0.4 | 𝐒𝐑&𝐒𝐑𝐀 𝐂𝐀𝐒𝐓𝐎𝐑
ARABELLA andava um pouco atrás dos outros, pensativa sobre a lembrança de seu irmão e a mulher que apareceu em seu sonho. A jovem sentiu uma presença ao seu lado, despertando-a dos seus pensamentos.
"Por que não vestiu o casaco? Você vai acabar ficando hipotérmica," Pedro perguntou, fazendo-a franzir o rosto.
"Mas eu..." Arabella olhou para o braço e viu o casaco que Pedro havia entregado momentos antes ainda dobrado. "Não sinto frio," murmurou, dando de ombros.
"Venha, vamos vestir esse casaco." Sem dar tempo para Arabella responder, ele pegou o casaco do seu braço. "Vamos, irei ajudá-la a vestir."
Confusa com a insistência repentina do menino, ela agradeceu: "Obrigada."
Deixou de fora a pergunta em sua mente: ela realmente não sentia frio, mesmo com a temperatura abaixo de -20°C. Era como se o frio não a incomodasse.
"Não precisa agradecer, Bella," ele sorriu, e Arabella pensou consigo, 'que sorriso lindo', mas logo tentou afastar tal pensamento da mente.
Pedro levantou o casaco, permitindo que ela colocasse os braços e se aconchegasse na pelagem fofa. Ela sentiu o toque suave da lã contra sua pele e o calor imediato que emanava do casaco.
"Quentinho, não?" A voz de Pedro soou perto de seu ouvido, junto com seu hálito quente, e isso fez com que um arrepio percorresse o corpo de Arabella.
"Sim," respondeu ela, afastando-se do menino Pevensie.
Então, os dois se olharam antes de começarem a caminhar novamente, um ao lado do outro. Arabella começou a observar a paisagem ao seu redor, sentindo-se conectada com as árvores, como se pudesse entendê-las. As árvores, cobertas de neve, pareciam sussurrar segredos antigos, e ela quase podia ouvir suas histórias seculares.
De repente, sentiu uma mão quente envolver a sua. Olhou para Pedro, que tinha um sorrisinho no rosto. Arabella balançou a cabeça, sorrindo também.
"Tem muita comida e muito..." A voz de Lúcia parou de explicar aos irmãos quando chegaram perto o suficiente da caverna do Sr. Tumnus e viram que a porta havia sido arrombada. A visão da porta pendurada apenas por uma dobradiça os fez parar abruptamente.
"Lúcia?" falou Pedro, preocupado com o silêncio repentino da irmã.
"Que droga!" Arabella praguejou, apertando a mão de Pedro quando sua mente a lembrou da Feiticeira Branca.
"Lúcia!" Susana gritou, quando Lúcia começou a correr para a porta.
"Cuidado, Lúcia!" Arabella a alertou antes de começar a correr, puxando Pedro consigo, pois ainda estavam de mãos dadas.
Eles chegaram à caverna e viram o caos. A casa que antes era rústica e aconchegante agora estava irreconhecível. Seus móveis estavam revirados, alguns quebrados, como se uma tempestade tivesse passado por ali. Livros estavam espalhados pelo chão, muitos deles com páginas rasgadas e capas danificadas. O ar carregava um aroma de desordem e violência.
Arabella sentiu seu coração apertar ao ver a desolação do lugar. Cada detalhe parecia contar a história de uma invasão violenta, e o medo pela segurança do Sr. Tumnus tomou conta de todos ali presentes. As cortinas que antes adornavam as janelas estavam rasgadas, penduradas em fiapos. Os móveis, que costumavam ser arranjados com cuidado, estavam agora espalhados desordenadamente pelo chão de terra batida.
