Babá de baby

[...]

A manhã se iniciou com um choro estridente às três da manhã. Após duas horas, conseguiram fazer com que ele voltasse a dormir, mas já era tarde demais.

Angel desceu com Niffty nos braços, ainda adormecida, colocou-a no sofá e dirigiu-se ao bar. Sentou-se, descansou a cabeça no balcão e cochilou brevemente, sendo despertado por Husk, que lhe trouxe uma caneca com café.

Porra... nunca vi um bebê berrar tão alto! — comentou, tomando um longo gole de café e virando a cabeça para observar Husk. Niffty puxou uma cadeira, sentou-se e bateu a cabeça no balcão. Husk virou-se, pegou outro copo e o encheu de café. — Ei, espera aí! Você sabe como ela fica se tomar café.

— Eu sei, mas precisamos mantê-la acordada para limpar esse hotel. Ei, Niffty, toma aqui! — disse, batendo levemente a caneca na cabeça dela e entregando o copo em sua mão. Niffty ergueu a cabeça, piscando lentamente, ainda sonolenta, e virou o copo, bebendo o café de uma vez.

Cacete! Isso não vai dá bom. — Angel comentou ao ver a outra virando o copo. Niffty, agitada, ficou olhando à frente, esboçando um largo sorriso, começou a tremer e subiu no balcão. Pegou uma vassoura e começou a limpar tudo, movendo-se de um lado para o outro rapidamente. Charlie e Vaggie desceram com o pequeno, que estava acordado e tranquilo, observando tudo com curiosidade, balbuciando algumas palavras.

— Bom dia... — Vaggie os cumprimentou sem entusiasmo e jogou-se no sofá.

— Bom dia, pessoal! — Charlie os saudou animadamente, e o pequeno gritou. Vaggie se levantou e voltou para perto dos outros, quando Niffty passou rapidamente entre suas pernas, quase fazendo-a cair no chão.

— Mas o quê...! Quem foi que deu café para Niffty? — Vaggie questionou franzindo a testa, e Angel apontou para Husk.

— Ah, não enche! Ficamos acordados a noite toda por causa desse moleque. Era a única maneira de mantê-la acordada. — Virou as costas para Vaggie, que alcançou sua lança pronta para atacar, mas foi contida por Charlie.

— O primeiro dia foi difícil. Realmente, Angel, cuidar de um bebê não é fácil. — admitiu ao amigo. — Agora que estamos despertos, vamos trabalhar duro para converter mais pecadores! — exclamou animada, embora ninguém estivesse no clima.

— Amor, adoro sua empolgação, mas vamos com calma. Além disso, temos que resolver este pequeno problema primeiro. O que faremos com ele? — questionou, ajudando-a a retirar as mãozinhas do bebê do seu cabelo da loira, pegando-o no colo.

— Ah, eu adoraria ajudar, mas preciso ir para o estúdio. Tchau! — Angel falou, saindo rapidamente.

— Sério isso? — Vaggie franzia a testa, enquanto ele saia apressadamente sorrindo. — Tudo bem, então outro alguém vai ter que nos ajudar. — declarou, encarando Husk diretamente.

— Nem pense nisso...!

— Ok, então você vai cuidar da Niffty.

— Por que eu? — Protestou, virando-se e pegando uma garrafa de bebida.

— Porque foi você quem deu café para ela! Ou pode mudar de ideia e ficar com ele. — Disse, erguendo o bebê para ele.

— Urgh, tá! Vou ficar de olho na Niffty. — Vaggie sorriu satisfeita, ajeitando o bebê no colo.

Enquanto Husk cuidava de Niffty, Charlie e Vaggie começaram a pensar em como resolver a situação do bebê. No entanto, o tempo estava passando e demônios começaram a aparecer para aprender sobre redenção. Ao longo do dia, Charlie tentou conciliar o trabalho e o bebê. Infelizmente, sempre que começava uma nova atividade, o bebê chorava, fazendo com que alguns demônios desistissem. A noite chegou e finalmente poderia descansar um pouco.

— Não aguento mais! — Charlie exclamou, jogada no sofá com o bebê em cima de sua barriga.

— Alguém em casa?

— Estou aqui! — respondeu Charlie com a voz arrastada, e Angel apareceu.

— Caralho! Gata, nunca te vi tão acabada. Esse pestinha deu trabalho, não é? — ele brincou, enquanto Charlie apenas resmungava.

— Finalmente você chegou. O pessoal está na cozinha. Vem, Charlie, vai comer um pouco, eu fico com ele. — disse Vaggie, aproximando-se da loira e pegando o bebê, que chorou um pouco ao deixar o colo da princesa.

— Achei que tinha energia, mas ele... Ah, ele me superou! — declarou, exausta, levantando-se e esticando o corpo. Angel riu do estado da amiga e a ajudou, arrumando seu cabelo e acompanhando-a até a cozinha.

Após desfrutar de uma refeição tranquila, Charlie se despediu do grupo e decidiu dar uma volta no telhado antes de retornar ao quarto. Ao chegar lá, pegou o telefone do bolso, ligou para um número e aguardou, a ligação foi encaminhada para a caixa postal e, como de costume, deixou uma mensagem para sua mãe.

