Identidade Revelada

"Eu nunca tive alguém ou uma estrada pra casa

Eu quero ser alguém para alguém

E se o sol se por e o céu esfriar

E se as nuvens ficarem pesadas e começarem a cair

Eu realmente preciso de alguém pra chamar de meu".

- Someone To You – Banners

Min Seol Ah sentiu pela primeira vez como seria ter uma mãe em sua vida, a garota não sabia explicar, mas sentia um carinho muito especial quando estava perto de Su Ryeon, nos poucos momentos em que esteve ao lado dela, sentiu pela primeira vez como seria ter uma mãe.

Ela sempre sentiu muita falta de ter uma mãe, uma família, a garota cresceu em um orfanato, sozinha, tinha as amizades do orfanato, mas não era a mesma coisa do que ter uma mãe para cuidar de você, ser amada.

Durante sua estadia no orfanato, ela viu muitas amigas serem adotadas, mas nunca havia sido ela, e quando enfim conseguiu ser adotada, deu tudo errado, a família nunca a quis de verdade, era tudo fingimento.

Naquela tarde em que recebeu o presente de Su Ryeon, ela se sentiu muito especial, quando entrou no quarto de Seok Kyung, a garota a tratou de um jeito estranho.

- Você deve estar adorando receber tantos presentes – disse Seok Kyung de forma grossa, aquilo pegou Seol Ah de surpresa, achava que a garota gostava dela.

- Se quiser eu posso devolver a sua bolsa... caso tenha se arrependido.

A garota deu um sorriso falso. – Não, eu já disse que não usava a bolsa.

- Está chateada por que sua mãe me deu o presente? Se quiser, eu deixo aqui.

- Eu já falei que não! Minha mãe te deu o tênis, e você aceitou, não pode simplesmente deixar aqui, ela vaia achar que eu fiz algo – a voz de Seok Kyung saiu raivosa.

Seol Ah suspirou. – Ficou com ciúmes? Foi só um presente, não se preocupe... sua mãe não vai me adotar, você é a filha dela, não eu. Sua mãe só quis ser gentil comigo.

Seok Kyung cruzou os braços revoltada e se aproximou da tutora, olhando como se fosse uma assassina prestes a matar a sua vitima.

- Acha que eu estou com ciúmes de uma garota pobre como você? Não me faça rir, você não significa nada para mim e muito menos para a minha mãe, ela só ficou com pena porque você não tem dinheiro nem para comprar um tênis – falou a garota com maldade no olhar e um sorriso cínico.

Seol Ah sentiu os olhos marejarem, mas fez um esforço para não deixar que nenhuma lágrima caísse na frente daquela garota, a decepção que ela sentiu ao escutar aquelas duras palavras de Seok Kyung a machucou mais do que deveria, ela estava começando a se afeiçoar a pobre garota rica que sofria abusos físicos do pai, mas ela estava enganada, a pobre menina rica era como todos os outros daquele meio, egoísta e malvada.

- Peço perdão se a minha pobreza te incomoda, mas pelo menos você tem tudo não é? Não precisa passar pelas mesmas dificuldades que eu passo, tendo que aguentar uma criança mimada e egoísta que acha que é o centro do mundo – Seol Ah respondeu com raiva, aquilo só fez Seok Kyung ficar mais brava, ela detestava ser contrariada.

- Você adora se fazer de vítima não é? Eu não tenho culpa de ser rica e ter tudo o que você gostaria de ter! Sua cara de boazinha é só um disfarce, não é? Você me enganou direitinho...

Seol Ah deu um sorriso falso. – Eu também não tenho culpa de ser pobre e de não ter tudo o que você tem, e também não tenho culpa se você é má e eu sou boa, vamos terminar esse assunto e voltar às aulas – a garota respondeu, virando-se de costas para Seok Kyung, mas a mesma segurou com força o braço da tutora e a puxou, neste momento, a peruca de Seol Ah ficou torta, Seok Kyung achou estranho e puxou, quando ela percebeu que o cabelo falso da tutora era uma peruca, ficou surpresa.

