🥋 001.what was i made for? ⠀﹙ 🐍 ﹚


"What Was i made for?"

O avião tocou o solo com um leve solavanco, sinalizando nossa chegada na Coreia do Sul. O céu cinza de Seul parecia um reflexo do vazio que sentia dentro de mim. Meu nome é Jane Kreese, filha de John Kreese, um homem cuja expectativa sempre foi minha maior batalha.

Descemos do avião, e o ar frio da noite era um lembrete do tempo que me restava. Três meses, segundo o médico, e ninguém além de mim sabia disso. Nem mesmo meu pai, que me olhava com aquela expressão crítica que sempre me acompanhou.

"Vamos, Jane" disse ele, a voz dura como o aço. "Não temos tempo a perder."

Eu sabia que ele não estava preocupado com minha saúde, mas sim com minha performance. Desde criança, sempre fui um desapontamento para ele, nunca boa o suficiente em suas palavras. Mesmo depois da cirurgia que me permitiu treinar, ele ainda via cada falha minha como uma prova de minha incapacidade.

Caminhamos pelo aeroporto, e eu podia sentir os olhares curiosos sobre nós. Meu pai, com sua postura militar e olhar penetrante, atraía atenção. Eu, por outro lado, me sentia um fantasma, sabendo que cada passo poderia ser o último. A pressão de provar meu valor, de finalmente ser suficiente, era imensa, especialmente agora que o tempo era meu inimigo.

"Você está bem?" ele perguntou, mas não era uma pergunta de preocupação verdadeira, era um teste.

"Estou, sensei" respondi, forçando um sorriso que sabia não enganar ninguém. "Só cansada da viagem."

Ele assentiu, mas vi a sombra de dúvida em seus olhos. Ele sempre me via como fraca, e agora eu tinha que esconder a verdadeira fraqueza que me consumia internamente.

Entramos no carro que nos esperava, e enquanto o motor ronronava, eu pensei na última luta, na revelação sobre Silver, no meu corpo machucado e no coração que falhava. A pressão de competir no Senkai Taikai, de provar que eu não era apenas "nunca boa o suficiente", me consumia. Mas eu estava determinada, mesmo que isso significasse sacrificar o pouco tempo que me restava.

O caminho para o hotel foi silencioso, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Meu pai talvez pensando em estratégias, em vitórias, enquanto eu refletia sobre como cada momento era agora um presente que eu tinha que aproveitar ao máximo, não para mim, mas para finalmente ganhar o respeito e o orgulho que sempre desejei do meu pai.

"Vou deixar você no hotel agora e ir falar com a Sensei Kim," disse ele, como se fosse um plano militar.

Eu não consegui evitar uma risada nasalada, uma risada frágil mas cheia de ironia. "você ainda nem convenceu a Sensei Kim e já tem toda a certeza de que ela vai aceitar?" Foi tudo o que consegui dizer, a dor e a frustração misturadas em cada palavra.

Ele me olhou por um momento, talvez captando a verdadeira profundidade do meu sarcasmo, mas não respondeu. Apenas saiu do carro, me deixando com minhas próprias reflexões sobre a jornada que me trouxe até aqui, sobre a luta que ainda tinha pela frente, e sobre o desejo de finalmente ganhar o respeito e o orgulho que sempre desejei do meu sensei.

Jane observou seu sensei se afastar, a figura de Kreese desaparecendo na multidão do saguão do hotel. A sensação de solidão foi imediata, mas não era algo inédito para mim; eu havia aprendido a conviver com minha própria companhia há muito tempo.

Entrei no hotel, o ambiente luxuoso contrastando com a turbulência interna que eu sentia. Meu quarto era espaçoso, mas parecia uma prisão, cada canto lembrando-me do tempo que estava escapando entre meus dedos. Me joguei na cama, o peso do corpo como um lembrete do que estava por vir.

