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Estou aqui a uns trinta minutos esperando aquela garota chegar. Estou quase indo embora.
Se fosse um homem, eu já teria ido, mas é uma mulher, então vou esperar.
Nunca transei com mulher. Qual deve ser a sensação?
Ela era bonita por foto. Será que também é bonita pessoalmente?
Eu só não entendi o porquê ela marcou em um restaurante. Bem chique, a propósito. A água daqui deve custar meu rim. Ainda bem que eu vou comer outra coisa, e ainda vou receber por isso.
Eu não disse o preço, pois ela parece ser uma mulher de negócios, então deve ter bastante dinheiro. Considerando que ela conhece esse restaurante.
Depois de mais alguns minutos, ela chegou.
— Desculpe a demora, eu não estava lembrando onde eu tinha colo-
Ela parou de falar e olhou para o chão por alguns minutos.
— Tinha esquecido?
— O trânsito tava grande — ela me olhou e os nossos olhos finalmente se encontraram.
Que olhos lindos. Seu rosto brilhou assim que me olhou. Tenho certeza que o meu não foi diferente.
Eu sentí algo diferente. Quase perdi a postura, mas voltei ao normal quando o garçom chegou.
— O que vocês desejam?
— O que você quer comer, Ruby?
— Qualquer coisa — disse sem entender o que estava acontecendo.
— Nesse caso, traga o mesmo de sempre, Joshua.
— É pra já, senhorita Manoban. E o que desejam de entrada?
— Pode ser uma porção de batata frita, um suco de laranja e... o que você quer de bebida?
— Um vinho.
— E o melhor vinho que tiver — o rapaz assentiu. Eu não desviei o olhar da garota.
— Conhece ele?
— Sim. Ele é meu amigo. Eu venho aqui bastante, sou amiga do dono.
— Vem sempre acompanhada.
— Sim, do meu melhor amigo. Nós almoçamos aqui.
— Hum. Pensei que fôssemos nos encontrar em um motel, não em um restaurante. Isso parece um encontro — ela franziu o cenho.
— Quê? Mas eu pensei que você soubesse que isso é um encontro.
— Eu não vou a encontros.
— Mas você estava naquele aplicativo de encontros.
— Nem todos que estão lá, querem arranjar alguém. Eu sou uma prostituta — ela arregalou os olhos.
— Mas...
— Tava na minha bio. Você não viu? — ela balançou a cabeça. — Eu vou ir embora.
— Não! — ela pediu, desesperada. — Vamos conversar. Sei lá, talvez possamos virar amigas?!
— Eu só vou ficar por causa da comida — ela baixou a cabeça para esconder o sorriso que se formou em seus lábios. Não pude evitar de dar um sorriso singelo a vendo.
— Qual é o seu nome completo? Receio que não tenha só Ruby em sua certidão de nascimento — rimos um pouco baixo.
— Ruby Jane. Tem mais, porém só vou falar quando criarmos MUITA intimidade.
— Claro. Meu nome é Lalisa Manoban.
— É, eu já sei. Tá no seu perfil junto com as trezentas fotos de gatos — disse rindo e a vi ficar corada. Ri mais de sua cara.
— Gatos? Eu pensei que só pessoas que eu escolhesse pudessem ver — ela gaguejou em sua fala, a deixando ainda mais fofa.
— Você gosta de gatos?
-— Sim. São os meus animais preferidos. Eu tenho gatos e um cachorro, porém eles estão na minha casa de praia em Malibu.
— Casa de praia em Malibu? — ela assentiu. — Você trabalha com o que, garota?
— Eu sou dona da Celine.
— Uou — fiquei sem reação. — Eu esperava tudo, menos essa resposta — ela riu.
— Você tem algum animal preferido?
— Capivaras. Eu amo capivaras.
— Sério? Nunca vi alguém que tenha capivara como animal preferido.
— Bom noite, meninas — revirei os olhos quando Kai apareceu e se sentou ao meu lado. — Por isso me dispensou hoje, Jennie.
