Capítulo 8: Mais Do Que Legados
Junho de 2014
Fora muito fácil conseguir a aprovação de Augusto e Genevieve. Desde que a senhorita Dooble, ou Gabe Cooper estivesse junto, nada parecia ser arriscado. Mas, o que a jovem Anelise mal se recordava desde a iniciação como uma Bessie, é que ambos os pais, um dia já fora jovem e seguira costumes semelhantes aos deles.
Quinze anos antes, Genevieve Mitchel Carling, saltara de um penhasco de quarenta e cinco metros de altura no mar, apenas como desafio de seus amigos da equipe. Na mesma época, Augusto Carling, acertara a vidraça da janela do chefe do gabinete do senador que morava próximo a sua antiga casa. E o restante dos herdeiros Mitchel, não corria muito longe disso. Afinal, quinze anos antes, Anelise era gerada.
Mas, agora, Anelise Mitchel Carling, ria descontraída, no carro dirigido pela senhora Cooper, que fazia questão de se esforçar a assemelhar-se com os gostos atuais da geração daqueles jovens, qual cantava estridentemente a plenos pulmões Happy de Pharrell Williams. Os jovens gargalhavam e cantarolavam a canção, enquanto a mulher de meia idade, ignorava o fato de dois dos seis quais ela carregava em seu carro de sete lugares, estarem completamente bêbados.
— Eu amo demais essa música... — Berrou Elene, rindo.
Anelise sorriu, mais por achar engraçado ela sentir uma felicidade imensa repentina, qual tinha a noção que acabaria em breve, como por saber que a jovem a sua frente, apenas se deixava levar pela euforia do momento.
— Porque ela sempre tem que estar bêbada? — perguntou Alice, bufando. Interrompendo momentaneamente, os pensamentos de Anelise que se voltava a letra da canção.
— Ah. Eu não sei — respondeu ela, com sinceridade. — Você é amiga dela a muito mais tempo do que eu. Porque acha que eu saberia?
Anelise estreitou as sobrancelhas e encarou a amiga que dera de ombros.
— Because I'm happy... Clap along, if you feel like that's what you wanna do...
Elene e Emily Cooper, cantarolavam ainda mais alto, enquanto a mais nova batia palmas.
Fora uma viagem de uma hora e meia animada. Não imaginava restar tanta energia depois de um dia agitado como aquele. Mas, quando desceram na casa de praia da família, sentira os olhos pesados de sono de repente se aliviarem. De longe, vira que ao fundo luzes estavam acesas e a melhor sensação do mundo lhe viera, ao observar a churrasqueira ligada, e mãos desconhecidas preparando um jantar.
— Não abusem no jantar, teremos muita coisa na fogueira durante a madrugada.— Avisou Gabe, agarrando uma mochila no porta-malas.
— Anelise, a propriedade dos Mitchel é cerca de quinhentos metros daqui, pela areia, você perceberá pela ponte de madeira que leva até o auto mar— contou a senhora Cooper— agora, a não ser que queiram ser os últimos a irem a fogueira, sugiro jantarem logo, e seguirem para as programações de vocês, meninos.
— Mas, e minhas...
— Eu peguei sua mochila— informou Alice, como se lê-se seus pensamentos.
— Muito obrigada— agradeceu Anelise.
Não houvera muito tempo para se trocarem, então Anelise apenas retirou o sapato que usava, trocando pelas sandálias, e um shorts que levara por precaução. Alice também optara por se trocar, e Elene que demorara horrores no banheiro, parecia incrivelmente deslumbrante em seu camisão.
— As vezes eu só desejo entrar em uma peça assim, sem me sentir um objeto circular encapado— revelou Alice, desanimada.
O complexo que a amiga carregava por conta de sua aparência, muita das vezes assustava Anelise, porque era mais do que preocupante.
— Eu não vejo dessa forma— respondeu Anelise— além do mais, eu aprendi a muito tempo que todos temos nossa beleza.
— Obrigada— agradecera Elene, de modo errôneo, deixando-se acreditar que ambas, a elogiavam.
— Ah, eu...
Anelise encarara a jovem, de modo desconcertado. A loira a sua frente, dera de ombros, empinara o nariz e agarra a alça da mala que deixara nos pés da escada, lembrando apenas de carregar sua pequena mochila.
