Confiança


"Eu não posso amar você no escuro

Parece que estamos a oceanos de distância

Tem tanto espaço entre nós

Nós já fomos derrotados, sim, tudo me mudou" — Love in the dark - Adele


Bae Ro Na recebeu uma mensagem de Seok Hoon, eles haviam trocado números no dia em que se conheceram no colégio, mas nunca haviam se falado virtualmente, até aquele momento.

Quando a garota leu a mensagem, mal acreditou.

"Ro Na... podemos nos ver?"

Logo em seguida, ela respondeu, mesmo em dúvida se devia responder.

"Sim, claro... aconteceu algo? Onde quer se encontrar?"

O jovem não respondeu mais, aquilo a encheu de raiva e desapontamento.

— Ótimo, Ro Na... o prêmio de trouxa do ano vai para você — murmurou para si mesma.

... ... ...

Na manhã seguinte, no colégio, Ro Na viu Seok Hoon no corredor, ao lado de sua irmã gêmea, a garota suspirou fundo, decidida a ir até o menino.

— Podemos conversar? — perguntou ela, impaciente.

— Não tenho nada para conversar com você — respondeu, rudemente. Seok Kyung sorriu ao ouvir a resposta do irmão.

— Isso aí, ele não fala com perdedoras — Seok Kyung provocou.

—Por favor, Seok Hoon — a voz de Ro Na, saiu quase como uma súplica, o garoto suspirou.

— Que seja rápido — resmungou.

— Vai mesmo conversar com ela? — a irmã, segurou no braço dele com força, estava revoltada.

— Seok Kyung... não se meta — a voz dele saiu em um tom autoritário.

— Traidor — resmungou a garota e saiu de perto deles.

— Satisfeita agora? Estamos sozinhos, como você queria — o garoto provocou.

Bae Ro Na, não conseguia entender o motivo dele a estar tratando tão mal, ele mandava mensagem e agia como se ela estivesse o perseguindo.

— Por que está sendo tão malvado comigo? Por que me mandou aquela mensagem ontem à noite e não me respondeu mais? O que você quer de mim, Seok Hoon? — falou, magoada, o garoto percebeu isso e sentiu algo ruim dentro de si, estava fazendo-a sofrer com suas atitudes egoístas.

O garoto engoliu em seco, o olhar perdido. —Nada, eu não quero nada de você. Só quero que você me esqueça — respondeu grosseiramente.

Os olhos da garota marejaram no momento em que ouviu aquelas duras palavras. — Tem certeza? Tudo bem, se é isso o que você quer... — disse a garota, se esforçando para não deixar nenhuma lágrima cair.

Ela se virou, no momento em que começou a andar, ele a chamou. — Espera, não vá — pediu em um tom baixo.

A garota suspirou e se virou novamente, se aproximando dele. — Você precisa se decidir, não pode ficar brincando dessa forma com os meus sentimentos, eu não vou ser mais uma "Eun Byeol" na sua vida, não vou me sujeitar a isso — falou, com o olhar fixo em Seok Hoon.

— Você tem razão, eu não posso ficar brincando com os sentimentos das pessoas... mas, não posso ficar com você neste momento.

— Só me conta o que você queria me dizer ontem...

—É um assunto delicado, não posso contar aqui.

—Podemos nos encontrar na rua, mais tarde...

— Venha até a minha casa, se puder...

— Mas e a sua irmã?

— Ela não vai fazer nada contra você, não se preocupe.

— Tudo bem.

— Sabe onde moro?

— Quem não sabe? Vocês moram na maior cobertura de Seul, só me diga o número do apartamento e o andar.

O garoto assentiu e respondeu a garota, passando as informações. O sinal tocou, e juntos caminharam em direção à sala de aula.

Ro Na estranhou a ausência de Min Seol Ah, a garota nunca se atrasava, também não havia recebido nenhuma mensagem da menina.

A garota percebeu que Seok Kyung também olhava para a carteira de Seol Ah, quando seus olhares se cruzaram, Seok Kyung revirou os olhos e voltou à atenção para o professor.

De repente, batidas ecoaram pela porta da sala, ao abrir, apareceu Min Seol Ah, a garota estava com o cabelo curto, mas não como antes, dessa vez, estava cortado perfeitamente bem, e havia combinado com ela.

Sua respiração estava acelerada, parecia ter corrido. — Desculpa, professor! Posso entrar?

—Eu não tolero atrasos na minha aula, sabe bem disso — respondeu o professor de artes. Era um homem autoritário e parecia não gostar muito dos bolsistas.

