Lower Birth
Bem vindo ao nascimento inferior
O maior show desenterrado
(...) Loucura, assassinato, desânimo
Vamos desaparecer à noite
Com sangue no concreto
(...) A melhor noite
Da sua vida
Você nunca vai embora
Daqui
(...) Até que você perca
Sua mente
Creature Feature
Abel se levanta respirando fundo ele ergue a espada em uma pose defensiva, eu não acredito... Cain não pode ter morrido assim, aperto os olhos com as mãos, e eu apenas o vi cair.
Áster solta uma nota alta e límpida, um canto fúnebre, agora percebo que de suas mãos cerradas escorre sangue e ele não se move, mesmo Abel estando com as costas viradas para ele, agora eu entendo, Áster é controlado por Abel, ele não poderia ter me ajudado por mais que quisesse, eu estou sozinha afinal.
Levanto-me e caminho em direção a Cain, Bell se vira para mim e aponta sua espada para minha garganta, engulo em seco.
- Não me faça de idiota. – Resmungo.
Empurro a lâmina e me abaixo, Abel semicerra os olhos, mas não se move, passo os braços ao redor de Cain, tão leve, nunca pensei que ele seria assim tão leve, tão frágil... Enterro meu rosto em seus cabelos e o puxo contra o colo, seu corpo está frio, diferente do sangue em seu peito que ainda está quente.
- Ei... – Murmuro. – Você não pode dormir para sempre... – Afago o rosto de Cain, ele está mais pálido... – Eu não quero ficar sozinha.
- Você tem a mim. – Escuto Abel dizer. – Podemos sair daqui, eu, você, Jaguadarte e até essa Carta se vocês quiserem.
- Não quero nada vindo de você. – Respondo.
Bell resmunga algo, deslizo minha mão pelo peito de Cain, não há nada ali, nada batendo, nada que indique vida... Aconchego-o em meus braços e para minha surpresa ele respira fundo.
Arregalo meus olhos, mortos não respiram, um sorriso mínimo me escapa... Mas... Jaguadarte.
- Ó gloriandei! Hosana! – Bell diz alto. - Solumbrava, e os lubriciosos touvos. Em vertigiros persondavam as verdentes; Trisciturnos calavam-se os gaiolouvos. E os porverdidos estrigulavam fientes.*
Cain abre suas pálpebras lentamente, seus olhos estão brancos, ele solta um gemido e se mexe, recuo o soltando. Cain se remexe e coça os olhos, como se estivesse acordando, ele se apoia nos cotovelos e se senta, sem abrir os olhos.
- Assim, em turbulosos pensamentos quedava. Quando o Pargarávio, os olhos a raisluscar, veio flamiscuspindo por entre a mata brava. E borbulhava ao chegar! – Abel entoa cada vez mais alto.
- Um, dois! Um, dois! – Cain apoia o rosto nas mãos. – E inteira, até o punho, A espada vorpeira foi por fim cravada! Deixou-o lá morto e, em seu rocim catunho,Tornou galorfante à morada. – Ele completa.
Cain ergue seu rosto e abre os olhos, não mais os olhos de uma criança normal, não mais olhos humanos. Suas pupilas são finas como a de um lagarto, ele espalma as mãos em frente ao corpo, garras negras se curvam para dentro de seus dedos, engulo em seco.
Bell solta uma risada histérica, Jaguadarte olha ao redor, seu olhar se demora em Abel depois se foca em mim.
- Jaguadarte! – Bell ri e se ajoelha deixando a espada ao lado do corpo. – Sou eu, veja, lembra-se de mim?
Cain aperta os olhos, parece atordoado, não... Cain não, Jaguadarte. Abaixo o olhar e crispo os lábios, é isso então, estou perdida.
- Venha para meus braços. – Abel abre os braços para ele. – Meu amado Dragão...
Cain ri e afunda o rosto nas mãos, Áster o encara com olhos bem atentos, aperto as mãos contra o peito.
- Cingiu a cintura sua espada vorpal. – Cain murmura rindo. – Você o matou, não matou? – Ele ergue seu rosto e está sério.
Bell arregala seus olhos e faz uma expressão confusa. Áster sorri.
- Você me enganou uma vez, não cairei em teus truques novamente. – Cain aponta uma garra negra para Bell. – Eu me nego a essa união, acima de tudo, eu não sou Jaguadarte coisa nenhuma, eu sou Cain!
XXX
Bell recua e pega a espada logo ficando em pé. Sorrio e Cain me encara, sorrindo também, ele se levanta e mexe os ombros de uma maneira estranha, ele estica os braços a frente do corpo e flexiona os dedos novamente.
- Você está mentindo! – Bell rosna. – Cain morreu, não tente me enganar! Eu conheço seus truques.
- Eu sou Cain. – Ele inclina sua cabeça rindo. – Diferente de você eu sei brincar com o meu poder e sei muito bem quem está no controle, e posso te garantir que não é o Jaguadarte.
- Ele não... Não... – Suas palavras se perdem e Bell grita.
Vasculho o chão com o olhar e vejo a arma de Cain caída perto de mim, estico meus braços e a pego, ainda tem três balas no coldre, seguro a pistola contra o peito e olho para cima, Cain abaixa sua cabeça e ri.
- Vocês vão me deixar? – Bell choraminga, encaro-o assustada. – Não me deixem aqui sozinho, não sejam como o papai... – Ele vira sua cabeça para o lado. – Vocês não vão sair daqui, a não ser que queiram se unir a mim. – Ele recua e cambaleia. – NÃO ME DEIXEM SOZINHO!!!
Abro a boca, Bell está perdendo o controle, Bell não, Vorpal.
