0.3 | 𝐓𝐄𝐑𝐑𝐀 𝐌𝐀́𝐆𝐈𝐂𝐀
『LEMBRANÇA 』
O vento frio soprava forte no rosto da garota de belos cabelos castanhos, que se destacavam na neve como fios de mel sobre um manto branco. Ela puxou sua capa vermelha escarlate ao redor do corpo, na tentativa de se aquecer do frio cortante que permeava a floresta. Observava atentamente cada pequeno detalhe ao seu redor, absorvendo a beleza da paisagem coberta de neve.
Continuou a andar, deixando seus passos ecoarem pela floresta silenciosa. Não sabia ao certo para onde estava indo, apenas sentia uma inexplicável atração, como se algo a estivesse chamando.
"Venha até mim!" uma voz feminina surgiu a poucos metros dela, fazendo-a parar subitamente. No entanto, ao olhar ao redor, não viu absolutamente nada além da neve e das árvores. Um breve arrepio percorreu sua espinha.
"Você está quase lá, pequena Hope," disse a voz novamente. Era suave, trazia consigo uma aura de confiança que acalmava a garota.
Determinada, a menina continuou a avançar pela floresta até chegar ao centro dela, onde avistou algo inusitado: um lampião, cuja luz fraca lutava para penetrar a escuridão ao seu redor. Abaixo do lampião, uma caixinha vermelha se destacava na neve branca. Intrigada, ela se aproximou com cautela, ponderando sobre quem poderia ter deixado algo tão belo e misterioso ali.
"Pegue a caixa," a voz surgiu novamente, fazendo a garota dar um passo para trás, surpreendida. Ela virou-se, procurando por algo ou alguém, mas não avistou nada além das sombras da floresta.
"Não tenha medo, pequena Hope," a voz surgiu mais uma vez, agora mais próxima, fazendo o coração da menina acelerar. Seu peito subia e descia freneticamente, e sua respiração tornou-se desigual.
Fechando os olhos em uma tentativa de acalmar-se, a menina começou a contar de um a dez. No entanto, antes que pudesse terminar, uma mão gelada tocou seu ombro, fazendo-a pular de susto. Com o restinho de coragem que lhe restava, ela virou-se lentamente, deparando-se com uma mulher alta, cujo olhar era tanto assustador quanto acolhedor.
A mulher tinha o rosto pálido, quase branco como a neve ao redor, e lábios vermelhos como rubis que contrastavam com sua pele. Seus olhos, porém, irradiavam uma suavidade reconfortante que contrastava com sua aparência gélida. Ela usava um casaco de pele branca sobre os ombros e uma coroa que parecia ser feita de gelo adornava sua cabeça. Em suas mãos, segurava um cetro adornado com um cristal cintilante.
"Achei que nunca a veria novamente," a mulher falou com uma voz suave e melodiosa.
"Desculpe-me, senhora. Eu a conheço?" perguntou a menina, confusa com a familiaridade da voz.
"Oh, não!" para surpresa da menina, a mulher riu. "Eu era uma grande amiga de sua mãe."
"Minha mãe?" a garota franziu a testa, tentando lembrar-se.
"Sim, pequena Hope, sua mãe," a mulher deu mais um passo à frente, aproximando-se da garota. "Tão parecida com ela."
"Tive uma coisa para você, pequena Hope," então a mulher se abaixou, pegando a caixa vermelha do chão coberto de neve. "Isso pertencia aos seus pais."
"Meus pais?" a menina murmurou, olhando para a caixa que foi colocada em cima de sua mão.
"Isso pertence a você por direito," disse a mulher, acenando com a cabeça. "Toda vez que se sentir sozinha, olhe para o conteúdo dentro desta caixa. Isso fará com que você nunca se sinta sozinha."
"Obrigada..." ao desviar o olhar da caixa por um momento, a menina percebeu que a mulher que estava diante dela havia desaparecido.
Curiosa para ver o que havia dentro da caixinha vermelha, a menina a abriu, encontrando dois colares. Um deles era prateado, com um pingente em forma de floco de neve. Ao seu lado, outro colar, desta vez dourado, com um pingente em forma de pássaro adornado com pequenas pedrinhas brilhantes. Ao pegar o colar dourado, a menina virou o pingente, encontrando gravado seu próprio nome: "Arabella".
『ATUALMENTE 』
O dia seguinte surgiu majestoso, com um céu azul profundo e o sol derramando seus raios dourados sobre a paisagem. Enquanto os Pevensie se divertiam em uma animada partida de críquete, Arabella e Lúcia encontravam um refúgio tranquilo sob a sombra fresca de uma majestosa árvore. Sentadas lado a lado, elas estavam imersas em seus livros, buscando uma fuga temporária das preocupações do mundo ao seu redor. No entanto, a tensão ainda pairava no ar, especialmente para Lúcia, que lançava olhares ocasionais na direção de seus irmãos, com uma expressão de mágoa em seu rosto.
