A fuga

"Nunca pensei que fugir seria a minha chance de sentir o gosto de liberdade que tanto desconhecia". — Brooke Stamford

Cinco dias se passaram...

Já se passaram alguns dias e não tinha encontrado nenhuma brecha para sair escondida com a intenção de ir até aonde a tal nobre morava. Por motivos que a minha mãe enchia-me de tarefas como se soubesse das minhas reais intenções ou algo do tipo.

Porém, não irei desistir de tentar este serviço já que preciso encontrar o meu rumo e sair das mãos deles. Esforçarei-me para alcançar este objetivo nem que isso demore meses ou anos para acontecer. Não permitirei continuar com esta vida tão injusta que fui obrigada em tê-la. Uma vida que não desejo nem para o meu pior inimigo.

Enfim, estava terminando de arrumar a cozinha após um almoço que por um milagre, não teve nenhuma implicância vinda de nenhum deles. Até estranhei isso, mas preferi não questionar por medo de eles começarem sem pretensão em parar. Apesar que sinto que hoje não será um dia atípico, em algum momento eles irão arrumar algum motivo tolo para acabar com a minha paz.

Assim que terminei de arrumar, comi no que sobrou e por incrível que pareças, sobrou mais do que de costume. Então, se caso eu conseguir ir até aonde a nobre solitária mora, terei forças o suficiente para aguentar sem ter chances de passar mal por não ter me alimentado direito.

Fui ao meu quarto com a intenção de descansar um pouco, já que tinhas acordado mais cedo para limpar em cada canto da casa hoje. Sempre faço isso, pelo menos uma vez ao mês porque assim, nos próximos dias fica mais fácil de arrumar e tudo mais.

Algumas horas se passaram...

Já estavas quase anoitecendo e mais uma vez, não consegui encontrar alguma brecha para encontrar-me com a única pessoa que poderias salvar a minha vida. Sei que isso soou no tanto dramático, mas és que realmente preciso deste serviço imediatamente.

E agora estou aqui, criando coragem para levantar-me da cama e fazer o jantar. Porém, o meu corpo estavas doendo demais por conta que esforcei-me muito para limpar em cada canto desta casa. Sou jovem, mas isso não quer dizer que sou resistente o tempo todo e não tenho a mesma energia que tinhas quando criança.

Mas eu teria que levantar, se caso não quisesse ser castigada severamente pela a matriarca da família. Então, inspirei e expirei várias vezes até obter forças o suficiente para concluir esta tarefa quase impossível. Até que finalmente, consegui e andei em direção a porta que dava acesso ao corredor.

E quando já me encontrava na cozinha, não tinha ninguém para brigar comigo já que devias estás terminando de preparar o jantar. Apenas, respirei aliviada por isso e comecei a pegar algumas verduras, legumes e um pedaço generoso de carne de porco na dispensa.

Os cortei e os temperei do jeitinho que eles gostam de comer. Liguei o fogo e coloquei as panelas sobre, já com os ingredientes. Agora, esperar que fiquem prontos antes que os meus irmãos e minha mãe apareçam reclamando por estarem com fome.

Comida feita e mesa arrumada, agora estou indo em seus quartos para chamá-los para comer. Primeiro, fui a do Joseph e bati em sua porta bem devagar, não demorou até que vi a porta se abrir:

— O que tu queres? — Fez uma pergunta bem direta e o teu rosto estavas inchado, como se tivesse passado o dia todo dormindo.

— Só queria dizer-lhe que o jantar estás pronto, Joseph. Agora, vou chamar os outros para comer também. — Falei com um tom de voz firme e com um semblante sério, já que estavas um pouco cansada ainda.

— Já estás na hora do jantar!? Francamente, acho que perdi a noção do tempo hoje... — Falava, enquanto andava em direção a cozinha.

— Acontece... — O respondi e já me encontrava em frente a porta do quarto de seu gêmeo.

E bati na porta da mesma velocidade que fiz a do outro. Demorou um pouco até que ele o abrisse, pelo teu semblante já percebi que estavas de mal humor e provavelmente, deve ser por estás com fome:

— Espero que tenhas vindo pra cá para dizeres que o jantar estás pronto, caso ao contrário, não sei no que sereis capaz de fazer contra você. — Avisou, James, com o tom de ameaça.

— E-Estás pronto, irmão. — O respondi com a voz levemente trêmula.

— Não me chamas assim, o único que podes és o Joseph e mais ninguém. Na próxima vez que chamar-me assim, podes ter certeza que se arrependerás. — Vociferou e fechou as tuas mãos como uma forma de tentar controlar toda a tua raiva.

