8. It started with an apologize

Notas iniciais:

Perdão pela demora 💞 Eu entrei recentemente em um projeto de fanfics Drarry chamado Dezdrarry e sabe, eu sou uma perfeccionista. Então além dessa fanfic, estou planejando mais três para dezembro 😔🤙 Duas ones e - provavelmente - uma long.

Aguardem.

[💘]

     Harry estava se sentindo meio disperso. Como as nuvens daquele céu escuro. 

A viagem de carro da casa de Andrômeda até a sua,  foi estranhamente tranquila. Talvez possamos atribuir esse fenômeno a Hermione e Ronald, os quais dormiram no instante que se sentaram no carro, ao invés de atazanar a vida um do outro e a dele como mas outras vezes. Mas, Harry conhecia eles a tempo suficiente para saber que o casal era capaz de atrapalhar a calmaria alheia até mesmo dormindo. Então, decidiu que aquilo tinha sido uma benção misteriosa do universo. 

Com a cabeça encostada no vidro da janela, Harry passou metade do seu tempo vendo se não tinha chegado notificações de mensagens no seu celular e a outra aproveitando a música tranquila da rádio. Sirius Black era quem estava no volante - ele tinha um gosto por veículos que Harry tinha começado a adquirir com a convivência, havia algo muito interessante sobre motos e carros e todo o sentimento de liberdade envolvido no ato de dirigi-los a toda velocidade. 

— Você parece distraído, Harry. — Observador, fora Remus Lupin quem dissera, provavelmente o vendo atrás do espelho do carro. 

— Só tô cansado. — Respondeu, o que não era completamente mentira. Ele podia mesmo sentir seu corpo completamente amortecido. 

— Já estamos chegando, logo vai poder descansar. — Lupin se virou um pouco, tentando uma proximidade, mesmo estando no banco da frente e isso fosse quase impossível. — Mas você realmente me parece distraído esses dias. Outro dia, parecia que você estava prestes a dormir na minha aula. E um dos professores reclamou de você...

— Provavelmente foi o seboso. Ele me odeia. — Murmurou, não conseguindo evitar o sorriso surgindo em seu rosto quando Sirius rapidamente prendeu uma risada ao ouvir o apelido de Snape, seu professor de química e detentor de uma inimizade milenar com seu padrinho.  

— Para a minha surpresa, não foi ele. — Lupin disse, com um tom de voz firme, porém calmo. Potter começou a se interessar pelo assunto, quem mais estaria reclamando dele? — Foi Sibila Trewlaney, a professora de artes. 

— Sibila? Mas eu não fiz nada pra... — E de repente, a conversa com Draco surgiu imediatamente na sua cabeça, ou melhor dizendo, a intimação dele para que ficasse longe de sua pessoa. Ele engoliu em seco. — Ela

— Bem, você não fez nada exatamente para ela. Mas sim, para um de seus alunos. Pelo que eu entendi, você acusou injustamente um garoto de ter envolvimento com a ocorrência da Chang, a invasão de privacidade dela e todo aquele drama. E você o fez sem nenhuma prova além de achismo e por isso, ele deve que te mostrar um trabalho confidencial. Estou certo, Harry? 

— Está, mas... Em minha defesa, o aluno dela era mesmo muito suspeito! — O garoto suspirou. — Só quis fazer o que era certo. E eu já deixei ele em paz, também. 

— Trewlaney é uma boa pessoa. Ela não está com raiva de você, de fato. Ela estava preocupada porque o aluno em questão foi de muita ajuda para ela. Sabia que além de professora ela tem uma marca de roupas? Ela vai lançar uma coleção nova inspirada nos desenhos desse garoto. Aparentemente, ele tem um estilo e tanto... Mas é bastante reservado. Não faço ideia de quem seja. Somente espero que você cumpra a sua palavra em deixa-lo em paz. — Remus suspirou. — Pior que no seu lugar, acredito que também não ficaria parado se desconfiasse de algo assim. 

— Se ainda estivéssemos nos tempos de colégio, você teria contado para mim e James e deixaria nós dois cometermos o estrago. — Sirius se pronunciou, sem tirar os olhos da estrada. Remus deu uma risada alta. 

— E não errou.

— Eu não acredito nisso. — Foi tudo que Potter conseguiu pronunciar, em forma de sussuro. Draco Malfoy realmente estava ajudando a professora. Ele lembrou do primeiro ano em Hogwarts, com ele falando alguma coisa para os amigos dele sobre o comportamento fora do padrão dela - e Harry não seria hipócrita, ele também tinha falado sobre isso. 

Ele se perguntou, em que ponto Draco tinha se tornado outra pessoa. 

Porque era isso que tinha acontecido. Era como se a essência de Malfoy ainda estivesse ali, impregnada na sua pele; a aparência, a elegância, a arrogância e o nariz estupidamente empinado, o loiro estupidamente brilhante e reluzente. Todavia, ele não era mais um garotinho completamente assustado, ele não estava mais agindo como somente um valentão patético que mais late do que realmente faz alguma coisa. 

Draco Malfoy parecia estar crescendo e se permitindo ser alguém além de uma sombra. 

Era tão estranho - tão malditamente estranho, porque isso só fazia Potter acreditar cada vez mais que Malfoy pudesse ser a pessoa por detrás do número do banheiro. Aquela pessoa doce. Tão estranho. Tão absurdo. Tão plausível

— Não acredita em que? — Lupin perguntou e mesmo que não pudesse ver com clareza, tinha certeza de que ele estava com uma expressão inquisidora, com as sobrancelhas unidas e os ombros tensos. 

