"Eu tive um sonho, em que eu consegui tudo o que eu queria

Não é o que você pensa, e para ser honesta, ele poderia ter sido um pesadelo

Para qualquer um que possa se importar, eu achei que poderia voar

Eu tentei gritar, mas minha cabeça estava debaixo d'água

Eles me chamaram de fraca, como se eu não fosse apenas a filha de alguém

Poderia ter sido um pesadelo".

- Everything i wanted – Billie Eilish

Bae Ro Na havia ficado desesperada em presenciar a briga de Seok Hoon e Minho, a garota sentiu algo doer dentro de si ao ver Seok Hoon machucado daquela forma, a menina ficou ainda mais triste quando o garoto a tratou rispidamente e a expulsou para longe dele.

As duras palavras do garoto repassavam por sua mente o tempo todo, saber que ele pratica bullying a decepcionou demais, ela não o conhecia direito, mas o pouco que conheceu, pensou que era um bom garoto, saber que ele é um valentão e que faz coisas ruins, isso a assustou e a decepcionou demais.

Ro Na estava deitada em sua cama pensando em tudo isso, quando a mãe entrou no quarto, era noite, ambas estavam de pijamas.

- Como está a escola filha? Está tudo bem? – perguntou Oh Yoon Hee, se aproximando da menina, sentando-se na cama de frente a ela.

- Normal... não está ruim – respondeu sem muita animação.

A mulher arqueou uma sobrancelha. – Como assim, filha? Já fez amigos? Estão te tratando bem? – perguntou preocupada.

Ro Na esboçou um sorriso. – Está tudo bem mãe, ninguém fez nada comigo, eu ainda não fiz amigos, achei que tinha feito um, mas eu estava enganada sobre ele.

Oh Yoon Hee ficou curiosa a respeito. – Um garoto? Não seja misteriosa, filha, sabe que sou curiosa! Conta para a mamãe vai... – pediu a mulher com a voz manhosa, segurando na mão da filha, a menina riu e se aninhou a mãe, deitou-se no colo da mulher.

- Sim, mamãe. É um garoto, eu o conheci no primeiro dia de aula, ele me ajudou a achar minha turma, foi muito educado comigo, e acabou que ele era da minha turma. Só que... hoje cedo, eu descobri que ele não era quem eu pensava ser. O peguei brigando com outro aluno da nossa turma na sala de boxe, foi horrível, ele estava todo machucado, sangrando... eu tentei ajudá-lo, mas ele me tratou de forma grosseira e me disse que era para eu ficar longe dele, que ele não era um cara legal, confessou ser um valentão, faz bullying com garotos mais fraco que ele, no inicio eu não quis acreditar, pensei que ele estivesse mentindo para me afastar, mas os olhos dele estavam repletos de escuridão, foi quando tive certeza de que não estava mentindo.

- Isso é sério, bullying destrói a vida das vítimas.

- Eu sei... por isso fiquei tão chateada.

- Foi só por isso mesmo? Ou você se interessou de forma romântica?

Bae Ro Na riu e se levantou imediatamente, ficando com os olhos escuros esbugalhados. – Claro que não, mãe! Ele tem até namorada...

Oh Yoon Hee sorriu e tocou carinhosamente no rosto da filha. – E por que eu acho que você está negando para si mesma?

- Não invente mãe, não é nada disso.

- Ro Na, mesmo se for isso, não é errado ter ficado interessada, você não sabia como ele era, mas agora só resta a você saber se vai se afastar dele ou se vai tentar dar uma chance para conhecê-lo, mesmo depois de ter ficado sabendo sobre o que ele fez ou faz...

- Como eu poderia ser amiga de um cara que pratica bullying, mãe? É horrível, não quero ser íntima de uma pessoa ruim.

- É verdade, você está certa, mas... se ele foi educado com você e não te fez nada de ruim, talvez ele mão seja tão horrível, talvez ele ainda tenha salvação, não que seja você a responsável por salvá-lo, não é isso, mas talvez você tentar ser amiga dele, o faça enxergar como é terrível as coisas que ele pratica.

- Não sei mãe, talvez seja melhor eu não me misturar – a menina respondeu com insegurança.

- Como quiser, faça o que seu coração mandar, meu amor. Mas por favor, se alguém praticar bullying com você, me conte, não vou permitir que ninguém encoste um dedo em você.

