Duas Faces

"Com a mochila da escola na mão, ela sai de casa de manhã cedo

Acenando adeus com um sorriso distraído

Eu a vejo partir com uma onda daquela bem conhecida tristeza

E eu tenho que me sentar um pouco, o sentimento de que eu a estou perdendo para sempre e sem realmente entrar em seu mundo

Fico feliz todas as vezes que posso compartilhar de sua risada, essa menininha engraçada, escorregando pelos meus dedos o tempo todo

Eu tento capturar cada minuto, o sentimento nisso, escorregando pelos meus dedos o tempo todo, eu realmente vejo o que está na mente dela?

Cada vez que eu penso que estou perto de saber, ela continua crescendo,

Escorregando pelos meus dedos o tempo todo".

- Slipping Through My Fingers – ABBA

Shim Su Ryeon estava na sala, quando viu seus filhos chegarem, a mulher se alegrou ao ver Seok Kyung e Seok Hoon, ela os amava muito, se pudesse ficaria todo o tempo com eles. – Meus bebês chegaram! – exclamou a mulher, indo na direção deles, Seok Kyung sorriu e foi correndo abraçar a mãe, Seok Hoon a seguiu, e a mulher abraçou os dois ao mesmo tempo.

- Como foi à escola? – a mulher perguntou ao se desvencilhar dos filhos.

- Foi ótima, mamãe! – respondeu Seok Kyung animada, pegando na mão da mãe.

- Ah que bom! Fico feliz, está se dando melhor com a ajuda de sua tutora?

- Sim, muito melhor, obrigada por ter contratado-a – agradeceu a garota, sorrindo.

- E você, Seok Hoon? Como vai a escola? Tudo certo?

- Sim, tudo certo mãe.

Shim Su Ryeon sorriu e se aproximou do filho, ela pegou em seu queixo e beijou a bochecha dele. – Você é tão fechado, meu filho... ás vezes sinto que estou perdendo os momentos dos meus gêmeos... – disse a mulher, olhando para ele e Seok Kyung.

- Eu te conto tudo mamãe! Não em coloque nessa – a garota respondeu em um tom animado.

- É porque ela é menina mãe, por isso te conta mais, mas eu te amo muito, não se preocupe, você não está perdendo nada – falou Seok Hoon, abraçando a mãe por trás, a mulher sorriu e o momento entre mãe e filhos foi interrompido por Joo Dan Tae, o homem entrou e forçou um sorriso ao ver a esposa e filhos.

- Senti saudades da minha família! Estavam me esperando para almoçar? – perguntou ele, se aproximando.

Su Ryeon não estava esperando o marido, mas mentiu dizendo que sim, não queria magoá-lo. – Claro, chegou cedo hoje – disse a mulher.

- Adiantei boa parte do serviço.

Seok Kyung e Seok Hoon foram para o quarto, se trocar e deixar as mochilas, o marido aproveitou que os filhos subiram, e puxou a esposa para si. – Estou com tantas saudades suas, de ficarmos juntos... – falou Joo Dan Tae, beijando a mulher em seguida.

Su Ryeon permitiu o beijo e o correspondeu, mas ela sentiu um perfume feminino exalando pela roupa do marido. Ela o soltou e cheirou novamente, aquele não era um perfume dela, ela nunca tinha usado um com aquele cheiro.

- O que foi querida? – perguntou o homem.

- Que perfume é esse?

O homem sorriu. – Não estou sentindo perfume algum.

- Não seja cínico! De quem é esse perfume feminino? – a mulher ficou irritada, ela não o amava, mas não permitia traição, já que ela nunca o havia traído desde que se casou, ela esperava que ele fizesse o mesmo.

- Eu não sei querida! Talvez seja de alguma funcionária que esbarrou em mim... – o homem respondeu nervoso.

- Suas funcionárias costumam esbarrar em você com frequência? – a mulher estava furiosa, e sem paciência para as desculpas esfarrapadas do marido, queria uma explicação que fizesse sentido, não algo que a fizesse desconfiar mais.

Joo Dan Tae sorriu ladino. – Eu não sabia que minha esposa sentia tanto ciúmes assim de mim... – se gabou.

Su Ryeon revirou os olhos, cansada. – Não vai explicar mesmo?

- Meu amor, eu não sei, talvez uma mulher tenha esbarrado em mim na rua ou na empresa, eu realmente não me lembro. Não se preocupe, eu jamais trairia você, sabe que eu te amo, não sabe? Só tenho olhos para você – disse o homem, segurando com delicadeza no rosto da esposa.

A mulher não conseguiu acreditar nas palavras e no olhar do marido, sua intuição lhe dizia que algo estava errado, mas ela apenas fingiu acreditar, precisava encontrar outra forma de descobrir se o marido estava a traindo.

- Vou te dar um voto de confiança dessa vez, mas saiba que se eu descobrir que você me trai com outra, irei me divorciar no mesmo instante.

- Teria coragem de se separar de mim? E nossos filhos?

- O que têm eles? Os gêmeos são grandinhos, eles sabem lidar com a separação dos pais.