Alice que seguia a seu lado, suspirava vez ou outra lutando internamente com seus pensamentos. Anelise por sua vez, deixava a amiga agarrar seu braço, como apoio, mas, se sentia cansada demais para passar tempo festejando.
— Ah, aqui estão vocês— comentou Sarah, em comemoração. — Estava começando a sentir saudades de vocês, porque aquele jantar nos Mitchels estava um porre sem fim. Sem ofensas.
Embora, a morena fosse sincera quanto as suas desculpas, Anelise não parava de pensar o quanto o senhor Samuel Smith deveria ter se esforçado para fazer com que o atrativo fosse o bastante para manter os membros da família, longe de um dos melhores momentos de sua vida.
— Não acho que precise se desculpar— respondeu Elene— Anelise está ciente que na realidade todos nós somos entendiados por assuntos monótonos sobre negócios.
— Aliás, porque é que não conseguem falar sobre outros assuntos?— Indagou Sarah, concordando com a amiga.
Na realidade, era impossível que jovens de quatorze a dezesseis anos viessem a compreender a complexidade do trabalho dos seus familiares. Mas, embora a tendência da conversa fosse seguir para reclames, as quatro jovens continuaram a acompanhar os garotos que se sentavam em grossos troncos sobre a areia, em volta de uma grande fogueira.
— O melhor de tudo, é que a legislação permite que façamos este tipo de evento apenas nesta região— explicava Gabe.
— A fogueira— Sussurrou Alice, na tentativa de ajudá-la a compreender o assunto.
— Ah!
— O irmão mais velho da minha ex-namorada chegou a ascender algo pela orla do porto de Boston, e a única coisa que aconteceu com ele, foi passar a noite em uma cela— contara Liu.
— Claro, sua ex tinha a mesma quantidade de patrimônio que os meus avós, ou seja...
— A família tinha a quantia suficiente para libertá-lo— explicou Gabe, enquanto uma desconhecida debatia a questão.
— Isso só torna a situação...
— Eu não sabia que Liu já tivera uma namorada— disse Anelise, unindo as sobrancelhas. Afinal o fato desconhecido por ela, poderia ser parcialmente incômodo para sua amiga.
— Ele teve— disse Alice, evidentemente incomodada— mas, ela foi embora para Nova York, cursar moda.
— Ah! — Anelise assentiu, logo depois de exclamar. Compreendendo a situação.
— Eu acho essa questão tão útil, porque na parte da praia em que estamos, podemos ficar a cerca um quilômetro de distância das casas— Explicou Gabe animado. — Desta forma...
— É aqui então que os Nerds se reúnem— dissera um rapaz louro, alto, de semblante não tão desconhecido, chamando a atenção de Elene, que por algum motivo parecera quase cuspir sua bebida recém-aberta e que incomodara Gabe, que fora interrompido— ah, o que foi pessoa?
Seu sotaque intenso e nada discreto, deixava claro que se tratava de um jovem britânico, logo, a mente de Anelise entrara em epifania por desconhecê-lo.
— Eu sei que essas carinhas indicam saudades— infelizmente, seu ego exaltado, deixava sua existência evidentemente insuportável.
— E que seria você?— indagou a outra garota que já ocupava a fogueira muito antes da senhorita Micthel-Carling chegar.
Um sorriso de escárnio surgiu nos lábios do jovem rapaz.
— Maximilliam Edward Green, Lorde Green, ou como costumam me chamar...
—Max— murmurou Elene, cabisbaixa, ainda relutante a encará-lo.
— Fascinante— zombara Narash.
— Isso é incomodo— resmungou Alice, nos ouvidos da amiga.
Em responta, Anelise assentira.
— Deixe eu ver — murmurou ele, colocando uma das mãos sobre o queixo — os gêmeos Patil. — Ele apontara para Narash e Sarah.
— Não somos gêmeos, cara, eu já lhe disse, um bilhão de vezes— rebateu Rash, indignando-se.
— Tanto faz— murmurou o rapaz, desdenhando— senhorita Dooble — ele aproximou-se depositando um beijo inesperado nas mãos de Alice, que ruborizara, e fora fuzilada por Elene— Yang, Cooper, Marsalli e Brandon — ele cumprimentara os amigos, e os desconhecidos, até os olhos pararem em Anelise, a quem vira muito brevemente— quanto a você...
— Senhorita Mitchel-Carling— respondeu ele, a apresentando, evidentemente incomodada pela presença do rapaz, e ignorando o fato de Anelise ter se dignado a erguer uma das mãos— sobrinha de seu amado Primo.
