A esperança
"Como dizem por aí: A esperança és a última que morres". — Brooke Stamford
Já estavas entrando no castelo e o meu coração estava começando a bater freneticamente ao ponto que fiquei com um pouco de falta de ar. Não sei se fora a ansiedade ou nervosismo, mas busquei respirar fundo com a intenção de acalmar-me um pouco.
Pois, sabia que isso não iria ajudar em nada e não quero que seja um empecilho para atrapalhar a chance de mudar o meu destino de uma vez por todas. Espero muito que esta nobre seja do bem ou que pelo menos, não sejas daquelas que por qualquer motivo, coloquem as pessoas em seus calabouços.
Andamos até parar em frente de dois portões enormes feitos de madeiras escuras, com desenhos do brasão da família Wood. Tinham mais dois guardas, sendo que cada um estava de um lado. E um deles estavas dormindo em pé, tive uma leve vontade de rir dessa cena, confesso.
Porém, tive que me conter por temer em acabar-me em apuros por acharem que faltei por algum respeito, se caso me pegassem rindo. Apesar que isso não fazes o menor sentido, se for parar para pensar. Então, apenas respirei fundo como uma forma de passar esta vontade e voltar a focar no objetivo que me trouxes até aqui.
Assim que o guarda que estava ao meu lado, ordenou para que os outros dois abrissem os grandes portões. O meu coração começou a acelerar a cada segundo que passava mais do que antes, tive que colocar a minha mão direita em direção ao mesmo como uma forma de acalmá-lo, como se isso fosse possível.
Os meus olhos imediatamente começaram a olhar em cada canto daquele cômodo que parecia-me um local onde costumam ficar os tronos dos nobres e onde, eles costumam tomar decisões importantes sobre o teu povo. Até que acabei visualizando uma mulher que estavas de costas para mim, ela batia os pés freneticamente como se estivesses nervosa ou estressada por algum motivo que desconheço.
Ela tinhas os cabelos tão negros como um carvão, lisos com as pontas ondulados e batiam na altura de seus cotovelos. O vestido que usava com certeza não eras de uma criada, então com certeza eras uma nobre. Ele era um verde esmeralda com detalhes bem delicados, acho que foi um dos mais lindos que já vi em toda a minha vida.
Meus pensamentos foram interrompidos, quando ouvi alguém forçar uma tosse e imediatamente, os meus olhos se dirigiram em direção ao guarda que ainda permanecia ao meu lado:
— Com licença, Lady Wood. Esta jovem apareceu em nossos portões, dizendo que gostarias de conversar com a senhora e... — Dizia-lhe até que acabou sendo interrompido pela nobre que finalmente, virou em nossa direção.
— O que? Como assim? Por que deixou uma estranha entrar aqui? E ainda por cima, sem a minha permissão? — Vociferou e o encarou como se ele fosse um louco.
— Desculpe-me, Milady. És que ela insistiu bastante, mas irei levá-la de volta no mesmo local que a encontrei e prometo-lhe que isso nunca mais irás repetir. — Pediu sem ousar em encará-la nem por um instante.
Antes que ela pudesse respondê-lo, resolvi em atrever-me em interromper esta pequena discussão para poder me defender enquanto ainda estou aqui:
— Com licença, desculpe-me em interromper a vossa conversa. Mas em minha defesa, juro que não sou uma má pessoa e antes que me esqueças, gostaria de apresentar-me. O meu nome és Brooke Stamford e sou uma jovem que moras no vilarejo que ficas aqui próximo ao castelo. Gostaria de conversar com a senhora sobre se seria possível, conseguir trabalhar como uma criada ou dama de companhia? — A expliquei, enquanto controlava a minha respiração com a intenção de disfarçar o meu nervosismo.
— Prazer em conhecê-la, jovem Brooke. Sou Lady Freya Wood e és o meu marido que costumas resolver quem podes trabalhar aqui ou não. Mas infelizmente, ele se encontras ausente no momento. Não posso passar por cima das decisões do castelo, quando ele não estás aqui. Então, sinto muito mas não posso contratar uma estranha que não sei se és uma assassina contratada por algum inimigo de nossa família... — Dizia, enquanto apertava as suas mãos e os seus olhos esverdeados focavam em algum ponto vazio do salão.