- Eles são meus filhos...

- Não, eles são nossos filhos, eu os adotei legalmente, mesmo que eles não tenham o meu sangue, no papel eles possuem o meu sobrenome também, da mesma forma como a minha filha Joo Hye In tem o seu sobrenome, mesmo que ela não tenha o seu sangue, no papel, você é o pai dela – a mulher fez questão de deixar isso claro ao homem.

- Eu estava brincando meu amor... só queria saber se teria coragem mesmo de me deixar.

Su Ryeon sorriu sarcasticamente. – Usando os nossos filhos para me prender a você? Era isso o que queria fazer, não é mesmo?

- Claro que não, você pensa muito mal de mim, o que tem acontecido? Nunca fomos esse tipo de casal...

- Se não quer que sejamos esse tipo de casal, não me de motivos para que eu aja assim! Suas ações recentemente tem me decepcionado muito, não estou gostando do tipo de homem no qual está se tornando.

O homem se calou, os filhos desceram as escadas, e todos foram se sentar para almoçar. No período da tarde, Su Ryeon foi atender Seol Ah, conhecida como Da-Mi para todos daquela casa.

As duas se cumprimentaram e a mulher a pegou pela mão, a levando até a sala.

- Você está linda, querida – elogiou Su Ryeon, sorrindo ao observar cada detalhe da garota, a mulher não conseguia se lembrar, mas achava aquela jovem familiar, como se parecesse com alguém que ela conhecia.

A menina sorriu e agradeceu. – Não mais que você.

- Não diga isso, você é bem mais jovem do que eu! Extremamente linda... seu olhar, suas feições, me lembra alguém... – a mulher falou, se aproximando e acariciando o rosto da menina.

Seol Ah ficou surpresa com o toque da mulher, mas ela sentiu um carinho muito especial ao ser tocada daquela forma, aquela mulher era tão boa, tão maternal, Seok Kyung tinha sorte de ter aquela mulher como mãe.

Logo depois, Seok Kyung apareceu na sala, observava a cena das duas, a garota havia escutado a conversa delas e visto a mãe tocar no rosto de Da-Mi da mesma forma que fazia com ela, ela não queria se sentir daquela forma, mas havia ficado com ciúmes, ver a mãe tratando uma desconhecida daquela forma a encheu de ciúmes, como se Da-Mi estivesse roubando seu lugar, a garota cruzou os braços e tentou afastar os pensamentos egoístas.

- Você chegou... – falou, ao se aproximar das duas.

Su Ryeon sorriu e soltou Da-Mi com cuidado. – Ah... eu já ia me esquecendo... – a mulher falou, indo para o sofá, ela voltou em direção a Da-Mi com um embrulho branco, grande.

- É para você – a mulher falou, entregando o embrulho a ela.

Seok Kyung sentiu o ciúme ficar mais alto. – Não posso aceitar senhora... sua filha outro dia já me deu uma bolsa, não posso aceitar mais nada.

- É de coração, meu amor. Aceite, é o último presente que te dou, é porque você está fazendo um ótimo trabalho, Seok Kyung te adora e você é especial, aceite, por favor – a mulher insistiu com doçura.

"Você é especial" a frase ficou na cabeça de Seok Kyung, que observava a cena das duas com um pouco de raiva e ciúmes.

- É um tênis.

- Obrigada, senhora.

- Abra.

Seol ah abriu, se surpreendeu ao ver aquele lindo tênis branco de marca, um tênis que ela jamais teria condições de comprar, mas estava ganhando de graça daquela mulher tão gentil.

- Obrigada – agradeceu com os olhos marejados.

Su Ryeon se aproximou da menina e a abraçou, logo em seguida beijou o topo da cabeça da garota, que estava emocionada com o carinho da mulher.

Seok Kyung apertou o punho com raiva, estava se segurando para não surtar.

- Mãe, a Da-Mi precisa me dar aula – falou com a voz fraca, reprimindo o choro.

A mulher não percebeu, apenas sorriu e se despediu de Da-Mi e da filha, disse que teria que sair, Su Ryeon ia ao hospital visitar Joo Hye In, mas ela sempre inventava uma desculpa para os filhos sobre suas saídas.

A mulher foi em direção a filha e a abraçou. – Se cuida, meu bem, daqui a pouco estou de volta.

Seok Kyung assentiu e forçou um sorriso, as duas meninas foram para o quarto, antes de sair, Su Ryeon foi ao quarto de Seok Hoon.

A mulher bateu na porta antes de entrar. – Filho?

Seok Hoon apareceu apenas de short, estava sem a camisa, tinha saído do banho e estava com o cabelo molhado.

- Sim, mãe?

- Eu vou sair, resolver uns assuntos e vou deixar você e sua irmã aqui, a tutora está dando aula particular a ela neste momento, peço para que vigie a sua irmã, se ela sair, pergunte onde está indo e caso vocês dois saiam juntos, me ligue avisando, está bem? Fico preocupada em deixar vocês dois sozinhos aqui...

- Não tem motivo para se preocupar, não somos mais crianças.