O silêncio que pairava sobre a caverna era pesado, carregado de tensão e apreensão. Os traços de uma luta recente eram evidentes, com marcas de arranhões nas paredes e pedaços de tecido rasgado espalhados pelo chão. Arabella sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto observava aquela cena desoladora, imaginando o que poderia ter acontecido ali e se o Sr. Tumnus estava em segurança.
Arabella e Lúcia compartilhavam da mesma expressão de preocupação, seus olhares vasculhando cada canto da caverna em busca de qualquer sinal do querido fauno. A incerteza pairava no ar, misturada com o medo do desconhecido. Mas apesar da desolação ao redor, havia uma determinação silenciosa no coraçãode Arabella. Ela estava determinada a encontrar o Sr. Tumnus, não importava o que encontrasse pelo caminho.
"Quem faria algo assim?" perguntou Lúcia enquanto andava pela casa revirada, examinando cada canto em busca de pistas.
"Jadis," Arabella murmurou, mordendo o lábio apreensiva.
"Quem seria Jadis?" perguntou Susana, olhando surpresa para a menina Kirke.
Antes mesmo que Arabella pudesse responder, ouviram um barulho de vidro quebrando atrás dela. Virando-se para verificar, Arabella viu que Edmundo havia pisado em uma imagem quebrada, fazendo com que o vidro se espalhasse pelo chão. Desviando seu olhar, ela voltou sua atenção em busca de pistas e notou um bilhete pregado na parede. Ela o retirou e começou a ler em voz alta.
"O fauno Tumnus foi acusado de alta traição contra sua majestade imperial Jadis, Rainha de Nárnia, por abrigar inimigos e confraternizar com humanos." Estava assinado por Maugrim, comandante-chefe da Polícia Secreta. "VIVA A RAINHA!"
Assim que Arabella terminou de ler, os Pevensie olharam uns para os outros, a gravidade da situação pesando sobre eles.
"Quem é essa rainha, Lu?" perguntou Pedro, visivelmente intrigado. "Sabe algo sobre ela?"
"Bella saber explicar melhor," Lúcia olhou para a amiga, incentivando-a a dar uma resposta mais detalhada.
"Não é rainha coisíssima nenhuma. É uma feiticeira terrível, chamada de A Feiticeira Branca. Odiada por tudo e todos. Foi ela quem enfeitiçou as terras de Nárnia, para que aqui seja sempre inverno, nunca Natal," Arabella resumiu, com uma expressão sombria no rosto.
"Chega..." Susana pegou o papel da mão de Arabella, olhando para ele com preocupação. "Agora temos mesmo que ir embora!"
"Mas e o Sr. Tumnus?" perguntou Lúcia, com os olhos cheios de apreensão.
"Se ele foi preso só por estar com um humano, acho que não temos muito a fazer," Susana tentou explicar, buscando manter a calma.
"Você não entende, não é mesmo?" Lúcia disse tristemente, com um tom de preocupação evidente em sua voz.
"Bella e eu fomos as humanas! Ela deve ter descoberto que ele nos ajudou!"
Arabella, que ainda examinava detalhadamente a casa revirada, percebeu a expressão de culpa no rosto de Edmundo. Isso a fez ficar com um pé atrás em relação ao que o menino poderia ter encontrado no dia em que esteve sozinho antes de ser encontrado por Lúcia e ela.
"Melhor chamarmos a polícia," sugeriu Pedro, buscando uma solução para a situação.
"Eles são a Polícia," Arabella disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, deixando todos perplexos
"Não se preocupe, Lu," disse Pedro, tentando acalmar a irmã. "Vamos pensar em algo."
"Por quê?" Edmundo falou, fazendo todos olharem para ele. Sua voz tremeu enquanto completava: "Quero dizer, ele é um criminoso."
Arabella não gostou nem um pouco do comentário de Edmundo. A menina suspirou antes de falar com determinação. "Se vocês quiserem ir embora, podem ir. Eu ficarei e só irei embora quando ajudar o Sr. Tumnus e dar um fim na Feiticeira."