— Eu a entendo, mas eu preciso urgentemente ser contratada. Este lugar és a minha última esperança, pois não sei aonde posso ir a não ser aqui. A minha família não me vêem como alguém do mesmo sangue, eles me tratam como uma mera escrava. Preciso trabalhar para poder sair desta vida tão cruel no qual fui colocada involuntariamente. — Desabafei e acabei, deixando algumas lágrimas rolarem sobre o meu rosto.
— Lágrimas não funcionam comigo... Mas acho que a cozinheira Jude, estás precisando de mais uma ajudante. Porém, aviso-lhe que ela não és nada fácil de lidar e costumas, pegar bastante pesado com novatas. Então, não esperes que seus primeiros dias sejam tranquilos, porque de longe serão. — Comunicou-me e logo em seguida, soltou um suspiro e encarou-me com um olhar de compaixão.
— Muito obrigada e prometo que não irás arrepender-se por ter me dado esta oportunidade. E desculpem-me por todo este transtorno, peço-lhe que não mandes este guarda embora por minha causa, ele só quis me ajudar. — A agradeci e a solicitei, assim que a reverenciei.
— Espero que cumpra com a sua promessa. Guarda, leve-a até a cozinha e apresenta-lhe a nossa cozinheira e depois, volte ao seu posto. — Ordenou e com isso, andou até se sentar ao trono ao lado do que presumo ser a do Lorde Wood.
A reverenciei mais uma vez e andei alguns passos atrás do guarda sem nome, o segui em silêncio. E a cada passo, eu comemorava este novo rumo que a vida estavas caminhando, por mais difícil que sejas daqui pra frente. Não desistirei por mais que surjam obstáculos ou pessoas que queiram isso.
Alguns minutos se passaram...
Finalmente chegamos a cozinha que estavas uma loucura, as meninas corriam para lá e para cá, enquanto a mais velha que presumo ser a tão mencionada cozinheira, gritava sem parar. E ela aparentava estar num tanto irritada com as pobres coitadas, já que estavas quase no horário do almoço e pareces que estavam bastante atrasadas.
Tanto o guarda e eu, optamos em ficar apenas observando até que ficassem tudo pronto. Já que não queríamos atrapalhá-las e muito menos, irritar a mais velha que já estavas quase matando as suas ajudantes apenas com o olhar. Elas estavam preparando um verdadeiro banquete, como se hoje fossem receber convidados aqui neste castelo e não apenas, para a Lady Wood.
Porque com certeza, ela não iria conseguir comer tudo isso. Então, provavelmente teremos visitas mesmo, porque só assim para explicares esta quantidade de comida. Mas enfim, não demorou muito até que tudo ficasse aparentemente pronto e pudemos ver a cozinheira Jude assentar-se a uma cadeira velha próximo a nós.
E foi justo neste momento, que ela percebeu a nossa presença na cozinha. A mais velha apenas respirou fundo como uma forma de descansar e recuperar um pouco do fôlego que perdera durante a correria para preparar tudo. Ela nos encarou por alguns segundos, como se estivesse buscando entender o que fazíamos ali:
— Desculpa a falta de educação... Mas o que fazes aqui na minha cozinha? — Perguntou sem perder o tempo e com a testa franzida.
— Oi, senhora Jude. Pelo visto, andas de bom humor hoje. Então, a Lady Wood ordenou-me para que trouxesse esta jovem para ser a vossa ajudante. — A respondeu rapidamente.
— Mas não pedi mais uma ajudante, pode tirá-la daqui. Ela só vai atrapalhar mais do que ajudar, já tenho o suficiente. — Falou um tanto ríspida.
— Então, a senhora teria que ver com a nossa Lady. Pois, estou apenas seguindo ordens diretas dela. Se quiseres ver isso agora ou depois de preparar a mesa para o almoço dela!? Aí você que sabes, pois, não venha reclamar que ela fores rude contigo. — Avisou-lhe e soltou um suspiro no final.
