CAPÍTULO 4: Errando e aprendendo.

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Em meio a um surto conjuntivo de medo e vergonha, mergulhei no meu próprio eu com a intenção de deixar aquele mundo e ir para outro, estava quase desmaiando, havia sido grosseiro com a minha porta para o futuro melhor e extremamente idiota. Não que me preocupasse em ser gentil naturalmente com pessoas, eu não era, nunca fui e nunca me preocupei em ser, mas desta vez era diferente, ou eu fazia amizade ou me fodia inteiro.

Mas por algum motivo, sabendo quem foi que me disponibilizou as roupas e quem eu acabei dando uma de extremamente babaca — coisa que eu sou naturalmente —, apenas soltei um sorriso frouxo estranhamente tímido naquela situação, Chaeyoung me olhava como se podesse ler minha alma e por um segundo sobre aquele olhar repentinamente sério e julgador me senti despido.

Não que eu me importasse, claro.

Mas acabei não reparando muito em Taehyung, baixei a cabeça com um típico extinto natural e me vi preso naquele estado.

Hyumbim havia feito um bom trabalho com um certo garoto, julgo eu.

— Já se conheceram? — Chae questiona devido a minha falta de diálogo e o provável olhar do seu filho sobre mim, e só consegui me sentir mais encomodado com esse pensamento.

— A alguns minutos, senhor Jeon tem se mostrado um rapaz... Muito gentil. — okay, agora eu me senti um verdadeiro idiota.

Sequer estava os olhando mas desviei meu olhar mesmo assim, não queria ter que mostrar meu constrangimento só porque ele era duma classe maior que a minha, eu nunca fui alguém que me deixasse influenciar por essa questão, mas considerando a minha mera vivência com um certo velho idiota, acabei me contradizendo um pouco, visto que ele me criou exatamente para isso, curvar a cabeça diante de solas pesadas e pessoas vestidas até as orelhas de Gucci.

— Ah, isso é muito bom querido, já que você gastará maior parte do seu tempo na companhia dele, então é incrível que tenham se dado bem. — Chae disse sorrindo, os dentes incrivelmente bem alinhados e brancos dentro do formato retangular dos lábios.

Taehyung tinha o mesmo sorriso no que consegui vislumbrar minutos atrás.

— Sim mamãe, iremos nos dar bem, não é senhor Jeon? — ele sorriu.

E por algum outro motivo, mesmo ganhando um brilhoso sorriso, eu não conseguia sentir confiança nessa frase.

Não fazia muitos dias que eu estava trabalhando na mansão Kim e no meio onde muitas pessoas ricas se encontram e me deixam desconfortável, até então eu precisava apenas servir café para Chaeyoung enquanto ela estava em uma reunião no meio de muitos alfas vestidos de terno e eu a admirava por ser tão poderosa a esse ponto, seu alfa, seu marido, ainda não havia dado as caras ao que eu ainda não sabia como ele era e quem ele era, por outro lado o senhorzinho não saía do quarto por nada e desde de que eu passei a viver mais na mansão ainda não o vi por menos que seja alguns míseros de segundos.

Não que eu estivesse reclamando, pelo contrário, quando ele estava dando uma de gótico repudioso da luz eu estava servindo cafézinho para a linda mãezinha sem precisar mover mais de cinco passos.

Se não existia Taehyung, não existia trabalho. Estava sendo maravilhoso assim.

Mas como nada é flores, hoje era quinta feira completando exatamente quatro dias como funcionário e ele resolveu sair, não o vi de primeiro já que estava limpando uma sujeira do sapato novinho que ganhei mas aí senti um cheiro impactante demais, foi forte o bastante para me deixar tonto e desorientado por alguns segundos, meus sentidos embaralham nos momentos seguintes e eu não entendi as atitudes do meu lobo visto que o cheiro do Ômega não estava tão forte quanto ele fez parecer, mas o odor embora revestido em raiva me fez rememorar dias a fio atrás, antes da minha existência insignificante como ladrão mandado.

Havia um doce que eu amava, chamava—o carinhosamente de chocomelo, porque era literalmente chocolate e caramelo em uma união doce e única, dançavam com carinho na minha boca como bailarinas explodindo cada papila gustativa que ouvesse na minha língua, salivei no mesmo instante em memória do sabor viciante do doce respirando mais afoitamente nos segundos seguintes.

Tanto pela desorientação e tontura, quanto pela reação instantânea e gratuita que tive.

Embora que ainda meio areado, levantei meu corpo em meio segundo, mas olhei lentamente para a figura que descia as escadas e até então eu nunca havia reparado no quão detalhista eu podia ser, não sabia se era só ele que era uma explosão de minuciosidades singulares extremamente atrativas e tão belas quanto... Nunca vi algo tão bonito para sequer comparar.