A garota sorriu meigamente, amava como a mãe a protegia. – Pode deixar, mamãe! Ninguém vai fazer nada comigo, e se acontecer, eu conto sim!

Oh Yoon Hee sorriu e começou a fazer cócegas na filha, as duas ficaram se divertindo, até que a mulher parou com as cócegas e abraçou a filha carinhosamente.

- Eu te amo muito, minha Ro Na... – a mulher falou durante o abraço.

- Eu também te amo muito, mamãe! – a menina respondeu com os olhos marejados, estava emocionada, a garota sempre foi grata por tudo o que sua mãe fez a ela, por tê-la gerado, criado mesmo sem um marido, nunca lhe deixando faltar nada, sempre apoiando todos os seus sonhos, ela tinha uma mãe maravilhosa e sabia disso.

... ... ...

No colégio, antes de tocar o sinal para o início das aulas, Bae Ro Na estava de pé, parada no corredor da enorme escola, quando sentiu uma mão tocando em seu ombro, se virou assustada e teve uma surpresa ao ver Min Seol Ah.

- Olá, te assustei? – perguntou Min Seol Ah, com um olhar tímido.

Ro Na abriu um enorme sorriso. – Não! Só fiquei surpresa, está gostando do colégio?

- Até o momento sim, só estou preocupada com... bom, estou preocupada com o bullying que eu possa vir a sofrer aqui – confessou a garota.

- Por quê? Alguém te ameaçou?

- É uma longa história...

- Eu tenho tempo para ouvir, se quiser me contar.

Min Seol Ah sorriu e concordou. – Claro, vamos para o pátio?

Ro Na assentiu e juntas as duas meninas foram até o pátio com gramado, elas se sentaram em um banquinho por ali e Min Seol Ah contou toda a história envolvendo a tutoria de Seok Kyung.

- Uau... que loucura, espero que a Seok Kyung não te incomode... ela é a gêmea do Seok Hoon, não é?

- Sim, os dois são gêmeos, mas ela não vai me deixar em paz, disso eu tenho certeza.

- É uma pena que ela seja como irmão...

- Você já sabe que os dois são um dos valentões do colégio? – perguntou Seol Ah.

- Sim, eu peguei uma briga entre ele e o Minho ontem, foi horrível, mas o Minho bateu bem mais no Seok Hoon.

- O Minho me defendeu da Seok Kyung ontem, certeza que ela pediu ao irmão para dar uma lição no Minho por causa disso. É uma pena, eu estava gostando dela... fiquei muito decepcionada com ela – confessou Seol Ah, com o olhar triste.

- Entendo, eu passei o mesmo com o Seok Hoon, achei que ele fosse um garoto legal.

- E se... se nós duas nos tornarmos amigas? O que acha? Somos novatas e bolsistas – Seol Ah sugeriu com os olhos cheios de expectativas.

Ro Na sorriu. – Claro que eu quero! Eu vou amar ser a sua amiga, é um prazer, sou a Bae Ro Na! – exclamou a garota, estendendo o dedo mindinho para a garota.

- E eu sou a Min Seol Ah! É um prazer ser a sua amiga, Ro Na – falou a garota sorridente, e entrelaçou o seu dedo mindinho no de Ro Na, as duas sorriram juntas com os dedos entrelaçados

- Amigas – disse Ro Na.

- Amigas – respondeu Seol Ah e ambas se abraçaram em seguida. Foram interrompidas com a presença inesperada de Seok Kyung, Seok Hoon, os gêmeos estavam de pé, olhavam as duas abraçadas, até que a voz de Seok Kyung fez com que as duas meninas se soltassem.

- Que lindas, as duas pobretonas juntas, já se tornaram amiguinhas, é? – provocou a menina com um olhar malicioso.

- Seok Kyung... – resmungou o irmão, mas a menina não deu ouvido.

- Não vamos permitir que você fale dessa forma conosco – Ro Na se pronunciou.

Seok Kyung esboçou um sorriso maldoso cheio de raiva e revirou os olhos. – Quem manda nesse colégio, somos nós, não vocês. Quando vão aprender? Sabe, vocês duas deveriam agradecer que eu ainda não fiz nada com vocês, porque quando eu fizer, vocês duas vão se arrepender para sempre de me enfrentarem, principalmente você, Min Seol Ah – ameaçou a garota, olhando nos olhos de Seol Ah.