- Não acredito... você é a bolsista nova da escola! A Min Seol Ah... você tem a minha idade! Sua falsa! – exclamou Seok Kyung cheia de raiva, olhando com fúria para a garota, Seol Ah estava em choque, ela jamais imaginou que fosse descoberta dessa forma.

- Não vai falar nada, Min Seol Ah? – a garota insistiu e empurrou a testa da menina com um dedo.

- Eu posso explicar... – falou nervosa.

Seok Kyung sorriu de forma sarcástica. – Explicar? Explicar que você é uma mentirosa, e mau caráter? Não seja cínica! Você nos enganou, mentiu sua idade, se disfarçou para que eu não te reconhecesse e ainda é da minha turma... Como eu pude me enganar tanto com você? Eu nunca deveria ter dado bola a uma pobretona como você! – a garota gritou e empurrou a garota, que esbarrou na cadeira, onde teve que se segurar para não cair.

Seol Ah não aguentava mais aquela discussão e aquela garota a empurrando o tempo todo e dizendo coisas ruins sobre ela.

- Eu não vou permitir que você faça o que bem entender comigo! Me deixa em paz! Eu menti sim, porque eu precisava e ainda preciso desse dinheiro, eu não tenho uma família rica que me sustente como você! Eu não tenho ninguém no mundo, e todos os dias eu me esforço para conseguir sair da miséria em que eu vivo! Eu consegui aquela bolsa de estudos devido a minha inteligência e ao meu talento para o canto lírico, eu vou dar o meu sangue para fazer aquela escola valer a pena, não vai ser uma pirralha rica e mimada que vai atrapalhar isso! – Min Seol Ah respondeu com confiança e orgulho, ao mesmo tempo em que aquilo comoveu Seok Kyung a irritou da mesma forma, pois a garota estava com muita raiva por ter sido enganada por uma garota de sua idade, e por ter gostado de uma menina que havia mentido para ela seu nome e sua idade, ela não suportava que as pessoas dessem lição de moral a ela.

- O seu emprego de professora particular você já perdeu, eu não te quero mais como minha tutora, e sobre a escola... eu vou fazer com que você odeie estudar naquele colégio, não vou permitir que uma mentirosa e sanguessuga como você fique bem ao estudar no meu colégio! Os bolsistas não pertencem ao nosso meio social, eu posso ser uma pirralha mimada, mas pelo menos não sou uma pobretona mentirosa!

Seol Ah da um sorriso irônico. – Chega, eu cansei de ouvir tanta idiotice, fala como quiser, e quer saber? Eu não quero mais aquela bolsa! Vou devolvê-la amanhã!

- Ótimo, pois aquela bolsa foi dada a mim pela Da-Mi, não para a Min Seol Ah! Mas a Da-Mi não existe, não é?

- Da-Mi não existe, mas eu nunca fingi ter outra personalidade, eu sempre fui eu, mas se não acredita, tudo bem... eu também gostava mais da outra Seok Kyung, da bondosa, e não desse monstro que está na minha frente... – respondeu a garota, pegou o presente de Su Ryeon e saiu do quarto de Seok Kyung, mas a menina revoltada, pegou o presente da mãe das mãos de Seol Ah e jogou no chão.

- Isso aqui era para a Da-Mi! Minha mãe não deu tênis algum para a Min Seol Ah!

Os tênis caíram no chão, Seol Ah pensou em pegar, mas resolveu não se humilhar a este nível, ela estava quase chorando, estava se segurando para não dar esse gostinho a Seok Kyung.

- Você é uma pirralha má, fique com os tênis.

- Pirralha? Você tem a minha idade! Como pode achar que está certa? – resmungou Seok Kyung.