A mulher sorriu. – Claro que são crianças, são as minhas crianças – disse ela, sorrindo, e se aproximou do filho para abraçá-lo, mas teve uma surpresa ao tocar as costas do filho, ela o afastou e se virou para ver.

- Seok Hoon! O que é isso? Quem fez isso com você? – a mulher estava horrorizada, havia marcas arroxeadas e cicatrizes sumindo em suas costas.

O garoto demonstrou seu pavor no olhar, havia se esquecido de que estava sem camisa.

- Eu caí, não foi nada demais, não se preocupe – mentiu nervoso, a mulher percebeu que ele estava mentindo.

- Não minta para mim! Alguém fez isso com você... quem foi?

O garoto não respondeu, não sabia o que falar. – Filho, por favor, conte para sua mãe quem te machucou... eu só quero te ajudar, meu bem, eu te amo muito, não quero que pessoas te batam.

- Foi o papai.

Os olhos da mulher se esbugalharam. – O quê? Seu pai?

- Sim... ele costuma bater em mim e na Seok Kyung... ele nos leva para seu escritório, lá dentro tem uma sala a prova de som, é lá que ele nos bate com o chicote, ele faz isso quando fazemos algo errado, quando algo que falamos ou fazemos o irrita. Mas por favor, não o deixe saber que você sabe! Tenho medo de que ele possa fazer o mesmo com você – o garoto falou desesperadamente, os olhos repletos de medo, aquilo machucou muito Su Ryeon.

- Seu pai bate em você e na Seok Kyung com o chicote? Desde quando? – os olhos da mulher estavam marejados, jamais pensou que o marido fosse capaz de algo assim, de bater violentamente nos próprios filhos.

- Sim... faz alguns meses que ele tem nos batido... antes ele nos ofendia com palavras, mas agora ele faz dos dois jeitos, fisicamente e verbalmente.

Lágrimas escorreram pelo rosto da mulher. – Mãe, por favor, não chora! Estamos bem! – o garoto falou, tentando acudir a mãe.

- Não, Seok Hoon! Vocês dois não estão bem! Isso não é certo! Meu Deus... como ele pode ser capaz de fazer algo terrível assim? Com os filhos? Por que vocês dois nunca me contaram antes? Eu sou a mãe de vocês dois! Não confiam em mim?

- Não é isso mãe! Nós dois te amamos muito e é por te amar que nunca contamos a você, tínhamos medo de que ele te batesse também... – lágrimas escorriam pelo rosto do garoto também.

- Eu sou adulta! Sou a mãe de vocês dois, eu tinha o direito de saber e de proteger os meus filhos! Eu falhei como mãe... eu não percebi o que vocês dois estavam passando aqui dentro de casa... como pude ser tão ingênua?

- Não, mãe! Não se culpe, não é sua culpa! Nós dois sempre fizemos de tudo para esconder de você, desculpa por não termos contado antes... mas você não pode deixar que o papai saiba que você sabe.

A mulher suspirou fundo, e tocou no rosto do filho com carinho. – Meu amor, não se preocupe comigo, como eu disse, eu sou uma mulher adulta, e sou mãe, eu sei como resolver a situação, vocês dois não vão apanhar dele nunca mais, eu não vou permitir isso! Não vou – os olhos da mulher estavam ameaçadores, ela dizia com doçura, mas seus olhos mostravam o tamanho de sua raiva por seu marido.

O garoto não sabia o que falar, apenas permitiu que a mãe cuidasse dele. – Você não precisa colocar o peso da responsabilidade em você. Seok Hoon... você é apenas um garoto de 15 anos, não tem que agir como se fosse um adulto, eu sei me proteger, eu que tenho que cuidar de vocês e não o contrário.

O garoto chorou, como não chorava a tempos na frente da mãe, ela o abraçou e cuidou dos ferimentos dele, passando pomada, depois que ambos se acalmaram, ela disse que iria sair e que voltava para casa em breve, o garoto ficou preocupado com o que poderia vir a acontecer, mas não podia fazer nada, além de esperar a mãe voltar para casa.

Shim Su Ryeon escutou uns barulhos estranhos ecoando pelos enormes corredores da cobertura, ela seguiu o som e caminhou em direção a ele, chegando até a escada do terraço, a porta que dava para o terraço estava entre aberta, ela se aproximou e levou a mão no peito quando viu quem era.

Seu marido estava aos beijos com Seo Jin em um pequeno sofá que ali tinha, Seo Jin, a mãe de Eun Byeol... uma mulher casada, assim como Joo Dan Tae era casado.

Seus olhos não conseguia parar de olhar a cena, os dois estavam tirando as roupas naquele instante, a mulher pegou o celular e os fotografou, apertou o punho com raiva e saiu dali em silêncio, não queria ver mais nada, ela estava com vontade de matar aquele homem.

- Você me paga, Joo Dan Tae... seu canalha, mentiroso... isso não vai ficar assim, eu vou tirar meus filhos de você e você vai ter o que merece... – murmurou a si mesma, com uma fúria que ela nunca havia sentido na vida.

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