Tirei o celular do bolso, olhando a tela vazia. Não havia mensagens, nem chamadas perdidas. Meus amigos, se é que podia chamá-los assim, estavam todos envolvidos em suas próprias vidas, alheios ao meu destino. E eu, Jane Kreese, estava prestes a enfrentar uma das maiores competições de karatê, não por amor ao esporte, mas pela necessidade de ser reconhecida, de ser algo mais do que uma decepção para meu sensei.

O silêncio do quarto era pesado, cada tic-tac do relógio um lembrete da contagem regressiva. Decidi não desperdiçar o tempo que me restava em lamentações e comecei a fazer alguns alongamentos leves. Meu coração palpitava, não só pela ansiedade, mas pela certeza de que cada movimento poderia ser um passo para o fim.

Peguei meu equipamento de treino, determinada a usar o que me restava de energia para algo produtivo. Com cada movimento, sentia a dor no peito, mas também a determinação de não ceder. Se eu tinha que morrer, seria lutando, provando que eu era mais do que ele sempre acreditou.

Convencer a sensei kim a participar não seria fácil,parece que ele teria algum tipo de prova e que demoraria alguns dias, talvez ele demorasse pra voltar. Um tempo depois A porta do quarto se abriu abruptamente. Era meu sensei, de volta mais cedo do que eu esperava. Ele parecia tenso, mas havia um brilho de algo que poderia ser orgulho ou talvez apenas a satisfação de um plano bem-sucedido.

"Sensei Kim concordou em nos ajudar," ele anunciou, sem preâmbulos. "Você vai treinar com ela amanhã de manhã."

Eu assenti, sem palavras. A ideia de treinar com alguém tão implacável quanto Sensei Kim era assustadora, mas também uma oportunidade de provar meu valor, não só para meu sensei, mas para mim mesma.

"Prepare-se, Jane. Não há espaço para erros," ele disse, antes de sair novamente, deixando-me com a sensação de que cada dia que passava era um passo mais próximo do inevitável.

Enquanto a porta se fechava, eu sentia que estava à beira de algo grande, de uma mudança ou talvez do fim. Mas antes de qualquer coisa, eu tinha uma competição para vencer, uma luta para lutar, e talvez, apenas talvez, um coração para conquistar – o de meu pai, o meu sensei, o homem que eu queria desesperadamente impressionar antes que meu tempo acabasse.

A manhã chegou com uma rapidez que parecia desconsiderar a gravidade da minha situação. O relógio marcou cinco da manhã quando finalmente desisti de tentar descansar mais. O sono era um luxo que eu não podia me permitir; cada segundo era precioso.

Levantei-me da cama, sentindo o peso da realidade enquanto meus pés tocavam o chão frio do quarto de hotel. Fiz alongamentos leves, cada movimento uma tentativa de acalmar meu coração acelerado. O kimono estava pendurado no armário, como um soldado esperando seu chamado para a batalha. Enquanto o vestia, senti o tecido áspero contra minha pele, um lembrete de tudo o que estava em jogo.

O dojo onde treinaríamos com Sensei Kim ficava a uma distância considerável do hotel, uma viagem que se estendeu por quase uma hora. O carro serpenteava pelas ruas de Seul, a cidade ainda adormecida, enquanto eu observava o mundo pelo vidro, cada segundo um lembrete do tempo que escapava.

Chegamos ao dojo quando o sol começava a pintar o céu de tons de rosa e laranja. O edifício era imponente, com uma arquitetura que misturava tradição e modernidade, uma fortaleza de disciplina e poder. Ao entrar, o cheiro de madeira e suor me atingiu, um aroma familiar que sempre me levava de volta aos dias de treinamento com meu pai... meu sensei.

Sensei Kim já estava lá, sua presença dominando o espaço. Ela olhou para mim com um olhar analítico, como se estivesse medindo minha alma. Eu sabia que não podia mostrar fraqueza, não aqui, não com ela.

"Você está atrasada," ela disse, sua voz fria como o vento cortante de inverno.

"Desculpe, Sensei," respondi, tentando manter a voz firme. "O trânsito..."

