BÔNUS
Brian Littrell
10 de junho de 2006
Faltam quatro dias para completar dez anos de quando encontrei o amor da minha vida, a Nancy Carter.
Porém já tem uns cinco anos que não consigo me comunicar com ela. Toda vez que disco aquele número, dá como inexistente. Tentei falar com o Nick e o mesmo disse que também acabou perdendo o contato e que raramente recebe alguma coisa referente à sua irmã. Isso me preocupa o bastante, sobre o que poderia ter acontecido ou… algo pior.
Não sei o que seria de mim se eu perdesse ela.
Tem dois anos que voltei para Nova Iorque e lá me encontrei com a gangue. Eles mudaram tanto aparentemente, mas as loucuras são as mesmas só pra constar. Helena e Howie não moram mais juntos, Debby se mudou para Upper West Side da ilha de Manhattan pois a investidora da sua família só cresce com os anos e nessa altura já é uma empresa milionária; AJ e Helena finalmente estão juntos depois de tanta enrolação — eles brigam de vez em quando, como sempre — e moram na região dos Hamptons por causa da praia; Howie e Nath vão ser pais e ainda vivem na região latina da cidade; já eu moro sozinho em um apartamento próximo ao centro da cidade. Resumindo, todo mundo mora longe do outro agora.
Na minha rotina, nas proximidades de meio dia, eu vou para o mercado mais próximo comprar itens extra para fazer um almoço diferente. Estava tudo tranquilo por aí, até eu ver um cara alto com algumas malas batendo na minha porta. Sinceramente, estava bem vestido e tinha um corte moderno em seu cabelo loiro. Será que é alguém da máfia que confundiu o endereço?
— Com licença, acho que o senhor está no apartamento errado…
O mesmo se virou ao me ouvir e já foi logo me abraçando bem apertado me fazendo derrubar as sacolas de minhas mãos.
— Brian, que saudades! — O mesmo se afastou olhando pra mim. — Cara, você mudou nada.
— Nick?!
— O próprio! — O loiro se afastou abrindo os seus braços. — Cara, eu tô muito agitado hoje, acho que me deram o café errado, era expresso com mais alguma coisa. Pois bem… vamos entrar!
Peguei as minhas compras e tirei as chaves do bolso, indo destrancar a porta. Assim que eu entrei, Nick veio logo depois deixando as suas coisas junto ao cabideiro.
— O seu apartamento é show, Brian! — Disse tirando o seu sobretudo e encharpe.
— Por que você tava usando roupas de frio em plena primavera?
— Porque eu tenho estilo e combina muito com a cidade. Nossa, foi tanta coisa nesses dez anos em Nova Jersey. Nunca imaginei que eu iria me tornar artista plástico e… famoso. Mas é isso e você? Quantos livros já vendeu?
— Esse apartamento, a mobília…
— Não me diga que…
— É tudo por causa dos meus livros. — Sorri.
— AH GAROTO! ARRASOU! A Nancy iria amar isso aqui.
— Iria? Ela ainda está em Cambridge, né?
— Bem, na última vez que ela me mandou o telegrama sim, ela ainda estava lá. Nancy deixou um recado pra você dizendo que adorou os seus livros e também explicou que acabou perdendo muita coisa incluindo o telefone em um acidente na casa dela.
— Acidente? — Carter assentiu. — Que tipo de acidente?
— Um carro desgovernado invadiu a casa da Nancy e destruiu muita coisa, inclusive a estrutura da casa, mas por sorte ela não estava lá na hora, estava no quintal. — Disse com mais calma e assenti, sentindo um alívio. — Nancy disse que ainda tá recuperando as coisas com o seguro e afins.
— Alguma vez ela falou que iria visitar Nova Iorque?