— D-Desculpe-me, James. Por favor, vá a cozinha para jantar antes que a comida esfrie. — O comuniquei, enquanto buscava não demonstrar que estavas assustada após estas ameaças.

— Não ousas dar alguma ordem à mim. Eu já estavas indo, antes de você vir até aqui. — Falou e encarou-me por alguns segundos até ir em direção ao cômodo onde se encontrava o teu irmão gêmeo.

Apenas fiquei calada e respirei fundo para ter forças em chamar a última pessoa da casa. Que és a mais difícil de se lidar e és aquela que ensinou a serem assim comigo. O pai deles sempre tentou ensiná-los a serem de uma outra forma, mas nunca obteve sucesso.

E quando já estava em frente a porta do quarto dela, fiquei a encarando como uma forma de juntar toda a coragem do mundo para batê-la. Mesmo sabendo que não iria adiantar de nada, então apenas o bati como fiz das outras vezes e ela o abriu já se dirigindo até a cozinha como se soubesse no que iria dizer para ela.

Na manhã seguinte...

Já encontrava-me acordada, porém, deitada em minha cama e ainda estavas tentando superar aquelas ameaças que tinha recebido de meu irmão mais novo. Ele sempre fora agressivo comigo, mas ontem ele fora mais do que de costume. Só queria entender no que tinha acontecido para ter reagido daquela forma.

Mas não irei desperdiçar os meus neurônios para solucionar este enigma e principalmente, não posso ficares triste ou assustada por causa disso. Já que ameaças e agressões físicas se tornaram parte do meu cotidiano desde a morte do pai deles, infelizmente.

Enquanto juntava as forças mesmo que mínimas para levantar-me, fiquei admirando mais uma vez o papel que continha o endereço da minha possível liberdade. Queria ir tanto para lá e ver no que o destino irias reservar-me, espero muito que seja de um jeito bom. Caso ao contrário, não sei se ireis querer viver mais.

Depois de muito esforço, finalmente saí de meu quarto e estavas limpando o jardim que parecias mais abandonada do que de costume. A casa irei limpar sem muita dedicação, já que ainda estavas relativamente limpa. E fiquei bem atenta ao decorrer do dia com a esperança de abrir alguma brecha para sair escondida daqui.

Enquanto, varria o jardim com a intenção de tirar as folhas secas de outono. Senti alguém me observar por trás, instantaneamente o meu corpo congelou e engoli em seco já temendo no que iria acontecer comigo. Sabia muito bem quem poderia ser, já que costumas fazer muito isso. E apenas olhei para atrás já esperando para saber no que ela queria desta vez:

— Inútil, só queria avisar-lhe que os gêmeos e eu, iremos viajar para um vilarejo vizinho para vender algumas coisas já que estamos ficando sem moedas de ouro. Ficaremos alguns dias fora e espero que não ouses aprontar alguma coisa que nos envergonhe. E nem adianta tentar esconder nada de mim, pois, irei descobrir cedo ou mais tarde. — Fez o comunicado e logo em seguida, andou até aproximar o teu rosto ao meu. O seu olhar estava mais assustador do que normalmente és.

— Tudo bem. Não farei nada que possa envergonhar a nossa família, podes ficar tranquila quanto à isso. — Falei com uma voz firme, pelo menos estava tentando deixá-la assim.

— Espero mesmo, a não ser que queiras nunca mais ver a luz do sol enquanto viveres. — Avisou com um tom de ameaça e com isso, afastou o teu rosto e voltou com a posição de antes.

— Sim, senhora. — Apenas a respondi sem encará-la diretamente.

— E antes que me esqueças, iremos depois do almoço e começaremos as vendas no dia seguinte. — Comentou e saiu do meu campo de visão logo em seguida.

Respirei fundo e voltei a varrer o jardim como se não tivesse sofrido nenhuma ameaça da pessoa que trouxe-me ao mundo. Só sei que não aguento mais esta vida, não sei no que os fiz para merecer este tratamento tão injusto. Espero que um dia, receba uma resposta sobre este enigma e que não demores tanto para chegar.

Jardim limpo, corri para a cozinha com a intenção de preparar o almoço. Peguei tudo que precisavas na dispensa e comecei a fazer a comida que estávamos comendo nos últimos dias, carne de porco com legumes. Era o que tínhamos no momento e deves ser por isso que eles estavam indo para o vilarejo vizinho, para conseguir mais moedas para comprar no que precisávamos para sobreviver ao inverno que não irias demorar muito para chegar.

