Uma notícia desagradável

"Quanto menos esperávamos, o destino acaba nos pregando uma peça no qual acaba nos deixando sem rumo algum". — Beatrice Hayes

Dois meses se passaram...

Estava voltando para mais um dia de aula exaustiva da Universidade ao lado da Maggie que, se encontrava reclamando em como os professores adoravam nos encher de trabalhos impossíveis. Segundo ela, os professores tinham isso como uma espécie de diversão e que, provavelmente quando eles chegavam em suas casas, eles ficavam rindo e zombando do que deveriam se passar nas cabeças de seus alunos.

E confesso que a teoria dela até que faz sentido, porque tem uns professores que acham que os alunos conseguem fazer qualquer coisa mesmo. Sendo que tem alguns trabalhos que não fazem o menor sentido para mim, mas o que a gente não faz em troca de alguns pontos, né? Hoje, iremos à uma pista de skate porque a dona Maggie quer me mostrar algumas manobras que andou treinando ultimamente.

Não gosto de frequentar este tipo de lugar, mas ela ama e eu gosto de passar algumas horas ao lado dela, mesmo que eu fique sentada em um canto, enquanto ela se diverte com o seu skate. Eu preferia mil vezes ficar em casa, estudando algumas coisas. Mas no semestre passado, eu a prometi que tentaria ser uma amiga mais presente em sua vida e deixar o meu perfeccionismo um pouco de lado.

Enfim, andamos até chegar em um ponto de ônibus já que a pista de skate ficava cerca de quarenta minutos da Universidade. E enquanto não chegava nenhum ônibus, ficamos conversando e rindo de algumas coisas como uma forma de passar o tempo. E não demorou mais do que dez minutos até que finalmente, apareceu um ônibus e com isso, fizemos um sinal e consequentemente, o veículo parou e entramos logo em seguida.

Quarenta minutos depois...

Tínhamos acabado de chegar na pista de skate que estava ligeiramente cheia, mas mesmo assim consegui tirar uma sorte grande quando encontrei alguns bancos disponíveis na arquibancada. E assim que me sentei, a Maggie me pediu para gravar alguns vídeos de suas manobras para poder postar em seu canal do YouTube. É difícil de acreditar que ela tenha isso, já que não gosta de redes sociais, mas foi uma forma que ela encontrou de guardar estes vídeos como uma recordação.

Bom, pelo menos foi isso que ela me falou uma vez...

E assim que ela subiu em cima de seu skate, deu alguns pequenos passos como uma forma de impulsioná-lo até parar em frente à uma pequena pista. Depois, começou a fazer algumas manobras e eu como uma ótima amiga, comecei à gravar até que ela parou do nada e começou a conversar com alguns garotos. E eu aproveitei para ficar olhando a paisagem que tinha em volta, também nas pessoas que estavam conversando sobre coisas triviais e rindo despreocupadamente.

Até que a minha atenção foi direcionada a uma árvore que continha poucas folhas alaranjadas por conta que estamos na estação de Outono. E com isso, acabou me levando a lembrar de uma lenda que existia em nossa família e que é passada de geração a geração. Que consistia que tínhamos uma certa ligação por esta estação, sempre que caía à última folha da árvore que tem na casa que moramos, já que antes eram dos meus avós maternos e que antes deles, eram dos pais da avó Charlotte.

Que quando caía a última folha daquela árvore, alguém que estava muito doente na nossa família, acabava morrendo. Eu sempre achei que esta lenda não fazia o menor sentido e até hoje, acho que isso não existe nenhuma ligação mesmo. Apesar que quando a minha avó morreu, a árvore daquele jardim estava totalmente sem folhas e era na estação de Outono. Mas mesmo assim, não creio que isso seja realmente verdade e que só foi uma mera coincidência.

Meus pensamentos foram interrompidos, quando sinto alguém me balançar levemente como uma forma de chamar à minha atenção. E com isso, direcionei os meus olhos em direção na pessoa que estava fazendo isso comigo:

— Maggie, pare com isso por favor, está me deixando um pouco tonta. — A pedi e depois, soltei uma leve risada para a mesma.