"Não há desculpas no caminho do guerreiro," ela interrompeu, cortando minhas palavras com a mesma precisão que usaria em um golpe. "Vamos começar."

Ela não perdeu tempo. O treino foi brutal, cada movimento uma prova de resistência e força. A intensidade era maior do que qualquer coisa que eu já havia enfrentado. Sensei Kim não dava trégua, e cada erro meu era recebido com uma correção severa e imediata.

Meu coração palpitava, não apenas pelo esforço físico, mas pela pressão de estar à altura das expectativas, de não ser apenas a filha de Kreese, mas uma guerreira por mérito próprio. Cada respiração parecia um desafio, e eu sabia que estava forçando meu corpo além do que o médico recomendaria.

Mas eu não podia parar. Não com o Senkai Taikai se aproximando, não com a chance de provar que eu era mais do que uma decepção. E assim, sob o olhar crítico de Sensei Kim, eu continuei, cada golpe, cada defesa, uma afirmação de que eu estava ali para lutar, para vencer, para viver cada momento como se fosse o último.

A equipe de Sensei Kim era uma mistura de disciplina e ferocidade.

Sensei Kim era a figura central, uma mulher de meia-idade com um olhar penetrante e uma postura que parecia esculpida em pedra. Seu cabelo, sempre preso em um coque apertado, e seu kimono impecável, refletiam sua dedicação ao karatê. Ela era conhecida por sua abordagem implacável ao treinamento, acreditando que apenas através da dor e do esforço extremo se alcançava a verdadeira força.

Yoon do jin, um dos principais alunos de Sensei Kim, era quase uma sombra dela, ele tinha uma reputação de ser o melhor lutador do dojo. Seu rosto era uma máscara de concentração, e suas técnicas eram executadas com bastante precisão. Ele observava cada movimento dos novatos com um olhar crítico, pronto para corrigir ou desafiar qualquer um que mostrasse fraqueza.

Kang Min-seok, era o que mais se destacava pela determinação, ele tinha uma energia inesgotável e um desejo ardente de provar seu valor. Seu estilo de luta era mais bruto, mas ele compensava com uma vontade de aprender e melhorar que era contagiante.

Chung hee , o veterano, era a voz da experiência. Com cicatrizes de batalhas passadas tanto no corpo quanto na alma, ele era o conselheiro silencioso do grupo. Sua abordagem ao karatê era mais filosófica, buscando o equilíbrio entre força e serenidade, ensinando aos outros que a verdadeira vitória vinha do autoconhecimento.

Kwon Jae-sung, conhecido simplesmente como Kwon, era uma figura enigmática na equipe de Sensei Kim, mas com uma diferença marcante: ele era movido pela raiva. Diferente dos outros, ele não se destacava apenas por sua técnica impecável e inteligência tática, mas pela intensidade feroz que emanava de cada movimento. Ele tinha uma estatura mediana, mas sua presença no dojo era como um mestre silencioso, cuja energia parecia sempre prestes a explodir.

Cada um desses membros da equipe de Sensei Kim, sob seu comando inabalável, transformava o dojo em uma arena não só de competição, mas de formação de caráter. Eles eram mais do que lutadores; eram guardiões de uma tradição, moldando o futuro do karatê através de cada suor e cada vitória.

O treino era implacável. Cada movimento exigia mais do meu corpo, mais do que eu sabia que poderia dar. Sensei Kim observava, e cada um dos seus alunos, incluindo Kwon, executava suas técnicas com uma precisão que parecia desafiar a realidade. Eu tentava acompanhar, mas sentia meus músculos protestarem, e meu coração, já debilitado, estava trabalhando a um ritmo perigoso.

Estávamos praticando uma sequência de ataques e defesas. Eu me movia, mas a cada segundo, a fadiga se instalava mais profundamente. Meus braços começaram a tremer, meus chutes perdendo a força e a precisão. Eu falhei em bloquear um ataque de Yoon Do-jin, que me olhou com uma mistura de decepção e desafio.