Cain o encara com pena e Áster ri caminhando em direção a Cain, Bell o encara irritado e ergue a espada.
- Está me traindo? – Ele dispara encarando Jared.
- Nunca estive do seu lado. – Jared sorri e para ao lado de Cain. – Você não tem mais controle sobre mim, jovem mestre, no momento em que voltou ao poder Jaguadarte tomou posse dos ases, assim como sempre foi, você não tem nada.
Bell urra e ergue a espada acima da cabeça. Jared se abaixa e arremessa uma faca em direção a Bell, que se finca na mão que ele segura a espada, Abel a solta e recua um passo tirando a faca da mão.
- Você não pode fazer isso comigo... – Ele choraminga e depois ri. – Não faça isso Cartinha, seja um bom menino como a Rose, não seja idiota, como os que morreram.
Levanto-me e engatilho a arma, isso não faz nenhum efeito em Abel, mas assim como o Jared eu posso desarmá-lo, se tiver uma boa mira... Bell abraça o corpo e gargalha, Jared recua um passo e se vira me encarando assustado, Cain me olha também e arregala os olhos.
Recuo um passo, Jared se precipita em minha direção.
- Atrás de você! – Ele passa os braços ao meu redor e me puxa para si nos derruba no chão, o que?
Apoio-me nos cotovelos e vejo Rose me encarar irritada, ela segura um facão nas mãos, engulo em seco e recuo, Jared engatinha ao meu lado. O ponto fraco dela é a coluna, é quase impossível para eu acertá-la com uma bala, engulo em seco.
Jared afaga minha bochecha e se levanta ele abre as mãos e entre seus dedos vejo várias facas finas brilharem, ele ergue um braço e diz:
- Você nos controla agora, Jaguadarte. – Rose arregala seus olhos.
Bell se cala, viro-me para trás, Cain sorri e se inclina para frente, seu rosto é um misto de alegria e ódio, Bell se ajoelha para pegar a espada, ele ri e a ergue, passando um dedo pela lateral da lâmina, fazendo uma pequena trilha de sangue nela.
- Você pode ter roubado sua preciosa Cartinha. – Bell sorri e lambe o próprio sangue na espada. – Mas de que adianta se não consegue controlá-la? Áster se bandeou para o seu lado por querer, com Rose será bem mais difícil.
Bell ri e se levanta um brilho chama a minha atenção no canto da sala, a luz passa rápido e se alastra pela lateral das paredes, não é um brilho e eu já vi essa cena antes.
É uma chama.
O fogo lambe as paredes e queima forte, como se estivesse se alastrando por uma folha de papel amassada.
- Hora do show!!! – Bell ergue os braços. – O fogo sempre deixa o espetáculo imperdível, venham um, venham todos. Cain contra Abel, Ás de Copas contra Ás de Paus e quem vencer terá a cabeça da pequena dama.
Apoio uma mão contra o pescoço e engulo em seco, eu não posso perder a cabeça, não nessa circunstância.
- Não tem graça ganhar o que já tenho. – Cain ri e recua um passo.
- Você mal consegue se manter em pé. – Bell sorri e lambe os lábios. – Não sabe controlar seu corpo mais, não é seu corpo mais. Sua mente também não tem domínio algum nos ases.
Cain encara-o atônito e fecha à cara, ele rosna como um animal, as chamas da sala lançam sombras em seu rosto que o deixam mais medonho, Bell ergue sua espada prateada acima da cabeça e entoa:
- E inteira, até o punho, a espada vorpeira foi por fim cravada!
Tudo acontece rápido demais para mim, Bell se lança sobre Cain e o acerta, abrindo um rasgo que cruza o ombro direito dele por completo, ele recua e apoia uma mão contra o corte. Cain não reagiu. Engulo em seco, se ele não tem controle de seu corpo então...
Uma faca bate no chão e quica acertando minha bota chamando minha atenção para frente. Rose brande o facão contra Jared que se desvia graciosamente, mas eu não posso desviar assim, olho em volta, as chamas já estão altas e lambem o chão vindo em nossa direção. Levanto-me e recuo um passo.
Não posso dar as costas a Abel, mas também não posso ficar perto dos ases, eu não tenho para onde correr...
Encaro Cain, seus olhos roubam as cores das chamas.
Ele arqueia suas costas e grita enterrando as unhas no próprio rosto. Emudeço, ele se cala, Bell o encara assustado também, Cain passa os braços ao redor da cintura e inclina sua cabeça para trás.
Perco o fôlego.
Um par de asas negras se abre de suas costas, esqueléticas e maiores do que ele, lindas como os camafeus. Cain encara Abel sorrindo e arfando.
- Parece que estou começando a entender como tudo funciona agora.
Sorrio, parece que esse show vai ser imperdível.
XXX
*O que Abel e Cain recitam é o bom e velho poema do Jaguadarte, porém como é um poema nonsense é difícil dizer que ele tem uma tradução certa e para não ficar repetitivo eu usei outra tradução do poema =w= e o gloriandei está escrito certo, Lewis Carroll nesse caso escreveu a pronúncia de "glory day" para gloriandei (lembram-se do filme do Tim Burton?) era um dos estilos da poesia nonsense, onde se usa a pronúncia e não a palavra em si.
Bem gente, é isso, esses capítulos estão mais sombrios a medida que o tempo corre, a música que eu usei é uma das que quase não iam aparecer ^~^' mas a letra é incrível e o som mais macabro ainda <3
Vamos indo agora, porque o circo já começou a pegar fogo, se isso é um bom sinal? Nunca saberemos.
Milhões de beijos
-3-
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top