— Me desculpe, mas parecia que você estava em outro planeta. Porque fiquei uns cinco minutos te chamando e nada de você me responder. — Me respondeu e soltou um suspiro por tamanha a sua frustração.

— Me desculpe, acabei viajando um pouco. Mas, o que você queria me dizer mesmo? — A questionei, um pouco sem graça.

— Ah, só queria te perguntar se queria comer um cachorro-quente? Porque eu estou morrendo de fome e não quero ir embora para comer em outro lugar, só quero comer rapidão e voltar para a pista. — Me perguntou, enquanto passava a mão em sua nuca.

— Eu quero sim e então, vamos? — A respondi e levantei no mesmo instante, acabei tendo que limpar à minha calça jeans que se sujou um pouco por conta que esta arquibancada não estava totalmente limpa e só percebi isso agora.

Uma nota mental: nunca me sentar nesta arquibancada com alguma roupa clara.

E depois disso, andamos em direção à uma banca que ficava uns cinco minutos de onde nos encontrávamos. Fizemos o nosso pedido e enquanto, o moço não nos entregava, ficamos conversando por alguns minutos. E depois de termos comentado sobre algumas coisas, o moço entregou os nossos pedidos e fomos em direção à um banco, nos sentamos e começamos a comer sem trocar nenhuma palavra.

Alguns minutos depois...

Comemos rapidamente e a Maggie já voltou para as pistas, desta vez, ela preferiu ir naqueles grandões mesmo. Justo aqueles que eu morro de medo de ela perder o equilíbrio e parar em um hospital toda quebrada. Mas segundo a mesma, ela ama sentir à adrenalina nas veias e é isso que nos torna tão diferente. Prefiro ficar longe do que considero um perigo, mas ela prefere encarar de frente sempre.

Enquanto, ela estava lá arriscando a própria vida em troca de adrenalina. Eu estava aqui, sentada na arquibancada que desta vez, tive sorte de sentar em uma que estava consideravelmente limpa. Comecei a gravar todas as manobras que ela estava fazendo, até acabar me cansando e resolvi descansar um pouquinho para depois, retomar com as gravações. Hoje estava um pouco frio, então só coloquei uma blusa de frio preta não muito grossa e confortável.

Comecei à prestar atenção nas pessoas, desta vez a arquibancada não estava tão cheia assim. Então, consegui me sentir mais confortável de ficar sentada aqui. Enquanto observava as pessoas que estavam sentadas ao meu redor, teve uma dupla de amigos que chamou muito à minha atenção. Bom, pelo menos pareciam ser apenas amigos, apesar que poderiam se passar por um casal facilmente.

Já que eles pareciam que estavam discutindo algo, o homem que parecia ser uns três ou quatro anos mais velho do que eu, estava começando a ficar vermelho de nervoso. E a mulher que parecia ter a minha idade, que continha cabelos castanhos e lisos, estava toda agoniada sem saber como se defender. O pouco que consegui ouvir da conversa deles, ele parecia que estava muito incrédulo de quão irresponsável à sua amiga era por sei lá qual motivo.

Eu não conseguia ver o seu rosto direito e só consegui ter acesso de como era a sua aparência, quando ele me olhou por alguns instantes e com isso, desviei imediatamente de tão envergonhada que fiquei. Mas por estes breves segundos, percebi que ele era dono dos olhos castanhos mais atraentes que já vi na minha vida, lábios finos e que continha uma pequena mancha de nascença no lado esquerdo perto de sua boca.

Ele era branco e dono dos fios castanhos escuros mais lindos que já vi. Olhando assim, parece que já estou interessada nele, mas juro por tudo que é mais sagrado que não, só achei a sua aparência interessante e nada além disso. Quando a minha vergonha passou, voltei os meus olhos em busca de encontrá-lo novamente, mas para a minha infelicidade, eles já tinham ido embora. Provavelmente, nunca mais os verei na minha vida, acho que nunca fiquei tão envergonhada na minha vida.