Com o almoço quase pronto, já estavas arquitetando o meu plano de ir até ao castelo da nobre solitária, Lady Freya Wood. Seria bem simples já que não terias mais os obstáculos que seriam a minha família. E falando neles, a minha mãe parou de encher de tarefas e então, acho que não estás mais suspeitando das minhas reais intenções.

Apesar que não posso confirmar quanto à isso, pois, ela és muito astuta e deves ter colocado alguém para ficares de olho em cada passo que eu dê em sua ausência. Então, terei que ser bastante esperta para que ocorra tudo bem com o meu plano. Este que consistiria em sair duas horas depois da partida deles e como sempre, usaria a minha capa e andaria com bastante cautela até chegar ao meu destino final, o castelo dos Wood.

Quase uma hora se passou...

Eles já estavam quase terminando de almoçar e eu estava apenas encarando o nada, já que não tinhas mais nada a fazer a não ser esperar que terminem. E eu poder arrumar a cozinha, depois comer no que sobrasse para mim. Mesmo achando que serás um pouco difícil disso acontecer hoje, pois, eles não paravam de comer.

Presumo que estavam fazendo isso, para teres mais forças para andarem até ao vilarejo vizinho que não ficavas tão longe do nosso. Ou eles estavam esfomeados mais do que o normal mesmo, como se tivessem passado dias sem se alimentar.

E quando achavas que iria passar o dia sem almoçar, eles finalmente pararam de comer e se levantaram de suas cadeiras. Foram até aos teus quartos e voltaram com as mochilas de couro onde continham os teus pertences. As mercadorias já se encontravam na porta da casa, eram apenas brinquedos de madeiras que o senhor Stamford fazia para vender e algumas jóias que ele chegou a dar para a minha mãe.

Enfim, eles nem se despediram de mim e foram embora determinados em vender tudo. Bom, espero que consigam isso e voltem felizes ao ponto de não quererem descontar os dias que não me infernizaram tudo de uma vez. E se quiserem, passarem mais alguns dias lá após as vendas, seria melhor ainda.

E foi quando pude finalmente respirar aliviada e a minha ficha cair ao ponto de perceber que estou livre deles por algum tempo. Tive que me conter para não gritar de alegria, pois, isso raramente acontecia. E agora me encontro extasiada por estás sentindo esta amostra grátis de liberdade, já que a completa serás quando conseguir este serviço.

E falando nisso, vou comer um pouquinho no que sobrou para ter energia para ir até ao castelo deles. Peguei um prato e coloquei rapidamente, sentei na cadeira e comecei a comer. Não demorei muito para terminar já que não tinhas quase nada mesmo. Sei que com esta quantia de comida não irias sustentar-me, porém, já estavas acostumada.

Levantei da cadeira, arrumei a cozinha ligeiramente e fui até ao quarto com o objetivo de colocar a minha capa, também precisava colocar os meus pertences na mochila velha e de couro. Apesar que tereis que esperar mais um pouco, já que não fazes muito tempo que eles foram embora. E não posso ser muito apressada, porque eles ainda podem estarem aqui resolvendo alguma coisa com alguém.

Peguei a capa e a mochila, os deixei sobre a cama e deitei ao lado para conter um pouco da minha ansiedade que estavas quase me dominando por completo. Fiquei olhando para o telhado que continhas muitas teias de aranhas, és a única parte que não consigo limpar por seres muito alto para mim.

Após ter conseguido sair de meus pensamentos, levantei-me da cama e coloquei a capa, peguei a mochila e a coloquei nas costas enquanto dirigia-me em direção a saída deste cômodo. Já estavas prestes a colocar os meus pés para fora desta casa, até que vi uma mulher muito suspeita olhando nesta mesma direção.

Então, voltei para dentro e fiquei a encarando pela pequena brecha da porta até que desapareceu no meu campo de visão. Mas fui até a janela ao lado, agachei-me para que não me visse de jeito nenhum. Ela realmente não se encontrava mais lá, aposto que deve ser a pessoa que a minha mãe tinha pedido para ficar de olho em mim.

Pelo visto, não serás tão fácil assim a minha ida até ao castelo daquela família nobre. Sabia que para sair deste destino infeliz, não serias tão fácil quanto pensavas. Realmente, estava sendo muito tola em achar que conseguiria ir até lá sem ter nenhum obstáculo em meu caminho.

Às vezes me surpreendo com a tamanha de minha inocência, francamente...