Seol Ah se levantou do banco, ficando de frente a Seok Kyung. – Não seja ridícula, você não é a dona do colégio, não sente vergonha de ser essa pessoa Seok Kyung?

A garota apertou o punho com raiva e empurrou Seol Ah com força. – Você não imagina com quem está se metendo, garota. Maldita a hora em que eu confiei em você.

- Eu não fiz nada! Tudo o que eu fiz foi mentir para conseguir o emprego, não consegue aceitar nem isso? Estou começando a achar que você é realmente burra – falou Min Seol Ah com mágoa.

Seok Hoon e Seok Kyung ficaram com os olhos esbugalhados devido a atitude rebelde de Min Seol Ah.

Seok Kyung empurrou a testa de Seol Ah com o dedo, ela estava furiosa com o atrevimento da menina, Ro Na empurrou Seok Kyung para defender a nova amiga.

- Não toque nela! – gritou Ro Na, pegando na mão de Seol Ah e se colocando em frente a amiga.

Seok Kyung estava com a mão levantada, iria bater em Ro Na, quando Seok Hoon segurou a mão da irmã, impedindo-a de bater.

- Chega, Seok Kyung! Não é hora e nem o lugar para isso, se controle – a voz dele era grave e o olhar estava desesperado, a irmã se soltou dele com raiva e o olhou como um estranho pela primeira vez.

- Está do lado dessas pobretonas mentirosas?

- Conversamos depois, Seok Kyung.

- Não quero conversa com um traidor – respondeu a jovem, saindo de perto deles.

- Desculpa... – Seok Hoon pediu, olhando especificamente para Ro Na, e correu atrás da irmã.

Min Seol Ah e Bae Ro Na suspiraram juntas, as mãos das duas meninas ainda entrelaçadas. – Você está bem? – perguntou Ro Na.

- Sim, obrigada por ter me defendido, mas não precisava... agora você também será o alvo dela.

- Não me importo, eu não tenho medo dela, vou me defender – falou Ro Na com astúcia.

Seol Ah sorriu. – Ás vezes o olhar da Seok Kyung me assusta... – confessou Seol Ah.

- Ela tem um olhar assustador mesmo, mas estamos juntas nisso, nada vai acontecer – Ro Na comentou e as duas caminharam pelo colégio até o sinal tocar e juntas, irem para a sala de aula.

... ... ...

No recreio, quando Ro Na caminhava com Min Seol Ah até o banheiro, Min Hyeok junto a mais dois garotos pegaram as duas garotas a força, e as levaram para o banheiro, Seok Kyung, Eun Byeol e Yoo Jenny os seguiram, Eun Byeol mandou todas as garotas que estavam dentro do banheiro saírem, e em seguida, trancou a porta do banheiro, para que ninguém entrasse, os garotos as empurraram para o chão e começaram a rir dos olhares assustados das duas.

Seok Kyung, Eun Byeol e Yoo Jenny se aproximam juntas até as duas e riram com maldade. – Eu falei que não era para se meterem comigo, não falei? Agora vão sofrer as consequências – Seok Kyung falou com confiança.

Min Seol Ah tentou se levantar, mas Seok Kyung a empurrou com força para o chão.

- Pensa que vaie escapar de mim?

Os garotos amarraram as meninas separadamente, as cordas apertavam o corpo de Ro Na e Min Seol Ah, após eles a amarrarem, Seok Kyung cruzou os braços satisfeita.

- Eun Byeol, a Ro Na é toda sua, sei que você está com raiva dela por causa do Seok Hoon, e a Min Seol Ah fica comigo – disse Seok Kyung de forma divertida.

- E eu? – perguntou Yoo Jenny.

- Você filma tudo – respondeu Seok Kyung.

Yoo Jenny assentiu e pegou o celular para gravar. Primeiro foi a vez de Ro Na, Eun Byeol se agachou e riu da situação da menina. – Não sei o que o Seok Hoon viu em você, uma menina tão comum... queria que ele te visse nessa situação – falou Eun Byeol com raiva, olhando com nojo para Bae Ro Na.

- Vocês são loucos, podres... – disse Ro Na com raiva.

Eun Byeol riu alto. – Que bom que você descobriu isso, espero que aprenda a lição, fique longe do Seok Hoon, se não fosse por sua chegada, ele ainda estaria comigo.