— Não, ela não escreveu sobre isso. — Respondeu desanimado e soltei um suspiro. — Olha Brian, ela não se esqueceu de você e nem vai. Nancy deve estar bastante ocupada com as suas coisas lá em Cambridge e também presta palestras lá em Havard, ela literalmente é um gênio e nem sei se há tempo para passar aqui nem que fosse por um dia.
— Eu sei, Nick. Eu entendo isso, só que… me dói saber que dentro de alguns dias vai completar mais um ano que a gente se conheceu e nem sequer comemoramos juntos, desde que ela foi embora.
Nick não sabia o que falar, só olhava para o chão se sentindo chateado. Me levantei e fui preparar o almoço antes que eu perdesse a disposição. Na minha distração dentro da cozinha, eu vi o mais novo andar pelo apartamento olhando as coisas, todo curioso, mas fui manter o foco no que estou fazendo.
Nick Carter
Fui andando para a varanda ver como era o horizonte daqui a lá em baixo, bem longe mesmo, dava pra ver um pedacinho do Central Park.
O Brian faz a menor ideia de que a Nancy está voltando pra cá, também com a minha atuação impecável.
Quando eu ia voltar pra falar com ele, o meu celular começou a tocar e era ela, Deborah.
— Oi, meu anjo.
— Nick, cadê você?! Pensei que você iria chegar aqui há uma hora atrás! — A voz dela mudou nada nesses anos, mas sei muito bem que está mais linda do que já é.
— Eu vim visitar o Brian, passar alguns recados pra ele.
— Ah, mas… de que horas chegará aqui?
— Bem, eu iria agora, mas ele tá fazendo um almoço que está tão cheiroso… — Debby começou a rir. — Eu vou comer, vou encher o tanque do meu carro e vou diretamente para o seu endereço, okay?
— Okay, Nick. Estou te esperando.
— Te amo.
— Te amo mais. — A mesma desligou e voltei para a sala, vendo o mesmo já servindo o meu prato, nem queria.
— Era a Debby?
— Sim, eu vou pra casa dela daqui a pouco. Vamos morar juntos. — O loiro sorriu feliz por mim. — Olha amigo, isso vai acontecer com você também, não se preocupe.
— Eu espero que sim, Nick. Tenho certeza que esse apartamento ficaria mais alegre com a Nancy morando aqui comigo ou até mesmo com uma visita sua, já que mora em Cambridge.
O mesmo assentiu começando a se alimentar, ficando um silêncio no ambiente do apartamento até cada um de nós dois terminarmos.
— Brian, estava ótimo. — Digo o fazendo sorrir. — Quer ir qualquer dia desses para uma exposição que vai começar amanhã lá no Central Park?
— Bem, eu não sei, Nick. Eu tenho que ir visitar os meus pais lá no Brooklyn.
— Tudo bem. — Me levanto e vou até o cabideiro pegar o meu sobretudo e o encharpe. — Mesmo assim, eu venho te visitar quando puder, okay?
— Okay.
— Vou em Debby e tentar perturbar o AJ mais tarde. A gente se vê, cara.
— Até outro dia, Nick.
O puxei para mais um abraço e saí, com as minhas malas a caminho para reencontrar a minha amada Debby.
Assim que cheguei em um dos distritos mais ricos de Nova Iorque, lá estava ela me esperando na frente do prédio que mora. Meu Deus, eu sabia que ela estaria mais linda, só que ultrapassou as minhas expectativas.
— Meu Deus, Nick! — A mesma nem me esperou sair direito pra me abraçar e fui retribuindo, sentindo que o seu cheiro ainda era o mesmo. — Vamos entrando, o funcionário vai estacionar o seu carro no subsolo do prédio.
— Deixa eu pegar as minhas malas. — Ri da mesma abrindo o banco de trás e peguei, a mesma me ajudou e tudo.
Assim que entramos no seu apartamento que é um duplex bem chique, Debby me ofereceu altas sobremesas e afins, se sentando do meu lado querendo saber das novidades.
— Como foi com o Brian?
