10. Then, he touched my hand
Notas iniciais:
ANTES DE COMEÇARMOS, ALGUNS AVISOS *tossidinha~
Primeiro, a explicação para o meu sumiço: Gente, eu sou uma estudante de ensino médio. As aulas consomem todo o tempo que eu tinha para escrever, a tarde.
Segundo, eu infelizmente não sou mentalmente estável. Não quero compartilhar essa parte da minha vida, porque ela é bem complicada. Eu vou regulamente a uma psicóloga e estou sendo corretamente medicada, então, não se preocupem com isso. Mas, sim, foi um dos motivos do meu afastamento.
Terceiro, além de escrever... Eu desenho! E eu estou trabalhando em uma hq e isso é complicado. Ainda mais porque eu mudei todo o meu roteiro nessas últimas semanas. :{ Estou morrendo de tanto trabalhar.
E quarto, eu estou participando do dezdrarry! É um projeto de fanfics Drarry para dezembro e eu recomendo vocês passarem no twitter de mesmo nome quem se interessar em participar ou ir seguir o perfil no wattpad - também de mesmo nome - para acompanharem as histórias que eu e mais um grupo de autores estarão postando sobre Drarry durante todo o mês de dezembro!
Como podem ver, eu estou lotada de coisas. Sou muito cuidadosa quando se trata de desenvolver uma história minimamente coesa pra vocês. Desculpe novamente pela demora, vou tentar evitar que isso aconteça novamente.
Aproveitem o começo do novo arco. O que acham do jogo título? Risos. Hoje tem cerca sete mil palavras pra vocês lerem <3 e muito desenvolvimento também.
Ps: como compensação pela demora, se vocês tiverem alguma pergunta relacionada a história e que envolva um acontecimento futuro - vulgo spoiler - eu estarei disponível para responder o máximo que eu puder.
Beijos e boa leitura.
[💘]
— Sr. Potter e Sr. Malfoy, eu realmente entendo que a sua geração tenha sido criada em meio a tecnologia e por isso o desapego seja algo tão difícil. Todavia, ainda estamos em uma instituição de ensino e vocês têm regras a cumprir. — Srta. McGonnagal, com seu ar de autoridade, suspirou e aumentou o seu tom de voz em seguida. — Me passem os celulares, agora!
Foi uma cena muito, mas muito ridícula de constrangedora. Em uma sala de trinta alunos, todos os olhares daqueles adolescentes fofoqueiros estavam neles. Os dois garotos se encontravam sentados em hemisférios diferentes da sala de aula, Harry Potter mais a frente, com seus amigos sentados próximos de si, fazendo uma espécie de circulo distorcido ao seu redor e alguns membros do time basquete também estavam naquele canto. Draco Malfoy permanecia mais ao fundo, cercado de membros do time de vôlei - o que era estranho, visto que o grupo tinha o evitado desde a prisão de seu pai e sua grande entrada no ônibus escolar, a alguns meses atrás - e seus únicos dois amigos: Pansy e Blaise, estavam sentados um a sua frente e o outro na sua retaguarda. A professora de física passou pelo dois com a mão direita e esquerda erguidas, apenas esperando que seus dois alunos chamativos depositassem os aparelhos na palma de suas mãos e meio - muito - contrariados, o fizeram.
Vamos ao dissecamento da cena, porque muita coisa está acontecendo aqui, essa era a terceira vez nessa mesma semana em que tal ocorrência se realizava. Na primeira, todos ficaram surpresos, afinal, o Santo Potter nunca tinha sido chamado por uso indevido de celular durante a aula. Malfoy também não, porém, quem é que estava esperando notícias boas vindas da parte dele, honestamente? E depois de algumas brincadeiras sobre Harry estar "perdendo seu jeitinho", a turma logo se esqueceu do ocorrido e não somaram dois mais dois.
Na segunda vez, ouve aquela breve sensação de "De novo?" mas eles continuaram seguindo suas vidas. Coincidências acontecem, risos. Como o destino é hilário. Um grande comediante com um humor muito esquisito.
Nessa terceira, McGonnagal - a qual mais sofria com suas aulas sendo atrapalhadas pelo uso desenfreado do celular pelos dois e seus tectectec agonizantes - já não estava mais irritada, ela estava completamente intrigada. Aquela mulher tinha passado anos de sua vida como educadora assistindo esses dois se pentelharem como as duas crianças imaturas que eram, para, de repente, elas entrarem em um convívio pacífico, onde não conseguem nem parar de digitar durante às aulas. Se não fosse invasão de privacidade, Minerva se sentiria muito inclinada a ler sobre o assunto tão interessante sobre o qual seus dedinhos digitavam com tanta agilidade. Eles mal piscavam. E ela tinha certeza que conversavam entre si. Atentamente, tinha percebido como suas expressões e movimentos sempre se completavam perfeitamente.
Todos da sala também estavam em um estado de humor muito parecido. Todos queriam saber um pouquinho do que estava acontecendo com sua dupla de entretenimento favorita. A qual depois de uma longa pausa tinha voltado cheia de segredinhos, aparentemente. Draco não se encolheu diante dos olhares deles, aqueles olhares inquisidores, ele era um Malfoy. Estava acostumado com pessoas o secando daquele jeito. Mesmo que isso o fizesse se sentir muito mal e quase nu, ele aguentaria tudo com sua expressão fechada, longe de tudo e todos. Assustador.
Harry Potter não sabia bem como manter uma expressão assim. Ele só continuava de boa e agindo normalmente - embora, internamente, ele estivesse gritando para que sua professora devolvesse seu celular. Simplificando, Harry não dava a mínima para o pensamento alheio sobre ele, tudo que o garoto queria era continuar a intensa discussão sobre qual o melhor sabor de sorvete do mundo com Draco - o qual nunca tinha provado o sabor Pedacinho Do Céu e explicava que gelato era um tipo muito diferente dos sorvetes comuns de supermercado.
Então, Minerva McGonnagal chamou a atenção de seus alunos novamente, batendo levemente na sua lousa, apenas para provocar um barulho alto e se tornar o alvo de todos aqueles olhos novamente. Porque física é realmente muito mais importante do que quaisquer fofoca rolando entre os alunos que possa existir e, no caso de Harry e Draco, gelatos - mesmo que essa seja uma opinião bem impopular, é a verdade.