— É que é muito estranho, sabe? Esse garoto que eu acusei... Ele sempre pareceu ser uma pessoa pra mim e de repente, eu comecei a perceber que ele é outra. Faz algum sentido? 

— Nós apenas conhecemos o que as pessoas nos permitem conhecer. Ou ele simplesmente decidiu mudar. Sabe, posso estar errado, mas as únicas pessoas que eu sempre vi você conversar de perto é o seu pequeno círculo de amizade. Como você espera conhecer alguém sem nem ao menos conversa com ela? — Harry se viu sem palavras. — Não que eu ache você uma pessoa ruim de julgamentos, mas nem tudo é o que parece, às vezes. 

Sem nem ao menos saber, foi como se Moony simplesmente tivesse dado um carimbo de confirmação dentro de todos os seus pensamentos. Teve que respirar fundo e reunir toda a sua maldita calma.  

Ele não disse mais nada a viagem toda e se forçou a esquecer isso para poder, ao menos, ter um jantar calmo quando chegasse em casa. Seus pais não eram bobos, iam perceber imediatamente que tinha algo errado com ele e de jeito nenhum Harry Potter queria falar sobre seus sentimentos, agora. Era cedo demais. 

Então, eles acordaram o casal adormecido quando chegaram em suas respectivas casas. Tão bêbados de sono, Harry tinha certeza que viu Weasley quase tropeçar nos degraus danentrada de casa e simplesmente se jogar nos braços da mãe, implorando que ela o jogasse na cama e o deixasse dormir pelo resto de sua vida. E se ele bem conhecia Molly, ela dissera a ele para deixar de preguiça e ir escovar os dentes. 

Quando chegou no próprio apartamento, o garoto verdadeiramente esqueceu de todo o resto. Ele amava passar todo aquele tempo com Teddy. Mas nada era como o seu lar, se sentar no sofá e comer enquanto assistia tevê. Eles sempre teminavam com Sirius Black sentado no meio, um braço ao redor do corpo de seu noivo, a outra mão segurando uma garrafa de cerveja - ele estava adquirindo um gosto por artesanais - e Harry com a cabeça apoiada em um travesseiro no seu colo, uma latinha de coca meio terminada no chão e um carinho ocasional dos dedos longos de Remus nos seus cachos. Era perfeito. Era família. Era lar

— Eu não acredito que foi ela quem roubou a herança de titia. — Foi Remus quem resmungou, encarando a tevê com uma feição indignada. — Isso nem ao menos faz sentido! Como ao menos ela tinha conhecimento da herança? 

— Amor, é claro que faz sentido. Ela se casou com o cara lá já pensando no dinheiro da tia dele. Só que a novela não mostrou isso com clareza. É uma reviravolta. — Sirius tentou explicar. 

— Mas isso vai destruir o coração do protagonista! Eles não estavam apaixonados? 

— Eles estavam, esse é o ponto. Ela começou pelo dinheiro e depois se apaixonou por ele. 

— Mas... Mas... Isso surgiu do nada...

— Novelas. — Sirius disse, dando uma risada contida no final. 

— Ah, Harry, se um dia você se apaixonar, você vai contar para mim e seu padrinho imediatamente. Com o tanto de zoom que eles dão na cara dos personagens por nada, acho que já sei como identificar todo tipo de pessoa má. — Harry deu uma risada preguiçosa, Sirius deu um sorrisinho sacana. 

— Eu sou um cara mau e você não percebeu. — O homem de fios negros e barba por fazer respondeu, Remus ergueu uma sobrancelha. 

— Você não é um cara mau. Você é tipo um cachorrinho fofo, Padfoot. — Ele olhou para o menino quase adormecido sob o travesseiro. — Estou certo ou estou errado? 

— Não posso opinar. — Respondeu, tirando o seu da reta. Ele raramente tomava algum lado nas discussões bobas deles, e agora, quando seu cérebro nem ao menos parecia funcionar direito, não tinha para que. — Mas acho que você não é tão assustador quando se conhece direito não, pai

Foi um silêncio ensurdecedor e Harry Potter nem conseguiu se mexer por um longo momento. Ele sabia que tinha pensado em falar padrinho antes de qualquer coisa mas não foi o que saiu, não, não depois da conversa com Andrômeda. Eles eram a sua figura paterna, era neles que Potter se sentia confortável, seguro, amado. Não tinha outro jeito que ele poderia chama-los. Saiu naturalmente

— V-Você... — Ele pigarrerou, tentando arrumar a posição que estava sentado, ficando com a coluna ereta. De repente, tudo que Sirius não conseguia era ficar parado. E quando conseguiu, ele respirou fundo. — Você me chamou de pai? 

— Sim. — Harry engoliu em seco. — Você não gosta? 

— Não. Sim. Não. O que eu quero dizer é... Eu e Remus sempre nos vimos como seus pais. Mas nós achávamos que você não. 

— Mas eu vejo sim. — Ele se levantou, dando um sorriso, ficando sentado. — Eu achava que vocês é que não se viam como meus pais. 

Sirius Black e Remus Lupin deram um sorriso, enquanto o que residia nos lábios de Remus Lupin poderia iluminar até mesmo a cidade mais escura do mundo, tão amável, os de Sirius era mais contido, embora você pudesse ver seus olhos brilhando de felicidade. 

— Eu sei que nós não cuidamos de você desde que  era um bebê. Mas nós somos uma família do mesmo jeito! Sabe, quem vai estar sempre aqui para apoiar você, somos nós. Não deveria ter dúvidas em nos ver como pais. — Sirius disse, enquanto Lupin pulou do outro lado do sofá para abraça-lo apertado, Harry retribuiu contente. Ele adorava os abraços do mais velho. Ele sempre tinha aquele cheiro agradável de roupa limpa, papelaria e café e sempre era caloroso, agradável, fazia Potter se sentir protegido. — Remus, nosso filho acabou de nos chamar de pais e você já está tentando sufoca-lo! 

