Lee Minho's point of view

Eu bebi muito, não que essa fosse a primeira vez, mas provavelmente foi a vez que eu mais fiz besteira. Só pelo o fato de ter acordado ao lado de Saemi, na cama do meu quarto, já me dizia coisa o suficiente. Eu me levantei, fazendo o possível para não acordar Saemi, o que não foi muito difícil, já que seu sono parecia bem pesado. Caminhei até o banheiro no objetivo de tomar um banho, eu estava fedendo a álcool. Eu tomava banho enquanto tentava me lembrar de algo do que aconteceu na noite passada depois que eu comecei a beber, e foi aí que uma memória terrível apareceu.

Eram um daqueles flashes de memória aleatórios, mas aquilo me assustava. A imagem de Saemi, aparentemente tão bêbada quanto eu, com uma das mãos sobre a boca e gritando:

—Você me beijou?

O mesmo questionamento se repetia várias vezes em minha cabeça: "eu a beijei?". Eu estava em confusão e até um pouco envergonhado por ter a beijado assim, principalmente quando ela claramente me odeia.

Saí do banheiro, indo diretamente até a cozinha, se tinha uma coisa que eu precisava naquele momento, essa coisa era café. Eu achava que meu irmão ainda estava dormindo, até que ouvi uma voz fina indagar:

—Por que você e a noona estavam dormindo juntos?

—Eu não sei.— Falei enchendo uma xícara de café.

—Vocês dois tão namorando?

—Não! Claro que não!

—Mas eu adoraria ter a noona como sogra.

—É cunhada.— Eu o corrigi. —Falando nela, eu vou ver se ela já acordou.

Fui até meu quarto, me apoiando na porta enquanto observava Saemi, que parecia prestes a acordar. Ela se mexeu um pouco enquanto resmungava algo que não conseguia indentificar, ela piscou algumas vezes antes de abrir os olhos de vez.

—Parece que a princesa finalmente acordou.— Eu disse evitando o contato visual.

Ela parecia bastante confusa, a Guk olhou por debaixo dos lençóis por um momento e rapidamente se levantou, indo em direção a onde eu estava.

—Não vai me perguntar nada? Tipo, o que aconteceu ontem?— Eu indaguei.

—Eu dúvido que você se lembre de algo.

—Eu lembro de mais do que você imagina.

—Quer saber? Eu lembro de tudo, tá bom?— Ela disse um pouco irritada.

—Hum, se você diz.— Dei de ombros.

Saí de frente da porta e ela passou tão rápido que nem notou Min na sala de estar. Eu fui logo atrás, Yurim era a única pessoa que eu tinha certeza que me contaria sobre tudo o que aconteceu ontem.

—Por que você tá me seguindo?— Ela perguntou.

—Eu quero perguntar uma coisinha pra Yurim.

—Aí.— Ela disse parando em frente a porta. —Se a sua mãe perguntar alguma coisa, ontem a noite você ficou com dor de cabeça e eu cuidei de você.

—Mentiu pra minha mãe, foi?

—É claro, eu não ia dizer que você tava bebendo.

Nós dois saímos do apartamento, dando de cara com um homem que parecia ter cerca de seus vinte anos, era um pouco mais baixo que eu e estava vestido bem. Saemi franziu o cenho, como se estivesse tentando reconhecer ele de algum lugar, e ele parecia fazer o mesmo.

—Você não é prima da Areum?— O homem indagou.

—Sou sim.— Ela respondeu fazendo-o sorrir.

—Muito prazer, sou o Bang Chan, marido da Areum.— Ele estendeu sua mão.

—Prazer em te conhecer, eu me chamo Guk Saemi.— Ela apertou a mão dele enquanto se curvava levemente.

Antes que algo mais pudesse ser dito, a porta do apartamento de Saemi se abriu, revelando uma mulher e uma criança de cerca de dois ou três anos, a criança andou rapidamente, ainda um pouco desengonçado e abraçou o Bang.

—Papai!— O menininho exclamou.

Chan pegou o garotinho no colo enquanto a mulher —que deduzi ser sua esposa— se aproximava.

—Por que não avisou que estava vindo?— Ela perguntou enquanto sorria.

—Era pra ser surpresa.— Ele respondeu.

Nós dois assistíamos aquela conversa em família sem saber muito o que fazer. Saemi parecia estar com vergonha de simplesmente ir embora assim, e eu também.

—Você não é aquele menino...— A mulher apontou para mim como se estivesse tentando se recordar de quem eu era. —Lee Minho!

—Sim.— Eu sorri mesmo sem saber quem exatamente era ela.

—Ele é namorado da sua prima?— O Bang perguntou para a esposa em uma tentativa falha de fazer com que eu não o ouvisse.

—Não, ele é só o vizinho dela.— Areum respondeu no mesmo tom que o marido.

—Vem.— Saemi disse segurando meu pulso e me puxando para dentro de seu apartamento, nos livrando daquela situação.

Nós dois entramos juntos, dando de cara com Yurim em uma posição questionável mexendo em seu telefone.

—Finalmente, vocês acordaram.— Ela disse levantando do sofá.

—Ele quer te perguntar uma coisa.— A Guk afirmou soltando meu pulso e indo em direção a geladeira.

—Eu queria saber...  O que aconteceu na noite passada?

A Kim soltou uma risada nasal antes de começar a falar sobre exatamente o que aconteceu depois que eu comecei a beber. Aparentemente, eu já estava bem embriagado no momento em que eu simplesmente me deitei no colo da Saemi e minha mãe repentinamente me ligou e a Guk foi quem atendeu, ela mentiu dizendo que eu estava com dor de cabeça e que meu irmão pediu a ela para cuidar de mim, depois disso, a Saemi comecou a beber muito, até o momento que Yurim perdeu nós dois de vista e só nos encontrou uns dez minutos depois, quando ela ouviu a Saemi gritando comigo e achou melhor levar nós dois para casa, mas no meio do caminho eu acabei apagando. 

Quando elas tentaram me deixar em casa, a Saemi se convenceu de que estava sóbria e me levou até meu quarto, porém ela acabou apagando bem quando ia me deixar na cama, Yurim não conseguiu tirar ela de lá, então decidiu deixar ela por lá mesmo. Não era exatamente o que eu queria saber, mas já explicou muita coisa, como por exemplo, o motivo de nós estarmos dormindo juntos. Na verdade, eu só estava curioso sobre uma coisa: o beijo, eu a beijei ou não?

(...)

Guk Saemi's point of view

Eu já tinha motivos o suficientes para me trancar no quarto pelos próximos dias, a ideia de que eu simplesmente dormi com o Lee Minho na noite passada estava me aterrorizando junto com o jeito que ele tem me tratado ultimamente, especialmente no dia em que nós dois fugimos da escola com o Soonie, o jeito que ele segurou a minha mão e me puxou para perto naquele dia, e ainda piora com Yurim achando que ele realmente gosta de mim. Isso não pode acontecer, não faz sentido, mas o jeito que ele agiu mais cedo me despertou uma curiosidade, algo aconteceu naquela festa e eu tenho que descobrir o que foi.