Harry Potter era um estudante demasiadamente esperto e teimoso. Contudo, até ele tinha que admitir que trocar mensagens com Draco durante as aulas estava tendo efeitos péssimos no seu aprendizado. O garoto estava fazendo um esforço triplo para acompanhar a explicação a sua frente, naquele momento.
Mas ele não tinha culpa de que conversar com o menino loiro - e ocasionalmente rosa e verde, pois Draco nunca admitia que estava gostando da ideia de ter partes coloridas em seu cabelo para poder usá-lo de tal jeito todos os dias - era algo tão bom. Ele nunca se cansava ou ficava entediado. Tinha começado com a vontade eletrizante de Harry em elogiar as roupas que Draco estava usando, sempre uma mais estilosa do que a outra e de repente tinha virado uma conversa extensa que parecia nunca ter fim. Eles falavam sobre clima, comida, filmes, livros, fofocas, sobre todas as outras pessoas ao seu redor, tudo e mais um pouco. Tão naturalmente e tão gostoso. Às vezes Harry pegava Draco lutando contra uma risada e daí em diante ele não conseguia tirar o olhar de cima do menino. Nem ao menos passava pela sua cabeça que o Malfoy fazia o mesmo, que ele assistia o seu sorriso bobo e contemplava sozinho o quão bonito ele era. As sobrancelhas grossas, o cabelo cacheado, a pele negra e brilhante, os cílios compridos, os olhos verdes, os lábios grossos. Tudo. Ele.
No instante em que tiveram seus celulares confiscados, eles conseguiram esse momento de ficar apenas dando olhares de canto um para outro. Draco queria desenhar todo o rosto de Harry com uma só linha e colocar de papel de parede no seu celular - vê-lo todos os dias, carrega-lo sempre consigo. Harry queria desenhar com seus dedos todo o percurso da espinha dorsal de Draco - um abraço, ele queria tê-lo em seus braços.
Ele teria continuado com aquela expressão sonhadora por horas a fio, se não tivesse sido acertado com tudo na nuca por um bilhete de papel violento e voador como um míssel. Potter franziu o cenho, se esticando para pegar o bilhete repousado ao lado de seus pés. Ele abriu a folha e começou a ler mentalmente:
"Vocês são muito estranhos. Sério. Quando vai contar para nós o que está acontecendo entre você e o Malfoy? Não conta para a Mi que eu te mandei isso. Ela está dizendo para te dar espaço - espaço para que?! Nada está rolando! Certo...?
- Ass: Ron"
Harry Potter engoliu em seco. Nós vamos resolver a questão com meus amigos mais tarde, ele prometera a Draco. E o amanhã se tornou depois de amanhã e depois e mais um pouco depois. Ele não podia mais esperar. O tempo tinha acabado.
Infelizmente.
[💘]
— Então... Vai me dizer o que está acontecendo ou eu vou ter que adivinhar? — Draco Malfoy, com seu vestido preto sobreposto a sua camisa verde bebê, estava encostado no tronco do salgueiro, bem longe e ao mesmo tempo bem perto da escola, apreciando a sombra fornecida pela árvore e olhando para Harry daquele jeito astuto que parecia gritar "Abre a boca logo de uma vez, homem!".
— Bem... — Harry estava usando a sua jaqueta do time de basquete Grifinória, a qual tinha seu nome estampado nas costas e o símbolo deles; um leão, a roupa também tinha bolsos nas laterais, os quais eram perfeitos para que ele pudesse esconder suas mãos quando estava nervoso. Do mesmo jeito que ele estava fazendo nesse mesmo instante. O garoto mordeu um pouco a parte de dentro da bochecha. — Eu quero... Eu queria... Que o Ron e a Hermione conhecessem você.
— Bem, eu acredito que ambos já me conhecem, Harry. E eles não tem boas impressões. — O loiro ajeitou a coluna e cruzou os braços, se aproximando do amigo. — Eu os incomodei por um bom tempo e eu e Hermione ainda competimos no ranking de melhor aluno da classe, não sei se é uma boa ideia começarmos a nos misturar. Eu sequer pedi desculpas formalmente para eles! Sequer sei como você não fugiu de mim quando descobriu que eu era o Príncipe...
— Eu já tenho sentimentos muito fortes por você pra isso. E você sabe, Grifinórios são conhecidos pela coragem e não pela covardia. — O cacheado murmurou, muito mais para si do que para o outro. Ele levou às suas mãos para os braços pálidos de Draco, fazendo uma carícia suave ali. — Confia em mim, meus amigos são muito mais abertos a novidades do que você pensa. Bem, pelo menos se for um pedido meu...
— Tudo bem, Harry, eu entendi. — Ele suspirou, parecendo derrotado. — Não prometo que vou ser gentil se o Wealsey vir atacando paus e pedras em mim. E você sabe que é o que ele irá fazer.
— Não se preocupe com isso, sério. — Ele deu um sorriso, ficando mais aliviado com a resposta do outro.
— Mas, sabe, Harry, eu não aceito nada sem saber que eu vou ganhar alguma coisa com isso. Eu tenho uma condição. — Potter suspirou, sabia que estava comemorando cedo demais. Sorrateiro como uma serpente - o símbolo do uniforme Sonserino.
— E qual seria?
— Nada mais justo do que você conhecer Pansy e Blaise, também. Na verdade, acho melhor nós sairmos em grupo. — Ele tem aquele sorrisinho sacana estampado sem um pingo de vergonha em seu rosto. Draco não era burro. Um encontro desse poderia ser traduzido como um "vale tudo ou nada". Se ele simplesmente se encontrasse com os amigos de Harry, seu novo amigo com toda certeza enrolaria ao máximo para conhecer o seu próprio grupinho e como nenhum dos dois poderia adiar mais o evento de resolver suas intrigas passadas, igualar suas situações era o máximo que podia fazer para não sair perdendo da situação. Se Draco Malfoy tinha abandonado seus dias arrogantes e de agressões passivas e estava em busca de redenção e uma descoberta por si mesmo, seus amigos também tinham o direito de tentar fazer algo parecido. E o loirinho os conhecia bem o suficiente para saber que eles queriam isso. — Eu escolho o lugar e a hora! —Ele pegou um pouquinho de vantagem e Harry abriu a boca, como se estivesse lutando para poder retrucar esse último detalhe mas foi definitivamente calado com os lábios de Draco selando-se em sua bochecha, dando um beijo casto, estalado e rápido ali. O cacheado sentiu seu corpo inteiro se arrepiando e alguma coisa esquentando no seu estômago. Não, não era azia. Parecia mais caranguejos lutando com sabres de luz. — Sabia que você iria concordar!
