0.9 | 𝐎 𝐀𝐂𝐀𝐌𝐏𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎 𝐃𝐄 𝐀𝐒𝐋𝐀𝐍
ARABELLA sentiu a mão de Lúcia apertar a sua com força enquanto caminhavam por um campo aberto. O sol começava a aquecer o ambiente, fazendo o gelo derreter e o cheiro fresco da terra úmida subir ao ar. A grama, antes coberta de neve, agora exibia um verde vibrante, e pequenas flores silvestres surgiam timidamente pelo caminho, como se estivessem dando as boas-vindas ao grupo.
Lúcia parou de repente, seu olhar fixo em algo à sua frente. Arabella seguiu o olhar da amiga mais nova e viu pétalas de flores dançando no ar. Elas flutuavam graciosamente, movidas por uma brisa suave, e começaram a se reunir, girando e formando uma figura feminina delicada e etérea, semelhante a um humano. A figura tinha uma aparência radiante, sua pele parecia feita de pétalas e folhas, e seus olhos brilhavam com a luz do sol. Era uma Dríade, um espírito da floresta.
Arabella sorriu para a figura florida, reconhecendo a presença mágica da Dríade. Lúcia, encantada pela visão, usou suas mãos entrelaçadas com as de Arabella para acenar timidamente para a Dríade, que respondeu com um aceno gentil, sua expressão serena e acolhedora. A Dríade flutuou levemente, quase como se estivesse dançando ao som de uma música invisível, antes de se dissolver novamente no ar, deixando apenas o perfume das flores como lembrança de sua presença.
Arabella, percebendo que os outros já estavam mais à frente, puxou Lúcia suavemente, e ambas começaram a correr para alcançar o grupo, rindo levemente com a alegria daquele momento.Enquanto se aproximavam de uma área com tendas vermelhas e douradas, Arabella levantou os olhos e viu um centauro, de pé sobre uma rocha alta. Ele segurava uma longa buzina e, ao vê-los, levou-a aos lábios, soltando um som profundo e reverberante que ecoou pelo campo. Era um anúncio solene e poderoso, proclamando a chegada dos futuros reis e rainhas ao acampamento de Aslan.
À medida que andavam em direção às tendas, Arabella notou que todos os seres do acampamento – centauros, faunos, ninfas e outros habitantes de Nárnia – pararam para observá-los. Seus olhares estavam cheios de admiração e esperança. Ela podia ver pequenos sorrisos se formando nos rostos daqueles que os viam, e os ouvia sussurrando entre si, embora não pudesse distinguir as palavras.
O ar parecia carregado de expectativa e confiança, como se a presença dos irmãos Pevensie e de Arabella trouxesse uma renovada fé na vitória de Nárnia contra as forças da Feiticeira Branca. Arabella sentiu uma mistura de orgulho e responsabilidade crescendo dentro de si, consciente de que, de alguma forma, eles eram a chave para o futuro daquele mundo mágico.
"Por que eles estão todos olhando para nós?" Susana perguntou, com uma nota de incerteza em sua voz. Ela parecia desconfortável com tantos olhares fixos em sua direção. Lúcia, sempre a mais jovem e brincalhona, lançou-lhe um olhar divertido antes de responder.
"Talvez achem você engraçada," disse Lúcia, seus olhos brilhando com uma travessura inocente. Susana franziu as sobrancelhas, surpresa com a resposta da irmã, mas logo soltou uma risada leve, acompanhada por Arabella.
Arabella, sempre atenta aos detalhes ao seu redor, desviou o olhar para os Castores, que caminhavam um pouco à frente do grupo. Ela notou a Sra. Castor mexendo nervosamente em seu pelo, como se tentasse se arrumar para parecer mais apresentável. O Sr. Castor, percebendo a inquietação da esposa, gentilmente agarrou suas patas, forçando-a a parar.
"Ei, deixe de bobagem. Você está linda," disse ele com um sorriso caloroso. O carinho em sua voz fez Arabella sorrir, apreciando a simplicidade e o afeto entre os dois.
À medida que o grupo se aproximava de uma grande tenda no centro do acampamento, Arabella percebeu que ela era diferente das outras. A tenda era maior, mais ornamentada, com detalhes dourados e um emblema que lembrava um leão – o símbolo de Aslan. Parecia irradiar uma aura de importância e autoridade. Ao lado dela, estava um centauro, sua postura altiva e seu olhar penetrante, observando o grupo que se aproximava. Ele exalava uma presença imponente, e Arabella logo entendeu que ele devia ocupar um papel crucial no exército de Aslan, talvez como um dos seus generais ou conselheiros.
