01- É um desprazer te rever
Guk Saemi's Point of view
Eu odeio férias de verão, principalmente o final delas. Eu geralmente passo dias infernais de quentes sozinha, já que minhas amigas viajam e eu não tenho irmãos. Já era um dos últimos dias daquela estação infernal e eu estava deitada no chão gelado do meu quarto enquanto segurava um ventilador pequeno na tentativa de me refrescar.
Escutei a porta da frente abrir e minha mãe entrar em casa conversando com alguém que deduzi ser algum amigo dela, porém aquela voz me parecia um tanto familiar e eu sabia que não era nenhum dos amigos da minha mãe, nenhum dos que eu conhecia.
-Eu vou chamar ela.- Ouvi minha mãe dizer. -Docinho, advinha quem está aqui.
-Tô indo.- Respondi.
Eu sinceramente estava com medo de quem eu poderia encontrar, algo me dizia que não seria muito bom encontrar aquela pessoa -minha intuição nunca falha!
Me levantei do chão então saí do meu quarto, assim que cheguei na sala, dei de cara com a última pessoa que eu queria ver.
-Senti sua falta Saemi.- Ele disse com um sorriso.
Eu tenho duas palavras: Lee Minho, vulgo garoto que fez da minha vida um inferno quando éramos crianças. Me lembro perfeitamente daquele mini capetinha chutando meu castelinho de areia quando a gente se viu pela primeira vez. Sinceramente, desde que ele se mudou para uma cidade no interior que nem me dei o trabalho de saber o nome, a última coisa que eu queria era vê-lo novamente.
Minho se levantou do sofá com um sorriso de canto e se aproximou de mim, que permanecia parada encarando ele em choque.
-Você não mudou nem um pouquinho, princesa.- Ele bagunçou me cabelo.
-Já falei pra não me chamar assim.- Tirei sua mão de minha cabeça. -E não encoste no meu cabelo.
-Por isso mesmo que eu faço.
-Lino.- Minha mãe interrompeu nossa conversa. -Você quer algo para beber?
-Água seria ótimo.- Ele disse educadamente.
Claro, além de insuportável, Minho também é um grande duas caras, principalmente quando se trata da minha mãe.
-O que você tá fazendo aqui?- Perguntei cruzando os braços assim que minha mãe saiu.
-Estou apenas visitando uma amiga de longa data.- Ele ironizou.
-Você sabe que eu particularmente não gosto de você, nem um pouquinho.
-Eu sei, mas a sua mãe gosta.- Ele sorriu de canto.
-Aqui docinho.- Minha mãe apareceu com um copo de água. -Como vai a mudança?
-Vai muito bem, tia.
-Mudança?
-Não é ótimo?- Ela disse. -O Lino vai se mudar para o apartamento ao lado.
-E seus pais? E o Min?
Mesmo que o Minho fosse insuportável, eu ainda amava a família dele.
-Eles só vão se mudar ano que vem, eu vim primeiro porque a qualidade de ensino aqui é melhor.
-Hum...- Fui em direção ao sofá e me sentei.
-Você já sabe quando vai voltar as aulas?
-Uhum, daqui a duas semanas mais ou menos.
Eu observava aquele duas caras sorrindo de forma simpática enquanto falava sobre a escola com a minha mãe. Eu sinceramente não ouvi uma palavra que ele disse, eu só conseguia pensar em quão falso ele era.
-Sae.- Minha mãe me tirou de meus pensamentos. -Vamos.
-Que?
-Não escutou princesa?- O tom de voz do Lee mudou completamente.
-O que você acha?- Cruzei os braços.
-Nós vamos ajudá-lo com a mudança.
-Ah...- Me levantei. -Certo, estou indo.
(...)
-Obrigado pela ajuda tia.- O Lee sorriu.
-Você deve estar cansado demais pra preparar alguma coisa, o que acha de comer lá em casa?
-Mãe! Por...
-Seria ótimo.- Ele direcionou seu olhar a mim.
"Ele só pode estar de brincadeira com a minha cara." Eu pensei. Em pouco tempo, estavamos nós três sentados na mesa de jantar, Minho e minha mãe conversavam enquanto eu apenas comia minha comida sem dizer nada. Eu bolava um plano para não precisar que falar com Minho e evitá-lo até qu eu saia de casa, todavia eu já soubesse que seria impossível por conta da minha mãe, mas sonhar nunca é ruim, certo?
Depois de um tempo, eu me levantei sem dizer absolutamente nada, deixei meu prato na pia e fui direto para meu quarto. Me deitei na minha cama e começei a olhar para o teto até que ouvi a porta abrir, eu já sabia que era Minho. Optei por ficar em silêncio, já que em momentos como esse, conversar com Minho é a última coisa que eu quero. O Lee caminhou até minha cama e se sentou, me encarando em silêncio por alguns segundos antes de começar a falar.
-Ao menos tente fingir gostar de mim.- Ele disse.
-Não sou duas caras igual a certas pessoas.
-Me lembro de ter dito que o cabelo curto não fica bom em você, agora seu cabelo está tão curto quanto o meu.
-Eu não perguntei o que você acha de mim.
-Por isso você é tão feia.
-Já se olhou no espelho uma vez queridinho?
-Você é sempre tão gentil.- Ele ironiou revirando os olhos e se levantando.
-Apenas com idiotas como você.- Eu me sentei.
-Certo, certo.- O Lee suspirou. -Pra sua infelicidade eu já estou indo, princesa.
-Já vai tarde!
(...)
-Sae!- Boram correu até mim e me abraçou.
-Ah, essas férias foram uma merda.- Kaeun reclamou.
-As minhas também.- Afirmei.
-Minhas férias foram até legais, mas eu senti tanta saudade de vocês.
-Choi Boram sendo a única pessoa que teve férias decentes esse ano.- A Yoo disse.
-Vocês não têm noção! Eu encontrei o menino que eu odiava quando criança e ele agora é meu vizinho!
-É sério?- Boram indagou surpresa.
-Boa sorte amiga.- Kaeun encostou em meu ombro.
-O pior é que ele continua tão irritante quanto antes!- Cruzei os braços. -E ainda mais, minha mãe adora ele...
-Isso parece até um enredo de livro.- A Choi comentou.
-Você quer dizer um...- A Yoo sorriu.
-Enemies to lovers!- Elas disseram em unissono.
Choi Boram e Yoo Kaeun são minhas melhores amigas, também as maiores fãs de livros românticos que eu conheço. Elas sempre falam coisas como isso, comparando nossa vida com esses livros estranhos que elas lêem, as vezes eu me pergunto se tenho um ímã para gente esquisita.
-Lá vem vocês de novo.- Neguei com a cabeça.
-Essa é literalmente a melhor química de casal dos livros!
-Sim! Aquelas que os dois personagens se odeiam, mas no final viram um casal!
-Isso nunca vai acontecer! Não comigo e com ele!
-Veremos...
(...)
Eu deitei minha cabeça na mesa enquanto o caos se instalava na sala e a professora de inglês se estressava com os alunos. Alguém deu três batidas na porta chamando atenção de todos.
-Quiet!- A professora gritou. -Pode entrar.
-Com licença.- Nosso monitor abriu a porta deixando apenas sua cabeça para dentro. -Tem um aluno transferido que está entrando agora na sala de vocês, então ajudem ele, certo?
-Sim.- Dissemos em coro.
-Pode entrar Minho.
-Minho...- Murmurei. -Lee Minho? Não, não é possível...
-Obrigado.- Ouvi aquela voz. -Oi.- Lee Minho entrou na sala com um sorriso.
-Merda...
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