— Estás bem, mas deixe claro que não pegarei leve com esta menina. — O lembrou e soltou um sorriso, como se estivesses pensando no que faria comigo.
— Tenho certeza de que não, a senhora nunca pegou leve com ninguém até porque não faz parte de seu feitio. — Falou e soltou um sorriso ladino.
— Ainda bem que sabes. Agora, se retire já que estás atrapalhando-me aqui. — Disse e levantou-se, colocou as suas mãos na cintura como se estivesses começando a ficar impaciente.
— Com vos licença. — Se retirou no mesmo instante.
— Menina, quero que ajude-as outras a levar o nosso banquete até a sala de jantar agora. E se deixares cair nem que sejas um grão de ervilha!? Podes saber que irás sofrer uma consequência que nunca irás esquecer-se enquanto viveres. Estamos entendidas? — Avisou com um tom de ameaça e encarava-me seriamente.
— Sim, senhora. — A respondi e corri em direção às cinco meninas que tinham mais ou menos a minha idade.
Uma delas se prontificou em ajudar-me a pegar uma bandeja enorme onde continha um leitão assado com uma maçã em sua boca. Os levamos juntas já que eras impossível levá-lo sozinha, andamos bem devagar para não correr o risco de derrubá-lo sem querer. Já que não queríamos levar uma bronca da senhora Jude que apenas nos supervisionava a todo momento.
Finalmente, chegamos à sala de jantar e colocamos delicadamente o que presumo ser o prato principal do almoço de hoje. E foi quando pude respirar aliviada, já que não deixamos derrubar nenhuma parte dos acompanhamentos que estavam em volta do leitão. Mal sabia que estavas segurando o ar até que colocasse a bandeja sobre a enorme mesa.
Após tudo estar arrumado, corremos de volta em direção a cozinha e ficaram apenas as criadas que serão responsáveis em servir a Lady do castelo. Assim que estávamos dentro do cômodo mencionado, estavas procurando algum lugar para sentar e descansar um pouco, até que sentir alguém encarar-me e nem precisei olhar para saber quem estavas fazendo isso:
— Aposto que isso fores sorte, porque se não fosses a jovem Amy que ajudou-lhe sem a minha permissão!? Aposto que terias derrubado aquele leitão assado... Bom, agora quero que limpes esta cozinha inteiramente sozinha, enquanto as meninas e eu, iremos descansar em nossos aposentos. E se eu descobrir que uma de vocês a ajudou? Ficarão sem comida por dois dias até aprenderes a seguir as minhas ordens cegamente. Estamos entendidas? — As avisou rispidamente, enquanto as encarava com um certo ódio no olhar.
— Sim, senhora. — Dissemos unissonamente.
Assim que todas saíram deste cômodo, comecei a procurar um esfregão e um balde de água, já que aqui estavas uma espelunca de tão suja que estavas. Não demorou mais do que alguns segundos até encontrá-los, eles estavam em um quarto minúsculo na cozinha mesmo. Aproveitei para pegar alguns panos para limpar as mesas e lavar todos os utensílios que utilizaram para fazer o almoço de hoje.
Duas horas se passaram...
Já tinha terminado de limpar a cada meio metro desta cozinha, pensei que irias morrer limpando. Porque estavas muito suja, como se nunca tivesses sido limpadas. Acho que elas nunca se prontificaram em fazer isso, mas duvido que sejas por falta de tempo e sim, por falta de interesse mesmo.
Mas enfim, agora pude sentar nesta cadeira no qual a cozinheira Jude estavas sentada no momento que nos conhecemos. Pelo visto, a Lady não mentiu quando disse que ela não eras fácil de se lidar. Mas ela não conseguia ser tão ruim quanto a minha mãe, acho que ninguém ganha nela .
Por isso que nem assustei-me quando me ameaçou ou ordenou que limpasse aqui totalmente sozinha. Já que estavas acostumada a sempre fazer isso lá em casa, mas espero que ela acabe reconhecendo os meus esforços e pares de ser tão dura comigo assim.
