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Capítulo 05

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GAEVR RECEBEU UM CHAMADO da sala de comando. Acordou de manhã com o comunicador de seu aposento emitindo um alarme e não havia sinal ou sentimento que indicasse a presença de  Kylo Ren. Ela não havia conseguido desfazer a ligação ou barrar a mente dele na noite anterior, e considerou consultar Snoke sobre aquilo. Era como uma invasão de privacidade constante.

Ele estava exposto.

Mas ela também.

E Gaevr sabia muito bem que humanos tinham a fraqueza natural de se apegar às suas conexões e ela não podia se permitir se acostumar com essa ligação. Ela se levantou e cobriu seus medos com o uniforme e deixou os questionamentos debaixo do capacete, saindo para a sala de comando.

Nos corredores havia uma grande movimentação de soldados e droides, como se estivessem com uma emergência. Ela sentiu que havia uma comoção no hangar de pouso, alguém estava escapando. E Gaevr soube imediatamente que era o piloto da Resistência.

Ela entrou na sala de comando marchando ao passar entre as mesas de controle e esbarrou em um subintendente, moveu a mão o empurrando para o lado para o tirar de seu caminho. Ela se aproximou do General Hux que estava no centro da sala.

— Houve um uso não autorizado em nossa área de pouso. — Hux começou a explicar, mas parou quando a porta da sala de comando foi aberta com um estrondo.

Kylo Ren caminhou duramente até o centro da sala, todos os soldados ao redor discretamente se encolheram e se afastaram devagar para ficar o mais longe possível. A respiração de Ren estava tão pesada que Gaevr podia ouvi-la.

Os dois encararam Hux esperando que ele continuasse.

— O piloto escapou como uma de nossas TIE Fighter. — General Hux sem rodeios e engoliu a seco diante da tensão.

— Como aquele piloto escapou da cela?! — Gaevr disse em um tom calculado de raiva. A estupidez de todos ali realmente a supreendia.

— Ele teve ajuda de dois dos nossos. — Acrescentou o General. — Um stormtrooper e nossa co-piloto Noora.

— A que pilotou o Command até Jakku? — Gaevr sentiu a raiva na própria voz. Havia algo ali, Noora pretendia se tornar comandante. Por quê de repente teria se juntando a Dameron e um stormtrooper? Ela ponderou. — Qual stormtrooper?

— FN-2781. O da aldeia, eu o vi. — Kylo Ren afirmou e Hux concordou. — Você também sentiu, Gaevr.

Foi então que ela percebeu que a intensidade dos sentimentos, os gritos dos aldeões em seus ouvidos, tudo fora intensificado por conta das emoções de outra pessoa. Mas como as emoções de um stormtrooper qualquer poderia ter aquela intensidade nela e Ren, era uma pergunta que ainda não conseguia responder. Foi como se algo que ela não soubesse interpretar tivesse subitamente despertado.

— Vamos achar aquele maldito droide. — Gaevr sibilou para Hux. — Antes que o mapa chegue nas mãos da Resistência. O Supremo Líder logo irá querer saber o que houve.

General Hux coçou a garganta com uma tosse nervosa.

— Já enviamos uma tropa para localizar o droide, estão agora mesmo a caminho de Jakku. — O General afirmou, até mesmo ele parecia mais irritado.

Gaevr se virou para Ren e se aproximou dele depois que Hux voltou a dar ordens aos soldados para monitorar a tropa que seguia para Jakku e o esquadrão que atacava a nave militar roubada pelo piloto.

— O que você sentiu com o stormtrooper? — Ela perguntou.

— Ele estava relutante em seguir as ordens. — Ele respondeu. — Sentiu algo diferente?

— Eu não sabia que era ele, eu achei que… — Ela se interrompeu percebendo que não queria dizer a ele.

— Achou que eram emoções sua? — Ren continuou, ele balançou a cabeça. — De certa forma eram, talvez o stormtrooper só tenha ampliado isso. Foi a primeira vez que sentiu a inclinação à luz?

— Não há nenhuma inclinação à luz. — Gaevr o cortou.

— Sabe, eu consigo ler você com mais facilidade agora. Conheço seus medos. — Ele murmurou. — Conheço o seu nome.

— Lembre-se de que isso é uma via de mão dupla, Ren. — Gaevr ergueu a mão e com os dedos cobertos pela luva, ela tocou a capa de Ren logo abaixo do seu pescoço. Um gesto sutil como se ela pudesse arrumar sua capa tanto quanto enforcá-lo com ela. — Eu também sei os seus temores.

E dito isto ela voltou para a sala de comando, deixando Ren no corredor. A porta se fechou atrás dela e Gaevr voltou a se aproximar de Hux que encarava a tela do computador central, no holograma havia alertas da tropa wue estava em Jakku.

