23- Confissões sob o luar
Reflections - The Neighbourhood.
Guk Saemi's point of view
Eu me revirava na cama tentando dormir, o relógio marcava duas da manhã e eu ainda estava acordada por causa daquela festa idiota que alguém em um prédio vizinho estava fazendo. Eu tinha certeza que minha mãe estava dormindo, seu sono era bem pesado, ao contrário do meu, eu tentei fechar os olhos várias vezes, mas aquele vizinho idiota não estava me deixando. Foi quando recebi uma ligação.
—Você também ficou sem sono?— A única pessoa conhecida que poderia estar acordado naquela hora me ligou, claro, Lee Minho.
—É, eu também.— Respondi enquanto coçava meus olhos. —Por que ninguém ligou pra a polícia?
—Ouvi dizer que até ligaram, mas nenhum policial fez nada pra parar essa coisa.
—Mas por que você me ligou?
—Você é a única pessoa acordada e eu queria que você fosse comigo até um lugar.
—Que lugar?
—Vai pra portaria e eu vou te levar lá.
(...)
Vestindo apenas um casaco por cima de meu pijama e sandálias, eu encontrei Minho me esperando na frente do prédio. Ele sorriu se virando em minha direção e fez um gesto para que eu fosse até ele.
—Pra onde a gente vai?— Eu indaguei chegando perto dele.
—Me segue.— O Lee disse segurando meu pulso.
Ele me olhou com um sorriso ainda maior antes de começar a andar bem rápido, me puxando até um destino desconhecido para mim. Nós ficamos assim por algum tempo, rindo sem motivo e sentindo a brisa da madrugada nos abraçar, uma sensação incrível que eu nunca pensei em experimentar até aquele momento, então chegamos em uma praça de minha cidade em um gramado.
—Qual é a dessa sua mania de ficar puxando os outros assim?— Eu perguntei ainda entre risos.
—Não sei, talvez porque você seja muito lenta.— Ele disse enquanto ria.
—Aí! Assim eu quebro o nosso trato, viu?— Brinquei.
—Nossa! Eu tô com muito medo.— Ele ironizou. —E nem faz sentido você quebrar o trato que você mesma fez.
—Bem... Você me pegou.— Eu ri coçando minha nuca. —Mas e aí? Por que você me trouxe aqui?
—Quando eu era criança e não conseguia dormir, minha mãe me fazia olhar as estrelas e depois me colocava pra dormir.— Ele explicou sentando-se na grama enquanto eu fazia o mesmo. —Eu queria ver se dava certo dessa vez, mas não queria ir sozinho.
—Então você pretende me fazer te carregar até em casa.
—Não! Eu só vou dormir quando chegar.— Ele afirmou como se fosse algo óbvio. —Lembra da última vez que você tentou me carregar?
—Eu tava bêbada!— Me defendi. —Se eu estivesse sóbria, eu teria conseguido!
—Eu dúvido.
—Então espero que continue duvidando.— Me deitei na grama tendo uma visão melhor do céu.
—Você é muito engraçada, sabia?— Ele se deitou também.
—Não vai dormir se ficar se deitando assim?
—Não, quem é o idiota que dorme na grama?— Ele respondeu como se fosse algo óbvio.
—Você me faz parecer burra quando fala assim.— Olhei para o Lee de canto.
—Eu sei.— Minho se virou para mim com um sorriso lindo e brilhante estampado em seus lábios. —Mas você também faz isso comigo.
—Então estamos quites de novo.
—Pois é...— O garoto se virou em direção ao céu novamente enquanto seu sorriso desaparecia. —Parece que não estamos nos dando tão mal quanto antes.
—Você acha?
—Sim.— Ele sorriu sem mostrar os dentes, ainda fitando no céu. —Eu até que gosto disso.
—Uau! Isso é algum tipo de avanço?— Eu indaguei antes de soltar um riso nasal. —Pelo menos eu não te odeio mais, não como antes.
—Depois de dezesseis anos nós conseguimos nos dar minimamente bem.— Os olhos do Lee brilhavam tanto quanto as estrelas, como se ele se lembrasse de algo. —Lembra daquela vez que você jogou um balde de água na minha cabeça?
—Ora, você fez por onde.— Eu brinquei entre risos. —Na verdade, eu só não sabia do livramento que você estava me dando.
—E como sempre, o pequeno Minho estava certo.
—Besta.— Revirei os olhos. —Lembra daquela vez que eu quase arranquei seu cabelo fora porque você tinha pintado os meus livros em preto e branco?
—Como eu poderia esquecer? Minha cabeça dói por causa disso até hoje!
—Foi desde esse dia que eu desisti de ser uma pessoa que lê com frequência.
—Lembra do dia em que eu me mudei e eu abri a janela só pra falar que o seu cabelo tava ridículo?
—Nossa! Eu fiquei com vontade de correr atrás do carro e te puxar pra fora pelos cabelos.— Revirei os olhos enquanto me lembrava. —Dessa vez eu tive pena do seu couro cabeludo.
—Que bom que não fez isso.— Ele riu por alguns segundos antes de ficar em completo silêncio. —Mas posso ser sincero com você?
—Pode.
—Eu nunca achei o seu cabelo feio.— Meus olhos se arregalaram enquanto alguém que zombou de tudo em mim por quase catorze anos da minha vida me fazia um elogio pela a primeira vez. —Na verdade, eu só queria implicar com você.
—Minho...— Eu disse ainda em choque enquanto me virava para o Lee. —Posso ser sincera com você também?
—Hum.— Ele murmurou como resposta se virando em minha direção.
—Eu sempre achei seu sorriso muito fofo, mas nunca consegui dizer.
Nós ficamos em silêncio por um tempo, apenas nos encarando. Minho parecia em choque me olhando fixamente como se eu tivesse acabado de falar o maior absurdo do mundo, eu apenas sorri enquanto também o olhava.
—Caramba, isso é estranho.— O garoto se virou novamente em direção ao céu e eu fiz o mesmo.
—É muito estranho mesmo, mas é melhor que seja assim do que se xingar.
Eu nunca achei que estaria assim, dizendo essas coisas e me divertindo tanto assim com ele. Lee Minho pode ser uma pessoa incrível quando quer e eu demorei para perceber isso, tudo isso porque aos meus olhos ele era apenas o meu vizinho irritante que falava besteiras o tempo todo, mas agora eu percebi que Minho é muito mais do que eu achava que era.
—Vamos voltar, eu acho que já estou com sono o suficiente.— Ele se sentou.
—É... Vamos.
...
Advinha qual virou o capítulo fav da autora? Exatamente, esse mesmo.
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