— Você é ardiloso. Sério. — O garoto respondeu, assistindo seu Príncipe sair de perto de si, voltando a se encostar na árvore, com os braços para trás e as pernas unidas um pouco para frente. Ele tinha aquele sorriso divertido e travesso e Harry tinha um sorriso bobo, sentindo-se completamente encantado e perdido. Ele abaixou seu olhar, o levando para a grama, sua atenção sendo capturada por alguma coisa entre aquele verde, perto das raízes do salgueiro. Franziu suas sobrancelhas quando percebeu que se tratava de um caderno. Tirou uma das mãos do bolso e apontou para o item. — Você que trouxe?
— Ah, isso? — Malfoy se agachou rapidamente, apenas para pegar o caderno de capa dura e aproxima-lo do seu corpo, como se pudesse protegê-lo de alguma coisa. — Eu estava apenas desenhando um pouco. Você estava conversando com o time e eu não queria ficar esperando sem fazer nada. Aliás, sobre o que vocês estavam discutindo, mesmo?
— Eu quero muito te contar sobre o que é, porque essa notícia me acertou em cheio. — Potter mordeu o lábio, mal se contendo de tanta empolgação. Mas teve que se contentar em respirar fundo e tentar prender toda aquela euforia dentro de si. — Mas eu não posso. Não agora. Mas você vai descobrir, prometo! — Então, virou um pouquinho o corpo para a esquerda, focando no que as mãos do garoto em sua frente seguravam com tanto afinco. — Você nunca me mostrou os seus desenhos. Exceto daquela vez com o esbarrão e todo o lance de "me deixe em paz"...
— Eu prefiro não fazê-lo... São... São simples, okay? Você vai se decepcionar. E... Espera, eu não te disse de quem aqueles desenhos eram. Na verdade, eu acho que cheguei até a dizer que aqueles desenhos eram da Srta. Trewlaney! — Então, suas bochechas ganharam um tom muito rosado de constragimento.— Eu estava muito estressado, tudo bem? E você me perseguindo mesmo depois da minha vida estar visivelmente uma catastrófe e apontando o dedo para uma coisa que não tinha nada a haver comigo, era tudo que eu menos precisava. Você não é nenhum salvador da pátria para ter que se achar responsável em encontrar o culpado de toda aquela situação. Me irritou bastante.
— Não vou me desculpar pelas minha intenções em ajudar alguém. Mas, de certo modo, consigo ver seu lado. E sinto muito por ter te julgado sem mais, nem menos. — Harry parecia verdadeiramente arrependido e Draco percebeu, levando em conta suas palavras. — Um dia eu gostaria de ver seus desenho, pode me mostrar quando estive confortável, sem mais espiadas. Eles são mesmo muito lindos... — Harry pigarrerou. — Remus quem me contou que os desenhos eram seus. Ele também disse que você estava trabalhando com a professora de artes na loja de roupas dela. Foi umas das coisas que me fez pensar se você não poderia ser o Príncipe.
— Ah, sim. Eu estou mesmo trabalhando. Sei que não é o esperado vindo de alguém como eu. De um Malfoy. — O loiro pareceu meio envergonhado por um momento e isso raramente acontecia. Harry ficou encantado e divertido em vê-lo lidando de forma silenciosa com isso. — Mas eu acho divertido. Gosto que meus desenhos estejam sendo usados para algo útil. — Draco suspirou. — Não consigo entender como você conseguiu somar dois mais dois e ter uma ideia de quem eu era... E eu nunca pensei que o Garoto de Ouro pudesse ser você.
— Por que você se sente confortável com outras pessoas usando o que você desenha mas não se sente confortável comigo olhando seu trabalho? — Potter o encarou direto nos olhos, em uma tentativa de fazê-lo ser honesto. A pergunta soará rápida como um tiro. Harry simplesmente não tinha conseguido segura-la na sua língua. Draco estremeceu um pouco. — E eu acho que não teria mesmo como você saber. Nós nunca conversamos um com o outro, sabe, uma conversa de verdade, pra poder fazer alguma comparação. Nunca passaria pela sua cabeça que eu poderia ser alguém legal como o Garoto de Ouro. Além do mais, só me veio essa teoria de que o Príncipe era você até a minha cabeça por causa da irmã da sua mãe, Andrômeda.
— Espera, como assim você conversou com a Andrômeda? Andrômeda Tonks? Ela foi expulsa da família, deus, Harry! Me explica isso, agora. — Malfoy tinha seus olhos arregalados, contudo, os abaixou e respirou fundo para responder a primeira pergunta dele. — Eu me importo com a opinião do Garoto De Ouro. Não faço ideia do porquê, porém, suas opiniões me atingem de um jeito muito diferente que às dos outros. Para o Harry Potter, eu obviamente não ia dizer que eram meus, mas eu não me importava o suficiente para não mostra-los. E agora que eu sei que você é o Garoto De Ouro... Isso... Só não quero que você tenha uma visão medíocre de mim, eu acho. Desenho sempre foi uma parte minha que eu nunca soube direito como lidar. É tudo tão livre, sabe? Eu nunca tive nenhum aspecto na minha vida que pudesse ser assim. Sem regras, apenas guias. Minhas próprias decisões. É por isso que eu gosto de química, é a minha zona de conforto. Exatas. Guias do que se pode e não pode fazer. Eu deveria ter repulsa de arte, mas não é bem assim.
— Isso é muito lindo, Draco. Mas você não tem que agradar as pessoas só porque você se importa com elas, você sabe disso agora, né? Têm outras formas de demonstrar isso.