— Oi, mãe! Sou eu, a Charlie. Sua filha, heh! Claro, você já sabe disso. — Com a voz trêmula, ela compartilhou as novidades enquanto se movia de um lado para o outro. — É isso! Se quiser nos visitar, será muito bem-vinda. — Após um suspiro profundo e uma pausa significativa, ela acrescentou: — Sinto a sua falta. Às vezes, me sinto tão perdida. Sinto coisas estranhas dentro de mim. Algo ruim. Algo que eu não desejo, mas não consigo evitar. — Erguendo a cabeça e fechando os olhos, uma lágrima escorreu. — Mãe... Eu preciso de...! — O tempo para transmitir a mensagem se esgotou, deixando Charlie em um profundo silêncio.

Charlie afastou o celular do rosto e o apertou com força, partindo-o ao meio. Respirou profundamente, soltando uma brasa quente pela boca. Ao abrir os olhos, deparou-se com o telefone quebrado e o jogou no lixo. Voltou para dentro, dirigindo-se ao seu quarto. Ao entrar, encontrou Vaggie já deitada, assim como o pequeno. Nem parecia o mesmo de algumas horas atrás, gritando e engatinhando sem parar, deixando-a louca.

— Charlie... — Vaggie murmurou da cama, e a loira se aproximou, sentando ao lado dela e acariciando suas costas. Com um sorriso leve, lhe deu um beijo. Vaggie resmungou, virou-se e coçou o olho.

— Desculpe, não queria te acorda...

— Tudo bem. Vem deitar logo.

— Vou tomar um banho. Não demoro. — sussurrou no ouvido da outra e lhe deu um selinho. Após alguns minutos na banheira, a loira saiu do banheiro vestida com seu pijama e deitou ao lado do anjo, sorrindo ao vê-la dormir tranquilamente.

Charlie respirou profundamente, seus olhos se arregalaram. Mesmo exausta, não conseguia dormir. Virou-se para Vaggie, fechou os olhos, porém os abriu de novo, franzindo a testa com frustração.

Porra...! — resmungou baixinho enquanto batia na própria testa. Levantou-se mais uma vez, sentou na beira da cama com a cabeça baixa.

— Não consegue dormir? — Vaggie perguntou, se aproximando e abraçando a loira por trás. — O que foi?

— Liguei para a minha mãe. Já fazia um tempo. — comentou, e Vaggie ergueu uma sobrancelha.

— E ela atendeu?

— E quando ela atende, não é? — Charlie respondeu de forma brincalhona, porém irritado. A loira se levantou e foi até a janela, se jogando no sofá e olhando para fora. — Só queria saber se ela está bem...

— Charlie, posso te fazer uma perguntar? — Vaggie questionou ao se aproximar, e Charlie assentiu com a cabeça. — Querida, será que você realmente conhece a sua mãe de verdade? Com tudo o que me contou e o que vejo, parece que ela não se importar muito com... você... — Vaggie interrompeu-se ao notar o olhar mortal da loira. Charlie desviou o olhar, criando um silêncio tenso no quarto. — Desculpe, não queria insultá-la. Apenas acho que sua mãe não se encaixa na imagem que você descreve...

— Isso é ridículo... — a loira murmurou. — O que você está dizendo? — Charlie se ergueu com uma expressão irritada. — Acha que eu não conheço minha própria mãe?! — exclamou exaltada, assumindo sua forma demoníaca. Contudo, ao ouvir o choro do bebê, ela imediatamente voltou ao normal.

Com um olhar aflito para o berço e depois para Vaggie, lágrimas começaram a rolar por seu rosto e ela deu alguns passos para trás, abraçando-se.

— M-Me desculpa...! Eu n-não quis dizer isso... Nem sei por que disse isso! — pronunciou com a voz rouca, tocando a cabeça, seus olhos arregalados e o tremor do corpo refletiam seu desespero. Vaggie abraçou a loira e deslizou as mãos em suas costas, acalmando-a com movimentos para cima e para baixo. — Desculpe, Vaggie... Não era minha intenção gritar com você. — Pediu, soluçando baixinho.

O anjo deu um beijo na testa dela e se afastou rapidamente, pegando o bebê para acalmá-lo antes que acordasse os outros. Charlie voltou para a cama e sentou-se com a cabeça baixa. Suas mãos tremiam, o coração batia rápido e o enjoo anterior voltou, fazendo-a correr para o banheiro e vomitar. Ficou algum tempo perto do vaso sanitário, tentando se acalmar. O choro do bebê parou, sinalizando que Vaggie havia conseguido fazê-lo dormir, e logo em seguida a outra mulher entrou no banheiro procurando por ela.

— Você está bem? — questionou, com um olhar cheio de preocupação, o que fez Charlie se sentir ainda pior, incapaz de acreditar que havia elevado a voz contra ela. — Charlie? Querida, estou preocupada...!

— Eu sei... — falou, contendo as lágrimas. Vaggie sentou ao seu lado, apoiando a cabeça em seu ombro, e ficaram assim até resolverem retornar para a cama.

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