20
Depois de buscarmos a Jisoo, fomos para a minha casa. A maioria das ruas estavam alagadas, e ainda estava chovendo bastante.
Chegamos na minha casa e eu mostrei o quarto para as meninas. Ela preferiram dormir no mesmo quarto para caso a Jennie precisasse de ajuda.
Eu estava no meu quarto, olhando uma foto minha com meu avô, até que alguém bateu na minha porta.
— Lalisa, me ajuda a levar Jennie até o quarto? — Jisoo perguntou assim que abriu a porta. — Está chorando?
— Não. Só caiu um cisco no meu olho e fez eu chorar. Nada demais — sorri para ela e logo me levantei. — Claro que eu te ajudo com a Jennie.
— Certeza que está bem?
— Sim. Certeza — sorri novamente e ela retribuiu meu ato.
Jennie estava em sua cadeira de rodas, agindo como se fosse a sua primeira vez aqui.
— A sua casa é linda, Lisa — ela disse e eu ri. — Tá rindo do quê?
Me aproximei dela.
— Você fala como se fosse a primeira vez que vem aqui — ganhei um beliscão no braço e só então percebi que Jisoo estava com um sorriso malicioso.
— Você já esteve aqui, maninha?
— Já. Mas a gente não transou, se é isso que pensa. A Lalisa apenas me ajudou em um momento que eu precisei muito. Sou muito grata por isso, inclusive — ela me e olhou e eu sorri.
— Que momento foi esse?
— Não te interessa.
— Eu sou sua irmã mais velha.
— Não te interessa do mesmo jeito. A vida é minha e eu sou maior de idade — ela deu um sorriso singelo.
— Para de ser tão grossa — eu disse.
— Cala a boca que a conversa não chegou no chiqueiro — ela disse e Jisoo riu.
— Não fale assim com ela. A Lisa está nos ajudando muito.
— Eu falo do jeito que eu quiser. A boca é minha — olhei para Jisoo.
A coreana disse sem deixar sair o som da voz: não liga pra ela.
Assenti e Jennie bufou.
Peguei ela no colo e a levei até o quarto de hóspedes.
Ela é bem pesada, por incrível que pareça.
— Jennie, eu vi seu celular — Jisoo apareceu atrás de mim e eu tomei um susto. Por sorte, Jennie já estava na cama.
— E?
— O Kai te mandou mensagem.
Ela arregalou o olhos e começou a tremer.
— O que ele quer? — ela gaguejou, suando frio.
— Ele quer te encontrar amanhã a noite, na mesma boate de sempre.
— Não responda. Bloqueia ele e exclua o contato — ela disse.
— Na verdade, fale que ela vai ir — pedi para Jisoo, enquanto encarava Jennie. — Só que ele vai ter uma surpresinha quando encontrar a sua amada.
— O que você vai fazer? — Jisoo perguntou.
— Eu vou ir ao encontro com ele.
— Vai fazer meu trabalho agora, praga? — eu ri e ambas franziram o cenho.
— Eu vou conversar com ele. Não posso?
— Pode. Mas... É perigoso.
— Relaxa, Jisoo! Eu sei me cuidar — Jennie me encarou. Provavelmente estava me xingando de um trilhão de palavrões diferentes na sua mente. — Eu vou ir pro meu quarto.
— Lisa — Jennie me chamou —, a gente pode conversar a sós?
Jisoo olhou para mim e saiu do quarto, deixando apenas eu, Jennie e o silêncio obscuro que surgiu no lugar.
— Senta aqui — fiz o que ela mandou. — O que você vai fazer?
— Vou conversar com Kai e ver se ele tem envolvimentos com a Rosé.
— Por quê?
— Eu quero que a Rosé sofra por tudo que ela fez você passar. Eu juro que quero que ela queme no inferno, junto com o desgraçado do Kai.
— E se for perigoso?
— Vai ser perigoso. Eu sei que vai. Mas eu estou fazendo isso para que você possa viver sua vida feliz junto ao seu bebê. A polícia está me ajudando com isso.