— Demorei para descobrir, mas, sim, eu sei... Agora. Nessas férias, onde eu tive muitos choques de realidade de uma vez, tudo que eu passei com a mídia e meu pai nos primeiros dias foi o que me fez perceber algumas coisas. Rever meus princípios e minhas prioridades. Eu só queria que alguém tivesse falando isso para o Malfoy do ano passado. Desesperado para agradar um homem que, nesse exato momento, está na cadeia, a caminho de um julgamento em vez da vida precisar me dar um grande soco.— Draco cruzou os braços, de repente, se sentindo um pouco melancólico. — Porque eu nunca achei que ele poderia estar errado sobre qualquer coisa. — Suas íris claras começaram a apontar para os próprios pés. — Desculpa, péssimo momento para isso.
Potter apenas se sentou na grama macia, dando algumas batidinhas com a mão no espaço ao seu lado, indicando para Malfoy se sentar, também. O loiro torceu um pouco o nariz com a possibilidade de sujar seu vestido, porém, acabou por se sentar mesmo assim. E ele viu que tinha válido a pena quando sentiu o braço de Potter passando pelos seus ombros, as laterais dos seus corpos se encostando, joelho com joelho. Não se impediu de encostar sua cabeça no ombro dele, contudo, se auto preservou da vontade absurda de esconder seu rosto na dobra do pescoço dele. Apenas absorvendo o cheiro de lavanda e sol em sua pele. Draco sentiu o queixo de Harry pousando em seu cabelo, no topo de sua cabeça, o rosto dele se aproximando aos seus fios e se afundando ali. Ele sentiu-se de uma forma muito estranha e muito confortável. Se sentiu verdadeiramente protegido. E era o melhor sentimento que já tinha passado por si.
Essa era a primeira vez em que eles tinham trocado toques tão íntimos. E Malfoy se perguntou por que tinha demorado tanto para aceitar recebê-lo antes.
— Nunca é um péssimo momento para te escutar. —Harry murmurou. — Sei como é passar muito tempo em silêncio. Nunca é bom. Não faz bem.
— Sabe, eu briguei com a Pansy porque ela sempre está insistindo e surtando por eu não me abrir com ela. Eu a conheço faz anos e simplesmente não entendo como você me fez confiar tanto em você em tão pouco tempo comparado a eles. Talvez seja a falta de indentidade no primeiro momento em que nos falamos e às regalias do anonimato, eu não sei. E o pior é que eu entendo o sentimento dela, agora. Eu quero muito saber sobre o passado que você apenas menciona. Saber com detalhes. Mas também vou deixar isso acontecer no seu tempo. — Draco fechou os olhos, apenas se deixando levar pela brisa batendo em seu rosto e o apoio do seu Garoto de Ouro. — Eu também gostaria de ter o infinito de você.
— Você tem o infinito de mim, Draco. Eu apenas não gosto de reviver o meu passado. Não tenho... Tanto problema com ele. Apenas evito. — Harry procurou a mão de Draco de uma maneira puramente instintiva e o loiro permitiu, eles sentiram um breve arrepio passando por si. E ignoraram o sentimento. — Eu vivi por muito tempo em um lar abusivo, te contei dos meus tios, meu padrinho estava preso injustamente. Acho que você já sabe essas coisas. Tem também a época que uns garotos mais velhos me incomodavam e meus amigos também... E... Acho que é por isso que ficamos tão sensíveis com o jeito metido de você e dos seus amigos. Não era nada comparado ao de quando éramos mais novos, só que, infelizmente, vocês serviam como um grande gatilho. Principalmente para o Ron. — Harry sorriu pequeno e sem graça. — Até que eu achava engraçado o seu sotaque falando o meu sobrenome e algumas brincadeiras mais bobas.
— Espero que um dia você me perdoe. Eu nunca fui bom me envolvendo socialmente. Sempre tive tudo... Exceto convívio com às outras pessoas. Você estava lá, recebendo a atenção de todos por admiração, o filho de James Potter! O garoto que sobreviveu! Oh, vejam como ele é gentil! E eu só conseguia ver um garoto com uma cicatriz estranha na testa, um ruivo sardento e uma menina com péssimo gosto pra moda, ugh. Eu entendo que a Granger ache que a aparência não tem tanta importância mas puta que pariu! Astória estava quase puxando ela pro banheiro pra fazer picadinho daquele suéter quadriculado dela e definir corretamente os cachos dela. É fofo em alguns momentos o estilo dela mas é tão desleixado, ah, isso me destrói! — Draco deu um sorrisinho. — Aliás... O seu cabelo...
— Eu já perdoei, Draco. Resta você perdoar a si mesmo. Pela sua família, por tudo. — Harry disse e o coração de seu amigo ficou pesado como uma pedra. Se aliviando um pouquinho quando o garoto de pele escura deu uma risada divertida com a primeira impressão de Draco e seus amigos sobre ele e seus dois companheiros. — Hermione não deixa ninguém tocar no cabelo dela. Mas, você já insistiu tanto em fazer suas loucuras no meu. Eu permito... — Ele sentiu a animação do menino, e estaria mentindo se disesse que isso o contagiou também. — Contanto que você me pague uma torta de melaço, de novo e me prometa que não vai me deixar careca ou tentar alisar meu cabelo.
— Quando você ficou tão inteligente emocionalmente? — E então Draco abriu a boca em choque. — Por que eu tentaria alisar o seu cabelo?! Você tem ondulações lindas. Você só não hidrata, por isso parece que tá sempre rebelde. Porque está seco. Blaise era super cuidadoso com o cabelo dele por causa de uma época que ele teve dreads, não sei se você lembra... E ele me ensinou muita coisa. Por que você acha que o cabelo da Pansy tá sempre tão brilhante? Quem cuida daquela maricona sou eu! — Harry achou que nunca conseguiria ter forças parar de rir do "maricona".