A minha sorte é que, Jennie e Jane são quase a mesma coisa na pronúncia e ela não percebeu.
— Eu já disse que não repito meus clientes, Jongin. Se me der licença, estou em um encontro — vi os olhos da garota brilharem.
— Encontro? Tá namorando agora?
— E se eu tiver? Isso não é da sua conta, ouviu? — me afastei dele, mas ele insistiu em grudar seu corpo no meu.
— Você acha que ela vai continuar com você depois de descobrir que dá pra um cara diferente toda noite? — isso machucou em mim, eu sei que é verdade, mas isso só me fez lembrar que eu nunca vou ser feliz e ter uma família. — Ou vai me dizer que deixou essa vida por ela?
Antes que eu pudesse responder, ela levantou e foi até o balcão onde paga a conta.
Puta merda!
Eu poderia conhecer alguém que não estivesse interessado em meu corpo, mas esse vagabundo atrapalhou.
Não que eu goste dela, mas eu realmente estava gostando de ser uma pessoa normal por uma noite. Sem transar, só conversar com duas pessoas que vivem uma vida comum.
— Viu? Acho que ela desistiu de você — ele começou a beijar meu pescoço. Não demorou muito para ele ficar duro.
Tentei afasta-lo, porém não obtive sucesso. Dei um empurrão e ele caiu no chão. Meus se encontraram com os de Lalisa que estava pagando a conta.
A atenção do restaurante inteirou ficou em nós dois. Eu estava tão concentrada vendo Lalisa pegar uma sacola, que nem percebi quando Kai estava tentando me estuprar na frente de todos.
Só percebi quando ele tentou encostar a mão nos meus peitos. Dei um grito, assustada e vi um monte de homens que estavam jantando, indo para cima do Kai.
Lalisa veio correndo em minha direção.
— Vamos sair daqui — ela cochichou em meu ouvido. Assenti e peguei minhas coisas.
Ela me guiou até seu carro. Entrei no banco de carona, e, assim que ela entrou no banco do motorista, dei um grito ao ver Kai tentando abrir a porta do carro.
Ele estava completamente bêbado. Eu fiquei com medo, tanto medo que comecei a chorar.
A morena se apressou em me tirar dali o mais rápido possível.
***
— Vamos sentar aqui — nos sentamos em um banquinho perto de um rio iluminado e bem bonito. Havia muitos casais ali em volta. — Ele é algo seu?
— Ele é um cliente que me persegue.
— Isso deve ser bem perigoso, né? Tipo, sair com alguém que você não conhece. E ainda por cima, entregar seu corpo para ele — fiquei em silêncio. — Eu pedi para que preparassem o pedido para a viagem — ela pegou a sacola.
— Não precisava.
— Eu realmente estou interessada em te conhecer, Ruby Jane — sorri ao vê-la sorrir.
— Não sei se sou muito boa pra você. Sou uma prostituta. Não mereço ninguém.
— Eu não acho — ela deu de ombros. Levei meu olhar a ela, que admirava o rio. — Você só está conhecendo a vida. Se você quiser, você pode conseguir um emprego que não seja ilegal. Você tem o direito de ser feliz, só basta VOCÊ querer ser feliz.
— Mas esse é o meu único trabalho. Não fiz faculdade e nem tenho dinheiro pra fazer.
— O que gostaria de fazer se pudesse?
— Moda, eu acho.
— Eu te apoio nisso, só basta você querer.
— Acho que não é o ideal para mim. Vou continuar com o meu emprego mesmo.
Eu não quero machuca-la ou lhe dar esperanças. Não sou o tipo de mulher que se deve confiar.
— Eu sou sua cliente, não sou? — tava demorando de mais. Não sei porquê achei que ela era certinha.
Pisquei lentamente e assenti.
— Então você não vai repetir o nosso encontro, certo?
— Por que acha isso?
— Você disse que não repete seus clientes.
— Sim, eu não repito nenhum. Mas isso não quer dizer que você não pode me mandar mensagens — ela sorriu e assentiu, sem se preocupar com o que eu iria achar de sua reação.
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