"Concentre-se, Jane!" gritou Sensei Kim, mas sua voz parecia distante, como se estivesse vindo do fim de um túnel.

Tentei me recompor, mas ao tentar um chute alto, senti uma pontada aguda no peito, um lembrete cruel da minha condição. Meu corpo vacilou, e eu caí, o ar escapando dos meus pulmões, o mundo girando.

Foi então que ele entrou, meu sensei, John Kreese, que havia chegado para observar o treinamento. Ele viu tudo, minha fraqueza exposta para todos verem.

"Levante-se, Jane," sua voz era como um chicote. "Você é uma Kreese, e Kreese não cai!"

Eu tentei, lutando contra a dor e a exaustão, mas meus membros pareciam feitos de chumbo. Kresse avançou, sua sombra caindo sobre mim como um manto de decepção.

"Isso é tudo que você tem?" ele perguntou, a voz baixa, mas carregada de uma fúria fria. "Você é patética. Você vai desistir assim, na frente de todos, provando que eu estava certo sobre você?"

Ele me puxou pelo kimono, me colocando de pé com uma força que contrastava com minha fraqueza. "Você vai treinar até não conseguir mais. E quando achar que não consegue mais, vai treinar mais um pouco."

Eu olhei para ele, procurando por algum sinal de preocupação, mas só encontrei a máscara de desaprovação que sempre conheci. Meus olhos encontraram os de Kwon, cuja expressão era uma mistura de raiva e compreensão - talvez ele visse em mim o reflexo de sua própria batalha interna.

"Sim, Sensei," murmurei, minha voz trêmula, mas determinada a não ceder ao desespero.

Kresse me soltou com um último olhar de desprezo, voltando para a lateral do dojo, onde continuaria a observar, esperando, talvez, que eu falhasse novamente para reforçar sua convicção de que eu nunca seria boa o suficiente.

Com um esforço que parecia rasgar minha alma, eu me posicionei para continuar a luta. Mas, ao fazer isso, senti algo quente escorrendo do meu nariz. O sangue. Rapidamente, limpei com a manga do kimono, tentando esconder a evidência da minha fraqueza física.

Voltei ao combate, enfrentando Yoon Do-jin novamente. Ele não esperou, atacando com uma série de golpes que eu mal consegui desviar. Meu corpo reagia com lentidão, a dor no peito aumentando, e eu perdi novamente, caindo de joelhos enquanto tentava recuperar o fôlego, o sangue ainda escorrendo do meu nariz.

Sensei Kim olhou para mim, sua expressão inescrutável, enquanto Kreese apenas balançava a cabeça, o desapontamento claro em seus olhos. Mas eu não podia parar. Não agora. Não quando cada segundo era uma oportunidade de provar que eu era mais do que ele acreditava.

Eu estava no chão, o sangue ainda escorrendo do nariz, quando Sensei Kim se aproximou, sua figura imponente bloqueando a luz que entrava pelas janelas do dojo. Sua voz era como um trovão, cortando o silêncio que havia se instalado após minha derrota.

"Você acha que pode vir aqui e participar do meu dojo apenas porque é filha de Kreese?" ela começou, o tom de sua voz cheio de desilusão. "Isso não é um parque de diversões para crianças fracas. Você já foi melhor do que isso, Jane. O que aconteceu com você?"

Eu tentei responder, mas só consegui um murmúrio inaudível. Meus olhos estavam fixos nos dela, procurando por alguma compreensão, mas só encontrei a dureza do juízo.

Sensei Kim continuou, sua frustração evidente. Então, ela mudou para o coreano, palavras que eu não conseguia entender, mas o tom era inconfundível. Era um ataque, uma enxurrada de insultos que, mesmo sem compreender, eu sabia que eram dirigidos a mim.

"너는 정말 실망스러워, 완전히 무능한 것 같아!" (Você é realmente decepcionante, parece completamente incapaz!)