— Eu sei! Mas eu perdi o ônibus e tive que correr até aqui!

Toda a sala caiu em uma risada, todos, menos Seok Kyung, Seok Hoon e Bae Ro Na.

— Não tenho culpa se você é pobre e não tem condições de chegar à escola com antecedência — o professor cuspiu as palavras com soberba.

Seol Ah se aproximou do professor. — Você não pode falar dessa forma comigo — a menina disse, o olhando com fúria.

Os burburinhos da sala começaram a surgir. — Não posso? Eu sou a autoridade aqui na turma, durante esse horário, quem está errado? O professor ou a aluna que chega atrasada?

— Mas ela não chegou atrasada de propósito, professor! — Ro Na tentou ajudar a amiga.

— Não ouse se intrometer Bae Ro Na, ou será a próxima a se retirar da minha aula.

— Como é? O que você tem contra os bolsistas? Só está nos tratando dessa forma, porque não somos influentes como o restante dessa turma! – Bae Ro Na acusou o homem, se levantando com raiva de seu assento.

— Duas intrometidas da mesma laia! Saiam agora da minha aula! — ordenou o professor.

— Não vamos sair — Min Seol Ah anunciou com firmeza.

O professor enfurecido pegou no braço de Seol Ah com força e a empurrou contra sua vontade em direção à porta.

Todos se levantaram para ver a cena. — Me solta! Está me machucando!

— Já chega! Solta ela, agora! — gritou Seok Kyung, correndo na direção do professor e o empurrando para longe de Seol Ah, todos ficaram boquiabertos com a atitude da menina, nunca viram a garota defender nenhuma bolsista antes, era a primeira vez e estavam sem entender.

Seok Hoon e Ro Na também ficaram surpresos, não esperavam tal atitude vinda de Seok Kyung.

Minho que observava tudo, sorriu ladino ao perceber que a mimada não era tão ruim quanto pensava.

O professor soltou Min Seol Ah, estava surpreso com Seok Kyung.

— Essa garota me desobedeceu, não merece assistir a minha aula.

— Sendo assim, me expulse também, estou te desobedecendo neste exato momento — a garota o desafiou.

O homem suspirou irritado e pensou por alguns segundos no que faria.

— Está bem, posso tolerar somente hoje, mas se voltar a chegar atrasada na minha aula, não entrará, não serei mais bonzinho, sentem-se todos! — gritou o homem.

Seok Kyung ajudou Seol Ah a se levantar e voltou para seu assento.

Na troca de horário, os alunos questionaram o motivo de Seok Kyung ter ajudado Seol Ah.

— Está fraquejando agora, Seok Kyung? Dessa forma, vai perder o título de valentona do colégio — debochou Eun Byeol.

— Cala a boca, você não sabe de nada.

—Daqui a pouco, ela estará defendendo a Ro Na e se juntando a ralé! — provocou Yoo Jenny.

— Não falem do que não sabem.

— Então nos conte, por que está protegendo aquela fedida? Não é a primeira vez que isso acontece, gosta tanto assim dela? — Eun Byeol insistiu.

— Não... eu só estou fingindo gostar dela — respondeu Seok Kyung.

Yoo Jenny e Eun Byeol sorriram. — Tem certeza? Ou está tentando nos enganar? — Yoo Jenny perguntou.

— É claro que estou falando a verdade.

— Então prove — pediu Eun Byeol.

— Como assim?

— Faça algo contra ela, uma coisa bem ruim, só assim, saberemos que está falando a verdade — disse Eun Byeol, com soberba.

— Eu não preciso provar nada para vocês duas.

— Mas precisa provar para o colégio, todos estão falando sobre você estar fraquejando com a bolsista, vai perder a fama se continuar se afundando com a ralé — Yoo Jenny falou.

O assunto terminou, assim que a professora de língua coreana entrou na turma.

... ... ...

Durante a tarde, Ro Na foi até a casa de Seok Hoon, quando a funcionária abriu a porta, a primeira pessoa que ela viu na enorme sala, foi Shim Su Ryeon, a mãe dos gêmeos.

— Olá, você é alguma amiga da minha filha? — perguntou, ingenuamente.

— Não... sou uma amiga do Seok Hoon, ele me convidou.

— Ah... claro! Qual o seu nome?

— Bae Ro Na.

— É um prazer te conhecer, querida. Sou a Shim Su Ryeon, mãe dele — anunciou a mulher, ambas se curvaram em um cumprimento.

— A senhora é muito linda.

— Obrigada, você também é linda, querida.