— Ele é meu garotinho, me deixa. 

— Moony, eu vou fazer dezoito daqui um tempinho caso você já tenha esquecido...

— Shiu! Não estraga o momento. — Remus ralhou, ainda sem solta-lo. 

— Já era, cara. — Sirius quem disse, dando uma risada agradável. — Agora que você oficializou as coisas, ele nunca mais vai te soltar. 

— Você está apenas com inveja porque eu abracei ele primeiro. — Lupin falou, semicerrando os olhos e criando risadas entre Harry e Sirius. 

— E não está errado. 

[💘]

Os desenhos de Draco Malfoy eram muito simples. 

Ninguém normalmente os via ou tinha sequer tinha algum conhecimento sobre eles. Dentro de papéis aleatórios que encontrava entre suas coisas, despejava tons monocromáticos, linhas finas em alguns lugares e linhas mais grossas nos outros até que formasse alguma coisa que gostasse. Ele não se esforçava para aprender os fundamentos do desenho, ao menos, não da mesma maneira em que se esforçava para aprender química. Desenhar fora o primeiro aspecto de sua vida em que ele permitiu ser completamente espontâneo.

Porque, de resto, todos os outros eram - nem que apenas um pouco - forçados

Seus esforços por muito tempo se concetraram em seguir o modelo de vida que orgulhariam seu sobrenome e isso o tornará alguem, no mínimo, meio patético. Porque ele não era um ser humano cuja natureza era ser cruel. O famigerado cachorro que late, late e late mas nunca morde. Lembrava como se tivesse acontecido ontem, de uma semana antes do seu primeiro baile em Hogwarts, cerca de alguns anos atrás. Tão fresco na memória, era quase como se ele ainda estivesse lá. 

Draco tinha quinze anos, obviamente já estava acostumado a andar sozinho pelo shopping. Porém, Narcisa Malfoy era uma mãe que gostava verdadeiramente de passar um tempo ao lado do filho. E os dois tinham um gosto para roupas muito similar - talvez mais do que Narcisa pudesse suspeitar, na época - Draco conseguia pegar peças de alta costura, mais elegantes, refinadas e dignas de eventos grandiosos e torna-las completamente aptas a um estilo mais jovial e até um pouco despojado com somente a adição de um detalhe ou outro ao look

Lucius Malfoy não aprovava tanto essa vaidade do filho, dizia que era estranho que um homem gostasse tanto de passar suas horas fazendo compras - isso porque ele nem sabia sobre o tempo que Draco gastava no salão e no SPA -. Porém, Narcisa sempre dizia que era porque Draco tinha um excelente bom gosto e ter ele ao seu encalço, costumava a ajudar bastante. Não era mentira, porém, também não era toda a verdade. 

No fim das contas, o resultado era o mesmo. Eles terminavam em uma loja luxosa ou que fornecesse roupas sob medida. Também optavam por ir em lojas que oferecessem tanto roupas "femininas" quanto "masculinas".  Draco serpenteava, tentando ser discreto, por entre as sessões, passando longos minutos observando os lindos vestidos a mostra, sentindo tecidos e fantasiando sobre todos os jeitos em que poderia estar usando um deles. Quando muito pequeno, ele se lembrava de imaginar a si mesmo usando um vestido longo como os das meninas, descendo as escadas como uma princesa de contos de fadas e sendo tirado para dançar com um dos garotos mais bonitos da sala. 

Era uma tolice. Tolo, tolo, tolo, como Draco Malfoy era tolo

Isso nunca poderia acontecer. Draco não era um garoto que poderia usar um vestido e dançar com outros garotos. Imagina a vergonha que algo assim traria a seus pais? Draco nunca poderia ser quem ele quisesse ser. 

Malfoy terminou na alfaiataria da Madame Malkins, a qual estava terminando os ajustes no terno que sua mãe escolhera. Isso amenizava as coisas, ele gostava de pensar que estava usando um terno escolhido com muito carinho pela sua mãe - e isso era tão bom quanto usar um vestido. - Quando ela terminou, o garoto se dirigiu aos provadores para analizar se estava tudo perfeito mais uma vez. 

Grande mentiroso, estava sim tudo perfeito, não havia a mínima necessidade de prova. Ele apenas queria poder bisbilhotar a escolha de vestidos do grupo de meninas que estudava em Hogwarts, as quais se reuniaram todas em um canto da loja, ah, mas como desejou que seus amigos estivessem lá. Principalmente Astória Greengrass, ela era quem mais iria se divertir comentando as roupas de todo mundo. Sempre tão ácida, ele apreciava isso. 

Enquanto pensava sobre como o vestido amarelo de uma das meninas - tinha quase certeza que se tratava de Luna Lovegood - iria acabar deixando ela um pouco pálida e torcia para que ela voltasse a sua sanidade e escolhesse um azul escuro, ele se deparou com uma garota vindo até ela, vestindo um macacão jeans, de braços cruzados e com um rosto pouco interessado. Malfoy reconheceu na hora aquele cabelo crespo comprido e tênis all-star, era Hermione Granger. 

"Eu vou procurar outros ali do outro lado." Disse Luna, colocando o vestido amarelo de volta no cabide. "Se precisar de ajuda, grite meu nome!" Ela disse, dando um sorriso e saltitando para um outro canto. Draco assistiu detrás de uma fileira de vestidos de formatura, Granger concordar com a cabeça e se encolher um pouco no lugar. Ela parecia quase intimidada. E como isso era raro. 