— Certeza que não vai se machucar fazendo isso? De fodida já basta eu.
— Relaxa, Ruby! Eu só quero o seu bem. E, fique despreocupada, a polícia e eu vamos cuidar deles.
— Lisa... Obrigada! Eu sei que sou idiota na maior parte do tempo, mas eu gosto de você cuidando de mim desse jeito.
— Olha, o que eu mais quero é que você não desista desse bebê — ela baixou o olhar e encarou sua barriga. — Ruby, eu sei muito bem que você já pensou em aborta-lo.
— Eu tenho um motivo. Meu trabalho.
— Sai do emprego e cuide do seu filho.
— Você também?
— Eu só tô te falando isso porque é o certo. Eu sou contra você vender seu corpo? Sou. Mas não é por isso que eu tô te pedindo pra sair do seu emprego.
— Então é por quê?
— Porque você tem um bebê agora. Precisa cuidar e dar toda a atenção pra ele.
— Eu sei.
— Então.
— Ser mãe solteira não vai ser fácil, tá?
— Eu te ajudo se for preciso.
— E se a criança perguntar sobre o pai? O que eu direi?
— Que ele não tem pai.
— E se ela perguntar o por que seus coleguinhas tem uma família com pais que não sejam separados?
— Fale que eu sou mãe dele ou dela.
— Como é que é?
— Eu estou disposta a te ajudar no que for preciso. Você entende isso? — peguei em sua mão e fiz com que ela encarasse meus olhos. — Eu estou aqui para o que você precisar.
— Lisa, você está misturando as coisas.
— Não estou. Só estou te dando um aviso. Você não precisa ser necessariamente mãe solo — dei-lhe uma piscadela e levantei-me para sair do quarto.
— Você pode, por favor, parar de ser tão gentil comigo? Somos apenas estranhas.
— Mas eu não quero ser só uma estranha na sua vida, Ruby Jane. Eu quero ser, nem que seja a sua amiga. Mas eu quero pular essa fase de: aí eu não te conheço, Lalisa — afinei minha voz e fiz um gesto engraçado, fazendo com que ela risse.
— A gente pode ser amigas. Mas só amigas. Não pense que possamos ser algo mais.
— Nem num futuro distante? — perguntei com uma voz mais fofa e com os olhos fechados.
— Nesse caso, quem nos dirá será o destino, não eu — sorri ao criar um pingo de esperança para que possamos ficar juntas.
— Eu vou te deixar descansar. Durma bem, Ruby! — sorri e me direcionei até a porta.
— Durma bem, Lali! — sorri de novo, mas dessa vez, foi um sorriso boiola.
Abri a porta e me retirei.
Escorei meu corpo na porta após eu fecha-la, e comecei a sorrir de orelha a orelha, lembrando das palavras que saíram de sua boca.
"Durma bem, Lali!"
Lali.
Lali!
L-A-L-I.
Pode ser um exagero?
Claro que pode.
Mas é a Jennie Kim. Foi ela quem disse que não queria nada comigo; ela que me bloqueou e disse para eu esquece-la, ela que me trata como se eu fosse uma merda mole.
Eu tenho ótimos motivos para ficar feliz com um simples apelido que todo mundo me chama.
— O que aconteceu lá dentro? Sua cara vai rasgar com o tamanho do seu sorriso.
— A sua irmã aceitou ser minha amiga — disse sorrindo e ela me encarou com desdém.
— Por isso você tá sorrindo igual besta? — assenti. — Meu Deus! — ela franziu as sobrancelhas e entrou em seu quarto.
Caminhei até meu quarto, peguei minha toalha e coloquei no meu ombro.
Fui até o banheiro dançando e cantando:
— Adivinha quem tá começando a amolecer o coração? — fechei a porta com cuidado e fiquei na frente do espelho. — A Jennie. A Jennie. A Jennie. A Jennie — repeti isso enquanto girava a toalha no alto e fazia uma dancinha estranha enquanto mordia meu inferior.
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