— Primo?— pensara Anelise, em voz alta. Porque a face do rapaz não era desconhecida, assim como seu sobrenome.
— George é primo da mãe dele, portanto...
— Ah, então você é a jovem repugnante que meu primo maldisse no último jantar em minha casa— revelou o jovem— mil desculpas por ele— um sorriso malicioso surgiu, enquanto a cumprimentava— ele nunca esteve tão errado.
— Sobre o que exatamente?
— Tudo, anjo.
— Não caia na conversa dele— pediu Elene.
— Ah querida. Como anda o menino prodígio mesmo?
O olhar de soslaio de Elene, seguido de um longo desdém, fizera clarear todo o clima pesado para ela.
— Sou Anelise Carling— ela estendeu a mão para cumprimentá-lo.
O sorriso largo e encantador do jovem, felizmente não a fizera derreter-se. Para a pouca compreensão de Anelise, este seria exatamente o tipo de rapaz que encantaria Elene, que acima de sua acidez e orgulho, possuía uma alma muito boa.
Já ao contrário de Gabe que parecia bufar pelas narinas, Max, era mais velho, galanteador como qualquer jovem inglês, e para a infelicidade pessoal de Anelise, muito parecido com George, o marido de Gerda.
— Suponho que esteja mais uma vez hospedado com os Mitchel, certo?— indagou Liu, se erguendo para lhe dar um abraço, na tentativa de quebrar todo aquele gelo.
— Na realidade, eu cheguei a pouco.— Revelara o loiro. — Estava em Boston, quando mamãe ligou me obrigando a pegar o primeiro carro que ela alugara para me trazer até aqui— ele arfou, se sentou na areia, ao lado de Liu, e encarou as meninas com o olhar perdido— ela está em Dubai a essa altura, e não aceitou nada a minha ideia de passar as férias de verão com alguns veteranos de Harvard, o que a fez mudar meus planos imediatamente.
— E qual é a graça das festas deles?— indagou Narash.
— Ah, quando for calouro lá, vai saber— um sorriso sustentado de malícia surgiu em seus lábios.
—Não irei para lá— Revelou Rash.
— Não?— Indagou o loiro, como se fosse algo absurdo. — Pra onde vai então?
— MIT, é o que nossos pais querem— revelou ele, logo apontando para a irmã.
— Você também yang?— indagou ele.
Liu balançou a cabeça em negativa, e depois sorriu envergonhado.
— Vou me candidatar a quatro universidades, se passar em qualquer uma, estarei satisfeito.
— Se seu pai ouvisse isso agora— murmurou Gabe.
— Mas, não vai ouvir, não é mesmo?
Liu encarou o amigo, mal humorado, que recebera um desdém em resposta.
— E você Carling, para onde deseja ir?
Os olhos de todos se voltaram para Anelise.
— Bom— murmurou ela— até a algum tempo, eu nem imaginava ter tudo que eu tenho— revelou, engolindo em seco. — Creio que NYU ou...
— Yale seria uma boa opção— sugeriu Caden, encarando-a com um sorriso doce.
— Mas, eu não sou uma...
— Seus pais adotivos são Genevieve Mitchel e August Craling, você tem mais do que o suficiente para ser cotada, além de seu excelente desempenho— dissera Alice, em sua defesa.
— E ela estava a pouco expondo os trabalhos no MBAB. O que é suficiente para ser aceita nos programas de arte— ouvir Elene, dizer algo mais que positivo sobre seu respeito a fizera sorrir.
— Uau!
Max, piscava encarando a menina que se sentava do outro lado da fogueira.
E de intrigas, universidades, e desejos futuros, vidas vazias, famílias complicadas, e pais ausentes, as horas foram passando em meio a fogueira que se esforçavam para manter acesa, em meio a maresia e o frio que vinha com a madrugada.
Próximo ao amanhecer, Anelise decidira caminhar sozinha por um tempo, para pensar na sorte que tinha, em como sua vida parecia conto de fadas, e que logo teria de encarar uma pessoa que a detestava por vãos motivos.
— Tem certeza que não quer ficar com a minha família?— indagou Gabe, alguns metros a distância, correndo até ela.
— O que?— indagou ela, não o compreendendo tão bem.
— Tem certeza que não quer ficar em nossa casa, ao invés dos...