Malfoy pensou muito no que fazer e ele tomou a decisão mais lógica, ir embora como se nada tivesse acontecido. Então, no momento em que ele já estava se virando, viu ela pegando um vestido qualquer na cruzeta, com um corte meio torto e demasiadamente cheio de babados. Draco deveria deixar ela ir com ele, não se importava mesmo, afinal, Hermione nem era sua amiga para ele dar o ar da graça e abençoa-la com seu bom gosto. Honestamente, Hermione estava mais para sua rival do que qualquer outra coisa. O grupo dela e o dele eram como água e vinho, nunca iriam se misturar. 

Só que ele não conseguiu, ele viu a garota se encolher mais ainda e fechando os olhos com força, ele respirou fundo e deu meia volta. 

"Você não vai mesmo desperdiçar o seu dinheiro nisso." Ele saiu de detrás da arara de roupas, cruzando os braços e tentando manter a pose de superior. 

"O que está fazendo aqui, Malfoy?" Ela teve uma reação parecida, mas a garota não era tão boa em esconder suas emoções. Seu rosto se contorcia de irritação. 

"Estamos em uma alfaiataria, Granger. Não é tão difícil de descobrir." Ele descruzou os braços e apontou para o vestido que ela segurava. "Se você vai levar isso, você tem realmente o pior gosto do mundo." 

"Olha, eu só não entendo dessas coisas. Sério, por que vestidos são tão importantes? Bailes são tipo uma contrução social em que se espera que as garotas encontrem seus amores de vida eterna e tudo mais. Não concordo muito com isso. É estúpido." 

"Não, Granger. Como o primeiro da classe esse sementre..." Ele ainda era Draco Malfoy, nenhuma ajuda vinda dele seria feita de forma gentil. "e logo o mais inteligente daqui, eu digo que bailes são festas para adolescentes encherem a cara e dançarem. Diversão, sabe? Se você vai ficar de cara feia a festa inteira, realmente não deveria ir. É chato." Ele então se meteu no meio das vestes atrás dela e com seus olhos afiados, encontrou um vestido mais interessante. "Esse aqui é de uma coleção passada, mas vai fazer sua pele e seu rosto brilharem." Ele puxou do fundo, um vestido cor de rosa com alças finas e uma camada de seda por cima da saia. Ela abriu a boca. "E não, eu não escolhi esse porque é rosa. É porque ele tem um degradê bonito e as costuras são perfeitas, além de ser leve e perfeito para noites longas." 

"Por que você está me ajudando...?" Ela parecia desconfiada, semicerrando os olhos. 

Draco deu de ombros. 

"É o primeiro baile de inverno da nossa série, não quero que desperdice ele sendo cafona." Ele virou as costas antes que ela disesse algo, empurrando o vestido para a garota. "Agora, com licença..." Mas ele sentiu a mão dela em seu ombro. Um pouco assutado e dando um passo para trás, ele se virou. 

"Você... Você se importa de escolher um terno para um amigo meu?" Então ela rapidamente se afastou dele também, aparentemente nervosa com o que acabara de pedir. 

"Você está falando do Weasley ou do Potter? Porque, sério, isso influência bastante a minha decisão." Granger girou suas orbes. 

"É pro Harry. Babaca." 

"Ei, você pede pela minha ajuda e ainda me xinga?" Draco torceu um pouquinho o nariz mas suspirou. "Tá, mas só porque o gosto dele é pior que o seu." Ele deu uma olhada no relógio na parede, vendo que já estava lá a uns cinco minutos e sua mãe desconfiaria de sua demora, suspirou. "Olha, eu tenho que ir. Mas... Escolha um terno com tecido sofisticado, você consegue perceber a diferença quando toca, é mais confortável. Só toma cuidado, tem uns que dobram fácil e nós dois sabemos que ele nunca passa roupa." Draco viu um sorrisinho aparecendo no canto da boca dela, como se segurasse uma risada. Meio influenciado pelo ambiente ele acabou se deixando levar pelos seus pensamentos. "Na dúvida de cores, procura alguma coisa parecida com os olhos dele. Preto com detalhes em verde escuros o fariam parecer tão boni..." Draco forçou um pigarreio. "Legal. É. Ele ficaria legal nesses tons." Já de costas, ele parou e disse. "Ah, e se você usar tênis com um vestido delicado desse, eu juro que vou derrubar ponche em você." 

Malfoy foi embora tão rápido que nem viu o rosto agradecido de Hermione, assim como ela também não viu que ele estava corado como o inferno. Afinal, era vergonhoso demais admitir que achava o estúpido do Harry Potter atraente. 

Quase uma fraqueza. 

O terno que ele usou no dia do baile o fez receber bastantes elogios, a escolha de sua mãe ressaltava toda a silhueta de Draco de uma maneira suave. Parkinson ficou bastante contente, afinal, chamar atenção era seu objetivo da noite. Quando viu o trio maravilha chegando lá, usando as roupas que ele escolheu - exceto Ronald Weasley, aquele terno de cor pavorosa não tinha absolutamente nenhum dedo seu - não pode deixar de sentir um sentimento estranhamente bom no peito. 

Ele ignorou, bebeu e dançou. 

[💘]

— Você está com a mente longe, mon fils. Gostaria de compartilhar seus pensamentos comigo? — A mãe perguntou ao filho. Draco, depois da noite com a torta, parecia ter conseguido voltar a entrar devagarinho no mundo dela. Nesta manhã, agora se aproximando das duas e meia da tarde, eles aproveitavam para assistir um filme juntos na televisão nova que eles tinham comprado um tempo atrás. Narcisa Malfoy tinha o hábito de falar frases ou algumas palavras em francês em momentos mais íntimos como esse. Era quase uma piada interna. 