"Não fique assim, Lu. Eles vão descobrir a verdade em breve," Arabella tentar reconfortar, cujo coração se compadecia da amiga.
"Assim espero, Bella," respondeu Lúcia, permitindo-se recostar a cabeça no ombro de Arabella enquanto buscava encontrar um pouco de paz nas páginas de seu livro.
No entanto, a tranquilidade foi abruptamente interrompida pelo som estridente de vidro quebrado ecoando pelo ar. Os olhares se voltaram automaticamente para os Pevensie, que observavam a janela quebrada com surpresa estampada em seus rostos. Arabella suspirou, balançando a cabeça em negação antes de se levantar e caminhar até os irmãos Pevensie.
"Vamos, precisamos ver o estrago," disse, ao se aproximar e volta a andar para mansão, com Lúcia e seus irmãos logo atrás dela.
Correndo escada acima, eles entraram no quarto e se depararam com uma cena caótica: a janela estilhaçada e uma armadura caída ao chão. A preocupação imediata tomou conta de Arabella, enquanto ela considerava as possíveis consequências de Dona Marta ao descobrir a bagunça.
"Muito bem, Ed!" exclamou Pedro, lançando um olhar acusador na direção do irmão.
"Você jogou!" retrucou Edmundo, defendendo-se contra as acusações.
Os passos apressados de Dona Marta ecoaram pelo corredor, aumentando ainda mais a ansiedade da situação. Os Pevensie se entreolharam, conscientes de que precisavam agir rápido para evitar serem pegos em flagrante.
"Dona Marta!" sussurrou Arabella, sentindo a ansiedade apertar seu peito.
"Corram!" gritou Pedro, dando o sinal para a ação.
"Para onde vamos..." começou Arabella, mas foi interrompida por Pedro, que agarrou sua mão e a puxou consigo.
Os passos pareciam ecoar atrás deles enquanto corriam até chegarem à sala vazia. Edmundo abriu a porta do guarda-roupa e os instou a entrar.
"Vamos! Entrem!" gritou ele, incitando-os a se apressarem.
"Só pode estar brincando," murmurou Susana, hesitante em seguir o plano.
Soltando a mão de Pedro, Arabella se dirigiu ao guarda-roupa.
"Vocês vêm ou não?" perguntou, lançando um olhar urgente para os Pevensie mais velhos, que ainda relutavam em se juntar a eles.
Com cuidado, eles subiram para dentro do guarda-roupa. Ao contrário dos outros, Arabella rapidamente se posicionou mais para trás, tentando evitar ser empurrada. No entanto, sua atenção foi capturada pela visão surreal da neve no chão do guarda-roupa. Distraída, deu um passo para trás e acabou tropeçando, caindo de joelhos na neve. Um alvoroço de surpresa se seguiu quando os Pevensie mais velhos viram o fenômeno diante deles.
"Impossível!" exclamou Susana, ainda atônita com o que via.
Pedro foi o segundo a se levantar e, ao perceber Arabella no chão, estendeu a mão para ajudá-la a se levantar. Com um sorriso agradecido, ela aceitou a ajuda e se ergueu, olhando ao redor maravilhada com a visão mágica diante deles. Aquele lugar era uma maravilha, repleto de magia e mistério, e Arabella mal podia acreditar no que seus olhos viam.
"Não se preocupe, tenho certeza de que isso é apenas a sua imaginação," zombou Lúcia dos irmãos, com um tom de voz que oscilava entre a ironia e a frustração contida.
Pedro, ainda confuso com toda a situação, tentou se redimir. "Suponho que dizer 'sentimos muito' não seria o suficiente?" perguntou ele, esperançoso.
"Não, não seria," afirmou Lúcia categoricamente. A resposta de Lúcia fez Pedro suspirar, mas antes que ele pudesse reagir, uma bola de neve acertou-o bem no rosto.
"Mas isso pode!" gritou Lúcia, dando início a uma guerra de bolas de neve.
Arabella, tentando se esquivar das bolas de neve, acabou sendo atingida por uma jogada certeira de Lúcia, que acertou seu rosto. Limpando a neve do rosto, Arabella olhou para Lúcia com um sorriso malicioso.
"Péssima decisão, Lu," disse Arabella brincando, enquanto preparava e lançava sua própria bola de neve na amiga.
A diversão, entretanto, foi interrompida abruptamente quando Susana lançou uma bola de neve que atingiu Edmundo com força.