Antes que algum deles pudesse responder, ouviram um "psiu". Eles olharam para fora, mas tudo o que viram foi um pássaro.
"Aquele pássaro fez 'psiu' para nós?" Susana perguntou, incrédula.
"Aparentemente sim," Arabella respondeu, acenando com a cabeça enquanto começava a sair da caverna de Sr. Tumnus.
Pedro saiu logo em seguida, posicionando-se em frente a Arabella e Lúcia, que estava ao lado da amiga. Um barulho repentino fez todos se virarem. Susana agarrou o casaco de Arabella, que segurava Lúcia pelos ombros, enquanto Lúcia se escondia atrás de Pedro.Olhando em direção ao barulho, Arabella percebeu que ele vinha de um arbusto. De lá, emergiu um castor, saindo de trás das folhagens.
"Um castor?" Lúcia perguntou, saindo um pouco de trás de Pedro tentando entender a situação.
"Sim, um castor," confirmou Arabella, observando atentamente o animal.
"Garoto... aqui, garoto..." Pedro começou a se aproximar do castor com a mão estendida, fazendo um barulho com a língua.
"Eu não vou cheirar, se é isso que você quer," o castor falou, olhando para Pedro com um olhar sério. Pedro recuou envergonhado.
"Desculpe," Pedro se desculpou, visivelmente constrangido enquanto voltava para onde os outros estavam.
"Lúcia Pevensie?" o castor perguntou, fazendo Lúcia parar de rir do irmão e ficar quieta.
"Sim?" Lúcia respondeu, caminhando até o castor, que estendeu um lenço para ela.
"Esse é o lencinho que dei ao Sr..." Lúcia começou, mas foi interrompida pelo castor.
"Tumnus. Ele me entregou antes que o levassem."
"Ele está bem?" Lúcia perguntou, preocupada. O castor olhou para as árvores ao redor.
"Aqui não é seguro," disse o castor, começando a andar. Arabella, Lúcia e Pedro o seguiram imediatamente.
"O que você está fazendo?" Susana perguntou, agarrando o braço de Pedro.
"Ela está certa. Como sabemos se podemos confiar nele?" Edmundo acrescentou, desconfiado.
"Ele é um castor. Ele não deveria estar falando nada!" Susana insistiu.
"Está tudo bem?" o castor perguntou, parando de andar e olhando para o grupo.
"Sim, estamos apenas conversando," Pedro respondeu, tentando tranquilizar o castor.
"Melhor conversar em um lugar seguro," sussurrou o castor. "As árvores ouvem."
"Sim, as árvores ouvem," Arabella murmurou, lembrando-se de algo que já tinha ouvido. O castor a olhou com os olhos arregalados e uma expressão de surpresa.
"Hope?" sua pergunta foi meio incerta enquanto se aproximava dela.
"Achei que não fosse me reconhecer, Sr. Castor?" Arabella falou com um sorriso caloroso no rosto.
O castor parecia visivelmente emocionado."Hope, é você mesmo. Pensei que nunca mais a veria,Pequena Hope"
"Não sou mais tão pequena assim," Arabella brincou, fazendo o Sr. Castor rir.
"Tenho que concordar," ele balançou a cabeça com um sorriso. "Agora venham, aqui não é seguro."
"Confiem nele," Arabella olhou para os irmãos Pevensie, tentando transmitir confiança.
"Eu confio em você," Pedro respondeu, olhando-a nos olhos, o que fez Arabella sorrir envergonhada.
"Então vamos. Vocês não vão querer estar aqui ao anoitecer," Arabella falou, começando a seguir o Sr. Castor.
Depois de uma boa caminhada, eles chegaram à beira de um penhasco que dava vista para um dique construído perto de um lago congelado, com fumaça saindo de sua chaminé.
"É tão bom estar de volta," Arabella murmurou emocionada, olhando a paisagem à sua frente.