- Não seja louca! Eu não tenho nada com o Seok Hoon!

- Não minta! Eu sei que você está louca para roubá-lo de mim, acha que assim se tornará intocável nessa escola, não é? Está enganada! Eu nunca vou te deixar em paz enquanto você estiver rodeando o Seok Hoon!

- Eu não preciso roubá-lo de ninguém, ele mesmo se afastou de você, sabe por quê? Porque ele viu o quão frívola é a garota com quem ele estava relacionado.

Eun Byeol gritou e deu um tapa forte no rosto de Ro Na.

- É fácil me bater assim não é? Estou toda amarrada, indefesa! Enquanto você está com o corpo livre e acompanhada de garotos e garotas tão loucos quanto você! Psicopatas! – gritou Ro Na, enfurecida.

- Cala a boca, sua nojenta. Você não devia ter vindo estudar neste colégio e nem ousado olhar para o meu Seok Hoon! Agora aguente as consequências – falou Eun Byeol, em seguida, ela olhou para Seok Kyung, que sorriu.

- Agora é a sua vez Min Seol Ah... – falou em um tom divertido.

- Também vai me dar um tapa? – Seol Ah provocou.

- Eu vou te dar dois... um por ter me enganado com sua carinha de anjinho, e a outra é por ter tido o descaramento de vir para o meu colégio...

- Quantas vezes vou precisar repetir que eu nunca te enganei por maldade? Eu precisava do dinheiro...

- Cala a boca! Eu não acredito mais nas suas mentiras, você está acabada, Min Seol Ah. Se quiser que tudo isso pare, saia desse colégio, enquanto você estiver aqui, eu não vou te deixar em paz! – gritou a garota, em seguida se aproximou, segurou no cabelo de Seol Ah com força e deu dois tapas no rosto da menina, Ro Na começou a chorar ao ver a amiga ser esbofeteada na sua frente.

- Agora para finalizar... – falou Eun Byeol e Seok Kyumg juntas, se olhando com cumplicidade, as duas pegaram dois baldes de água gelada, Eun Byeol jogou um em Ro Na, e Seok Kyung jogou o outro em Seol Ah, ao mesmo tempo.

As meninas gritaram ao sentirem a água gelada cair por todo o corpo, Yoo Jenny filmou tudo e parou a gravação após o final.

- Vocês são uns monstros... – disse Bae Ro Na.

- Já viram do que somos capazes não é? É disso aqui para pior – ameaçou Seok Kyung.

- Sua mãe vai ficar tão decepcionada quando descobrir o tipo de filha que tem... – Seol Ah falou.

Ro Na percebeu que a amiga havia tocado na ferida de Seok Kyung, pois a garota cruzou os braços e quase vacilou em seu olhar ao escutar sobre a mãe.

- Não ouse falar da minha mãe, sua sanguessuga.

- Vamos embora! O sinal já vai tocar... – falou Yoo Jenny, puxando a mão de Eun Byeol, as garotas sorriram e saíram juntas, os garotos desamarraram as meninas e saíram rindo do banheiro, quando elas ficaram livres das cordas, ambas se levantaram juntas.

- Você está bem? – perguntou Ro Na, tocando o ombro da menina.

- Na medida do possível... e você?

- Também... elas são piores do que eu imaginava – falou Ro Na, com pesar.

- Nunca vão nos deixar em paz, desculpa por ter te metido nessa.

- Não, isso não é sua culpa, mesmo que não fossemos amigas, Eun Byeol ainda me odiaria. Precisamos reportar isso à direção, elas não podem ficar impunes!

- Ouvi dizer que a dona e diretora desse colégio é a mãe da Eun Byeol, acho que ela não vai ficar do nosso lado – disse Seol Ah, com o olhar triste.

- Não importa, precisamos tentar! Ela como diretora tem a obrigação de nos proteger.

- Acho que ela não vai ligar.

- Nem que precisemos chamar toda a equipe escolar, não vou permitir que elas saiam impunes – o olhar de Ro Na estava furioso e Min Seol Ah deu um sorriso triste.

- Está bem, vamos juntas, é para isso que servem as amigas, não é mesmo?

Bae Ro Na sorriu e entrelaçou a mão na de Seol Ah, juntas, caminharam de mãos dadas até a diretoria.