Acho que foi a primeira vez que fui pega nas minhas observações, mas isso foi bom para aprender a parar com esta mania nada saudável que acabei adquirindo com o tempo. E agora que não tinha mais nada para fazer, decidi voltar com as minhas gravações das manobras da Maggie e foi isso que acabei fazendo desde então. Até que finalmente, ela parecia que tinha parado e estava indo em minha direção, parou e se sentou ao meu lado:

— Bea, você gravou todas as minhas manobras, né? Não ficou viajando novamente em meio aos seus pensamentos como sempre, certo? — Me perguntou, torcendo que eu tenha sido uma ótima filmmaker.

— Relaxa, eu gravei tudinho e se quiser? Pode pegar o meu celular e selecionar quais que você quer eu envie para que possa postar em seu canal no YouTube. Sério, até hoje não consigo acreditar que você tem um canal, sendo que não é muito apegada à redes sociais. Eu acho isso muito engraçado, sabe? — Comentei e logo em seguida, a entreguei o meu celular.

— Ah, acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu só gosto de registrar as minhas manobras e deixar salvas no meu canal com a esperança de que alguém as vejam e que, acabam se inspirando em fazê-las em algum momento de sua vida, sei lá. — Disse simplesmente, dando de ombros.

— Entendi, até que isso faz um pouco sentido mesmo. E então, vamos embora? Porque está começando a querer escurecer e é perigoso, ficarmos tanto tempo fora de casa. O meu pai vai começar a ficar preocupado comigo, não sei como que ele ainda não me ligou ou mandou alguma mensagem. Ele deve está super distraído com o seu trabalho ou cuidando da mamãe, já que são cinco da tarde e a enfermeira que cuida dela, costuma ir embora neste horário mesmo. — Divaguei e levantei rapidamente, já ajeitando os meus fios ruivos que estavam bagunçados por conta que começou à ventar um pouco.

— Tudo bem. Vamos, porque amanhã teremos aulas e precisamos descansar também. — Disse, enquanto se levantava da arquibancada.

E com isso, nos levantamos e andamos até parar em frente ao ponto de ônibus. Para a nossa sorte, parou um bem na hora que chegamos e entramos logo em seguida, nos sentamos nos últimos bancos que eram os únicos disponíveis também. Conversamos até chegar no ponto que ela tinha que descer e eu desci uns cinco pontos depois, andei até chegar em casa que não ficava muito longe de onde desci.

Na manhã seguinte...

Já tinha tomado banho e consegui comer alguma coisa no café da manhã, estava sentada na cadeira da sala de jantar, por motivos que resolvi mexer um pouco no notebook. Estava criando uma certa coragem de acessar os meus e-mails, porque segundo as minhas contas, o resultado de todos os exames que o Doutor Warren me pediu, sairiam hoje. Eu estava quase me esquecendo disso, mas acabei me lembrando quando o meu pai comentou sobre.

Eu bebi quase toda a água que continha no meu copo como uma forma de juntar mais um pouco da coragem. Até que finalmente, acessei os meus e-mails mesmo com as minhas mãos que estavam tremendo muito. O meu pai e o Tony, estavam andando pra lá e para cá, totalmente apreensivos sobre os possíveis resultados destes exames. Eu cliquei no primeiro link que era da tomografia computadorizada, quando o abri, não conseguimos entender nada e decidimos deixar que o Doutor Warren nos explicasse depois.

Depois disso, cliquei nos outros links e baixei todos, coloquei no pendrive para depois imprimí-los, para no fim, pudesse levar na próxima consulta que conseguisse marcar com o médico. Preferi não ler no que estava escrito para não me apavorar, apesar que acabei lendo as primeiras linhas e quase entrei em desespero. Mas parei imediatamente para não ficar criando paranóias e achar coisas que não tem nada a ver no que estava escrito naqueles arquivos.

Imediatamente, pedi para o meu pai marcar uma consulta e enquanto, ele ligava, fiquei torcendo para que conseguisse hoje mesmo depois das aulas. Já que não queria faltar hoje por conta que tenho alguns trabalhos para entregar e que valiam muitos pontos. E assim que ele desligou o telefone, ele me disse que teria para às 06:30pm e achei isso perfeito, já que as minhas aulas acabam às 05:30pm.