— Foi legal, ele anda meio amargurado porque dentro de alguns dias vai completar dez anos que conheceu a minha irmã e ela não está… ainda.
— Quer dizer que a Nancy vai voltar?! — A morena sorriu ponta a ponta e eu assenti. — A gente deveria marcar um jantar com todo mundo da gangue um sábado desses!
— Super concordo… — O meu celular começou a tocar e olhei para o número. — É o Brian. Oi, amigo!
— Nick, você esqueceu duas malas suas aqui em casa. Tem como vir aqui buscar?
Hora da atuação, Nick.
— Bem, eu… venho buscar quando for passar aí, se não for problema pra você.
— Tem problema não, é que imaginei que teria algo importante seu aqui e poderia sentir falta.
— Ah, deve ter nada demais. Só não deixe levar poeira, viu? — Pisquei para Debby que prendeu o riso. — Aliás, uma dessas malas é no tom de verde bem escuro?
— Sim.
— Tem um negócio que trouxe pra você e me esqueci, está dentro desta mala dentro de uma caixa cinzenta. É um presente, espero que goste.
— Já tô abrindo! — Comecei a rir ao ouvir o barulho das coisas. — Não! Mentira, né?!
— Gostou?
— Finalmente você me devolveu o meu casaco do time, seu palhaço!
— Fazer o quê, né? Quase joguei fora.
— Você nem estaria louco pra fazer isso, Nick Carter! — Ri mais ainda do mesmo. — Valeu, cara.
— Que isso, Brian. Se cuida aí.
— Você também, pirralho.
Desliguei o celular e comecei a rir com a Debby. Ele mal faz ideia do que vem mais.
Nancy Carter
14 de junho
É complicado pensar que já fazem dez anos que o Brian apareceu na minha vida. Nesses últimos anos longe dele pareceram bastante longos pra mim, além da dedicação na faculdade, ganhei um bom emprego que me ajudou o bastante a ser quem eu sou agora. A cada dia, cada noite que passava eu lia os seus livros, ouvindo de alguma forma imaginária a sua voz pronunciando cada palavra escrita em cada página.
Não vou negar que cheguei a gostar do Massachussets, mas em Nova Iorque sempre estará no meu sangue e no meu coração. Consegui negociar a minha demissão para receber recisão e com o dinheiro do seguro depois daquele acidente horrível na minha casa, o investindo para novos planos quando voltar pra casa.
Peguei avião para Manhattan e fui de táxi até o endereço da Debby que o Nick deixou pra mim.
— Nancy! — Debby gritou assim que abriu a porta do seu apartamento e me abraçou bem apertado. — Amiga, você tá maravilhosa!
— E você tá toda modelo de tão linda! — Digo toda feliz da vida. — Mas com certeza estou mais bonita do que o Nickolas.
— MANINHA! — Lá vem o Nick descendo na maior correria e do seu jeito estabanado de sempre pra me abraçar de um jeito sufocante. — Chegou bem na hora! A turma está lá em Conney Island, em um restaurante de frente ao parque e o Howie me disse que o Brian está no pier de lá e…
— ENTÃO VAMOS LOGO, NÉ?! — Gritei com o mesmo e nós três fomos até o elevador pra descer até o estacionamento, nem percebi que nem as minhas malas soltei direito.
Debby ficou comigo no banco de trás ajeitando o meu cabelo durante o trajeto inteiro.
— Já tô vendo ele. — Nick disse, entrando no estacionamento do restaurante. — Vai lá e traga ele pra cá, Nancy.
— Pode deixar. — Assenti e saí do carro.
Assim que vi o loiro contemplando no pier do parque, senti as minhas mãos tremerem e o meu coração acelerar a cada segundo que passava e fui atravessando a avenida, andando em sua direção com calma para ele não virar pra trás.
Brian estava distraído para uma direção e fiquei no lado oposto. Espero não dar um susto muito grande nele.
