𝙿𝚛𝚘𝚕𝚘𝚐𝚘
— Sinto muito, srta. Blackburn. — o médico rechonchudo á frente de Dakota diz, o olhar frio e cortante.
É claro que sente, pensou Dakota.
— Desculpe, doutor, mas não há mais exames que possam dizer com mais clareza o que eu tenho? — a loira pergunta ao médico, o observando passar a mão pera careca lisa e brilhante.
— Sim, mas são muito caros e demorados. Tenho certeza de que vai preferir ficar com sua família a levar furos e mais furos doloridos e ficar trancada aqui nesse hospital. — o velho a olha enquanto coça a barba, os olhos azuis logo vagando pelo raio X da mais nova.
Velho preguiçoso, pensou, reprimindo o instinto de revirar os olhos.
— Mas é um fato — continuou — Você possui, em média, somente dois meses de vida. Pelo tamanho da mancha encontrada no exame, seu tempo não passa disso. Recomendo que volte mais ou menos uma semana antes, para fazermos mais alguns exames.
Dakota só conseguiu assentir, engolindo o nó de sua garganta para falar baixinho:
— Claro. Passarei aqui uma semana antes. Obrigada.
Passando pela porta com o laudo do exame em mãos, Dakota não conteve as lágrimas, que embaçaram sua visão e a fizeram andar mais rápido, para enfim chegar em seu carro.
Parecia que o universo queria acabar com a loira, definitivamente. Já não bastasse ela ter recebido aquela notícia trágica, ainda havia trombado em alguém e derrubado todo o café quente da pessoa em sua blusa branca.
Limpando as lágrimas rapidamente, Dakota murmura baixo, pegando o copo da pessoa, que agora estava no chão ssim como os papéis que a mesma segurava:
— Desculpe-me. Por favor, me perdoe, eu devia ter prestado mais...
A loira é interrompida por uma voz masculina muito conhecida, que dizia em tom terno:
— Ei, 'tá tudo bem... Há quanto tempo, não?
Puta merda, Dakota pensou, querendo sair correndo dali.
— É... — a mulher murmura, pegando suas coisas rapidamente, e levantando, entregando a ele o copo que havia derrubado — Sinto muito, mas tenho que ir. Até algum dia, Dominic.
E assim, a mesma sai andando rapidamente até seu carro. Se sentando no banco do motorista e jogando suas coisas no banco de trás, Dakota encosta a cabeça no banco de seu Maverick, respirando fundo. Minutos depois, a mesma ouve batidas na janela.
Que não seja ele, que não seja ele, que não seja ele, que não seja ele, pensa, abrindo um dos olhos lentamente, dando de cara com um Dominic quieto debruçado sobre sua janela. Porra.
Abrindo lentamente a janela, Dakota sentia vontade de ligar o carro e fingir que ele não estava ali.
— Sim? — a loira fala, depois de respirar fundo mais uma vez e forçar-se a dar um sorriso amarelo.
O mesmo pigarreia, levantando um moletom cinza de capuz.
— Er, desculpe pelo café. Vim o mais rápido possível aqui para trazer antes que você fosse embora. Não é legal andar na rua com a blusa toda suja...
Só naquele momento Dakota reparou no estado do homem á sua frente. Sua barba por fazer já tomava conta de seu rosto, seu cabelo, como sempre, bem arrumado com gel, e seu jaleco de doutor estampava o nome do mesmo em dourado. Dominic estava ofegante, Dakota podia perceber. Provavelmente havia corrido para chegar até ela. Respirando um pouco mais fundo, podia sentir o cheiro de sua colônia, que mesmo depois de anos não havia mudado.
Memórias começaram a inundar a mente de Dakota, assim como a coloônia do homem invadia suas narinas. Piscando, Dakota afasta aqueles pensamentos e o olha.
— Não precisa, é sério. Vou direto para casa mesmo.
— De qualquer forma. O café estava fervendo, não vai fazer bem ficar com a camisa úmida.
Vencida, Dakota suspira e pega o moletom, fazendo sinal para ele se virar, olhando ao redor para ver se ninguém estava perto. Assim que o homem se vira, Dakota tira sua blusa e coloca o moletom do mesmo.
— Pronto. — fala baixo — Obrigada pelo moletom. Devolvo para você em breve.
Dominic se vira novamente.
— Não tem problema. Pode ficar, se quiser. — o loiro balança a cabeça — Ah, já ia me esquecendo. Você deixou isso no chão, quando saiu apressada.
O maior a estende o laudo do exame de Dakota, fazendo a vontade da mesma de sair dali aumentar.
— Ah, obrigada. — a loira sorri forçado, pegando o papel amarelado de café — Desculpe, mas tenho que ir. Mais uma vez, obrigada pelo moletom.
— Não há de quê. Se precisar, é só me ligar. — o homem acena com a cabeça, se afastando e voltando ao hospital.
Dakota o observa entrar naquele prédio enorme e suspira. Algo a dizia que a frase era sobre sua doença. Voltando para casa com a cabeça cheia, Dakota só queria tirar aquele moletom, que tinha aquele mesmo cheiro carregado de lembranças.
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