— Meus tios odiavam meu cabelo e minha pele. Eles alisavam ou cortavam meu cabelo de um jeito horrível. Acho que se não fosse pela Mione e a família dela, eu teria passado muito tempo ignorando e odiando ser negro. — Ele apertou a mão de Draco com um pouco mais de força, acariciando suas juntas quando viu o olhar preocupado dele sob si como se tivesse pedindo para não ligar para suas palavras e tirar os pensamentos de assassinar seus tios da sua cabeça. Ele mudou de assunto. — Conviva anos da sua vida com Remus Lupin e Sirius Black na mesma casa, você começa a se sentir na obrigação de aprender algumas coisas. — Os dois deram uma risada agradável, terminando apenas quando Malfoy arregalou seus olhos em surpresa.
— Harry... Eu não sei muita coisa sobre a sua família. Eu sabia que você morava com o Lupin e com o seu padrinho. — Ele parecia chocado. — Mas eu não tinha ideia de que ele era Sirius Black. Minha mãe contava sobre ele quando eu era mais novo! Ela não gostava tanto, é claro, afinal, ele foi deserdado... Assim como uma das irmãs dela. A Andrômeda... Ela também não gostava de falar dele porque meu pai odeia todos os relacionados com a família Potter. Ou traidores, como dizem daquele jeito conservador das famílias ricas de Londres e toda aquela ladainha. — O loiro perdeu um pouco o foco, observando os ossos da mão de Harry e como os dedos dele combinavam com os seus. — E pensar que isso já foi muito importante para mim...
— Acho que riqueza ainda é bem importante pra você, se não, você não andaria por aí parecendo um modelo com tanta roupa cara. — Malfoy corou com o comentário mas logo abriu um sorriso sacana, se virando em direção o rosto de Harry.
— Você está me chamando de bonito? — Se Harry não tivesse a pele escura, o seu rubor teria com certeza ficado mais aparente.
— Yeah. Tipo... Talvez. — E Draco deu uma risada alta, porque ele sabia que o garoto do seu lado estava ficando envergonhado e uma bagunça por causa de si. O loiro mordeu um dos lábios. Eu também te acho bonito, garoto bobo. Pensara. — A propósito, eu nem te falei sobre a Andrômeda. O que você sabe sobre ela?
— Ah, sim. — Draco Malfoy estava muito interessado nesse assunto. — Minha mãe me contou o porquê dela ter sido deserdada mas sempre me disse que não fazia ideia do paradeiro atual dela. Ela é minha tia! Porra, Harry, você conviveu com ela?! — O loiro arregou os olhos. Ansiando suas respostas.
— Sim! Draco, ela tem um filho adotivo chamado Teddy e ele é uma gracinha. Ele me chama de padrinho. — Potter sorriu, lembrando do dia da piscina mas logo seu sorriso deu uma diminuída. — O marido dela morreu como um ajudante no oriente médio, se não me engano. Ele fazia trabalho voluntário por lá. E de repente, vieram com tiros... É uma história muito triste. Andrômeda nunca superou de verdade a morte dele, ela o amava demais. Ele se chamava Ted. O marido dela.
Houve um minuto de silêncio antes que Malfoy voltasse a falar.
— Até os meus oito anos, mais ou menos, minha mãe se sentava no pé da minha cama e contava a mesma história sobre uma princesa que largava o seu reino por amor. E de como uma das irmãs vibrou em fúria mas a outra chorou por várias noites sentindo a falta dela. — Draco sentiu seus lábios secarem. — Narcisa Malfoy é uma mulher que preza a segurança mas ela preza ainda mais as pessoas que lutam pelo o que elas querem de forma determinada. Acho que esse foi o único jeito que ela encontrou de manter a história da irmã viva sem enfurecer o meu pai. Ele sempre viu Andrômeda como o restante das outras famílias. Uma traidora dos bons costumes.
— Um dia, vamos fazer o reencontro das duas acontecer. — Harry não aguentou, sem perguntar, apenas virou o corpo e puxou Draco para perto do seu peito. O loiro deu um pulo de surpresa mas se permitiu aproveitar. Era uma posição estranha, Harry estava ajoelhado mas não sentado nos calcanhares, suas coxas estavam inclinadas e pressionando as canelas de Draco. Meio desconfortável, o loiro abriu suas pernas, permitindo o outro garoto ficar no meio delas. Draco segurou-se nos ombros de Harry para não cair de costas mas o garoto perdeu o equilíbrio quando tentou segurar o loiro pela cintura, fazendo ambos irem de encontro ao chão. Eles deram uma risada alta, ainda segurando um no outro.
— Harry, era pra você se apoiar no chão! — Malfoy ralhou entre os risos, esparramado sob a grama, ele não se incomodou com o peso do corpo de Potter sob o seu, em vez disso, deixou suas mãos passearem pelos fios de cabelo na sua nuca.
— Eu não achei que você fosse pesado a ponto de me fazer cair!
— Eu tenho um e setenta! Você esperava o que?! — Eles riram ainda mais. Harry ergueu o rosto e Fraco abaixou o seu ao mesmo tempo, eles estavam envergonhados, vermelhos e bagunçados. Mas era incrivelmente bom. — Me conta mais sobre e Andrômeda e o seu afilhado Teddy.
— O Teddy é uma criança incrível. Ele foi adotado quando era um bebê. Os pais dele morreram e não tinha ninguém na família que pudesse cuidar dele. Não importa muito, Andrômeda é a mãe dele e ele sempre vai ver ela desse jeito, eu acredito. Ela adotou o Teddy depois da morte do marido. Houve uma época... Em que ela engravidou, segundo o que Remus me disse. Mas... Bellatrix, a sua outra tia, foi na casa dela e a empurrou da escada. Ocorreu um aborto e isso machucou profundamente ela. Além de ajudar Sirius, Tonks também aceitou ajudar Remus para poder adquirir paz. A sua tia foi presa. Não a Andrômeda, a Bellatrix, no caso. Nós não gostamos de tocar nessa história, também. — Harry falava calmamente. — Teddy tem quatro anos, agora, mas vai fazer cinco daqui algumas semanas. Acho que ele adoraria conhecer o primo dele. Desde que lembre de trazer presentes, o garotinho é esperto e mimado. Parece você.
— Hey! — Draco revirou os olhos. — Não tenho como argumentar contra isso mas espera só. O que é teu tá guardado. — Potter deu mais uma risada alta.
— Vou mandar um convite pra você quando estiver mais próximo da data. Ele ama Nerf e brincadeiras com água.