"Ai! Parem com isso!" gritou Edmundo, esfregando o braço onde fora atingido
."Seu mentiroso!" bradou Pedro, a raiva evidente em sua voz."Você também não acreditou nelas!" retrucou Edmundo defensivamente.
Arabella, tentando mediar a situação, interveio. "Acho que merecemos um pedido de desculpas, você não concorda comigo, Lu?" Ela olhou para Lúcia, que assentiu com um sorriso.
Edmundo permaneceu em silêncio, seu rosto fechado em uma expressão de contrariedade, enquanto olhava para as meninas.
"Peça desculpas," exigiu Pedro com firmeza. "Peça desculpas a elas!"
"Desculpas," murmurou Edmundo, mas seu tom não transmitia sinceridade. Arabella, percebendo isso, apenas acenou com a cabeça, aceitando a tentativa de desculpas.
"Tudo bem, algumas crianças não sabem quando parar de fingir," disse Lúcia, devolvendo a provocação de Edmundo."
Engraçadinha," murmurou Edmundo, visivelmente irritado.
"Talvez devêssemos voltar," sugeriu Susana, esfregando os braços por causa do frio que começava a penetrar suas roupas.
"Não deveríamos pelo menos dar uma olhada por aí?" perguntou Edmundo, agora curioso sobre o lugar onde estavam.
Pedro, buscando uma solução equilibrada, olhou para Arabella e Lúcia. "Acho que as meninas deveriam decidir," disse ele, dando a palavra final a elas.
Então, Arabella teve uma ideia. Virando-se para Lúcia, ela murmurou: "Sr. Tumnus." Lúcia, que estava ao seu lado, abriu um sorriso brilhante.
"Gostaríamos que vocês conhecessem o Sr. Tumnus!" disse Lúcia animadamente.
"Então vamos conhecer o Sr. Tumnus," afirmou Pedro, caminhando até o guarda-roupa e pegando cinco casacos pesados.
"Mas não podemos caminhar pela neve vestidos assim," argumentou Susana, esfregando os braços para se aquecer.
"Não será necessário se preocupar com isso," respondeu Arabella, apontando na direção de Pedro, que estava se aproximando com os casacos.
"Tenho certeza de que o professor não se importará se usarmos isso."
"Eu também tenho certeza que ele não se importará," disse Arabella, rindo.Pedro entregou um casaco a Lúcia e, quando chegou a vez de Arabella, ela recusou educadamente:
"Estou bem, obrigada." Afinal, o frio não a estava incomodando tanto.
"Bella, pegue o casaco. Você pode acabar pegando um resfriado ou, pior, uma pneumonia," insistiu Pedro, a preocupação evidente em seu olhar. Arabella estava prestes a recusar novamente, mas ao ver o lampejo de preocupação nos olhos de Pedro, decidiu aceitar o casaco.
"Obrigada," disse Arabella. Quando foi pegar o casaco, sua mão acidentalmente tocou na dele e um choque atravessou seu corpo, causando leves arrepios. Ao olhar para Pedro, percebeu que ele também sentiu o mesmo.
"Se você pensar logicamente," Pedro balançou a cabeça, afastando-se de Arabella um pouco atordoado, e se aproximou de Susana com outro casaco. "Nem estamos os tirando do guarda-roupa."
Arabella observou enquanto Pedro entregava um casaco que pertencia à sua avó a Edmundo. A menina colocou a mão em frente à boca, tentando disfarçar o riso que queria sair involuntariamente.
"Mas isso é casaco de menina," reclamou Edmundo.
"Eu sei," afirmou Pedro, empurrando o casaco nas mãos de Edmundo, que bufou de contrariedade.
Começando a seguir caminho em direção à casa do Fauno, eles passaram pelo lampião tão conhecido por Arabella. Ela levou a mão até o pescoço e segurou seu pingente em formato de floco de neve. Então, um flash de lembrança a atingiu e um nome conhecido passou pela sua mente: Brayden, seu irmão, que havia ficado para trás na última vez que estiveram em Nárnia.
Enquanto caminhavam pela neve, os pensamentos de Arabella se perderam na lembrança de Brayden. Ela se lembrou de como ele sempre fora corajoso e protetor, e uma pontada de tristeza atravessou seu coração. A visão do lampião trouxe de volta memórias de aventuras passadas, e ela se lembrou de prometer a si mesma que, se houvesse alguma chance, ela encontraria Brayden e não o deixaria para trás novamente.
• Neste capítulo, temos uma lembrança de Bella ainda pequena em Nárnia, os Pevensie descobrindo a existência de Nárnia e, por último, e melhor, Bella se recordando do irmão.
• Agora fica a pergunta: quem será essa mulher misteriosa que apareceu na lembrança de Bella? Fiquem com esse mistério no ar...
• Até o próximo capítulo, Narninos!
2024©
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