belo plano, senhor Dragão. – Chess ronrona.
- Foi o melhor que consegui o senhor podia ter me avisado sobre tudo isso antes.
- Assim não seria surpresa. – Ele ri.
- Mas... – Lilith me encara. – Como vamos ir a esse circo?
- Indo, ora. O problema é ficar lá.
- Por quê? – Chess ronrona.
- Bem, como encontrarei a joia lá?
- Encontrando. Mas lhe garanto que não será tão complicado quanto o senhor pensa... – Chess senta-se sério. – Na verdade, talvez seja muito doloroso. Cain...
- Mas e Abel? – Indago.
- Ah Bell? – Ele ri. – Você o verá uma hora...
- Ele irá para Trafalgar?
- Talvez.
- Ele irá ao circo? Verei-o em algum momento antes de encontrar a joia? Diga-me bichano! – Fecho as mão em punho.
- Talvez... – Ele sorri contido. – Cain, não se abale por tão pouco, e não se preocupe seu irmão também quer vê-lo.
Quando vou insultá-lo Lilith indaga:
- O senhor vai conosco, senhor Gato?
- Infelizmente, não. – Ele ronrona e afaga os cabelos dela. – Creio eu, que a Nonsense tem planos para outra pessoa.
Ele encara a porta, e ela se abre revelando Marcel, Matthew e um assustado Bankotsu.
XXX
- Circo...? – Ele repete receoso. – Mas por que eu?
- Veja bem. – Marcel une as pontas dos dedos. – Dentre todos da casa o senhor é o que mais se assemelha a uma criança, e poderá vigiar as pestes de perto.
Bankotsu cruza os braços. Bem, realmente ele é pequeno demais e frágil para se parecer um adulto, com as roupas certas, ele aparentaria ser mais novo que eu. Mas mesmo assim, Chess pode se transformar em criança, por que não ele?
- Mas e o que farei lá?
- Guarda-costas. – Matthew ri. – Ora veja bem, será mais seguro o senhor lá do que certas pessoas.
Chess abaixa as orelhas e ronrona ressentido.
- Bem... – Ele suspira. – Eu irei. Mas, quem mais terá que ir?
- Hn... Cain, Lilith e Jared. – Marcel diz sorrindo.
- O QUÊ? Mas, mas... São apenas crianças e eu... Mas eu... – Ele abaixa a cabeça quando Marcel ergue as sobrancelhas. – Eu irei.
- Ótimo!
- Você me paga... – Ele sussurra me encarando.
- Ora, ora... – Sorrio de volta. – Mas por que não Barbary? – Indago.
- Você sabe muito bem. – Matthew suspira. – Barbie é instável demais, em uma missão ela pode por tudo a perder. E no momento, depois de Rebecka, é melhor manter todos a salvo.
Não me importa que ela morra, quantos mais a me proteger melhor. Encaro Matthew com raiva e ele sustenta meu olhar.
- Não ouse nos contrariar.
- Não ousarei. – Digo sorrindo.
XXX
- Circo... – Barbie pensa por um segundo, e depois seu rosto se ilumina. – Que ótimo, não é Devonne?
- Mas você não pode ir. – Viro-me contra a parede e sorrio.
- Por que não? – Ela choraminga.
- Marcel e Matthew acham melhor mantê-la segura aqui.
- Mas... Mas...
- Barbie... – Chess surge do nada e sorri amparando seu rosto. – Fique minha doçura, preciso de ajuda, para manter o conde e os outros seguros, fique comigo? Será mais útil aqui.
- Mas Cain... – Ela arregala seus olhos. – Ele vai se afastar de mim!
- Não irá. – Chess ronrona e afaga seus cabelos. – Você quer protegê-lo, não? Comigo será mais útil.
- Tudo bem...
- NÃO! – Chess me encara irritado. – Ela irá conosco e...
- Iremos ver sua estréia. – Chess sorri e Barbie solta um gritinho. – Vamos visitá-los, meu caro conde. Certo? Doçura.
- SIM! SIM! – Barbie rodopia com a boneca. – Usarei meu mais belo vestido para vê-lo, conde!
- Isso mesmo. – Chess caminha em minha direção e me puxa pelo braço. – Venha comigo, conde...
Ele sai e me empurra contra a parede nada amigavelmente.
- Quer contrariar a Nonsense?
- Quem é você pra me falar isso? – Disparo. – Ela é minha e se quero usá-la eu...
- Barbary não é uma boneca para você usá-la! Ela ficará segura aqui, e a mando da Nonsense eu irei vigiá-los. Não sou mais útil que ela?
- É... – Fecho a cara. – Solte-me! Não preciso ouvir regras ditadas por outros. Nem quero sua supervisão, eu estarei no comando, eu farei o que bem entender e eu...
- Bastardo idiota! – Chess rosna e calo-me. – Se o poder subir a sua cabeça assim não vai durar um segundo lá fora. Sua cabeça está a prêmio, não só aqui. Ouça-me: Abel está em Londres. E não está sozinho! E você, idiota, deve manter-se no lugar, quietinho, como uma boa isca, eu farei o serviço pesado, atue e seja adorável, pois sua convivência no circo lhe dará as respostas sobre a joia.