— Hm, acho que você está tentando me dizer de forma subliminar que existem pistolas d'água na casa dele. Isso é alguma espécie de alerta?
— Você é esperto, Draco Malfoy. Mas não vou dar essa vantagem para você.
— Eu já tenho todas as informações que eu preciso. — Eles riram por muito tempo, Draco ergueu uma de suas sobrancelhas para ele. — Assustado, Pottah?
— Não mesmo. — Harry deu um sorriso de lado para o loiro, tirando as mãos que estavam embaixo do seu corpo e usando para acariciar as bochechas avermelhadas do loiro. Ele sussurou. — Você é lindo.
— Você também. — Draco sussurou. Eles ficaram um tempo em silêncio e Harry saiu de cima dele, apenas para se deitar ao seu lado, segurando sua mão. O loiro sentiu falta da pressão de seu peso contra sua caixa torácica e de algo com que seus dedos pudessem brincar, mas ele também gostava daquela posição. Então, não reclamou. — ...Eu vou te mostrar um dos meus desenhos. — O Malfoy disse depois de mais uns três minutos em silêncio, com apenas o som de alguns pássaros. — Se... Se nós somos mesmo parceiros de crime, eu tenho que confiar completamente em você, certo? E por isso, você tem que me prometer não julgar muito. — Ele soltou a mão de Potter, se sentando e erguendo seu mindinho até ele. — É assim que selamos promessas.
— Você sabe que promessa de dedinho é coisa de criança, né? — Harry disse, com vontade de rir mas pela feição séria de Draco, ele soube que talvez o garoto não tivesse tido experiências suficientes com crianças para saber. Logo, apenas entrelaçou seu mindinho no dele, também. — Eu prometo. — Quando soltaram os mindinhos, Harry não fez nenhuma indicação que iria se sentar, permanecendo deitado, apenas colocou as mãos atrás da cabeça.
— Eu estava desenhando algumas flores quando você chegou. — Malfoy se concetrou em abrir o caderninho e navegar pelas páginas, quando encontrou a que queria, se deitou de ladinho, colocando seu desenho no campo de visão de ambos. — São...
— Lírios. E uma constelação. — Ele completou. Olhando encantado para as linhas simples e que se completavam perfeitamente de forma contínua.
— É a constelação do cão maior e a constelação de Andrômeda. Eu tinha desenhado isso faz um tempo, porque eu amo estrelas e queria ter uma representação dos dois comigo. Eu escolhi fazer junto dos lírios porque é uma flor que significa várias coisas. Proteção, admiração, juventude, respeito...
— Draco, é lindo. Sério, isso é incrível. Eu amei. — Harry parecia verdadeiramente hipnotizado.
O loiro arrancou a folha do caderno. Ele voltou a se sentar, tirando uma caneta que estava presa contra a capa do caderno e anotou alguma coisa ali rapidamente. Ele depois voltou a de virar para Harry, com o papel dobrado.
— O nome da sua mãe é Lily, não é?
— Sim...
— Bem, se você gostou tanto, pode ficar com o desenho para você. — Ele deu um sorriso pequeno. — É um presente.
— Príncipe... Eu...
— Apenas me prometa que vai ler o que está escrito somente quando chegar em casa. — Harry sorriu quando viu o mindinho esticado de Draco e dessa vez, quando ele selou a promessa, não resistiu e beijou a própria mão. Como se selasse a promessa com carinho. Draco corou.
— Eu prometo.
[💘]
Haviam dois adolescentes na frente de Hermione Granger, porém, aos olhos dela, na sua frente haviam na verdade dois jumentos. Teimosos e empacados, a atrapalhando sua caminhada pelo refeitório com o seu namorado, Ronald Wealsey.
— O que você quer Parkinson? Zabini? — Ela cruzou os braços, olhando para os dois parados em sua frente com valentia. Blaise Zabini tinha aquela expressão séria e fria que costumava deixar todos os novatos com medo - ou uma admiração muito estranha - dele. Do contrário, a garota de franja estava com uma parte do rosto vermelha de tanto bufar, você podia ver a fúria escorrendo pelos seus poros. Os punhos cerrados, o corpo parecendo pronto para uma briga.
Granger conhecia muito bem a expressão do garoto negro mas a de Parkinson, nunca tinha nem visto antes! E elas estudavam juntas a anos. A cacheada conhecia a menina pelas suas gargalhadas altas, os sorrisos irritantes, as piscadinhas idiotas e tudo que for mais ridículo que o seu cérebro fosse capaz de pensar multiplicado por mil.
Mas ela nunca tinha visto Pansy Parkinson furiosa.
Se ela não achasse que a menina fosse o cúmulo da idiotice, talvez tivesse ficado um pouco assustada com aquela atípica imagem.
Na verdade, parando para analisar, a semana inteira dela estava sendo muito atípica. Primeiro, seu melhor amigo Harry Potter simplesmente tomava chá de sumiço durante os intervalos e só encontrava eles no finalzinho, sempre se safando de dar a ela alguma explicação sobre seu paradeiro. Não que ele devesse algo a ela, contudo, era inevitável não se preocupar. Tudo bem, ela podia engolir isso. Ela não era burra ou sofria de perda de memória recente. Hermione sabia que algo assim poderia acontecer desde a grande e fantástica revelação de Draco Malfoy como a razão dos suspiros de Harry - e minha nossa, ela já conseguia imaginar a dor de cabeça que isso iria dar. Será que ela era a única que se preocupava com as consequências que atos impensados podem trazer? Seu cérebro cético desacreditava completamente na possibilidade de Potter continuar com aquela paixão boba pelo desconhecido depois que descobrirá sua identidade. E ela meio que torceu para que essas escapadas tenham sido a forma de Harry de dar um final para a história dele com - ugh - Malfoy.