Ela continuou, a raiva em sua voz crescendo, enquanto os outros alunos observavam em silêncio. Eu podia sentir o peso de cada palavra, mesmo sem entendê-las. Era como se cada sílaba fosse um golpe adicional, me empurrando mais fundo no chão.

Quando ela finalmente parou, o silêncio voltou, pesado e carregado de expectativa. Eu sabia que tinha que me levantar, que tinha que mostrar que ainda havia algo de luta em mim. Limpando o sangue do nariz com a manga do kimono, eu me levantei, cambaleante, mas determinada.

"Não vou desistir, Sensei Kim," disse, minha voz firme apesar do tremor em meu corpo. "Eu vou provar que sou digna de estar aqui."

Sensei Kim me olhou por um instante, talvez buscando algum sinal de que eu estava falando a sério. Então, ela virou-se para Kreese, que observava tudo de longe, com uma expressão que não revelava se estava orgulhoso ou apenas esperando que eu fracassasse novamente.

"Você tem muito trabalho pela frente, Jane," Sensei Kim disse, voltando ao inglês. "Se você quer realmente fazer parte deste dojo, vai ter que mostrar mais do que isso. Agora, volte para a posição. Vamos repetir."

Eu voltei para a posição de combate, sabendo que cada movimento, cada respiração, seria uma batalha contra meu corpo, contra o tempo, e contra as expectativas de todos ao meu redor. Mas eu estava ali, e eu iria lutar, não apenas por eles, mas por mim mesma, para provar que eu era mais do que a soma das minhas fraquezas.

O treino continuou, e eu me saí melhor dessa vez. Meus movimentos eram mais precisos, meu foco mais aguçado, mas ainda assim, eu perdi. A derrota era amarga, mas eu sabia que tinha dado mais de mim do que antes.

Quando o treino finalmente chegou ao fim, os alunos começaram a se dispersar, cada um indo para suas próprias tarefas ou descanso. Sensei Kim me lançou um último olhar, um que não era de aprovação, mas talvez, de um reconhecimento mínimo do esforço que eu havia feito.

Kresse, que havia observado tudo com a atenção de um falcão, começou a se mover em minha direção. Eu já imaginava o que estava por vir; o desapontamento, a crítica, talvez até uma nova onda de treinamento forçado. Meu corpo doía, mas meu espírito estava preparado para enfrentar o que viesse.

Ele parou na minha frente, sua sombra cobrindo-me como uma nuvem de tempestade. Sua expressão era indescritível, uma mistura de frustração e algo que poderia ser decepção ou talvez até um resquício de preocupação.

"Você melhorou," ele começou, a voz baixa, quase um sussurro, "mas isso ainda não é suficiente. Você perdeu, Jane. Você nunca vai ser boa o bastante se continuar a se deixar dominar pela fraqueza."

Eu olhei para ele, tentando encontrar as palavras certas, mas ele continuou antes que eu pudesse falar.

"Você acha que eu não vejo? Que não sei que você está escondendo algo? Você não está lutando apenas contra Yoon Do-jin ou qualquer um nesse dojo. Você está lutando contra si mesma." Ele fez uma pausa, seus olhos perfurando os meus. "E esse é o pior inimigo que você pode ter."

Kresse deu um passo mais próximo, a voz endurecendo. "Você não se dedica o suficiente. Você acha que pode apenas aparecer e ganhar? Isso não é como funciona."

Seus palavras ecoaram em minha mente, e enquanto ele se afastava, eu fiquei ali, imóvel, pensando no que eu tinha feito de errado. Para que eu servia? Para que eu tinha sido feita? Cada tentativa, cada esforço, terminava em fracasso. Será que eu estava destinada a nunca ser o suficiente? A nunca corresponder às expectativas?

"Não vou desistir, Sensei," respondi, minha voz firme, tentando transmitir uma determinação que eu não tinha certeza se ainda possuía.

