10
Último do dia
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Me afastei de Sana assim que ela roubou um beijo meu.
— Tá louca, garota?
— Sim. Louca de amor por você, Lalisa Manoban — ela levou sua mão até meu membro.
Tirei na mesma hora e me levantei. Antes que eu pudesse dizer algo, escutei uma gritaria.
— Rosé...
Ela estava rindo da Ruby.
Percebi a força que ela abriu o portão. Fiquei com medo que acontecesse algo, então não pensei duas vezes e saí correndo.
Atrás de mim, veio mais três garotas.
Eu nunca corri tão rápido.
Acho que Ruby também estava correndo rápido, eu perdi ela de vista.
Tomara que não aconteça nada com ela.
Passei por um beco e escutei um barulho de choro.
Ruby...
Sua cabeça estava sangrando, ela estava batendo-a contra a parede, fazendo com que machucasse mais.
"Eu quero morrer!"
Essa frase saía a cada 5 segundos de sua boca.
— Ruby! — apressei-me em fazê-la parar de bater sua cabeça.
Levei uma cotovelada no estômago.
— Pare de fazer isso! Está se machucando.
— Me mata, Lalisa!
As três meninas chegaram e ficaram vendo tudo. Todas estavam sem reação vendo aquilo, também estavam paralisadas.
Ruby não parou de bater sua cabeça na parede. Cada vez machucava mais.
Ela começou a bater mais forte. Muito forte. Agarrei sua cintura por trás, fazendo ela se debater para tentar sair dos meus braços.
Em poucos segundos, todos da festa estavam lá, espantados.
— ME SOLTA, LALISA!!! ME SOLTA, CARALHO — sua voz rouca me fez chorar por dentro. Tive que me mater forte para ajudar ela.
Meu coração estava doendo muito em vê-la assim.
Eu vou matar cada um que fez e fizer bullying com ela.
Ela mordeu meu braço muito forte, na tentativa de eu a soltar, porém, mesmo com a dor, continuei segurando ela até a mesma parar.
Percebendo que não conseguiria sair dali, ela parou. Coloquei ela no chão e abracei a mesma muito forte.
Ela estava perdendo a força das pernas, deslizando devagar para o chão sujo, mofado e fedido.
Ela me abraçou muito forte, tão forte a ponto de eu ficar sem ar.
Meu braço estava sangrando e doendo muito, mas eu não parei de ajudá-la em nenhum momento.
— Eu não sou uma assassina — ela disse em meio ao choro e baixo. — Eu não sou!
— Eu sei que você não é. Fique tranquila.
As meninas vieram correndo me ajudar com a Ruby.
Elas tentaram conversar com ela e tirar ela dos meus braços para abraçar-la, porém a garota me abraçou mais forte.
— Me deixem aqui!
— É melhor levar ela pra casa, Jisoo — Minnie disse.
— Eu vou chamar um Uber.
— Eu levo vocês. Estou de carro — disse.
— Como sabemos que podemos confiar em você? — a garota, cujo o nome é Jisoo, perguntou.
— Ela é nossa amiga desde o jardim de infância, Soo. Pode confiar.
— A única pessoa que você não pode confiar, é a vagabunda da Roseanne Park — eu disse, encarando Rosé de uma forma que eu nunca tinha encarado antes, pois eu tinha medo.
Rosé me encarou de novo, mas eu não fiquei com medo. Pela primeira vez, eu venci essa troca de olhares.
Peguei Ruby no colo enquanto ela ainda me abraçava e chorava, e a levei para o carro.
Miyeon e Minnie também vieram depois de expulsar todos do clube.
Depois de um tempo dirigindo em silêncio, chegamos ao apartamento de Ruby.
Peguei no colo a pequena garota que dormia, fazendo-a acordar confusa.
Eu nunca mais vou olhar na cara da vagabunda da Rosé. Olha o estado que ela deixou a Ruby. Nunca mais vou confiar nela.
Não foi eu que contei que ela é uma prostituta. Não faço ideia de como ela descobriu isso, mas ela descobriu.
— Vamos fazer um curativo nela — Miyeon disse. Jisoo foi pegar o kit de primeiros socorros.
— Ela precisa de um banho primeiro — Minnie disse.
— Me ajude a colocar ela na banheira, Lisa — fiz o que a Jisoo mandou.
Assim que coloquei Ruby na banheira, saí do banheiro e fui até a sala.
— Eu vou matar a Rosé — eu disse após me sentar ao lado da Minnie.
— Eu te ajudo. Nunca gostei daquela vadia mesmo.
— Minnie!! — ela revirou os olhos e deu de ombros enquanto recebia a bronca de Miyeon.
Miyeon me entregou um copo d'água.
— Vamos fazer um curativo no seu braço, Lisa — ela disse e eu assenti.
— Caramba! A Jennie te mordeu, eu não tinha percebido — Minnie começou a rir.
— Bem forte, aliás — fiz uma careta de dor ao ter contato com o álcool.
— Não sei o que deu na Rosé pra fazer aquilo. Eu tentei dar uma segunda chance pra ela, mas já vi que ela é um caso perdido.