- Você sabe onde ela está? – Sussurro.
- Sei, mas não posso alcançá-la, você é o único.
- DIGA-ME ENTÃO!!!
- Fiz um juramento de sangue em Wonderland. Eu posso lhe dar pistas, mas se disser as verdades cairei morto, por isso comunico-me através de charadas. Cain Maurêveilles, isso é uma ordem, não faça nenhuma loucura naquele inferno! Entendeu-me?
- Sim... – Consinto o encarando. – Agora me solte.
Ele me larga e caminho em direção a meu quarto, não fazer nenhuma loucura? Você verá bichano idiota o que eu farei.
XXX
Jared ergue os braços e gargalha após a notícia, ele foi o que mais se empolgou com a ideia. Lilith ainda me encara receosa, ora, não era ela que queria adiantar as coisas para salvar o Valete?!
- Bem... – Encaro-os. – Para eles, eu sou Jeremy. Então... – Encaro Lilith. – Suzan e Max.
- Como é que é? – Lilith indaga erguendo as sobrancelhas. – Suzan?
- É um nome falso, estúpida. Ou você quer aparecer lá e dizer que é Lilith Maurêveilles? Assim ficará mais fácil de nos disfarçamos.
- Max... – Jared me encara tristonho. – Mas gosto de Jared...
- Pode ser Castrato, se não estiver satisfeito. – Rebato.
Ele abaixa o olhar, pensa, e depois sorri docemente.
- Bem, então agora...!
A porta se abre e encaro Bankotsu pasmado. Usando shorts surrados, com cabelos despenteados, e um tapa-olho velho. Deveras, ele parece mais novo que todos nós. Ele se encaminha emburrado e se senta na cama abrindo uma pequena mala negra ele começa:
- Sei que pode soar estranho, mas terão que se protegerem sozinhos na maior parte do tempo, por isso. – Ele retira uma pistola da bolsa. – Irão ter que estar sempre alertas.
Ele a joga em minha direção. Examino a arma encantado, tem munição, e conta com seis balas, e tem um tamanho favorável, acho que já ouvi falar dessa arma antes...
- MKL 1888... Não é de uso exclusivo do exército britânico?
- Tenho meus contatos. – Ele sorri. – E para minha Little Lady, um punhal misericórdia. – Ele estende o punhal fino embainhado que Lilith recebe receosa.
- Jared. Eu não sei o que lhe dar... – Ele inclina sua cabeça e Jared sorri tristemente.
- Acho desnecessário o uso de armas. – Ele sussurra.
- É por precaução. – Bankotsu sorri e remexe sua bolsa. – Uma adaga. Pode ser nobre em seu propósito se você realmente quiser usá-la.
- Obrigado. – Ele sussurra abaixando a cabeça.
- Bem, pelo que me disseram Cain, o senhor tem uma nova proteção particular, então não precisará de mim, correto? – Ele brinca.
- Bem, realmente possuo, mas é bom ter sempre ajuda. – De peões treinados, é claro.
Ele sorri e encara a janela.
- Melhor dormir, porque amanhã teremos um dia e tanto.
Consinto e os outros também. Melhor tentar dormir...
XXX
Parece que fecho os olhos por um minuto e já sou acordado por uma Chevonne chorosa. Após ter se certificado que todos estavam bem alimentados e devidamente disfarçados, ela nos deu mochilas surradas com mais disfarces e um pouco de guloseimas e disse fungando:
- Tem dinherro parra cada um de voucês, mas, porr favorr, tomem cuidado! – E carinhosamente abraçou cada um que partiria ack...
- Estarei por perto. – Encaro Yue na porta que sorri. – Por isso não se preocupem.
- AH! – Chevonne solta um gritinho e sai às pressas.
- O que houve? – Indago.
- Chevonne. – Bankotsu dá de ombros e segura a maçaneta.
- Fotografarr!!! – Chevonne volta com uma máquina grande em mãos, encaro aquilo estranhamente.
- Uma foto? – Bankotsu solta à maçaneta e sorri. – Oui, mon amour.
Ele se aproxima de Chevonne, Yue se vira e sobe as escadas, encaro-os irritado, para que distrações? Lilith ri entretida e ajeita o vestido surrado.
- Somente os três. – Bankotsu sussurra segurando o pesado objeto. – Sorriam.
Lilith se posiciona no meio, sorrindo, Jared fica a sua esquerda, ele ri, e depois encara o chão, olho para Bankotsu, não sorrirei. Espero o som do "click" e fico sem me mover até o tempo da fotografia passar. Quando ele termina balanço a cabeça e digo:
- Vamos.
Viro-me e espero que os outros me acompanhem, Bankotsu devolve a câmera para Chevonne e sorri ao me encarar. Ele puxa a maçaneta e diz:
- Boa sorte para nós.
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