Faltava pouco para completar uma hora de espera para ter a coragem de ir, mas primeiro terias que ter a certeza de que aquela mulher não estás vigiando a saída desta casa. Até que acabei pensando em uma ideia que talvez possas funcionar, só preciso ser mais rápida do que de costume.

Saí da cozinha e fui até ao jardim, se não me engano, lá tem uma parte do cercado que estás meio solto e serves como uma passagem para uma rua. No final dela, tem uma pequena ponte que dá acesso a uma floresta. Sei que és perigoso para uma jovem mulher ir sozinha, mas não tenho uma outra alternativa neste momento.

Andei até chegar na parte mencionada do cercado, chequei várias vezes para ver se não tinha ninguém me vigiando. E por sorte, não tinha ninguém desta vez e confesso que tinha ficado bastante aliviada por isso. Afastei uma pequena madeira da cerca que se deu uma passagem e o passei no mesmo instante, sem perder nenhum segundo precioso da minha fuga.

Andei o mais rápido possível, mesmo querendo correr. Mas não poderia fazer isso, senão, as pessoas iriam suspeitar de que estou fugindo de alguém. E eles são muito fofoqueiros ao ponto que não demoraria nem por uns cinco minutos até chegar nos ouvidos daquela mulher que deves ser muito amiga de minha mãe.

Não demorou muito para chegar a floresta e se eu não estiveres enganada, o castelo da família Wood ficava menos de quinze minutos se for seguir por estes caminhos, és claro. Agora, tenho que tomar cuidado para que nenhum bicho queira fazer-me de comida ou apareças alguém para fazestes algum mal à mim.

Andei mais cautelosa possível por medo de acabar-me tendo uma destas opções acontecendo comigo. Mas de tanto andar assim que acabei chegando em frente aos enormes portões de ferros pretos que continham o brasão da família que era uma cabeça de servo com as tuas galhadas magníficas.

O meu encanto com aqueles monumentos fora quebrada, quando ouvi alguém forçar uma tosse como uma forma de chamar-me a atenção. Quando olhei para saber quem era, vi que era um guarda real e que não estavas sozinho, estava acompanhado de um outro que usavas as mesmas armaduras de prata que ele:

— O que uma jovem donzela estás fazendo desacompanhada? E o que planejas fazer parada aqui? — Me questionou sem pestanejar.

— Bom, eu gostarias de conversar com a nobre que reside naquele castelo que estás lá no final desta estrada aqui. E saberes se necessitas de meus serviços domésticos ou que eu sejas a tua dama de companhia. Serás que posso falar com ela agora, senhores? — Contei sobre as minhas reais intenções, mas sem encará-los de tão nervosa que estava.

— Não sei se irás ser uma boa ideia. As outras que apareceram por aqui, quase a mataram por motivos que não cabem à mim de entrar em detalhes. — Falou no tanto pensativo.

— Por favor, juro que não farei mal algum à ela. Só quero trabalhar e ter uma vida digna, és tudo que mais desejo... — O supliquei, enquanto engolia a vontade de chorar. Mas no final, acabei falhando miseravelmente.

— Lágrimas não irão conseguir convencer-me. Então, por favor vá embora antes que o sol se esconda do horizonte. — Avisou-me, convicto com a tua decisão.

— Podemos fazer um acordo se quiser. Se eu demonstrar algum comportamento suspeito durante a conversa com a nobre, vocês podem tirar-me a força do castelo pelos braços até aqui. E nunca mais voltarei para atrapalhar o trabalho de vocês, o que acham sobre isso? Concordam? — Fiz uma proposta e cruzei os dedos, escondido na capa para que eles não os vissem.

— Podes ser. Então, já sabes o que aguardas se fizeres algo suspeito para nós. Ficarei de olho em você, enquanto um outro guarda real fiques no meu lugar. E falando nisso... John, poderias chamar alguém para fazer isso agora. — Pediu e o outro guarda saiu no mesmo instante.

E pouco tempo depois, ele voltou com um que parecias ser o mais alto deles e já foi direto para ocupar a sua posição. Com isso, o guarda real que ainda não sei o nome e provavelmente, nunca saberei, direcionou-me até a entrada do castelo que fora uma caminhada que deixou-me no tanto ofegante.

Fiquei me perguntando o por quê que, os portões ficavam tão longe assim. Mas preferi deixar esta dúvida para ser respondida depois, se caso eu conseguir este serviço. Agora, tenho que preparar-me para ter a tão esperada conversa com a nobre solitária. E torcer que com isso, o meu destino mude de uma vez por todas e que sejas o que eu tenho planejado nestes últimos dias.

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