Arabella posicionou-se entre Susana e Lúcia, seus sentidos aguçados pela proximidade do centauro.Pelo canto do olho, ela viu Pedro, sempre o líder, desembainhar sua espada com um movimento firme e erguê-la em saudação, a lâmina reluzindo sob a luz do sol.
"Viemos para ver Aslan," anunciou Pedro com firmeza, sua voz carregada de determinação. Arabella sentiu a força da declaração ecoar em seu coração. Aquela era a missão deles, o destino que os guiava até ali. O centauro, no entanto, não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele virou a cabeça lentamente em direção à tenda.
O som de um leve farfalhar e movimentação atrás deles captou a atenção de Arabella. Instintivamente, ela se virou, assim como os outros, para ver o que estava acontecendo. Para sua surpresa, todos no acampamento estavam de joelhos, suas cabeças baixas em reverência. Um silêncio profundo pairava sobre o lugar, como se o próprio ar estivesse esperando. Arabella trocou um olhar rápido com Susana, que parecia igualmente confusa. Ambas se voltaram em direção à grande tenda que dominava o centro do acampamento, a fonte do murmúrio crescente.
De dentro da tenda, uma figura começou a emergir. O coração de Arabella bateu mais rápido quando ela viu uma pata maciça e peluda surgir primeiro, seguida por um corpo que exalava poder e majestade em cada movimento. Era Aslan. O leão, com sua juba dourada e olhos que pareciam conter séculos de sabedoria e força, caminhava para fora da tenda. A luz do sol refletia em sua pelagem, dando-lhe uma aparência quase etérea, como se ele estivesse envolto em um halo de luz.
Aslan era, ao mesmo tempo, a criatura mais bela que Arabella já havia visto, e também a mais aterrorizante. Havia algo em sua presença que falava de uma força incomensurável, uma antiga e indomável. Mas também havia uma gentileza nos olhos dourados que a fazia sentir-se segura, apesar de todo o poder que emanava dele.
A simples presença de Aslan parecia influenciar tudo ao seu redor. O vento parou, e o calor do sol se intensificou, como se o próprio mundo estivesse honrando o grande leão. Sentindo o peso do momento, Arabella, junto com os Pevensies e o casal de Castores, abaixou-se lentamente, juntando-se aos outros em profunda reverência. Suas cabeças se curvaram, tocando quase o chão, em sinal de respeito e devoção.
"Bem-vindo, Pedro, Filho de Adão. Bem-vindas, Susana e Lúcia, Filhas de Eva. Bem-vinda, Arabella, Filha de Nárnia." A voz de Aslan ressoou profunda e majestosa, preenchendo o ar com uma reverência silenciosa. Arabella sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ouvir seu nome pronunciado pelo Grande Leão, seu olhar se cruzando com o dele. Havia uma sabedoria infinita nos olhos dourados de Aslan, uma presença que a fez sentir-se simultaneamente pequena e protegida, como se estivesse diante de algo divino.
Aslan continuou, sua atenção voltando-se para os castores: "E sejam bem-vindos, castores. Agradeço a vocês por sua lealdade e coragem. Mas onde está o quinto?" A pergunta de Aslan quebrou o silêncio respeitoso, trazendo de volta a tensão que pairava sobre o grupo. Pedro, que ainda segurava sua espada desembainhada, deu um passo à frente, embainhando-a de volta ao cinto com um gesto pesado.
"É por isso que viemos, senhor. Precisamos de ajuda," Pedro disse, sua voz carregada de um peso que parecia maior do que ele próprio. Ele olhou de relance para as irmãs e para Arabella, buscando um apoio silencioso.Susana, sempre tentando manter a compostura, acrescentou:
"Nós tivemos um problema pelo caminho." Suas palavras, embora simples, continham uma carga emocional que ficou evidente para todos.
"Nosso irmão foi capturado pela Feiticeira Branca," completou Pedro, com uma voz firme, mas que não conseguia esconder a dor que sentia. A revelação chocou a todos ao redor. Arabella pôde ver a reação nos rostos das criaturas ao redor, o murmúrio de choque que se espalhou pelo acampamento. Era como se uma sombra tivesse caído sobre o grupo, o nome da Feiticeira Branca carregando um peso que ninguém podia ignorar.