— Mitchel's— completou ela, enfim o encarando, assim que se aproximaram. Anelise suspirou, depois encarou o mar e sua imensidão, em meio aos diversos tons que surgiam com o nascer do novo dia. — Acho que eu não vou poder fugir deles Caden. São a "minha família".
E por fim, deu de ombros.
— Meu pais dizem que família de verdade acolhem os seus— comentou ele — mas, acredito que os Mitchel sejam assim com você apenas— constatou enfim, ficando desanimado de imediato— eles nunca são pessoas ruins, soberbos e gananciosos claro, mas, são diferente da maioria, vieram de baixo como a minha família, sabe?
Anelise assentiu, embora, não soubesse deste fato.
— Enfim, o que quero dizer, é que se desejar fugir de toda a loucura por lá, nossa casa estará de portas abertas.
Os olhos de Anelise, cansados, iluminaram-se, e um sorriso murcho surgiu. Gabe encarou seus olhos por uns segundos e então voltou seu olhar, para o primeiro raio solar.
— É lindo! — Ele exclamou.
— É sim — Concordou ela.
— É... — ele pigarrou— só mais uma coisa— anunciou, chamando a atenção de Anelise, notando que não muito distante, vinha Alice a procura da amiga inseparável. — Fique longe do Max. Ele pode ser um problema para você.
— Como assim?— indagou ela, confusa, ofendida e bastante sonolenta.
— Ele pode lhe levar a tomar atitudes que influenciem na sua audiência de adoção definitiva— avisou ele, improvisando em seguida um abraço de despedida — só estou fazendo isso, por conta de nossa amizade— ele piscou para ela, e então lhe desejou— um bom descanso, Lise.
E foi nesse instante que algo lhe reacendeu, o fato de lhe chamar de Lise, de cuidar dela. Da paciência imensa, e tudo mais que vinha atribuindo.
Anelise ignorou tudo o que Alice tagarelara, andou de braços dados com ela pela areia, cada qual carregando sua mochila, e seguiram para a casa de veraneio da família Mitchel.
Uma enorme propriedade, com três ou mais entradas a aguardava, havia a já referida ponte, com duas embarcações ao longe ancoradas. Uma estradinha entre a areia e a vegetação nativa, que levava da praia até os jardins do casarão. Além de uma enorme piscina, com cascata, e um balanço de madeira a uma boa distância em direção ao restante das plantações.
Ao fundo a casa de três andares, onde apenas uma porta dupla parecia estar aberta. Uma fraca fumaça saia por uma das chaminés, e ela tinha plena certeza, que em meio as sacadas dos quartos, nenhum ser humano surgiria, naquele horário da manhã.
— Acha que meus pais vão me engolir viva, depois disso?— indagou ela amedrontada.
— Porque fariam isso? Você não pediu justamente para passar a noite conosco?
Alice deveria estar certa, tinha de estar!
A primeira pessoa a passar por ela assim que adentraram a porta aberta que revelara ser a entrada externa para a cozinha fora a senhora Constantin, que sorrira para ambas assim que as vira.
— Até que enfim senhorita Carling— exclamou ela, aliviada— embora o patrão parecesse aliviado com sua ausência, eu devo admitir que alguns convidados sentiram muito sua falta.
Contava ela, quase em tom de fofoca.
— Alguma torta do jantar de ontem sobrara?— indagou Maximiliam, surgindo de outro cômodo da sala.
— Quando foi que ele chegou aqui?— Indagara ela a Alice, em um sussurro, qual respondera com um balançar de ombros.
— Bom dia, para a senhora também— respondeu Max— só não deixe sua graça, vê-la falar dessa forma— avisou o rapaz, dando uma piscadela e apanhando uma maçã, retirando-se da cozinha.
— Não gosto desse menino— revelou Constantin.
A senhora Constantin e Anelise, haviam ficado mais próximas no decorrer dos meses, assim como, a presença de Alice, se tornara um costume.
— Ano passado ele embebedou-se tanto que deixou o senhor Mitchel mais nervoso, do que no dia em que...
Os olhos da senhora bateram no rosto de Anelise, e depois de engolir em seco e balançar a cabeça como se espantasse insetos, ela desvencilhou-se.
— Bom, ele não é boa companhia, meninas.— Alertou.
— Eu me lembro bem— falou Alice— foi bem ruim ele marcar a presença dele, com um relacionamento desastroso na vida de Elene.