Então assim que o meu pai sair do trabalho, ele me busca lá na Universidade e já vamos direto. Vou até aproveitar para imprimir os resultados dos exames por lá, já que a impressora da biblioteca é mil vezes melhor e mais eficaz do que temos aqui em casa. Enfim, levantei e peguei a minha mochila, peguei carona com o Tony já que fazia algum tempo que não estava indo com ele.

Assim que entramos em seu carro, como sempre, ele ligou o rádio e começou a tocar algumas músicas. Ele simplesmente, resolveu cantar junto com uma música que não gostava muito. Ele parecia que estava mais berrando do que cantando, com isso, acabou me fazendo rir bastante porque estava parecendo um bobo. Acho que foi uma forma que ele encontrou de me distrair um pouco e esquecer do meu possível diagnóstico.

E não demorou mais do que trinta minutos até chegar na Universidade, nos despedimos e consequentemente, ele acelerou o seu veículo já que faltavam uns vinte minutos para começar o seu estágio. Andei em direção a entrada da Instituição e só parei de andar, quando me deparei com as portas da biblioteca. E fui até aonde se encontrava a impressora, inseri o pendrive no computador e baixei os arquivos dos meus exames, depois os imprimi um por um.

Feito isso, saí da biblioteca rumo à sala que teria a primeira aula do dia. Sorte que hoje, só teria aula com professores maravilhosos e que pareciam amar a sua profissão, tirando o professor Smith que parecia odiar e acabava descontando isso em nós, meros mortais. Simplesmente, não temos culpa se ele virou um homem frustrado com a própria vida e que não conseguiu nada que queria ao ponto que foi obrigado a se tornar um professor universitário. Bom, pelo menos ele nos faz crê que não está satisfeito com o rumo que a sua vida acabou tendo no final.

Algumas horas depois...

As aulas acabaram e já me encontrava do lado de fora da Universidade, aguardando a chegada de meu pai. Maggie já tinha ido embora com um de seus irmãos mais velhos, achei um pouco estranho, porque isso não faz parte do feitio de nenhum deles. Mas eu acredito que ele foi obrigado pela dona Claire, provavelmente eles devem ter algum compromisso muito importante hoje. Amanhã, irei perguntar porque não sou obrigada a morrer de curiosidade sobre isso.

E quando estava quase desistindo de esperar o meu pai, o patriarca finalmente apareceu e com isso, andei até parar em frente à porta de seu carro, entrei logo em seguida. Depois disso, ele acelerou o veículo prateado e como sempre, deixou tocando a sua playlist de sempre. Com certeza, ele os escuta todos os dias como uma forma de deixar a sua vida leve e também, para conseguir expulsar qualquer pensamento ruim que possa surgir em sua cabeça ao decorrer dos dias, eu acho.

Nós conseguimos chegar com trinta minutos de antecedência, por conta que não pegamos trânsito em nenhum momento do trajeto. Saímos do veículo após ele ter conseguido estacionar e entramos na clínica, sentei em uma cadeira acolchoada preta, enquanto ele falava com uma das recepcionistas. E não demorou muito até que ele se sentasse na cadeira ao meu lado, ele disse que logo iríamos sermos atendidos, só precisaríamos aguardar porque o Doutor Warren estava atendendo uma paciente.

E enquanto não chegava a nossa vez, resolvi levantar para beber um pouco de água já que estava começando a ficar um pouco nervosa. Eu nunca torci tanto para que o meu pai estivesse errado e que fosse apenas uma enxaqueca fácil de se tratar. Espero muito que eu esteja certa, porque não sei se aguentariámos mais um baque como este. Acho que seria demais para a nossa família, já basta no que nos aconteceu há cinco anos e que até hoje, reflete em nossas vidas de uma certa forma.

E como sempre, os meus pensamentos foram interrompidos quando escuto uma voz feminina chamar pelo meu nome. Os meus olhos se direcionaram de onde vinha a voz que era da mesma recepcionista que tinha nos atendido na outra vez. Nos levantamos e andamos em direção ao consultório do médico, assim que entramos, ele nos cumprimentou com um sorriso simpático de sempre.