— Pardon, meré. — Ele não virou a cabeça para olha-la mas tinha certeza que ela possuía o mesmo olhar compreensivo de todos os dias. Ele sabia disso apenas pelo tom de voz dela. — Estava pensando... Sobre quando saíamos juntos para o shopping. Como a gente se divertia juntos. 

— Eu te conheço, Draco. Sei que estava pensando em outra coisa... — Ela suspirou, usando um tom mais baixo. — Quando penso sobre o passado, me pergunto o porquê de não ter percebido antes. O porquê de eu não ter te acolhido quando percebi, em vez de tentar me cegar. 

Draco se virou dessa vez, pegando a mão dela a acariciando sua palma. Ele respirou fundo e encarou o rosto amável dela. O cabelo escuro criando fios brancos, as pequenas rugas aparecendo na sua testa e no canto dos seus olhos.

— Eu não te culpo. Você fez o melhor que pode e bem, até um tempo atrás nem eu entendia o que estava sentindo. Como você poderia saber? 

— Sou sua mãe. As mães sempre devem saber de tudo. 

— Mas você ainda é humana, acima de tudo. — Draco insistiu e ela voltou a dar seu sorriso usual. 

— Um dia, você vai adotar ou seja lá o que for, e vai entender o que eu digo. — Ela deu uma risada baixinha. — Sei que não posso associar sua homossexualidade com as suas roupas ou seu jeito, contudo, eu tenho certeza que em algum momento perdi alguma coisa. Alguma olhada para um garoto bonito... — As bochechas de Draco assumiram um rubor leve. Narcisa sorriu ainda mais. — Você já saiu com muitos deles? 

— Talvez. Na verdade, dei muitos baisers e sai em seguida. — Narcisa parecia curiosa com a resposta. 

— Você nunca ficou com alguém de forma séria? 

— Tinha muita coisa acontecendo para eu sequer pensar na possibilidade. Compromisso sério não era uma ação segura na época. 

— Quando você ama alguém, você esquece da própria segurança. — Narcisa disse e Draco, internamente, procurou buscar um significado oculto por detrás das suas palavras. — Quando você encontrar alguém que valha a pena lutar, não esqueça de contar para sua velha mãe. 

— Você é ainda jovem. Não sei porque está se chamando de velha. — O loiro ergueu seu corpo, tentando abraça-la, como uma criança faz quando procura conforto. — Poderia conhecer o mundo inteiro se quisesse. E sim, mãe, eu prometo que quando encontrar alguém, te apresentarei. Com jantar e tudo! 

— Eu sou velha de espírito, Draco. Gosto da calmaria, das tradições. — Ela o acolheu em seus braços, fazendo um afago nas suas costas. — Prometo tentar não assustar todos os seus pretendentes. 

— Entre contar histórias vergonhosas sobre meu passado e assusta-los, fico com a segunda opção. 

— Mas você tem tantas fotos lindas e que deveriam ser mostradas. Como um homem planeja ficar do seu lado sem te ver naquelas suas jardineiras lindas que você usava quando era bem pequenininho, relaxando no jardim... 

— Sem chances, mãe. Sem chances. — Ele se afastou um pouco dela, a observando. — Você nunca teve vontade de viajar por aí? De conhecer outro lugares? Oh, tenho certeza que você iria amar o Japão. Nós teríamos tanta coisa diferente para experimentar... Sempre me perguntei como o sushi realmente é para eles. — Narcisa Malfoy ficou um bom tempo sem falar nada, apenas encarando as próprias mãos. Draco se preocupou. — Meré...? 

— É só que... Você é um garoto tão curioso, com tanto carinho e emoções. Lucius pode ter feito coisas ruins para você, mas, eu também tive meu dedo de culpa. Eu poderia ter feito muito mais por você. Só que eu me acostumei com as coisas daquele jeito. Achei que você poderia ser feliz seguindo as tradições, porque eu fui. 

— Eu já disse que não te culpo por nada. — Malfoy se encolheu do lado dela. — Sinceramente, também não consigo culpar o papai. Tenho memórias boas com ele, a cima de todas as outras. Acho que se tivesse tido tempo, ele poderia ter me aceitado e... 

— Não, Draco, não. — Narcisa tocou o rosto do filho, tirando uma mecha de seu cabelo loiro do seu rosto, o qual já estava começando a ficar comprido demais. — Não o defenda. Ele errou. Desde o princípio. Ele teve seus momentos bons, ele te deu tudo. Mas ele te bateu. Ele te humilhou naquela noite. Ele foi horrível e você pode até perdoa-lo, mas não pode defende-lo, não pode tentar justificar uma agressão. Você é meu filho e é Draco Malfoy, não aceite migalhas. 

— Obrigado, mãe. Obrigado. Je vous remercie. — Draco segurou algumas lágrimas, aquele não era o momento. — Você sente muita falta dele, não é? 

— Não me orgulho disso, mas sim. Sempre soube que era prometida em casamento e tive muita sorte em me apaixonar por ele no momento em que o vi. Seu pai sempre cuidou de mim, sempre me defendeu. Eu vi nele coisas que ninguém nunca vira, meu bem. Por isso é tão difícil para mim esquecer Lucius. Eu o amo. E o amor nos torna cegos. — Ela passou um braço pelo seu filho.

— Você sabia que ele estava metido com os Comensais desde o princípio? Que ele era um homem corrupto? — Draco sussurou, como se tudo aquilo fosse um segredo. 