— Sabe, eu acho que é a primeira vez que te vejo assim sozinho. — Digo com calma e o seu rosto virou de encontro com a minha voz, surgindo uma reação de surpresa seguido de um sorriso que foi se alargando, deixando um rubor em seu rosto. — Oi, Brian.
— Nancy! — Littrell me abraçou bem apertado e retribuí imediatamente, sentindo os meus olhos se encherem d'água. Assim que ele se afastou, olhou pra mim da cabeças aos pés. — Nossa, como você tá linda. O seu cabelo tá enorme e caramba, ficasse mais estilosa.
— Nenhum Carter anda fora de moda, bobinho. — Pisquei para o mesmo que começou a rir e fui abraçar ele, sentindo o maior conforto do mundo. — Que saudades eu senti de você, sabia? Parecia que esse dia iria chegar nunca pra mim.
— Então somos dois, Nancy. — Brian pegou em meu rosto e pressionou os seus lábios nos meus, aquela sensação que estava bem guardada na minha memória se afloreceu em minha pele, fazendo todos os meus sentidos perderem toda a noção do quanto isso é extraordinário. — Você não faz ideia do quão solitário me sentia vindo aqui nos últimos anos, só lembrando dos melhores momentos que tivemos em meses. Foram meses que pareceram anos pra mim.
— Pra mim também. — Toquei em seu rosto. — E agora serão anos de melhores momentos, Brian. Eu voltei pra ficar e haverá nada pra me tirar daqui.
— Essa é a melhor coisa que eu já ouvi! — Comemorou me tirando do chão e me beijou novamente. — Será os melhores anos de nossas vidas, meu amor.
— Com muita certeza. — Sorri. — Vamos comer alguma coisa no restaurante lá na frente? Está quase na hora do jantar e tô morta de fome.
— Vamos, eu pago.
— Deixa que eu pago, Brian.
— Não, você provavelmente mal chegou aqui e vai ser recebida do melhor jeito, vai ser tratada como uma rainha! Eu pago a conta. — Retrucou pegou na minha mão e fomos andando para lá.
O gerente me viu e levou a gente até uma sala reservada, onde a turma inteira estava lá conversando várias aleatoriedades.
— OLHA ELA AÍ! — AJ saiu do seu lugar pra me abraçar. — Amiga, como foi em Havard?
— Rotina agitada. — Resumi para o mesmo e fui até a Helena que me abraçou bem apertado, depois indo para o Howie e a Nath. — Vocês já comeram?
— Só a entrada. — Howie afirmou. — Estávamos esperando por vocês dois.
— E ainda bem que não demoraram, eu já tô é azul de fome! — Alex disse levando uma cotovelada do Nick. — Culpa desse café com leite aí.
— Não venha não, AJ!
— Vocês dois nunca vão parar com essas implicâncias?! — Brian cruzou os braços e ambos negaram. — Só senhor na causa.
— Nem eu aqui morrendo de fome fico desse jeito. — Howie afirmou lendo o cardápio.
— Fazer o quê se foi a ideia do Nick?! — Nath disse brincando com a cálice e olhei para o mesmo que sorriu.
— Você vai pagar a conta de todo mundo, Nickolas! — Digo firme e forte, fazendo a gangue comemorar, principalmente o AJ.
— A NANCY VOLTOU PRA FICAR, BEBÊS! — McLean aplaudiu fazendo o maior barulho na sala, fazendo a Helena querer se esconder debaixo da mesa. — QUERO SÓ VER O NICKINHO CABELO DE TIGELA QUERER SER O REI DA COCADA PRETA DE NOVO!
— E VOCÊ BAIXA O SEU TOM PRA NÃO ACHAREM QUE VOCÊ FUGIU DO HOSPÍCIO! — Nick retrucou, causando uma crise de risos no Howie.