E até esse momento, eu não sabia que detalhes pequenos faziam diferença.

Agora eu entendia gradativamente o motivo que a família Kim tinha por ser tão duramente particular, tão ocultas em um mundo onde todos são quase lendas, era beleza, uma quase incomparável e sem sombra de dúvidas digna de registros eternizados, me vi em uma frenesi do qual eu não conseguia sair, reparando as minúcias de cada pequena célula daquela criatura viva.

De repente nos momentos adiante eu perdi totalmente o dom da fala, quando tinha os olhos pérolados e brilhantes me encarando, cores prismáticas rodopiando dentro dos olhos azuis, ele era florido em belas curvas, acentuado em beleza pura e única, era tão bonito que cheguei a me sentir tonto, embalado em uma delicadeza genuína e dava para ver nos movimentos firmes das mãos como uma cinesia de seda, os fios em um tom bonito entre o castanho e o negro.

Vestido em uma camisa de mangas longas e babados que cobriam—lhe as mãos simétricas, dedos longos e a palma que também estavam suavemente envolvidas em uma luva de véu branco, calça chino não tão apertadas e não tão larga, mas que encaixava perfeitamente na circunferência do corpo. Ele era pequeno vendo de longe, a estrutura baixa mas que talvez muito provavelmente sua cabeça encaixaria perfeitamente no vão entre meu ombro e pescoço. Lábios vermelhinho em formato de coração e o rosto harmonioso em linhas graciosas, doces e delicadas, embora o maxilar marcado deixasse claro sua virilidade inocente e afável.

Eu estava ficando louco, tudo nele era perfeitamente conjuntivo e marcante.

Oque me fazia sentir mal pelo nosso desagradável — vale enfatizar — primeiro encontro.

Puxei ar entre os dentes e juntei as sombrancelhas assim que coloquei os pés no chão, ele ainda estava ali, me encarando com perspectiva e os olhos azuis brilhando e faíscando, tratei de engolir saliva e lubrificar a garganta, minha voz não tão firme como antes vacilou nos instantes em que tinha o Ômega se movendo até mim, descendo as escadas como uma passarela sem nunca tirar os olhos do meus.

Não parecia nada com o moleque sujo e grudento a quatro dias atrás.

— Bom dia Jeon. — pisquei três vezes seguidas quando notei que Chaeyoung estava junto ao filho, ao seu lado e segurando seu braço.

— B—bom dia. — juntei as sobrancelhas irritado quando minha voz acabou falhando no meio da frase.

Fazia me parecer patético.

Contudo, contive minha vontade de continuar com cara de tacho olhando aqueles dois como se fossem duas peças vivas que acabaram de sair de um quadro renascentista e focar no simples fato que... Eu teria minha primeira oportunidade de ganhar alguma vantagem sobre a minha missão e pior, não tinha ideia de como iria fazer isso.

Eu sei, claro, saí de akma dizendo que estava totalmente siente de qualquer ação gerada por mim em relação a missão e que tinha o plano completamente armado na minha cabeça.

Eu tinha.

Mas... Não contava que o filho da Kim fosse um Ômega tremendamente gato.

Claro, tinha de imaginar, Chaeyoung era quase um desenho muito bem feito o filho não seria diferente, mas... Se eu quisesse continuar vivendo, era a única forma, mesmo que isso me custasse um rostinho muito lindo olhando para mim todos os dias e eu não poder fazer absolutamente nada.

— Está disposto! Isso é ótimo. — Chae falou quando eu baixei a cabeça ao ouvir as solas dos seus sapatos batendo no chão.

Engoli saliva.

— Sim, senhora.

— Taehyung terá de ir para a empresa hoje, pela primeira vez! — Chaeyoung disse tomando um tom pouco mais rosado nas bochechas pálidas.

O sorriso triangular natural estampado no rosto e a felicidade que era aparentemente mútua entre os dois, concordei com um aceno suspirando no momento em que a mulher me olhou.

— Deixo meu filho em suas mãos. — e sorriu. — Preciso ir agora, mas volto já para irmos juntos.

O fitei, estranhamente acanhado recebendo o olhar avaliativo do Ômega que alternava entre mim e a sua mãe afastando—se de nós a cada passo, até que ela atravessou a porta e o sorriso do garoto sumiu de uma forma quase assustadora, e num breve momento eu deixei de respirar.

— Despeça—se. — foi rude, duro e extremamente mal educado.

Mas eu continue confuso o olhando com as sobrancelhas juntas.

— Oque?

— Saía da minha casa, saía deste cargo, eu não preciso de uma babá. — respondeu, continuando a linha de raciocínio que eu ainda demorava a entender.

— Não vou me despedir.

— Vai sim! Agora!