O entreguei os resultados dos exames impressos, ele começou à analisá-los minuciosamente e ficou assim por longos minutos. Confesso que isso, estava me deixando mais apreensiva ainda por conta que as suas expressões não estavam sendo uma das melhores. Consequentemente, os meus pés começaram a bater no chão conforme o meu nervosismo fora crescendo, mil pensamentos negativos estavam surgindo à cada segundo na minha cabeça.

Até que voltei à encarar o médico que parecia que estava pensando em como começar a nossa conversa. Ele pegou um copo de água e bebeu alguns goles, respirou fundo por alguns segundos e depois, fez uma menção de que iria dizer alguma coisa:

— Bom, não sei como começar a nossa conversa. Mas gostaria de dizer que nunca torci tanto que as minhas suposições estivessem erradas que nem agora, porém, infelizmente não tenho boas notícias para dar à vocês... Segundo os resultados dos exames que solicitei para que a senhorita fizesse, tudo indica que o seu diagnóstico é de uma doença cancerígena. Este câncer acabou atingindo uma boa parte de seu cérebro, para ser mais preciso, o nome deste câncer é glioblastoma multiforme grau 3 e... — Nos explicava, mas acabou sendo interrompido pelo meu pai.

— Câncer!? Isso não pode ser verdade... Então, as minhas suspeitas eram reais. Então, as dores de cabeça que ela sentia eram por conta deste câncer!? Eu queria tanto que fosse apenas mais uma paranóia. Oh, minha filha, eu sinto muito mesmo. E agora, Doutor, o que faremos? — Disse, meu pai, com os olhos cheios de lágrimas e sem acreditar no que acabara de ouvir.

— Iremos marcar as sessões de quimioterapia e radioterapia por um tempo. Se não obtivermos êxito? Aí, teremos que recorrer para uma cirurgia bastante delicada e torcer para que dê certo. — Explicou, Doutor Warren, podia sentir uma certa tristeza em sua voz.

Eles começaram a falar mais sobre, só que eu simplesmente parei de prestar atenção já que me encontrava em choque. Não conseguia acreditar que infelizmente, eu fui a sorteada da família de ter herdado os genes ruins da família da mamãe. Eu nunca tinha torcido tanto que fosse apenas uma paranóia de meu pai, eu queria tanto que fosse apenas uma enxaqueca idiota. Eu fiquei me segurando para não chorar na frente deles e muito menos, sair correndo daquele consultório porque estava me sentindo muito sufocada.

Eu precisava urgentemente de tomar um ar antes que acabasse enlouquecendo aqui. Assim que eles terminaram de conversar, se despediram e eu levantei imediatamente. Saímos do consultório e logo em seguida, da clínica e eu nunca fiquei tão aliviada por ter saído de lá. E entramos no carro sem trocar nenhuma palavra, ele acelerou o veículo e eu fiquei apenas olhando as paisagens ao decorrer do trajeto.

Assim que chegamos em casa, subi correndo em direção ao meu quarto e depois de ter entrado, o fechei e me joguei na cama. E foi ali que me permiti chorar até não poder mais, chorei mais do que quando descobri o que aconteceu com a mamãe depois do nosso acidente. Eu fui obrigada a controlar as minhas lágrimas, quando ouço alguém bater na minha porta e dizer as seguintes palavras:

— Maninha, abre a porta por favor. Eu sei que você está aí e sei mais ainda do que você está precisando neste exato momento. Então por favor, abra a porta para que eu possa te dar o que você necessita. — Pediu, Tony, com a voz embargada.

Não disse nada, apenas me levantei e abri a porta bem devagar. Com isso, ele me abraçou fortemente e começamos a chorar juntos, dei alguns passos para atrás e ele fechou a porta para mim. E dei mais alguns passos até nos sentarmos na cama, ele ficou dizendo algumas coisas, mas eu não conseguia entender direito porque a minha mente estava em um turbilhão de pensamentos negativos. Só sei que chorei tanto que acabei adormecendo em seus braços, eu lembro de sentir que ele me ajeitou na cama e saiu de fininho, já que não consegui ouvir os seus passos.

Hoje, definitivamente foi o terceiro pior dia da minha vida...

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