"Capturado? Como isso aconteceu?" Aslan perguntou, seu tom calmo e firme, mas havia uma intensidade em seus olhos que sugeria preocupação. O Sr. Castor, sentindo a necessidade de esclarecer a situação, respondeu prontamente:
"Ele os traiu, Majestade."
"Então traiu todos nós!" Oreius, o centauro, rugiu com indignação. Sua postura rígida e os olhos brilhantes de raiva transmitiam claramente o que sentia sobre a situação. Lúcia, assustada pela intensidade da reação, agarrou a mão de Arabella com mais força, buscando conforto. Arabella, sentindo o medo de Lúcia, apertou sua mão de volta, tentando transmitir segurança.
"Paz, Oreius. Sei que existe uma explicação," disse Aslan, com sua voz firme, mas serena, dissipando a tensão que começava a crescer. Seus olhos voltaram-se para Pedro, Susana, Lúcia, e Arabella, como se buscasse entender.Pedro baixou a cabeça, a culpa pesando sobre seus ombros.
"Foi minha culpa, fui severo com ele," admitiu, sua voz cheia de arrependimento. Susana, sempre a irmã mais protetora, colocou uma mão gentil no ombro de Pedro, oferecendo-lhe o conforto silencioso que só uma irmã poderia dar.
"Todos nós fomos," acrescentou Susana, tentando compartilhar a culpa, aliviando um pouco do fardo de Pedro.
Lúcia, com os olhos cheios de lágrimas, olhou diretamente para Aslan, sua voz pequena e triste: "Senhor, ele é nosso irmão." Suas palavras, carregadas de dor e esperança, fizeram o coração de Arabella apertar. Sem hesitar, Arabella segurou a mão de Lúcia com mais força, como se quisesse proteger a pequena Pevensie de toda a dor do mundo.
"Eu sei, minha querida. Mas isso só torna a traição pior ainda... será mais difícil do que pensam", disse Aslan com sabedoria, antes de olhar para Oreius."Oreius, dê-lhes algumas roupas e mostre-lhes o acampamento", ordenou Aslan ao centauro, que assentiu e fez uma reverência.
Oreius então nos olhou e acenou com a cabeça, indicando a direção que deveríamos seguir. Lúcia segurou a mão de Arabella enquanto caminhávamos em direção ao centauro, que nos conduziu até duas grandes tendas próximas uma da outra. Do lado de fora, vimos um grupo de centauras, além de uma dríade que parecia estar de vigia. Duas das centauras se aproximaram e gentilmente colocaram as mãos nos ombros de Arabella, conduzindo-a para uma tenda que ficava um pouco mais afastada das dos Pevensie.
Ao entrar na tenda, Arabella notou um vestido azul disposto sobre a cama, acompanhado de calças de couro pretas e botas posicionadas cuidadosamente no chão. As centauras, com mãos habilidosas, a ajudaram a remover suas roupas inglesas e a se desfazer de suas armas, substituindo-as pelas vestes preparadas para ela.
O vestido azul era justo na parte superior, com mangas longas e folgadas que permitiam movimentos livres dos braços. A saia, cortada até o meio das panturrilhas, era transpassada, revelando suas pernas cobertas pelas calças de couro pretas. As botas, que iam até o meio das panturrilhas, eram adornadas com tiras de couro que se enrolavam ao redor dos pés e panturrilhas, conferindo um toque de elegância e praticidade. A vestimenta, leve e funcional, permitia movimentos completos sem restrição. Para completar o traje, um corselete de couro marrom foi colocado ao redor de sua cintura, equipado com um compartimento para sua adaga.
Arabella se sentiu surpreendentemente confortável nas novas vestes, que eram adequadas para o calor e ainda assim práticas para combate. Uma das centauras começou a trançar a parte da frente do cabelo de Arabella, formando três tranças de cada lado, que foram habilmente entrelaçadas com as tranças na parte de trás, deixando o restante do cabelo solto.
Assim que as centauras terminaram de preparar Arabella, entregaram-lhe suas armas. Ela prontamente colocou a adaga no compartimento do corselete, ajeitou a aljava nas costas e segurou o arco firmemente em uma das mãos.