Ele me olhou por mais um momento, talvez procurando por um sinal de que eu estava mentindo, mas então assentiu, um movimento curto e seco. "Então, prepare-se. O dia de amanhã será longo."

Ele se virou e começou a se afastar, deixando-me ali, no meio do dojo agora vazio, com meus pensamentos e a dor que nunca parecia cessar. Eu sabia que cada treino, cada luta, era um passo mais para o fim, mas também um passo mais para provar que eu era mais do que ele acreditava. Mas o peso das palavras dele me fazia questionar tudo. O que eu deveria fazer? Como poderia mudar o destino que parecia escrito com letras de desapontamento?

Todos ao redor ouviram as palavras de Kreese, e com cada sílaba, eu me sentia mais e mais humilhada. O dojo, que deveria ser um lugar de aprendizado e crescimento, transformou-se em um palco para minha vergonha. Eu podia sentir os olhos dos outros alunos sobre mim, não com pena, mas com o julgamento silencioso de quem vê uma coleguinha que não consegue acompanhar.

Eu segui para o meu quarto sem olhar para trás, cada passo pesado com a carga de minha derrota e humilhação. O caminho de volta ao hotel era um borrão, meus pensamentos uma tempestade de autocensura e dúvida.

Chegando ao quarto, o primeiro que fiz foi tomar um banho, como se a água pudesse lavar não apenas o suor e o sangue do meu nariz, mas também a vergonha. Mas a água quente não fez nada para aquecer o frio que sentia dentro de mim. Saí do banho e me joguei na cama, ficando ali, encarando o teto, os olhos fixos em um ponto invisível, perdido entre as sombras do estuque.

A ideia de descer para jantar, de enfrentar todos aqueles olhares novamente, era insuportável. Eu não tinha vontade, e muito menos energia, para me levantar e me expor mais uma vez. A dor no peito não era mais só física; era um vazio, uma pergunta constante sobre meu valor, sobre minha existência.

"Para que eu sirvo?" A pergunta girava na minha mente como um mantra doloroso. "Para que fui feita, se tudo que tento, falho?"

O tempo passava, mas eu continuava imóvel, o silêncio do quarto uma companhia melhor do que qualquer companhia que eu pudesse encontrar lá fora. Eu não sabia quanto tempo fiquei ali, mas o sol já havia se posto, deixando o quarto numa penumbra que parecia refletir meu estado de espírito.

Eu não tinha fome, não tinha vontade de fazer nada além de ficar ali, refletindo sobre o que havia acontecido, sobre cada palavra dura de Kreese, cada olhar de julgamento dos outros. A solidão do quarto era um refúgio, mas também um lembrete cruel de minha solidão mais profunda, de meu isolamento em minha própria batalha interna.

A noite avançava, e eu sabia que deveria me preparar para o dia seguinte, para mais um round de provações, mas a vontade de continuar lutando parecia tão distante quanto a esperança de algum dia ser boa o suficiente. E assim, na escuridão, eu me permiti afundar na dor e na dúvida, perguntando-me se havia algum propósito para mim além da constante luta e falha.

Enquanto eu ficava ali, imóvel, perdida nos meus pensamentos, a realidade de minha situação se impôs sobre mim com uma clareza brutal. Faltava um mês para o Seikai Taikai, a competição que deveria ser minha redenção, meu momento de glória. Mas, para mim, significava algo mais sombrio: era um mês a menos de vida.

A cada tique-taque do relógio, eu sentia como se estivesse contando para trás, não apenas para a competição, mas para o fim da minha história. Minha doença, meu segredo, tornava cada dia uma corrida contra o tempo, uma batalha não apenas por vitórias no tatame, mas pela própria vida.

A humilhação do treino, as palavras de Kreese, tudo isso parecia menor diante da verdade inescapável de minha condição. A pergunta "Para que eu sirvo?" ecoava com uma nova camada de significado. Será que eu tinha vindo ao mundo apenas para fracassar, para ser um desapontamento, tanto para meu pai quanto para mim mesma, antes de partir?