"Ah, que maravilha! Parece que minha esposa já esquentou a água para uma xícara de chá," disse o Sr. Castor, fazendo Arabella sorrir ao lembrar da Sra. Castor.
"Que gracinha," Lúcia elogiou, admirando a vista."Oh, é um dique modesto, ainda nem terminei. Há muito a fazer," disse o Sr. Castor. "Vai dar um trabalho danado, mas ainda bem que tenho uma ajudinha." Ele olhou para Arabella, que ainda estava encantada com a paisagem. "Jovem Hope," ele a chamou.
"Sim, velho amigo?" Arabella desviou o olhar da paisagem e olhou para o castor.
"Tem alguém que sei que vai adorar revê-la," disse o Sr. Castor, começando a andar em direção ao dique.
Arabella, intrigada e esperançosa, seguiu o Sr. Castor. Quem poderia ser? Será que seria seu irmão?
Descendo o penhasco e caminhando em direção à casa do Sr. Castor, uma voz feminina foi ouvida quando eles chegaram perto do dique.
"Castor, é você? Estava preocupada. Se souber que saiu com o texugo outra vez... ah," Sra. Castor apareceu na porta do dique, interrompendo-se ao ver os humanos.
"Oh, esses não são texugos," Sra. Castor falou, ao ver os humanos, com uma expressão surpresa. "Nunca pensei que viveria para ver esta cena." Ela olhou para o marido, parecendo aborrecida. "Olhe meu pelo, poderia ter avisado para eu me arrumar."
"Eu avisaria uma semana antes, se fosse me adiantar," brincou o Sr. Castor, fazendo todos rirem, menos Edmundo, que tinha uma expressão emburrada no rosto. "Você não vai acreditar em quem estava com eles."
"Meu velho...," Sra. Castor olhou na direção em que seu marido gesticulou e viu Arabella, que a observava com um sorriso.
"Hope, é você, querida?"
"Estou muito feliz em revê-la, Sra. Castor."
"Oh, meu Aslan, como você cresceu!" Sra. Castor tinha uma expressão de felicidade estampada no rosto. "Ele ficará tão feliz em te ver. Venham, podem entrar. Vou ver se consigo alguma comida e uma companhia civilizada," ela lançou um olhar de reprovação para o Sr. Castor, que riu sem jeito.
"Cuidado, olhem onde pisam," avisou o Sr. Castor.
Antes de adentrar na casa do Sr. Castor, Arabella se deteve por um momento e dirigiu seu olhar na direção do castelo distante que, por um tempo, foi o centro de sua vida em Nárnia. Ali, onde outrora enfrentou desafios, fez amigos e descobriu segredos incríveis, agora pairava uma aura de melancolia e nostalgia.
As memórias inundaram sua mente, desde os momentos de aventura ao lado de seu irmão até os encontros com criaturas fantásticas. Ela se viu revivendo cada momento marcante: risos nos salões,treinos no pátio, e noites tranquilas nos jardins iluminados pela lua
Sentindo o peso dessas memórias, Arabella soltou um suspiro profundo,carregado de uma mistura de saudade e determinação. Era como se, ao encarar o castelo, estivesse revivendo uma jornada que moldou sua essência e a preparou para os desafios que ainda estavam por vir.
Com um último olhar para o castelo, Arabella sentiu um nó se formar em sua garganta, mas também uma chama de coragem arder em seu peito. Com passos decididos, ela se virou e seguiu em direção à casa do Sr. Castor, pronta para enfrentar o que quer que o destino reservasse para ela.
• Novo capítulo no ar!
• Quem vocês acham que ficará mais feliz em rever a Bella? Deixem seus palpites nos comentários!
• Fiquem atentos, Narnianos, pois a história está ficando cada vez mais emocionante. Vida longa a Aslan!
• E uma surpresa: mais tarde, teremos um novo capítulo fresquinho para vocês. Não percam!
2024©
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