— Debby, ainda anda com um silver tape na bolsa? — Perguntou e a mesma assentiu, fazendo ambos pararem de palhaçada.
Ficou parecendo que foi ontem quando tivemos uma sexta-feira inteira lá no parque, conversando sobre várias coisas e se empanturrando de comida. Nesses dez anos nada mudou entre a gente, tudo continua fluindo como nunca e acho que nem somos mais aquele grupinho de adolescentes do ensino médio que se metia em várias aventuras, que gritava de desespero quando o Alex inventava de dirigir feito uma viatura, quando o Howie começava a misturar os idiomas quando ficava nervoso, quando a Debby jogava qualquer um no latão de lixo — algo que tenho dúvida se realmente deixou de fazer —, dos chiliques do Nick que quase me falia naquela idade, da Helena que sempre foi de puxar a orelha do primo, da Nath que cegou várias pessoas com o flash de sua velha câmera, do Brian que sempre esteve escrevendo no momento calmo e de mim, que respondia com facilidade qualquer pergunta que os professores faziam. Somos adultos agora e vejo que somos uma família que cada um escolheu sem ao menos perceber. Ainda rimos das mesmas bobagens, fazemos escândalos nós lugares errados, mas creio que isso já tá no sangue.
Nunca mais vou voltar para Massachussets, como falei antes. Aqui é o meu lugar, a minha zona de conforto e é aqui que vou passar o resto da minha vida, ao lado do cara dos meus sonhos desde noventa e seis.
— Pensei que você não escrevia mais diário. — Brian apareceu atrás de mim, tocando em meus ombros.
— Eu retomei a escrever ele, na verdade. — Digo fechando o mesmo. — É como tivesse só passado algumas semanas de férias nesse diário. Vou manter ele para me lembrar do quão maluca eu era.
— Continua sendo.
— Quer morrer, é?! — Me levantei e o mesmo riu, me conduzindo até a varanda do nosso apartamento, vendo a cidade iluminada pelo horizonte noturno.
— Espero que tenha muita coisa pra escrever, porque vou ficar no seu pé a cada segundo.
— Credo! — Ri do mesmo que envolveu o seu braço em minha cintura. — Pelo menos não vai ficar me ligando de meia noite no auge do meu sono.
— Como tu não gostasse, porque eu sempre soube que você esperava eu desligar pra me ouvir pensando alto sobre você.
— Você só fala isso agora, né?! — Olhei para o mesmo que sorria e me deu um selinho.
— Olha, uma coruja.
— Com certeza são descendentes daquelas que apareciam na janela do meu quarto. — Digo me abraçando nela.
— Elas sabem que você é um gênio da ciência.
— Por favor, eu só trabalho fazendo análise de produtos químicos e ainda sou palestrante.
— E deve ter influenciado várias pessoas a saberem o que pode ser ou não prejudicial à saúde, Nancy.
— Ai, você fala demais! — Beijei o mesmo e o senti sorrir mais uma vez. — Vamos ficar olhando para o horizonte como estivesse acabando um livro.
— Após uma reclamação rotineira da Nancy Carter, Brian abraçou a sua amada afirmando que ali sempre será a sua maior zona de conforto e haverá nada que possa substituir. O seu timbre, a sua essência, os seus braços, a sua risada escandalosa, os seus beijos, as suas declarações, tudo nessa jovem mulher está em perfeito equilíbrio, nada de mais ou de menos. Nancy é a prova de ter se tornando alguém que é hoje, o motivando a cada dia com poucas palavras e um simples sorriso, de que nada pode ser contra os seus próprios sonhos. E tudo o que deve fazer é ser feliz por ela ser a única, por ser a única que amará infinitamente. Fim. — Ainda bem que ele está me segurando, eu já teria desmaiado de surto. — O que achou?
— Perfeito, mas ainda fala demais. — Beijei o seu rosto.
— Te amo infinito, Nancy.
— Te amo infinito, Brian.
fim.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top