O pensamento de deixar este mundo sem ter provado meu valor, sem ter alcançado ao menos uma vitória significativa, pesava sobre mim como uma pedra. Eu sempre quis ser mais, fazer mais, mas o tempo que me restava era um lembrete constante de minha limitação.

Por fim, a necessidade de agir, de não ceder totalmente ao desespero, me fez mover. Eu não podia me permitir ficar ali, afundada em autopiedade, não quando cada segundo era precioso. Me levantei, a cama rangendo sob meu peso, e fui até a janela. A noite de Seul estava iluminada, mas para mim, tudo parecia escuro.

Eu não tinha fome, mas sabia que precisava me alimentar. Não por desejo de viver, mas pela necessidade de continuar lutando, mesmo que fosse apenas por mais um dia. Com esforço, peguei uma barra de proteína da minha mochila – era tudo o que eu conseguia pensar em consumir sem enfrentar os olhares dos outros.

De volta à cama, sentei-me, olhando para o que restava da barra de proteína em minhas mãos. A competição estava se aproximando, e eu tinha que encontrar uma maneira de superar não apenas meus oponentes, mas também minha própria mortalidade.

Tinha que haver um propósito para tudo isso, algo além da dor e do fracasso. Talvez, só talvez, eu pudesse encontrar um significado em ser a melhor versão de mim mesma, mesmo que fosse por um tempo limitado. Eu tinha que tentar, por mim, pela última chance de mostrar ao mundo, e a mim mesma, que eu era mais do que a soma dos meus fracassos.

Com esse pensamento, uma nova determinação, embora frágil, começou a se formar dentro de mim. Eu tinha um mês. Um mês para mudar o curso da minha história, para fazer com que cada dia valesse a pena. E assim, na escuridão do quarto, decidi que, apesar de tudo, eu iria lutar.

Com esse novo sentido de propósito, eu sabia que o sono seria difícil, mas necessário. Precisava descansar para enfrentar o que viria a seguir, para enfrentar Kreese, para enfrentar a mim mesma. Deitei novamente, fechando os olhos com a resolução de que, mesmo que cada dia fosse uma batalha, eu não desistiria.

A noite avançava, e o silêncio do quarto era quebrado apenas pelo som distante da cidade e pelo ritmo constante do meu coração, um lembrete de que, enquanto ele continuasse a bater, eu ainda tinha uma chance.

Quando o sono finalmente veio, foi inquieto, cheio de sonhos de lutas e vitórias, de decepções e esperanças. Mas mesmo nos sonhos, havia uma decisão clara: eu iria lutar até o último segundo.

Quando a luz do amanhecer começou a esgueirar-se pelas cortinas, eu abri os olhos, sentindo o peso do dia que estava por vir. Mas com ele, também veio uma leveza, a certeza de que cada dia era uma oportunidade, não apenas para provar algo aos outros, mas para encontrar meu próprio valor.

Levantei-me, determinada a não deixar que a humilhação do dia anterior me definisse. Eu tinha um mês. Um mês para o Seikai Taikai, um mês para mostrar que eu era mais do que minha doença, mais do que as expectativas de Kreese, mais do que a filha que ele nunca quis.

E assim, com a resolução firmemente plantada em meu coração, eu me preparei para enfrentar o dia, sabendo que cada movimento, cada respiração, cada treino, era agora parte de um legado que eu estava determinada a deixar, não importa o quão curto fosse meu tempo.

- não sei escrever capitulo feliz então vai ter que se contentar cos os capítulos tristes

-a descrição dos personagens eu tirei do meu uc então se vcs não imaginavam eles assim, sorry😘

- nos próximos capítulos vou explicar pq jane só chama o kresse de sensei e não de pai, então não estranhem ela chamando ele de sensei toda hora

-não sei como introduzir o kwon nessa história,ainda não sei como vou fazer o primeiro dialoga deles aff

-preferem capítulos curtos assim de 4000 palavras ou com mais???

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top