— Eu desconfiava, muitas vezes. Mas eu nunca quis afirmar nada e ele nunca tentou me explicar. A ignorância pode te salvar, Draco. Lucius me conhecia bem o suficiente para saber que se fosse cem por cento honesto comigo, eu não o denunciaria. Eu faria pior. Eu o protegeria e assim, me tornaria cúmplice de seus crimes. — Narcisa Malfoy respirou fundo. — Sabe, na verdade, estou um pouco aliviada que ele foi indiciado somente por corrupção e roubos e essas coisas. 

— Mãe, você achou... Você... 

— Sim, Draco. Por um momento, achei que seu pai pudesse ser um assassino. — Ela deu um beijo em sua testa. — Mas eu felizmente estava errada. Se ele fosse, já teriam descoberto a muito tempo. 

— Eu simplesmente não sei o que dizer. — E era verdade. 

— Não há nada que você precise dizer. Nada. Está tudo bem. — Ela o soltou, e quando o silêncio envolveu os dois novamente, o celular de Draco começou a tocar. — Mon petit, eu realmente aprecio a música do seu toque, mas, por favor, atenda. 

O loiro suspirou, aquele toque era especial de duas pessoas: Pansy e Blaise. Era uma melodia calma do Frank Sinatra e ele estava quase desistindo de atender, então, viu o olhar reprovador de sua mãe e desistiu do pensamento. Malfoy se ergueu e rapidamente atendeu, sem nem olhar qual dos dois era. 

— Alô...? 

— Draco! Minha deusa! achei que você não fosse atender nunca. Olha, nós precisamos conversar e eu tô aqui na sua porta. Eu quero te pedir desculpas pelo o que eu disse e nós podemos ir lá pra casa, só, por favor, me escuta... 

— Tudo bem, Pansy. 

— Por favor, eu tô te implorando. A gente se conhece a tanto tempo, cara. A gente já passou por tanta coisa juntos e... Espera, o que você disse? 

— Eu disse que tudo bem. 

— ...Você tá muito estran... — E então ela desligou sem mais nem menos. Porque Parkinson era assim, ela te ligava desesperada e sumia sem mais nem menos. Nem ouse cobrar por explicações, ela não vai te dar nenhuma. 

— Mãe, eu... — O loiro abaixou o aparelho, se virando em direção a mulher, mas ela o interrompeu. 

— Você pode ir, sim. Eu te preservei de muitas coisas, e bem, aprendi com meus erros. Vá visitar o Japão com a sua amiga, Petit

— Eu só vou passar um tempinho na casa dela, mãe. — Ele sorriu um pouco, como não fazia a muito tempo. — A gente teve uma discussão e ela quer se desculpar. 

— Ah, uma discussão? Gostaria de saber sobre isso, se você não se importar em me contar durante o jantar. Você e Parkinson sempre me pareceram tão próximos. 

— Veremos. — Malfoy deu um sorrisinho, se levantando da cama. — Vai ficar bem aqui sozinha? 

— Sou uma mulher adulta, Draco. Vou sim. Vá lá se divertir. 

Narcisa assistiu seu filho sair em seguida pela grande porta de carvalho calmamente, quando a porta se fechou, em um baque, ela também se levantou. Cautelosamente, amarrou seu roupão com firmeza e procurou um grampo para prender seu cabelo solto, se preparando para tomar um banho. 

Hoje, ela iria visitar uma pessoa muito especial. 

[💘]

— Você tá usando o meu cropped? — Foi a primeira coisa em que Draco Malfoy reparou, no instante em que sairá de dentro do carro de Pansy, franzindo seu cenho em direção a ela. Ambos adentravam a casa da garota, fazendo o caminho que poderiam realizar até mesmo de olhos fechados - da entrada até às escadas, para logo em seguida virarem em um corredor e a quinta porta a esquerda ser o quarto dela. 

— Por que isso é importante? Você vive pegando roupas minhas. 

— Em casos particulares! Como eu simplesmente não ter o que vestir. — Ele bufou, pensando que deveria ser óbvio o que estava falando. 

— É só uma blusinha comum. 

— Não, não, não é. Eu que fiz essas manguinhas, eu que cortei para ficar igual um cropped e eu que bordei o coração partido no canto. — De repente ele deu um salto no lugar. — Ah! Eu costumo usar esse cropped para dormir, deve ter sido assim que eu esqueci na sua casa. 

— Desde quando você borda? — O loiro abriu a boca para falar mas ela ergueu as mãos, negando. — Não, esquece esse assunto. Nós precisamos conversar sobre outras coisas. 

— Estou somente esperando você começar. — Draco disse, abrindo a porta do quarto. Sem cerimônias, ele se jogou de peito para baixo em cima da grande e macia cama no centro do quarto, se esticando como um gatinho preguiçoso. Ele esfregou os pés até que seus tênis brancos com detalhes em cor-de-rosa resolvessem sair. 

Pansy Parkinson fez o contrário, ela primeiro tirou os sapatos e em seguida se deitou ao seu lado, embora de costas e ficando com as mãos sobre o estômago. 

— Eu não devia ter falado daquele jeito com você. Eu... Eu sei que as coisas estão difíceis e você não precisa de alguém que apenas piore elas. Mas... Eu também quero que você veja meu lado. — Ela se virou para a direita, dando de cara com o rosto de Draco. Levou seus joelhos até uma parte da sua barriga, os abraçando com seus longos e pálidos braços. — O que você faria se seu melhor amigo simplesmente desistisse de falar com você? 

— O deixaria em paz, tenho cara de intrometido, por acaso? 

— Draco Malfoy, eu estou falando sério. 