— Como?— Indagou ela.
— É... — resmungou Alice, logo bocejando— ele namorou Elene durante o verão do ano passado, e depois protagonizou uma cena ridícula atrás de outra, finalizando em um jantar dos Mitchel's, o que mandara ele logo de volta a Inglaterra, e em seguida, Elene ficou dois dias de cama doente... — a jovem tapara a boca, como se falasse demais— era uma época difícil.
A senhora Constantin assentiu.
— Dez anos da morte do pai dela, certo?— indagou a senhora.
— Ah, sim. Foram dez anos da morte do pai, mais as reprovações, o vício em álcool como desculpa a suas péssimas escolhas românticas... bom, conhecer Max, não foi um bom acréscimo— revelara Alice.
— Pensei que o senhor Cooper e ela...
Ambas trocaram olhares estranhos, e depois encararam Anelise.
— Que eles namorassem?— indagou Anelise. — Não se preocupem, eu também pensava.
— É, mas, nunca foram algo de verdade, sabe— disse Alice— ela nunca foi o tipo dele.
— O tipo dele— repetiu Anelise unindo as sobrancelhas confusa.
— Nós todos crescemos juntos, exceto Liu, que conhecemos depois— explicou Alice, enquanto a senhora Constantin assentia— Elene e Sarah sempre foram as mais populares e belas, eu no entanto...
— É tão bela quanto— acrescentou a cozinheira, antes que a menina se colocasse para baixo pela milésima vez.
— Obrigada— agradecera, envergonhada— então, embora não seja o tipo dele, eles podem ter tido algo que tenha feito ela te detestar no início.
— Porque?
Constantin e Alice, trocaram olhares misteriosos entre elas, como se compartilhassem um segredo.
— Não sou nada além de uma colega e... amiga, apenas amiga do Gabe— afirmou ela, bocejando em seguida.
— Uhum— murmurou ambas, em uníssono, caindo em uma risada zombeteira.
A manhã se tornara tarde e logo após as uma da tarde, as meninas se encontravam prontas para a primeira refeição do dia. Ainda cansada por permanecerem a ver o nascer do sol, ambas ficaram satisfeitas em se juntarem para o almoço, com todos.
— Nesta família, nos sentamos a mesa no horário combinado— criticou Samuel, assim que a viu entrar na sala de jantar— isso não é aplicado a senhorita Dooble, é claro— brandou ele, logo sendo fuzilado pela esposa e a filha mais velha.
—Não seja duro com elas, senhor Mitchel— pediu Max, adentrando a sala de jantar, do lado oposto ao delas, como se estivesse em sua própria casa— estávamos tendo uma madrugada agradável, então...
— Regras existem para serem seguidas Maximiliam— rebateu George, lhe fuzilando com o olhar, enquanto ele o ignorava— costumes como tais, são mais do que legados, nos conduzem a uma vida organizada, com mais chances de...
— Ficarmos entediados e morrermos velhos, bêbados e mau humorados— Max, zombou, lançando um breve olhar a Samuel, que grunhiu algo inaudível, mas, não aprovado pela esposa.
— Como fora a noite de ontem Anelise?— indagou Gerda, animadamente.
— Magnífica.
— O que há de Magnífico em uma exposição de arte?— indagou Carlo.
— O significado que há para ela, pode ser muito maior, do que é para você— respondeu Gerda.
— Ah, sim— desdenhou Carlo, revirando os olhos.
— De qualquer forma, os trabalhos dela, foram tão bem elogiados, que é capaz de parar no MOMA e no Louvre— celebrou Alice, exagerando.
— Não é para tanto— corrigiu Anelise.
— Ela é tão profunda e sentimental em utilizar as cores pastéis e fazer as misturas surgirem em imagens de árvores, e outros ambientes, sempre na visão de uma criança pequena, que vê tudo maior do que si, que deixou muitos embasbacados— explicou Genevieve, orgulhosa.
— Ela recebeu elogios de muitos artistas presentes— revelou Augusto.
— Tenho certeza que nenhum deles, era DaVinci ou Michellangelo. — Esnobou George.
— Não sei não — intrometeu-se Max. — Recebi umas imagens dos calouros de Havard de hoje mais cedo, na praia, tirado por uns de seus amigos, que me fazem discordar do senhor, primo.
Ele lhe lançou uma piscadela, e todo mundo se calou de imediato.
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