1.
"Summer after highschol, when we first met
we made out in your Mustang, to Radio Head,
and on my 18th bday, we got matching tattos"
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NÃO ERA UMA noite comum, com certeza.
Pelo menos não para ele, que ainda se importava com os aniversários dela.
A verdade é que desde sempre Selina nunca realmente soube a data de seu aniversário, 22 de maio foi apenas o dia em que ela se tocou disso. E então estabeleceu seu dia, seu aniversário.
Desde a reunificação de Gotham ao continente, ele não parecia ter tempo para mais nada. Se sentia até um pouco culpado por isso, mas não tinha o que fazer, agora finalmente as empresas retornariam a funcionar e sem ele lá isso seria uma bagunça.
Mas aquela não era mais uma noite comum, então Bruce não estava pendurado em sua mesa revisando um relatório para uma reunião no dia seguinte e bebendo desesperadamente outra xícara de café. Ele estava num restaurante. Não tão chique, nada que fosse a assustar. Comemorando o aniversário dela, da forma que ele queria.
— Eu gostei daqui. — a loira comentou despretenciosa, uma hora do jantar. — Mas nada vai superar aquele almoço à luz de escuro comendo comida enlatada. Foi nosso melhor encontro.
Ele deu um risinho — porque Bruce não sabia mais rir, ou sorrir o suficiente —, bebendo mais um gole do vinho caro.
O restaurante não estava tão cheio, mas as pessoas que estavam lá pareciam não reconhecer Bruce, o que significava um pouco de paz. O clima entre eles era calmo, pela primeira vez em um tempo as coisas não estavam estranhas. Ela parecia estar se divertindo um pouco, e ele sempre brilhava com o som da risada dela.
Quando se viram sozinhos gargalhando no salão e a conta chegou — depois do garçom os avisar três vezes que o restaurante precisava fechar —, Kyle não resistiu em sua maneira feia de tentar espiar o preço pelas mãos de Bruce. (Talvez essa mania venha da necessidade dela de sentir que não é um peso para alguém, e que não precisaria da ajuda dele).
— Você não precisa se preocupar com isso, ainda mais hoje. — ele disse com propriedade, enquanto tirava uma boa nota para a gorjeta.
— Não é como se você não fosse pagar de qualquer jeito, B. — ela deu um sorrisinho irônico, do jeito que ela sabia o irritar.
As mãos dele desceram para o quadril dela como se já conhecessem o caminho, já estiveram aqui antes. A pele dela — descoberta pela fenda do vestido que encontrava a perna dele —estava quente, ela estava agitada, desesperada. Ele se aproveitaria disso depois.
As ágeis e leves mãos dela desabotoaram com certa habilidade os botões da camisa branca dele, que tinha uma mancha grande e vermelha de batom. Estava sentada no colo dele e pressionada contra o volante de um carro chique que ela nunca seria capaz de bancar. Mas tudo com Bruce era desse jeito, ele era um homem inalcansável para ela em todos os sentidos.
— Quero te levar em um lugar depois daqui. — ele sussurrou baixo no ouvido dela, enquanto tinha suas mãos firmes nas costas dela a pressionando para baixo. Selina pareceu não levar muito a sério, porque apenas sorriu contra o pescoço dele antes de deixar mais um rastro de beijos vermelhos que acabaria levando a conversa embora.
O homem reagiu tão surpreso com a ação dela que seu joelho saltou, pressionando o botão do rádio do carro. O corpo dele enrijeceu, mais do que já estava, ao ouvir o som de Radiohead sair pela caixa de som do carro, ele parecia ter levado um susto, e ao ver Bruce tenso após cometer um errinho sequer, Selina rachou o bico — isso era a cara dele.
Quando Selina deu por conta, o carro ja estava atingindo velocidades extremas pelas ruas de Gotham de novo. A estrada era escura, — se assemelhava um pouco com o caminho que os levaria para a Mansão Wayne mais tarde, mas ela reconheceu que estavam indo para o sentido oposto disso. —, parecia ser tão sinistra quanto tudo que existia em Gotham.