— Algum problema, General?

Ele se virou para ela maneando a cabeça de forma negativa e abaixou a cabeça frustrado. Gaevr ergueu a mão forçando o pescoço do General para cima para encarar os seus olhos.

— O droide está fora de alcance. — Ele murmurou com dificuldade para respirar, seu rosto ficou avermelhado. — FN-2781 está com ele.

— Um stormtrooper sozinho conseguiu lidar com nossa tropa?! — Ela questionou. — Esse é o nível de incompentência de um General da Primeira Ordem?

— Eles.… — Hux ofegou buscando desesperadamente por ar, seus pés deixavam de tocar o chão enquanto Gaevr o levantava lentamente no ar. — Tiveram… ajuda... de uma garota.

— Uma garota? Agora, eu entendo. — Ela abaixou a mão e Hux caiu sobre o painel de controle tossindo. Gaevr sorriu por baixo do capacete. — Uma oponente à altura, talvez? Eu mesma irei encontrar o droide, prepare o meu jato.

General Hux ajeitou o colarinho do uniforme e a olhou com fúria no olhar:

— Senhor, fomos convocados pelo Supremo Líder. Devemos encontrá-lo imediatamente e avisar Kylo Ren.

— Mande algum subordinado avisar Kylo Ren. — Ela disse saindo da sala tomando o caminho para encontrar Snoke.

⊰✯⊱

A sala do trono causava sensações diversas em Gaevr, era comprida com um único caminho até o enorme trono. E nela só havia espaço para o grande assento, era escura, tão silenciosa que a respiração parecia emitir ecos. Tudo naquele ambiente oprimia.

Ela achava curioso que Snoke era uma projeção gigante sobre o trono, como se a aura de seu mestre fosse a única coisa capaz de preencher aquele espaço assustador. Mas toda vez que ela olhou para aquilo e sentiu medo se lembrava que aquilo era apenas uma projeção de uma figura de controle que era vazia. Gaevr sentia no seu âmago uma agitação que tentava controlar, ela não podia se imaginar sentando naquele lugar. Não na presença de Snoke.

Ela seguiu com Kylo Ren à sua esquerda e o General Hux à sua direita. Os passos ecoavam pelo salão ate eles pararem diante do trono de cabeça curvada em reverência. Quando Snoke falou, ela ergueu a cabeça para o olhar.

— A essa altura, a Resistência já deve estar quase com o mapa em suas mãos. — O Supremo Líder pronunciava cada palavra em um ritmo que aparentemente seria calmo, mas havia uma ameaça em cada sílaba. — Precisamos reaver nossas estratégias.

— Supremo Líder, eu encontrarei o droide… — Kylo Ren tentou trazer mais segurança para co cluir a tarefa que lhe foi designada.

A expressão de Snoke não era amigável, seu rosto parecia mais enrugado e cinza do que o normal. General Hux tomou a oportunidade para interromper Kylo dizendo:

— Supremo Líder, acredito que precisamos enfraquecer a Resistência. — O ruivo afirmou.

— Para isso, nossa maior arma já está pronta. — Gaevr informou. — Eu acompanhei o desenvolvimento e General Hux fez o grande favor de continuar monitorando de perto nosso desenvolvimento, assim asseguramos que não ficássemos desfalcados se o mapa demorasse a cair em nossas mãos.

Havia ali uma implicância direta à Kylo Ren que Gaevr não fez esforço para esconder.

— Podemos atacar a República que é o maior aliado da Resistência, assim enfraqueceríamos o grupo. Eles não teriam onde buscar apoio. — Afirmou Hux. — Gaevr pode confirmar a potência e o alcance de nossa arma.

— Podemos atingir os principais planetas da República de uma vez só. Ao olhar parano céu, foda a galáxia vai completar o poder da Primeira Ordem. — Gaevr assegurou observando enquanto as feições de Snoke suavizavam.

— Muito bem! General Hux, pode prosseguir liderando o ataque. — Snoke fez um sinal com a mão indicando que ele estava dispensado.

— Sim, Supremo Líder. — Hux fez uma mesura e ao sair sorriu levemente ao passar por Gaevr. Ele sabia que ela deseja liderar o ataque e estar à frente das tropas, era ela quem havia acompanhado toda a construção e planejamento. Mas lá estava ela novamente presa à incompetência de conseguirem capturar um maldito mapa.

Ela respirou fundo controlando o peso em seu peito.  O desconforto que ela sentia e a necessidade de se provar não vinha só dela, mas também de Kylo que estava ao seu lado.

— Temos um curso inesperado. — A voz de Snoke ecoou pelo grande salão escuro. — O droide está a bordo da Millennium Falcon, nas mãos de Han Solo.