- Como pode você achar que está certa? – devolveu Min Seol Ah, a garota se virou novamente e saiu do quarto da menina às pressas, quando uma funcionária abriu a porta para ela ir embora do apartamento, a jovem esbarrou com Eun Byeol no corredor da cobertura.

- Ei... você não é a Min Seol Ah? Uma das bolsistas do colégio? – Eun Byeol perguntou, parando a garota.

Seol Ah revirou os olhos, "a bolsista" era assim que os alunos riquinhos se referiam a ela.

- Sim, sou eu mesma.

- E o que você está fazendo aqui?

- Eu não tenho porque te dar explicações e de qualquer forma, amanhã você vai saber mesmo...

- Sua grossa!

A garota a ignorou e foi às pressas em direção ao elevador. Quando a porta do elevador se fechou, Min Seol Ah permitiu que as lágrimas rolassem por seu rosto, estava tão cansada de se sentir sozinha o tempo todo, de não ter uma mãe ou um pai, de ter 15 anos e precisar ser como uma adulta, cansada de pessoas más que achavam que podiam pisar nela só por ela não ter família e não ter uma boa condição financeira, ela só queria ser normal, como qualquer outra adolescente de sua idade, com os poucos 15 anos de vida, ela precisou passar por tantos momentos ruins.

Perguntava-se diariamente se algum dia conseguiria ser feliz de verdade, se teria alguém que a amasse no futuro, se um dia a sua vida miserável poderia mudar para melhor...

Seu celular vibrou, ela pegou e leu, era mensagem de James.

"Tudo bem com você, anjinho?"

Seol Ah sorriu ao ler a mensagem, ele era a única parte boa de sua vida, a única pessoa que gostava dela de verdade.

"Não muito... aconteceram algumas coisas, te conto mais tarde, e como você está?"

"Alguém te fez algo ruim? Me diga quem e eu irei puni-la! Eu estou bem, mas estaria melhor se estivesse ao seu lado".

"Seu bobo... não posso digitar agora, estou quase saindo de um elevador, prometo te contar mais tarde".

Seol Ah estava saindo do elevador, com os olhos na tela do celular, e só percebeu quando esbarrou em alguém, a garota quase deixou o celular cair no chão, mas segurou bem a tempo, o celular não era atual, já fazia uns dois anos que tinha aquele ali e não tinha dinheiro para comprar outro.

Ela havia esbarrado em um homem. – Não olha para onde anda menina? – resmungou o homem com raiva, olhava para a menina com repulsa.

Quando a garota o viu, ficou sem reação, ela o conheceu pelas fotos de família na sala de Shim Su Ryeon.

- Desculpa! – a menina pediu nervosa.

Joo Dan Tae olhou a garota de baixo a cima com nojo, e sorriu sarcasticamente.

– Não sei por que uma cobertura de luxo permite a entrada de pessoas desse nível... – resmungou alto o suficiente para que Seol Ah escutasse.

A menina suspirou, seu dia estava mesmo péssimo. – Pelo menos eu não sou um monstro como você – respondeu, olhando no fundo dos olhos do homem.

- Atrevida...

A garota não esperou, e saiu do elevador, deixando o homem resmungando sozinho.

Seol Ah só queria uma vida tranquila, mas aquelas pessoas de luxo estavam dificultando tudo, ela não aguentava mais ser humilhada constantemente, a menina pensou que Seok Kyung era diferente, e sentia um carinho por ela, principalmente porque sabia que ela sofria abusos físicos do pai, mas ela havia se mostrado igual aos outros, havia perdido o emprego, e teria que aguentar as provocações da garota na escola.

- Eu mereço isso? Por que minha vida é tão difícil? Se tudo o que eu faço é me esforçar e trabalhar para ter um bom futuro. É errado ser uma órfã? Quem são os meus pais biológicos? E por que eles não me quiseram? Por culpa deles eu tenho uma vida difícil... – disse baixinho, a si mesma, sentiu os olhos marejarem, mas olhou para o lindo céu azul e encontrou força e esperança de uma vida melhor.


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