— Concordo com você. Eu acabei de descobrir quem é a verdadeira Rosé. Tipo, ela tem uns parafuso a menos, mas eu não pensei que ela pudesse fazer bullying.
— Depois que você foi embora, a Rosé mudou com todo mundo. Inclusive com a gente — disse Miyeon.
— Eu não gostei no começo, quando ela tava se afastando de nós. Mas daí, nós conhecemos a Jennie e ficamos melhores sem a Rosé.
— Por incrível que pareça, Jennie não é grossa. Ela é bem mais atenciosa e carinhosa do que a Rosé — disse Miyeon.
Jennie??
Será esse o nome dela?
— Pronto, meninas! — Jisoo apareceu lá.
— Não. Eu não vou fazer curativo. Eu tô bem aqui.
— Ou é isso, ou você vai ao médico — Miyeon disse.
— Não.
— Confia na Miyeon, ela faz faculdade de medicina, esqueceu? — Minnie tentou incentivar Ruby.
Eu estava sentada no sofá. Fui surpreendida quando Ruby sentou no meu colo.
— Que porra é essa? — perguntou Minnie, sorrindo maliciosamente.
— Isso vai doer e eu preciso machucar alguém.
— E esse alguém sou eu?
— Sim.
Depois que fizeram os curativos nela, a garota apagou no meu colo.
— Seu braço ficou cheio de hematoma, Lisa.
— Sério? Eu nem percebi, Minnie.
— Tá de TPM, porra? — mostrei língua pra ela.
— Onde fica o quarto dela? — perguntei
— Me segue.
Coloquei ela na cama assim que entrei em seu quarto. Jisoo fechou as cortinas e ligou o ar.
— Lisa! — ela segurou minha mão antes de eu me afastar. — Fica comigo, por favor.
Me surpreendi quando escutei esse pedido. Olhei para Jisoo e ela assentiu, indicando para que eu ficasse.
Ela saiu e fechou a porta.
— Deita comigo!
— Quê?
— Eu não sou fofa com ninguém, mas... quando eu te abracei, eu encontrei conforto no calor do seu corpo. Fica comigo até eu dormir, por favor...
— Mas...
— Por favor...
— Tá bom, eu fico.
Me deite meio desconfortável na cama. Ela me puxou mais para o meio e deitou sua cabeça em meu peito.
— Seu coração está batendo rápido — ela disse.
Fiquei em silêncio. Acho que estou em pânico. Eu nunca pensei que ficaria assim com ela.
Ela só pode estar bêbada.
Hoje de manhã ela disse que não confiava em mim e agora está procurando conforto no meu abraço.
Bipolaridade da porra.
— Lisa, me abraça. Vai ficar aí parada que nem um manequim?
— Desculpa. Mas pensei que você não quisesse nada comigo.
— E eu não quero. Aproveita o momento que depois que eu acordar, vou fingir que nada disso aconteceu e vou voltar a ser grossa e ignorante com você.
— Ok... Então, nesse caso, eu quero que esse momento nunca acabe.
— Não se acostume, Manoban.
Depois de um tempo, Ruby finalmente dormiu.
Saí do quarto dela e fui em direção a sala, onde todas as meninas, o Jungkook e o Jimin estavam.
— Oi, meninos! Jungkook, a Ruby tá putassa com você.
— Imaginei que ela ficaria. Lisa, senta aqui, a gente precisa conversar com você.
Sentei-me no sofá ao lado do Jimin.
— Eu sou a Kim Jisoo, a irmã da Jennie.
— Jennie? O nome dela não é Ruby? Por que todos a chamam de Jennie?
— O nome dela é Jennie Ruby Jane Kim — Jisoo disse. — Só os clientes dela a conhecem por esse nome.
— E por que eu deveria saber isso?
— As meninas me contaram a reação da Jennie com você, Lisa — Jungkook disse. — Ela não é assim. Se ela pediu pra você ficar com ela até ela dormir e não quis sair dos seus braços pra abraçar as amigas e a irmã, quer dizer que ela sente alguma coisa por você.
— Todos nós aqui queremos que a Jennie consiga um emprego legal. Um currículo em uma empresa ou sei lá — disse Minnie.
— A Jennie corre risco de vida indo nesses encontros pra vender seu corpo — disse Miyeon.
— A gente quer que você faça a cabeça dura da Jennie, acreditar que ela pode amar alguém e viver uma vida maravilhosa. Sem se preocupar se vai voltar viva ou não do seu "encontro" — Jungkook disse enquanto passava seu braço pelo pescoço do meu amigo.
— Como irmã da Jennie, eu digo que o sonho dela é viver um Dorama. Faça ela viver um Dorama, Lisa.
— Isso é errado.
— Não é não. Lalisa, você não é burra. Todos nós aqui sabemos os riscos que a Jennie corre na porra desse emprego — Jimin disse.
— Eu vou pensar. Vai dar merda se ela descobrir isso.
— Lisa... Pensa bem, tá?
— Eu vou pensar, Jisoo. Eu só não quero machucar sua irmã.
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