Houve uma pausa, durou apenas um instante e tinha um peso naquilo que era tão inesperado para Gaevr que ela deixou as emoções de Kylo fluir para ela. Ele estava fazendo um esforço para se manter controlado, a respiração parecia serena, mas havia certo caos em sua mente. A ponta dos dedos descansavam sobre a base do sabre de luz, o toque lhe trazia mais segurança como se o lembrasse do caminho que ele havia escolhido.

— Ele é o seu pai. — Continuou Snoke e Gaevr mal podia acreditar que estava tendo acesso a tudo awuilo de graça. Não. O Supremo Líder queria que ela soubesse. — Nem mesmo você, Mestre dos Cavalheiros de Ren, passou por tal provação. Quero saber se ainda há alguma fraqueza em você, Ben… Solo.

Ben Solo.

O nome parecia se prolongar como um sussurro em seu peito. O peso, o significado daquele nome fluía de Kylo Ren para Gaevr. O nome do garoto assustado, em conflito quando seu mestre Luke Skywalker quase acabou com ele. O peso da identidade de ser filho de Leia e Han que lutaram contra o Império.

O peso de ser neto de Lord Vader.

Mas Ben Solo, abandonado à própria escuridão não queria viver com aquele peso. Aquele nome que traçava o seu destino sem lhe deixar escolhas, que lhe prendia a um ideal que ele não sabia se queria seguir.

— Ele significa nada para mim. — Declarou Kylo Ren.

Gaevr sentiu o esforço que aquilo lhe custava, abandonar o fantasma do garoto que um dia fora.

— O senhor me treinou bem, mestre. — Ele concluiu.

— Está bem. — Snoke assentiu com a cabeça uma vez. — Pode ir. Gaevr, fique.

Kylo Ren se virou e andou pelo corredor em direção à saída, seus passos ressoavam pelo ambiente e iam direto para a mente de Gaevr. Quando a porta se fechou e só havia ela e a presença esmagadora de Snoke, ela sabia que havia algo que só ela poderia saber.

E ela adorava segredos. Segredos davam poder. Confian também.

— Você soube da piloto Noora Ahura, ela está com a Resistência agora. Sempre foi uma deles. — O Supremo Líder afirmou. Gaevr continuou escutando com atenção. — Ela nos trouxe bastantes informações, mas eram todas emitidas com a autorização de Leia Organa. Ela avisou a eles que estaríamos indo atrás do mapa em Jakku, a transmissão que ela enviou foi da sala do Capitão Namor.

— Então, Namor é um traidor? — Gaevr pergungou cuidadosamente. Agora conseguia ver os caminhos que Snoke estava preprando para ela. Kylo Ren devia dar conta do pai e Gaevr precisava dar cabo do Capitão que era o único rosto familiar que a acompanhou durante seu crescimento.

— Confio que irá cuidar disso. Mas há outro fator que preciso que preste atenção. — A voz rouca e ritmada de Snoke ecoou. — Eu liguei sua mente a de Kylo Ren, você vai sentir se ele hesitar. Se ele sentir qualquer inclinação à luz, cuide dele.

— E se ele não matar Han Solo?

— Sangue da Resistência deve ser derramado. Não podemos deixar que os heróis deles sobrevivam.

Gaevr assentiu com a cabeça.

— Se Kylo Ren hesitar, a minha mão não irá. — Ela disse. — Se eu sentir que ele vai falhar, ele será meu alvo.

— E Han Solo? — Perguntou Snoke interessado em saber como ela lidaria com aquilo.

— Se eu matar Han Solo, Kylo Ren nunca vai concretizar suas escolhas. Isso é algo que só ele pode fazer. — Ela observou e sentiu que Snoke sondava suas emoções, ela tomou cuidado com a energia que vibrava ao seu redor criando barreiras sutis.

— Como se sente? Depois de todo esse tempo reclusa, está se afeiçoando a alguém? Entendo que seja complicado, já que tudo o que ele sente você sente também.

Gaevr ergueu a cabeça e disse em um tom seguro e poderoso:

— Como Kylo Ren disse, o senhor nos treinou bem, mestre. Pois em nenhum de nós existe a possibilidade da falha. — Ela abaixou a cabeça em uma mesura e o Supremo Líder desfez a conexão.

O holograma sumiu como poeira no ar escuro. O trono era enorme, porém vazio. E como Gaevr previra, o medo era só um mecanismo de controle.

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notas: nossa, esse capítulo demorou mas tá aí. estou muito feliz ao ver que vocês estão acompanhando, isso enche meu coração. eu realmente achava que não haveria leitores, porquê vejo pouca galera do fandom de star wars aqui. muito obrigada, eu espero de verdade que estejam gostando e espero melhorar minha escrita que é o que esse universo e a gaevr merecem.

até o próximo capítulo,
e que a Força esteja com você!

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