Ao sair da tenda, Arabella avistou os irmãos Pevensie, agora trajando suas roupas narnianas. Eles notaram sua presença e se viraram para encará-la. Lúcia, com seu vestido azul característico de Nárnia, foi a primeira a reagir, correndo na direção de Arabella e envolvendo a cintura da jovem em um abraço apertado.
"Você está tão linda!", exclamou Lúcia, afastando-se um pouco para observar Arabella com um grande sorriso no rosto. O brilho no olhar de Lúcia era contagiante, e Arabella não pôde deixar de sorrir também. Balançando a cabeça, ela respondeu com carinho:
"Você também está muito bonita." O elogio fez o sorriso de Lúcia crescer ainda mais, iluminando seu rosto de felicidade.
Lúcia, cheia de energia, puxou Arabella em direção a Susana, mas antes que pudessem dar mais alguns passos, uma centaura diferente daquelas que haviam ajudado Arabella anteriormente se aproximou. Esta centaura, ao contrário das outras, estava vestida com uma armadura completa e portava uma espada presa ao quadril, o que indicava sua posição de guerreira.
"Hora de treinar, Rainha Arabella," informou a centaura com uma voz firme, mas respeitosa. Arabella suspirou, sentindo o peso da responsabilidade que estava prestes a assumir. Ela olhou para Lúcia com um sorriso melancólico, sabendo que a despedida, mesmo que temporária, seria difícil
."Vejo você mais tarde, eu prometo," disse Arabella, tentando tranquilizar a jovem Pevensie, que assentiu antes de correr de volta para Susana.
Voltando-se para a centaura guerreira, Arabella ergueu o queixo com determinação, um sorriso confiante se formando em seus lábios. "Lidere o caminho,"
Pedro estava de pé no topo da colina, seus olhos fixos no distante castelo de Cair Paravel. O imponente castelo, com suas torres altas e muralhas robustas, parecia uma visão de outro mundo, majestosa e intimidante ao mesmo tempo. A paisagem ao redor era vasta e aberta, com o vento frio acariciando seu rosto e os primeiros sinais da primavera começando a emergir na vegetação.
Aslan apareceu ao seu lado então suave que misturava-se com o sussurro do vento. A presença do Grande Leão era ao mesmo tempo reconfortante e esmagadora. Seu olhar profundo e sábio fez Pedro se sentir ainda mais consciente de seu papel e de suas responsabilidades.
"Esse é Cair Paravel, o castelo dos cinco tronos," Aslan disse, sua voz ressoando como um trovão suave. "Em um deles, você se sentará, Pedro, como Grande Rei." A afirmação estava carregada de autoridade e expectativa, mas também de uma ternura subjacente, como se Aslan estivesse encorajando Pedro a se aceitar em seu novo papel.
Pedro olhou novamente para o castelo com uma expressão de insegurança e dúvida. Seu olhar fixo na grandeza distante do castelo era um reflexo de sua própria insegurança. Ele abaixou a cabeça, lutando para processar o peso das palavras de Aslan e a magnitude de sua nova responsabilidade.
"Dúvida da profecia?" Aslan perguntou, sua voz carregada de curiosidade e compreensão. A pergunta parecia uma porta aberta para Pedro expressar suas incertezas e medos.
Pedro suspirou profundamente, o peso da responsabilidade tornando-se quase insuportável. "Não, não é isso... Aslan, não sou quem vocês pensam que sou," ele confessou, olhando para o leão com uma mistura de frustração e desespero. Ele estava lutando para se reconciliar com a imagem idealizada que os outros tinham dele e a realidade de suas próprias dúvidas e inseguranças.
Aslan, ao ouvir isso, sorriu suavemente, uma expressão de compreensão e sabedoria. "Pedro Pevensie, cidadão de Finchley... O Sr. Castor me contou que você também queria transformá-lo em um chapéu," Aslan comentou, sua voz tingida de leve ironia. As palavras fizeram Pedro sorrir, a surpresa de saber que o Sr. Castor havia falado sobre isso com Aslan trazendo um alívio momentâneo e uma sensação de camaradagem.
"Pedro," Aslan continuou com uma voz profunda e cheia de significado, "existe uma magia profunda, mais poderosa do que nós, que governa Nárnia. Ela separa o certo do errado e guia todos os destinos — o seu e o meu." As palavras do leão carregavam uma sabedoria que parecia transcendental, e Pedro sentiu um novo peso sobre seus ombros, uma responsabilidade não apenas para com ele mesmo, mas para com todo o mundo de Nárnia.