Bruce não tirava os olhos ágeis da estrada, mas mantinha uma mão sobre a coxa dela exposta pela fenda, de forma possessiva. Quando chegaram, não parecia a Selina que haviam chegado a um lugar específico, mas sim que Bruce havia escolhido qualquer lugar do acostamento da estrada.
— Vem, não precisa ter medo. — ele disse a ela, depois de sair do carro e rapidamente abrir a porta para ela.
— Medo não era exatamente minha definição, B.
O homem andou na frente dela, estava com uma mão dada na dela, e exibia para Selina uma bela visão de suas costas largas cobertas pelo pano preto do palitó que ela só poderia enxergar graças as luzes do farol do carro acesas.
Entre as plantas havia um caminho que eles fizeram até sair da folhagem e dar de cara com a vista mais linda que ela já havia visto de gotham. Estavam exatamente na montanha do parque que ficava em frente a ponte onde ela via todos os adolescentes de rua fazerem de point.
— E aí? Valeu a pena? — ele perguntou, esperançoso de uma resposta positiva.
— Bruce, é lindo... — ela estava certa, todas as luzes que uma cidade noturna podia ter as três da manhã brilhava em cada retângulo escuro com mini janelinhas que povoava Gotham, fazendo a ilusão de ótica de que a cidade nunca parava.
Era tão diferente da visão que ela tinha daquela cidade suja, injusta e cruel que Selina conhecia. Gotham era um lugar horrível pra ela, com pessoas más e cruéis, becos e vielas grotescos e imundos e uma desigualdade tão triste. A rotina dela era ver pessoas passando fome, sede, vontade de ter o direito que os outros tinham; essa era a Gotham que ela conhecia.
E tudo parecia tão diferente para Bruce, tão inatingível. Ele conhecia a outra face da Lua, a outra metade da laranja... o glamour. Todo o luxo, a riqueza, o poder que Gotham representava para qualquer cidade vizinha. Os polos comerciais diversos, o dinheiro que circulava de prédio comercial em prédio comercial, as grandes indústrias, todo a honra que os escritórios das Empresas Wayne emperavam na cidade. Ele era o rei daquele reino que enxergava diante de seus olhos, e mesmo assim ele enxergava seu próprio reino exatamente como Selina: uma indústria de pessoas e atitudes tão tóxicas como a Ace Chemicals.
— Eu queria poder apagar tudo o que você já viveu e te fazer ter uma nova visão dessa cidade. — disse Bruce, com o coração apertado em ver a lágrima que escorria do olho verde da mulher ao seu lado. — Queria que você pudesse viver comigo, ver só tudo que eu vejo nesse lugar. Eu pagaria o preço que fosse pra trazer sua inocência de novo, Selina. O preço que fosse.
Custou muito para que ela desgrudasse os olhos da vista linda da cidade e virasse para o rosto dele. A expressão de Bruce era sempre séria, autoritária, como se ele precisasse se privar da leveza e serenidade como castigo. Ela passou os dedos levemente pelo maxilar rígido dele, notou como os olhos castanhos acompanhavam os movimentos dela com desejo.
— Bruce, querido, não seja assim. — ela se aproximou um pouco mais do corpo forte dele. — Não aja como se essa cidade perversa já não tivesse quebrado seu coração em pedacinhos minúsculos. Seja sincero: nós dois éramos novos demais pra sofrer tudo o que sofremos nas mãos de Gotham.
Ele a olhou, examinou cada traço do rosto delicado e lindo que ele tanto adorava. Seus olhos verdes e as bolsas abaixo deles, Selins estava tão cansada daquilo e todos podiam notar, seus cabelos loiros caíam em cachos adornando sua moldura com um toque de rebeldia, seu batom vermelho demoraria um bom tempo para sair de todas as peças de roupa que ele sujou. Ele a amava tanto que isso o preocupava.
— Meu amor, você tanto diz que somos tão diferentes, mas nosso ódio pelo mundo é tão parecido. — Wayne reparou, se aproximando mais da amada e a roubando um beijo de amor.
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Notas: Oioii gente!! demorei muito mas finalmente saiu!!! me digam oque acharam e votem muuito pra eu postar maiss! beijos da autora 🩷
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