— Não saio deste cargo até sua mãe decidir que eu saía, até lá, ficarei sob seus comandos e sobretudo os comandos dela. — repondi devagando meu olhar sobre suas roupas e quão ele parecia estupidamente mais bonito com a cara emburrada.

— Peça para sair! Eu já disse que não preciso de uma babá.

— Não foi oque sua mãe insinuou. — ele abriu os lábios, indignado e mesmo assim não deixava de ser elegante nos movimentos.

Certinho até demais.

Enquanto eu só sabia ficar com os braços para trás temendo que qualquer movimento meu fosse estúpido demais.

— Seu—

— Taehyung, já está pronto querido? Precisamos ir. — era Chae, e como antes, Taehyung mudou completamente as expressões ficando assustadoramente sereno outra vez.

Uma dualidade quase confusa.

Mas antes, ele me olhou profundamente.

— Okay, se quiser que fique, agora não diga que eu não avisei. — e saiu caminhando acompanhando a Kim mais velha.

Eu fiquei alguns segundos para trás, revirando os olhos internamente me lamentando.

— Onde foi que eu me meti?...

Eu sempre soube que não nasci de bunda virada p'ra lua e que a sorte corria longe de mim, e que coisas que aconteciam na minha vida eram relativamente — definitivamente — desagradáveis e sem cabimento para um menino que vinte e poucos anos.

Aguentei porrada da vida de cabeça erguida embora sentisse que um buraco era renovado no meu peito a cada novo chute.

Mas de tudo oque vivi e ao que se comparava a agora, definitivamente, era tão alto — se não igual — ao nível de antigamente.

Claro que trabalhar exige o máximo de si e que o desempenho ao decorrer do conhecimento era fundamental, planejei o plano interio, mas tinha esquecido de um mísero detalhe.

Eu sabia dirigir, mas nunca soube oque era dirigir de verdade, com trânsito e tudo, lembro como se fosse ontem, embora tenha sido ontem mesmo, tentei de todas as formas afastar o pânico que se apossou de mim a partir do momento em que passei a dirigir no meio de um tsunami de carros e motos, todo mundo apressado e estressado.

Tentei evitar as freadas repentinas e os trancos a cada susto, juro que tentei, mas felizmente no final, eu consegui trazer todo mundo devolta, vivo.

E senti uma breve sensação que seria despedido ali mesmo, oque felizmente não aconteceu, mas não evitou que eu me sentisse constrangido até nos passos perto de Taehyung e Chaeyoung.

Mas a raiz do problema não estava no quão o trabalho poderia ser exaustivo ou nas minhas limitações sobre as regras de trânsito, mas sim em Taehyung, além de descobrir o humor ácido, o ódio do garoto por qualquer coisa que respirasse e a vontade de jogar as pessoas pela janela, só não descobri mas como conformei em tese que o garoto havia me odiado.

Taehyung simplesmente não me suportava e essa vivência lentamente se tornava mútua, porque se você conhece uma pessoa mais irritante, mesquinha e ignorante neste mundo, por favor, se apresente.

E inúmeras foram as vezes que tive que respirar três vezes e controlar o tique nervoso no olho esquerdo de tão nervoso eu estava ficando em ter que cuidar desse garoto problemático. Taehyung eu e éramos a confirmação da teoria de que Santos realmente não se batiam, e o meu não bateu com o dele em vice versa, éramos simplesmente duas pessoas que se suportavam porque ele não podia me despedir sem que a ordem viesse dos seus pais.

E durante quase três semanas eu tentava não surtar e desistir dessa ideia.

Mas sempre que lembrava de Hyumbim e as ameaças, minha espinha dorsal congelava e eu desistia de desistir.

Até então eu não sabia o quão paciente eu poderia ser em relação ao tratamento ruim que eu estava levando sempre que estávamos a sós e embora eu fosse de fato uma pessoa exponencialmente paciente ainda era um humano e com emoções, Taehyung parecia querer me tirar do sério e claro que eu sabia o motivo disso tudo.

Ele apenas queria que eu desse minhas contas e desistisse de trabalhar na mansão.

Mas se sequer pensasse ele que eu iria desistir simplesmente porque ele faz aquela cara de emburrado para mim, estava completamente enganado.

Algo me dizia, talvez ao que dis o sexto sentido, que Taehyung não era oque mostrava ser, que talvez eu o tenha ofendido naquele fatídico dia em que coincidentemente eu estava completamente indignado com a vida, Taehyung era uma pessoa gentil com outras pessoas, digo isso porque já flagrei seu sorriso meigo e espontâneo direcionado a outros funcionários, então, tudo indicava que eu estava fora da sua lista de pessoas que mereciam gentileza.

Não que eu me importe com isso, afinal de contas, não estou aqui para isso.