"Mas eu nem consegui proteger minha família," Pedro argumentou, sua voz tremendo com frustração e desespero. O fato de ter conseguido trazer apenas Lúcia e Susana para Nárnia, enquanto Edmundo estava em perigo, parecia um fracasso doloroso para ele.
Aslan respondeu com uma tranquilidade reconfortante, "Você trouxe-os em segurança até aqui." Sua voz era quase consoladora, mas Pedro não pôde deixar de sentir que suas palavras não eram suficientes para aliviar sua culpa. Aslan continuou a olhar para Pedro com uma paciência que parecia infinita, como se estivesse esperando que ele encontrasse sua própria força interna.
"Nem todos," Pedro murmurou, sua voz carregada de tristeza ao lembrar de Edmundo. A visão do castelo, agora ainda mais distante e inatingível, refletia sua sensação de desamparo e falha. O horizonte parecia tão vasto e opressor quanto suas próprias dúvidas internas, e a tarefa de reconquistar Nárnia e salvar seu irmão parecia um desafio quase insuperável.
"Pedro, farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar seu irmão. Mas preciso que você pense com clareza sobre o que estou pedindo... Eu também quero minha família segura," disse Aslan, sua voz grave e solene, enquanto seu olhar se voltava para o acampamento abaixo deles. Havia um peso em suas palavras, como se ele estivesse confiando a Pedro não apenas uma missão, mas também um fardo compartilhado.
Pedro seguiu o olhar de Aslan e viu Arabella, treinando com um centauro em um canto do acampamento. O contraste entre sua figura elegante e a austeridade do campo de batalha era impressionante. Seu vestido azul profundo destacava-se vividamente contra o pano de fundo vermelho e dourado das tendas. Ela se movia com graça e determinação, seu sorriso brilhante iluminando o ambiente ao seu redor, mesmo à distância. Pedro se pegou observando-a por mais tempo do que pretendia, perdido em pensamentos enquanto ela se dedicava ao treinamento.
O brilho de seu sorriso e a maneira como ela enfrentava o desafio diante dela enchiam Pedro de uma mistura de admiração e uma inexplicável ternura. Ele não soube quanto tempo ficou ali, simplesmente olhando para ela, até que a voz profunda de Aslan o trouxe de volta à realidade.
"Você parece gostar muito dela," Aslan observou, com uma nota de sabedoria e leve provocação em sua voz.
Pedro sentiu seu rosto esquentar e balançou a cabeça, tentando negar a implicação nas palavras do Grande Leão. Abriu a boca para responder, talvez para explicar que suas preocupações eram muito maiores do que isso, mas antes que pudesse dizer algo, o som estridente de uma buzina ecoou pelo ar, cortando seus pensamentos.
"Susana!" Pedro gritou, seu coração disparando ao reconhecer o som da buzina, um sinal de perigo iminente. Sem pensar duas vezes, ele saiu correndo em direção ao som, seus passos rápidos e decididos enquanto a adrenalina tomava conta. A preocupação pela segurança de sua irmã era a única coisa em sua mente enquanto ele descia a colina o mais rápido que podia. As palavras de Aslan e os pensamentos sobre Arabella foram momentaneamente deixados de lado; tudo o que importava agora era encontrar Susana e garantir que ela estivesse segura.
Arabella virou a cabeça bruscamente ao som repentino de uma buzina ecoando pelo ar, seu coração disparando no peito. Seus olhos se arregalaram em um misto de medo e preocupação.
"Susana e Lúcia!" ela gritou em desespero, a voz carregada de pânico enquanto olhava para Amarheia, a centaura que estava ao seu lado.
Amarheia, compreendendo imediatamente a gravidade da situação, acenou com a cabeça de forma firme e estendeu a mão para Arabella. Sem hesitar, a jovem princesa agarrou a mão forte da centaura, que com agilidade a colocou em suas costas. Com um impulso poderoso, Amarheia começou a galopar a toda velocidade em direção ao som alarmante da buzina.
O vento batia forte no rosto de Arabella enquanto a paisagem passava rapidamente em um borrão ao seu redor. Seu coração parecia martelar em seus ouvidos, a ansiedade crescendo a cada segundo. Quando finalmente chegaram ao local de onde vinha o som, a cena que se desenrolava diante deles fez o estômago de Arabella se revirar.