— Eu sei. Desculpa. — Ele também se virou para ela, dando de cara com seu rosto tensionado. — Também surtaria no seu lugar. É por isso que te perdôo, em vez de te jogar dentro de um poço. — Ele sorriu quando viu ela dar uma risada, voltando a ser a garota de humores leves que conhecia. 

— Eu vou te abraçar. 

— O que?! Não, espera, Pansy... — Sua voz saiu esganiçada quando sentiu o peso da garota contra o seu, o esmagando em um aperto carinhoso. Ele deu alguns tapinhas nas costas dela. — Eu estou morrendo! Eu estou sufocando! — E tudo que ele recebeu como reação foi a risada alta dela. 

— Eu tenho meu bebê de volta! Isso me deixa ficar feliz. 

— Eu não sou seu bebê! Eu sou um ser ameaçador cujo único objetivo é espalhar dor e sofrimento... — Ele começou a se espernear em meio ao abraço e Pansy foi obrigada a solta-lo. 

— Vou pegar uma coisa que tu vai gostar, espera aí. 

— Estou morto, você me matou e não vou a lugar nenhum. — Ela deu risada do seu drama. Se levantou da cama e começou a fuçar dentro das gavetas, puxando lá do fundo como se fosse a espada do rei Arthur, dois engradados de Heineken e as jogou em cima da cama, voltando para lá novamente. Draco se assustou. — O que é isso?

— O que acha? Cerveja

— Não, eu sei que são cervejas mas tipo... É umas três da tarde, Pansy. Eu ainda tenho que voltar para casa parecendo gente, sabe. Não um bêbado desabrigado. 

— Pense que em algum lugar do mundo, nesse exato momento, está acontecendo um Happy Hour. — Ela deu aquele seu sorriso conhecido por levar outras pessoas a se meterem em encrencas. — E provavelmente vamos beber até pegar no sono, então, é só tu escovar os dentes e tomar um banho quando acordar que tá novinho em folha. 

— Você... — O loiro pegou uma das latinhas dos engradados e abriu, dando um gole e apontando para ela. — É uma péssima influência para mim. 

— É o meu chame. — Ela deu uma risada alta e pegou sua própria latinha, dando um brinde com seu melhor amigo antes de virar a bebida na garganta. 

[💘]

Acordar é horrível, não há quem recomende. 

Principalmente Draco Malfoy. 

Quando ele acordou, esparramado na cama de casal de Pansy, ele se levantou cuidadosamente, reclamou do piso frio sem verbalizar e rapidamente calçou o que deveriam ser pantufas. Caminhou instintivamente para o banheiro daquela suíte, ou melhor, se rastejou. 

O loiro abriu a torneira, deixando a água fria acorda-lo, passando por todo o seu rosto e o energizando aos poucos novamente. Nossa, como ele queria beber um pouco de água e comer alguma coisa doce - qualquer coisa parar tirar o gosto amargo de sua boca. Quando terminou de esfregar sua face, pegou uma toalhinha que estava ali perto, sobre o mármore preto da pia e se enxugou. Aquela estava limpa, dava para saber pelo cheiro de amaciante de lavanda ainda bem forte. Então, o garoto abaixou a toalha e ergueu o rosto, pronto para ver seu reflexo naquele enorme espelho de moldura dourada. 

Draco gritou.

— Draco? Loirinho? Dray-Dray? Você tá bem? O que tá acontecen... Oh. — Pansy correu para o banheiro, provavelmente tinha acabado de acordar com os gritos. Ela ficou quieta por um tempo, abrindo a boca diversas vezes na tentativa falha de fazer sair algum som, se encostando no batente da porta. Malfoy interrompeu o choque dela. 

—  Por que... Por que caralhos... O meu cabelo está pintado de rosa e verde?! — E era verdade. No meio daquele mar platinado naturalmente, havia diversos pedacinhos com a cor esverdeada e outros róseos. Ele parecia um personagem de anime. — Você nem tem tinta de cabelo, como que isso aconteceu?!

— Olha, ele não tá bem pintado. Algumas mechas só estão coloridas... Pelo menos não foi o cabelo inteiro e deve dar pra tirar, eu tenho papel crepom aqui e acho que foi isso que você usou. Eu acho.  — Draco tinha uma resposta muito surtada e mal criada para sua amiga, mas ele nem ao menos conseguiu dizer nada, vendo a cara dela se tornar assustada no momento seguinte. — Puta que pariu, puta que pariu, Draco, a lista

— Que lista, Pansy Parkinson?! — Ele bufou, ela começou a explicar. 

— Toda vez que ficamos bêbados e não nos lembramos do que aconteceu, Blaise segue uma pequena lista de coisas que precisam ser checadas. Evita que a gente se meta em muitos problemas e resolva a tempo. Começando das mais leves para as mais graves. A primeira é, confira se está tudo bem com você. — Ela se aproximou do espelho, começando a erguer alguns cantos de sua roupa e se observar. 

— Espera, o que você tá fazendo? — Draco ainda estava processando o que ela disse. Eles ficavam tão bêbados assim a ponto de Blaise ter virado um expert em pós noitadas? 

— Eu tô procurando algum machucado ou pior... Uma tatuagem. — Ela então parou. Suspirou e olhou seu rosto pela primeira vez desde que acordara, nesta noite desgraçada. Deveria ser em torno das sete. Então, ela percebeu, em meio aos seus fios pretos, um pequeno grampinho no meio da cabeça que parecia segurar uma grande parte do seu cabelo. — Oh, merda, achei. — Na mesma hora em que tirou o grampo sem muita delicadeza, jogou a cabeça para frente e voltou, revelando uma franja fina, meio selvagem e até que bastante reta para uma bêbada. Ela começou a tentar arrumar aquilo em seu rosto desesperadamente. 