— O que essa garota está fazendo na minha casa? — gritou Seok Kyung, se aproximando com fúria.

Ro Na suspirou. — Que modos são esses, Seok Kyung? — repreendeu Su Ryeon.

— Não aja como se fosse a minha mãe.

— Eu sou a sua mãe! Para de ser tão mesquinha.

Ro Na não entendeu a discussão entre elas. Seok Hoon chegou. — Desculpa a demora, vamos?

— Foi você que convidou essa sonsa para vir aqui em casa? — a irmã perguntou.

— Sim, algum problema? Eu converso com quem eu quiser, da mesma forma que você faz com a Seol Ah, não se meta, vou conversar com a Ro Na no meu quarto — anunciou o menino.

— Deixe a porta encostada — a mãe pediu.

O garoto assentiu, Ro Na acenou para Su Ryeon e seguiu Seok Hoon pelo enorme apartamento.

Quando ela chegou no quarto, ficou admirada, era tão espaçoso quanto o restante do apartamento, sua casa perto daquela, parecia um cubículo.

— Seu quarto é muito bonito — elogiou.

— Obrigado. Sente-se — disse ele, apontando para sua cama.

Ela se sentou e ele de frente a ela. — Bom... eu estava muito ferido ontem a noite, por isso te enviei a mensagem, não respondi, pois foi um erro, eu não deveria ter te incomodado com os meus problemas, mas como você insiste m saber... acho que posso contar.

— Eu quero te ajudar, podemos ser amigos, pode me contar qualquer coisa Seok Hoon.

— Obrigado...

— Eu descobri que a mulher que me criou desde recém-nascido, não é a minha mãe biológica... — falou, com dificuldade.

Os olhos da garota se esbugalharam, ela não queria demonstrar surpresa, mas foi automático, tentou se recompor em seguida.

— Su Ryeon não é sua mãe biológica? Você não sabia disso?

— Não sabíamos, descobrimos ontem. Foi horrível para mim, mas sinto que para a Seok Kyung foi bem pior, ela sempre foi muito apegada à mamãe, e assim como eu, está sofrendo com isso. Ela está com raiva e tratando a mamãe de um jeito ruim.

Bae Ro Na suspirou. —E quanto a você? Como se sente? — a garota quis saber.

— Eu não sei... de início, senti raiva, frustração, mal acreditei... descobrimos que ela tem uma filha biológica doente em um hospital, de nossa idade. Saber que minha mãe não é a minha mãe biológica e que ela tem outra filha... e que a escondeu de nós por todos esses anos... é algo difícil de assimilar.

— Imagino, mas... mesmo que ela não tenha o seu sangue, ela ainda é a sua mãe, isso nunca vai mudar. Afinal, foi ela que te criou e te deu amor, isso não é o suficiente? Sei que ela errou ao mentir e esconder coisas, mas... talvez, ela tenha tido medo de perder vocês dois. É normal que vocês sintam raiva e fiquem magoados, mas ela ainda é a mesma mulher que sempre foi, é a sua mãe.

O garoto ficou encantado com a ternura de Ro Na, era uma garota meiga e compreensiva e parecia ser mais madura para a pouca idade que tinha.

— Se fosse com você, não sentiria raiva da sua mãe?

— Sentiria, mas eu resolveria isso, porque ela continuaria sendo a minha mãe, a mulher que me criou e me deu amor. Como disse, é normal sentir raiva, mas não pode permitir que a raiva seja longa, isso corroí por dentro e machuca as pessoas que mais amamos.

— Você é extraordinária, Ro Na... tão madura — o garoto elogiou com ternura.

A garota sorriu. O coração batia cada vez mais forte, ela estava gostando dele e tinha consciência disso.

— Obrigada, mas não é para tanto... não fique com raiva da sua mãe por muito tempo, ela parece ser tão amável, só o fato dela ter criado vocês dois com amor, já diz muito sobre o tipo de pessoa que ela é.

Seok Hoon sorriu. — É verdade, minha mãe é uma mulher maravilhosa, nunca nos tratou com indiferença.

— Viu só? Para tudo tem uma solução! Ela pode não ter te gerado, mas é a sua mãe, assim como você a ama, ela também te ama.

— Sim... obrigado.

— Não precisa agradecer, é para isso que servem os amigos.

Ambos sorriram um para o outro, os sentimentos eram os mesmos, mas por que, ele estava tão relutante em aceitar isso?

Ro Na estava feliz, para ela, era o suficiente que ele conversasse e confiasse nela.

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