Mas acho que não serás tão fácil assim, ou seja, tereis que ter bastante paciência até lá. Assim que os meus pensamentos mudaram um pouco de foco, lembrei da forma que a Lady Wood falou com o guarda. Ela pareceu-me um pouco durona com o mesmo, não sei se ela és assim o tempo todo ou foi por conta que tinha trazido uma estranha sem a tua autorização aqui dentro do castelo.
Bom, prefiro pensar que sejas a segunda opção, porque se ela fores assim na maior parte do tempo!? Acho que serás mais difícil tentar ser a tua dama de companhia...
Quero conseguir este cargo para ter a proteção deles, porque sendo apenas uma ajudante de cozinha. Eles não iriam importar-se, quando fosses sequestrada ou maltratada por alguém aqui do castelo. E além do mais, ganha mais moedas de ouro e preciso de bastante para poder sobreviver bem sozinha no futuro.
Fui despertada quando senti alguém balançar-me levemente no ombro. Olhei para cima e vi que era a mesma jovem que tinhas me ajudado a levar aquele leitão assado mais cedo:
— Desculpa interromper os seus pensamentos, mas a senhora Jude ordenou-me que a levasse para mostrar-lhe o aposento que irás ficar daqui por diante. E também, uma roupa adequada para trabalhares aqui na cozinha... — Explicava toda envergonhada.
— Ah, tudo bem. Pensei que ela iria vir pra cá para ver se estavas tudo limpo ou pedir para fazer mais alguma coisa. — Falei, enquanto olhava para os lados.
— Ela não se importas com limpeza, a senhora Jude só querias ser má contigo mesmo. E para deixar claro, ela não és tão má quando você acabas se acostumando com o jeito dela. — Disse dando de ombros e soltou uma risadinha.
— Espero que estejas certa disso. Você se chamas Amy, certo? — A questionei como uma forma de mudar um pouco de assunto.
— Sim, és um prazer em conhecê-la. Como se chamas? — Respondeu e fez a mesma pergunta.
— Me chamo Brooke Stamford e és um prazer em conhecê-la também. — A respondi com um sorriso ladino, acho que estou começando a sentir-me à vontade agora.
— És um nome diferente, porém, muito lindo. Então, vamos antes que a nossa cozinheira aches que estamos enrolando e brigue conosco. — Falou e se virou em direção a saída da cozinha.
Apenas a assenti e a segui sem dizer mais nada, a cada passo que dava em direção ao meu possível aposento, sentia um pouco mais da liberdade que sempre almejava. Mesmo que eu seja agora apenas uma mera ajudante de cozinha, pelo menos não estavas sofrendo nas mãos de minha família que tanto me odeia sem nenhum motivo plausível.
Após termos chegado ao cômodo que ela tinha mencionado antes, percebi que não eras tão diferente de onde dormia lá em casa. Era praticamente do mesmo tamanho, só a cama era um pouco maior e desta vez, a janela era menor do que a do meu antigo quarto. Mas mesmo assim, acho que não irás me impedir de receber um pouco dos raios solares durante a manhã antes de levantar para trabalhar.
Ela mostrou-me a roupa que ireis usar, era um vestido branco com cinco pequenos botões na altura dos meus seios e um avental marrom claro bem simples, também tinha uma touca branca de amarrar e um par de sapatos pretos sem saltos. E assim que ela deixou-me sozinha no cômodo, troquei de roupa imediatamente e deixei a minha mochila velha sobre a cama. Foi neste exato momento que toquei-me que a estava usando, eu estava tão acostumada com o peso dela que nem tinha a percebido antes.
Eu aproveitei este momento de paz para deitar na cama com a intenção de descansar um pouco até que me chames para ajudar a preparar o jantar de hoje. Espero sobreviver a mais um tratamento nada sutil da senhora Jude e que eu consiga arrumar um jeito de conquistar a confiança da Lady Wood para conseguir ser sua dama de companhia nem que isso leve meses ou até anos para isso acontecer.
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