Pedro estava cercado por uma matilha de lobos ferozes, seus dentes à mostra enquanto rosnavam ameaçadoramente. Susana e Lúcia, em cima de uma árvore próxima, estavam em completo estado de pânico, seus olhos cheios de terror. Um dos lobos já estava imobilizado sob a pata poderosa de Aslan, enquanto Oreius, o centauro leal, corria ao lado do Grande Leão, sua espada desembainhada e pronta para atacar. No entanto, antes que ele pudesse agir, Aslan levantou uma pata, detendo-o com uma palavra de comando.
"Não, guardem as armas. Esta batalha é de Pedro," Aslan ordenou, sua voz firme e inquestionável.
Arabella mordeu o lábio inferior com força, seu coração acelerado enquanto permanecia montada nas costas de Amarheia. Suas mãos tremiam levemente, apertando o arco com tanta força que seus dedos começaram a doer. A tensão no ar era palpável, cada segundo parecia se arrastar em um silêncio agonizante.
Maugrim, o líder da matilha, olhou para Pedro com desprezo, seu olhar cruel brilhando com malícia. "Pode pensar que é um rei, mas você vai morrer... como um cão!" ele rosnou antes de se lançar sobre Pedro com uma velocidade aterradora.
O impacto do ataque foi brutal, lançando Pedro e Maugrim ao chão em uma luta desesperada. Arabella sentiu o coração parar por um momento, seu olhar fixo na cena à sua frente. O medo era quase paralisante, mas ela não conseguia desviar os olhos. As irmãs Pevensie gritaram em desespero, seus gritos cortando o ar como facas afiadas.
"PEDRO!" o grito de Susana e Lúcia ecoou pela clareira, carregado de terror.
Com um impulso de coragem, as duas irmãs pularam da árvore, correndo em direção ao irmão caído. Arabella segurou a respiração enquanto observava Susana empurrar o corpo inerte de Maugrim de cima de Pedro. Por um momento que pareceu uma eternidade, o campo ficou em silêncio absoluto, até que Pedro finalmente se sentou, ofegante e com os olhos arregalados. Sua expressão era uma mistura de choque e exaustão, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto tentava processar o que havia acontecido.
Susana e Lúcia se jogaram nos braços do irmão, abraçando-o com força, lágrimas escorrendo por seus rostos. Arabella soltou um suspiro de alívio, seu corpo inteiro relaxando ao ver que Pedro estava a salvo. Um sorriso suave se formou em seu rosto enquanto ela observava o reencontro dos irmãos.
Aslan, observando a cena, soltou o lobo que estava preso sob sua pata. O animal fugiu rapidamente, desaparecendo entre as árvores.
"Sigam-no. Ele os levará até Edmundo," Aslan informou a Oreius, sua voz firme e carregada de uma autoridade tranquila.
Arabella, ainda sobre as costas de Amarheia, olhou para Oreius com determinação nos olhos. "Posso acompanhá-lo?" ela perguntou, sua voz firme apesar do medo que ainda pulsava em seu coração.
Oreius a olhou por um momento, ponderando a situação. Ele então olhou para Aslan, em busca de aprovação. O Grande Leão acenou com a cabeça em concordância, seus olhos dourados refletindo confiança na jovem princesa.
Arabella lançou um olhar de gratidão a Aslan antes que Amarheia começasse a galopar novamente, seguindo o rastro do lobo que fugia. O vento soprava contra seu rosto, mas agora, com a missão de salvar Edmundo, a coragem de Arabella parecia mais forte do que nunca.
ೋ❀ 000 ❀ • Depois de exatamente um mês sem dar as caras por aqui, finalmente estou de volta! Eu sei, eu sei, a demora foi grande, mas prometo que valeu a pena.
ೋ❀ 001 ❀ • Terminei de escrever esse capítulo hoje, durante uma brecha na escola, e estava ansiosa para compartilhar com vocês. Espero de coração que tenham gostado!
ೋ❀ 002 ❀ • Agora, uma novidade: faltam apenas 5 capítulos para o grande final dessa história, além do capítulo bônus (Epilogue). Mas calma, porque isso não é o fim! Como na ideia original do livro, essa história terá uma segunda e até uma terceira parte. Então, fiquem de olho, porque ainda temos muito para viver juntos!
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