Draco fazia parte - isso se não era a própria abelha rainha - de um grupo de pessoas não muito boas. Eles poderiam ser considerados inofensivos mas de moral muito duvidosa. Ela não guardava raiva alguma das pentelhações de quando eles eram crianças, porém, sua preferência era que eles ficassem bem longe de si. Parkinson era recordista de expulsões, notas baixas e compartilhar drogas lícitas com outros alunos, Zabini era arrogante, metido, não tinha empatia nenhuma pelos outros e adorava pagar as pessoas para fazer deveres e outras coisas para ele. Ela lembrava de Astória e Theodore como se eles fossem fantasmas, os colecionadores de números. Os quebra corações. Lindos e fatais. Sempre dormindo com as pessoas e esnobando elas no dia seguinte. Crabbe e Goyble... Ela sabe que é errado, mas não conseguia ver eles como mais do que dois garotos idiotas e grandalhões.
Malfoy era o menos e o mais irritante ao mesmo tempo.
Malfoy ignorava tudo e a todos - não tão diferente de como é agora -, adorava fazer todos os tipos de comentários quando de travava dela e seus amigos. E mesmo que esses comentários fossem coisas bobas como um "cuidado por onde anda, Weasel" ou "Bela cicatriz, Potter". Eles funcionavam como gatilhos.
Harry sempre estava pronto para briga, porque eles estavam acostumados a ouvir comentários assim antes de apanharem na escola em que sofriam bullying. Ela não podia culpar Malfoy pela sua falta de tato social mas ela com toda certeza podia desgostar dele por isso. E ela o fazia muito bem. Ronald o fazia muito bem.
E Harry... Harry era uma incógnita quando se tratava de seus sentimentos. Ela apenas iria apoia-lo e protege-lo como fazia desde que o conhecerá.
Ela sentiu seu namorado se aproximando dela, se colocando em sua frente. Um movimento muito instintivo e protetor para caso a versão demoníaca de Parkinson resolvesse tentar uma briga na frente da cantina. E ela esperava muito que não a fizesse, ela tinha uma reputação para manter! E isso envolvia a inexistência de brigas.
— Como assim o que eu quero, Granger? Você não é uma idiota! PARA! De se fazer de sonsa!
— Não levanta a voz pra ela, garota. — Rony alertou, firmando sua voz.
— TUDO BEM, WEASLEY! ENTÃO, É PRA VOCÊ QUE EU VOU LEVANTAR! — Ela respirou fundo, fechando os punhos ainda mais forte. — Eu sei o que você está fazendo, sua estranha do caralho e pode ter certeza absoluta que você não vai se safar dessa. Você pode tentar ferrar com todos dessa escola, eu não me importo! Mas no instante que você mexe com um dos meus garotos, você está mexendo comigo. Eu estou clara?! Você não vai querer saber o que eu posso fazer com você...
— VOCÊ NEM OUSE AMEAÇAR A MINHA NAMORADA! ELA NÃO FEZ NADA DE ERRADO, SUA MANÍACA! — Ronald praticamente rosnou, tão vermelho e ofegante de raiva quanto a garota de salto agulha em sua frente.
— Nada de errado...? NADA DE ERRADO?! — Parkinson estava tremendo, ela bufou e Zabini deu um passo a frente, ligando a tela do celular que carregava consigo desde o começo da aproximação. — E do que se trata isso, então?
Hermione Granger olhou para a tela do celular e no mesmo instante seu queixo caiu, não resta dúvidas que Ronald Weasley soltou um alto e audível "Mas que porra é essa?!" Quando bateu os olhos na imagem a sua frente.
Não era nada mais, nada menos do que uma foto das costas de Harry Potter - o que era óbvio, afinal, estava o nome dele nas costas da jaqueta que todos os membros do time de basquete usavam agarrado a Draco Malfoy como se sua vida dependesse disso. Eles pareciam estar nos fundos do colégio, ou perto do salgueiro que apenas ela e Rony além de Harry e seus padrinhos conheciam. Não dava para saber, estava muito borrado. Draco estava sorrindo com o rosto contra o pescoço do garoto, sendo segurado pelos seus braços. A julgar pela roupa que ele estava usando, a foto devia ter sido tirada hoje. E o que mais surpreendeu foi a legenda da publicação;
"Eu estava apenas passando... Acho que o papai de alguém vai adorar saber quem é a nova líder de torcida do nosso jogador número um! Acham que presos podem receber fotos?"
E muitas, muitas curtidas.
— Por que eu seria a responsável por isso? Pensa um pouco, por que eu colocaria o Harry em exposição?! Ele é meu amigo, caso você tenha esquecido. — Granger de defendeu, levando suas sobrancelhas para baixo. Pansy deu uma gargalhada sem humor.
— Me poupe do seu teatro. Eu não sei o porquê você tentar colocar seu melhor amigo nesse massacre virtual. Mas de uma coisa eu tenho certeza: o fotógrafo que tirou as outras fotos e publicou é você, Granger. E nem tente negar pra mim!
— Você é maluca. Completamente insana. Não faz o menor sentido isso que você tá falando! Você está fazendo isso porque não passa de uma implicante! Uma viciada em atenção! — Weasley praticamente gritou no meio do refeitório. Blaise apenas ergueu uma sobrancelha em resposta ao ataque, trocando olhares com sua amiga.
— Será mesmo? — Pansy Parkinson disse com cautela, nesse ponto, algumas pessoas pessoas começaram a adquirir muito interesse pela briga, fazendo uma roda lentamente e bastante dispersa ao redor deles. A menina de cabelo preto ia se aproximando ao mesmo ritmo que ia falando. — Você vai mesmo mentir para o seu namorado, esse que tá te defendendo com unhas e dentes, Granger?
— Parkinson... — Hermione falou com um tom firme, como se pudesse proibi-la de dar mais um passo. Porém nem se ela tivesse esse poder a outra garota obedeceria. Pansy era incontrolável.
A cacheada esperava tudo, um soco, um tapa, um chute, apenas um blefe ou um alerta para que nunca mais chegasse perto deles. Mas não esperava a tela de um celular, brilhando contra as suas orbes.
Estampando na frente dela e de seu namorado, estava uma selfie dela com Blaise onde na parte de trás estava uma garota de cabelo cacheado, a silhueta, as roupas, uma parte do rosto com os traços completamente idênticos aos de Hermione, a qual segurava o celular apontado para o que aparentava ser metade do corpo de Cho Chang.