— Pansy, você tá igualzinha o Willy Wonka! — Foi tudo que Draco disse como o bom amigo prestativo que ele era. Enchendo o cômodo de risadas agradáveis e debochadas. 

— Cala a boca, Oompa-Lompa! — Ela revidou, Draco fez uma falsa cara de ofensa. — Aí, pelo menos não tá tão mas tão ruim assim. 

— Bem, raspar no zero ainda é uma opção. 

— Não! Eu gosto muito do meu cabelo pra isso. — Ela respirou fundo. — Okay, próximo... Ver se tem alguém mal no quarto e expulsar de casa. É, não tem ninguém, nós não seríamos capazes de chamar ninguém. — Ela pareceu um pouco mais aliviada mas logo depois arregalou os olhos. — Mensagens pra ex. 

— Espera como assim...? 

— Draco, mandar mensagem bêbado pra ex. Essa é clássica!— A garota praticamente empurrou seu amigo para um lado e saiu em disparada pelo quarto. — Cadê meu celular?! Deus, eu ainda tenho o número de umas dez ex-ficantes! Imagina se eu ligo pra uma delas? Depois de sumir?!

Draco Malfoy ficou pálido na hora. Ele não tinha ex-ficantes para quem pudesse ligar ou mandar mensagem quando estivesse bêbado, era inteligente o suficiente para se livrar do número deles no exato instante em que parava de beija-los. 

Todavia, tinha uma única pessoa em que ele não poderia, em hipótese alguma mandar mensagem inconsciente e para piorar, não lembrar depois. 

— Pansy, espera aí, espera. — Ele saiu do banheiro imediatamente, impedindo a amiga de bagunçar ainda mais todo o quarto. — Já procurou nas beiradas da cama? As vezes cai... — Ele não precisou nem terminar, ela rapidamente correu até o canto da cama, a arrastando para o lado e procurando pelos aparelhos. Seus rostos tinham cenhos franzidos de preocupação, nervosismo e não ficaram melhores quando puxou dali dois iPhones de capinhas opostas. Uma completamente na cor preta fosca e a outra azul bebê com desenhos de nuvens. 

— Achei. — Pansy disse, entregando o celular de capa azul a Draco. Eles ligaram o celular, procurando pelas mensagens. 

O rosto da nova franjudinha se tornou vinte vezes mais jovem com a tranquilidade e ali surgiu um sorriso. 

— Ah, minha deusa, não fiz nenhuma cagada, obrigada! — Então se jogou de costas na cama. — Pela primeira vez, os humilhados foram exaltados! — Ela se ergueu, se sentando e puxando o cobertor de cetim verde escuro para perto do seu corpo. — E você, loirinho? — O sorriso dela morreu quando viu o estado pálido e trêmulo de Draco. — Puta que pariu, quem foi? 

— Eu acabei de mandar pro Garoto de Ouro que quero fazer uma vídeo chamada com ele amanhã. E muita, muita coisa sobre como eu queria dar esse passo porque me sinto confortável e e-eu acho que estamos prontos pra isso. Ah, merda. Ah, merda. — O loiro fechou os olhos com força e os punhos também. — E ele aceitou. E foi a mensagem mais linda que eu já recebi. 

— Mas... Isso não é uma coisa ruim. — Ela se aproximou do rosto dele, tocando o com as duas mãos. — Eu acho que você tá mesmo pronto pra isso. 

— Não era você quem disse que eu estava sendo um tolo? — Ela pode ver suas orbes azuis novamente, lentamente. — Eu não quero perder mais um amigo, Pans. 

— Você não vai. Esquece o que eu disse, eu tava preocupada. Se esse garoto aceitou, é porque ele tá pronto para a verdade. Você é Draco Malfoy. E você pode ter o pior histórico do mundo mas ainda tem um coração bom. — Ela tirou as mãos do rosto dele. — Agora, escova os dentes, toma um banho, veste uma das minhas roupas e vai pra casa. Você vai comer alguma coisa leve, conversar direitinho com ele e não amarelar. E se precisar de ajuda para se sentir mais seguro, eu e Blaise vamos correndo pra sua casa te dar apoio. 

— Eu te odeio. — Draco murmurou, abraçando sua melhor amiga com força. — Te odeio muito. 

— Também te odeio, loirinho. — Ela deu um sorriso, feliz de ter seu amigo de volta. — Mas sério, vai logo escovar os dentes. Acho que nem esse Gado de Ouro te beijaria se visse como tá a situação. 

Draco revirou os olhos, se afastando dela e correndo de volta para o banheiro. 

— Ah, e ele não vai me beijar de qualquer forma! Nós não gostamos um do outro desse jeito. É puramente amizade. 

Pansy Parkinson, esparramada na cama deu uma risada alta e espalhafatosa. 

— Aceite os fatos, Draco. Você e ele vão virar o casal mais meloso do mundo quando se conhecerem. — Ela sorriu mais ainda. — Aceite os fatos! 

O loiro, agora rosa e verde também, simplesmente fechou a porta do banheiro, escondendo dela e de si mesmo, o sorriso feliz que esticava suas bochechas. 

Feliz

Ele tinha sentido falta disso. Era tão bom

[💘]

Notas finais:

ESTAMOS CAMINHANDO PARA O FINAL DE UM ARCO MORES 🗣️ acho que vocês já sabem o que o próximo capítulo guarda KKKKKK

Me digam o que acharam, o que sentiram, o que mais gostaram e um beijo pra todo mundo

Até o próximo.

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