E assim, os dias arrastavam—se devagar e aos poucos me acostumava com a nova rotina, sobretudo as regras de trânsito e ligeiramente o humor de Taehyung para comigo.

Mas hoje era um dia espacial, eu tinha de tentar uma primeira vez já que Taehyung, ou melhor dizendo, meu alvo, era emburrado demais e era muito óbvio que não conseguiria tirar nada dele além de paradas, mas resolvi hoje, enquanto esperava Taehyung para a nossa transição da mansão até a empresa que tentaria.

Eu sabia sobre o notebook de uso pessoal do Ômega, este que nunca saía do seu lado a não ser quando ele estivesse tomando banho e reparei isso neste poucos dias, oque significava que aquilo era importante e se era importante obviamente havia informações valiosas, mas como já mencionei, Taehyung não largava desse negócio um segundo sequer e a este horário ele provavelmente estaria no banho.

Missões radicais tendem a ter medidas radicais.

Então eu teria que entrar no quarto enquanto ele estava lá tomando banho, e eu nem sabia se era uma boa ideia, mas foda—se, eu só preciso de alguns minutos.

Subi as escadas levemente nervoso temendo ser pego com a mão na massa, neste caso, no notebook e sequer sabia qual desculpa daria para encobrir essas merda.

O quarto de Taehyung era — entre a fileira extensa de quartos inutilizados — o último, e enquanto eu caminhava até lá sentia como se o caminho se estendesse e ficasse maior apenas para que minha tortura fosse um cento mais pesada e mesmo assim continuei.

A porta era larga e eu arriscava dizer que é a única diferente entre todas as outras, girei a maçaneta que por algum motivo não estava trancada e o click me fez fechar o rosto em uma careta, me sentia uma criança roubando doces no meio da noite, mas diante do silêncio e da falta de resposta empurrei—a lentamente esperando que fosse recebido por xingos ou algo parecido, mas quando coloquei apenas uma parte do rosto para dentro do quarto, estava vazio, e como eu havia imaginado, Taehyung estava no banho e o bendito notebook sob a escrivaninha próxima ao seu guarda roupa.

Concentrei—me a ouvir o chuveiro e com uma resposta imediata o som da água batendo contra o chão e a voz de Taehyung cantarolando baixinho veio no segundo seguinte, então me apressei em entrar no quarto rapidamente.

Não fechei a porta e tão rápido quanto entrei abri a tela do aparelho.

Tinha a porra de uma senha.

— Ta brincando comigo! — gruni baixo, contendo minha vontade de gritar. — Pensa Jeon, pensa, ricos são previsíveis. Deve ser... O dia do nascimento dele? Mas eu nem sei quando ele nasceu... Não, não pode ser, é brega demais.

Mordi a ponta do dedo, colocando o máximo de neurônio meu para trabalhar no momento, contudo a única coisa que me veio a mente foi o nome da família Kim, ainda não conhecia Taehyung o suficiente.

— Droga! — e então a água deixou de cair e o trinco da porta girou.

Talvez fosse idiotice essa ideia toda e que no final não daria em absolutamente nada a não ser eu e Hyumbim na cadeia, presos até que minhas próximas gerações fossem me tirar de lá (se é que algum dia terei geração futura)

O problema não foi pensar demais, porque quando vi, já estava me enfiando dentro do guarda roupa do Omega, oque talvez também fosse — e é — uma grande idiotice, o cheiro forte das roupas de Taehyung camuflou o meu suficiente para que não fosse tão perceptível dentro do quarto, mas era óbvio que estava me afetando, ofeguei prendendo o nariz entre os dedos ou acabaria liberando mais do que esperava.

Era até patético admitir que o cheiro de Taehyung me afetava, muito intensamente e calorosamente.

Esgueirei meu olhos até as brechas da porta, a luz da fresta abrasadora causando ardência nos meus olhos no meio do escuro e dos feromônios das roupas, estava ardendo, não só meus olhos, mas meu nariz, minha boca, meu peito...

Era patético e rezei mil vezes para que Taehyung não me visse ali dentro ou eu seria preso antes mesmo de assumir meu crime.

Mas então, Taehyung estava alí, a toalha cobrindo o peito e as pernas, orvalhado em gotas de água que escorriam pelo seu corpo de forma livre, os fios húmidos e ele parecia tão sereno.

Mas de repente a toalha ameaçou cair, e de fato, ela escorregou até o chão e neste momento, me obriguei a fechar os olhos pelo resto de decência que ainda me faltava.

No fim, Taehyung estava com as roupas prontas sobre a cama e logo após se vestir saíu mesmo estranhando a porta aberta e meu cheiro no meio do seu quarto, saí de la com o coração disparado e estranhamente satisfeito, mesmo que não tenha colhido fragmento algum. E com um pensamento que deveria conhecer mais sobre Taehyung.

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