A menina empalideceu, sentindo-se enjoada. Não tinha para onde correr. Ali estava a prova do momento exato em que ela tirou a foto de Chang traindo seu namorado em uma festa que começou de uma forma desastrosa e terminará pior ainda.
Hermione Granger era o fotógrafo misterioso.
— Como você...
— Eu conheço essa cidade como a palma da minha mão. Eu conheço todas as festas dessa cidade. Eu conheço todas as pessoas dessa cidade. Ninguém realiza nada por aqui e estoura sem a minha presença. — Ela semicerrou os olhos. — Você se acha tão superior, não é? Você acha que sabe de tudo! Se acha inalcançável moralmente. Pelo o que, Granger? Por que nunca fumou? Por que nunca bebeu? Por que só tira notas altas? A sua mente é tão fechada, o pior erro das pessoas é me subestimar e você fez isso tão lindamente. E sabe, eu acho uma merda você expor desse jeito o casal perfeitinho. Mas tudo bem, você tinha que ser honesta e todas as essas merdas. — Pansy foi se afastando devagar. — Mas você não conhece o Draco. Você nunca conversou de verdade com ele. E fez isso. Mesmo depois dele ter te deixado em paz. Mesmo depois dele ter passado por todo tipo de situação nesses últimos meses. Você acha que é a primeira pessoa que o ameaça por causa do pai? Porque se sim, você com certeza não é tão inteligente quanto acha. Não mexa mais comigo ou com meus amigos, ou eu juro que te faço se arrepender mais ainda. — Ela se virou de costas, saindo andando ao lado de Blaise, que a abraçava de lado, murmurando alguma coisa pra ela. Provavelmente um pedido para que se acalmasse.
Hermione Granger voltou a ter um pouco de ar quando ela foi embora. Não estava preocupada com a ameaça de Pansy Parkinson. Ela não estava preocupada com os vários alunos fofocando ao seu redor, jurando estarem sendo discretos. Ela não estava preocupada com o rosto em choque de Cedrico Digorry depois de ouvir todo o ocorrido, saindo embora com os seus amigos ao seu encalço.
O que a machucou, de verdade e arrebatadoramente, foi o rosto estático de Ronald Weasley. Porque ele tinha acabado de descobrir que sua amiga de infância, sua namorada, o seu amor. Tinha escondido um segredo dele, tinha exposto pessoas sem o consentimento delas e pior, poderia ter feito o mesmo com o melhor amigo deles.
— Ron... — Ela tentou começar.
— Vamos sair daqui. — Ele disse, seco e baixo. — Então, eu ouço o que você tem a dizer. — Ele entrelaçou os dedos na mão dela e a puxou para fora do meio daquelas pessoas.
Eles caminharam por um bom tempo, sentindo os olhares queimando em suas costas e saíram da cantina diretamente para a frente da sala de artes. O corredor estava vazio agora. Logo, era o melhor lugar para poder ter uma conversa em privado. Ronald soltou a mão de Hermione e ela se sentiu sem forças - mas mesmo assim continuou falando. Ela precisava falar.
— Sim. Eu realmente tirei a foto da Cho. E eu realmente postei e depois sumi com a conta. Eu sei que parece estranho. Sei que parece errado. Mas não foi bem assim, eu juro. Eu troquei mensagens com ela explicando que tinha tirado a foto e que era para ela ser honesta com o Cedrico. Só que ela não quis! Eu não podia guardar esse segredo, é contra meus príncipios. Eu avisei pra ela... — Hermione se encostou contra a parede, pegando o celular e procurando o contato com a garota. O levando até o rosto de Rony. — Olha! — Ronald pegou o celular, começando a ler as mensagens que comprovavam as palavras dela. — E eu juro que eu só tive relação com essa foto. Aquela outra dos cigarros não foi eu e muito menos a do Harry com o Draco! A roupa que ele estava usando era de hoje e eu não sai de perto de você o dia inteiro! Como eu poderia ter tirado a foto? Eu sei que eu errei em expor a Chang, sabendo como a família dela ia reagir, como ela ia reagir... Mas eu não podia mentir para o Cedrico. Ele sempre foi legal com a gente.
— Mas você podia facilmente esconder isso de mim, não é?
— Ron, eu só não queria te meter em uma confusão por nada...
— Por nada?! Hermione, tudo que envolve você é importante pra mim! Sabe, a um tempo atrás era eu, você e o Harry contra o mundo mas de repente, vocês dois estão cheios de segredos! — O ruivo respirou fundo, tentando não explodir. — Eu sei que você não colocaria um holofote em cima do Harry. Eu acredito em você. Mas não pense que eu estou menos irritado. Caralho, você tem noção de quantos alunos a sua postagem atingiu? Porque caso não saiba, tem muitas pessoas desocupadas e loucas pra saber a sua identidade. Eu não acredito que tive que descobrir isso pela Parkinson...
— DESCULPA! — Hermione se exaltou. Ron arregalou os olhos. — Desculpa...
— Eu te desculpo. Porque eu sou muito apaixonado por você. — Ele suspirou. — Só que eu realmente gostaria de ter mais demonstrações suas de confiança. Você luta todas as suas batalhas como se estivesse sozinha! Eu sempre vou até a você quando preciso. Por que é tão difícil pra você fazer o mesmo? Você não acha que eu sou capaz de te apoiar? De te ajudar?
Hermione Granger quis chorar. Ronald a acolheu em seus braços, sem que ela se movesse para isso, porque mesmo chateado, ele a conhecia. Ele a amava. Ele nunca a deixaria desamparada.
— Ron... — Ela murmurou. — Eu vou melhorar isso. Eu prometo. Eu te amo...
— Estarei esperando. — Ele afundou seu rosto na curva do ombro dela, absorvendo seu perfume.
E enquanto ele pensava sobre como ela era seu lar. Hermione pensava no que poderia fazer para se desculpar com o ruivo - e muito provavelmente Harry quando ele descobrisse sobre tudo que estava acontecendo pelas suas costas enquanto ele vivia o paraíso ao lado de Malfoy.
Se a menina estivesse em um desenho animado, uma lâmpada teria acendido sob sua cabeça. Como aquilo era a vida real, a única coisa que brilhou foi o seu pequeno sorriso.
Ela sabia como consertar as coisas.
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