White knight
Este é o começo de como tudo sempre termina
Eles costumavam gritar meu nome, agora eles sussurram
Estou acelerando e estas são
As batidas tremeluzentes vermelhas, laranja, amarelas acendendo meu coração
Yellow flicker beat - Lorde
Encaro o teto com meus pensamentos a mil, Caleb me disse para ir logo a Blanchess, que não temos tempo e precisamos agir. Alethos quer sua vingança e que eu seja o chamariz para tirar Alice do castelo, e também que eu assuma a Nonsense em algum momento. Abel quer que eu me reconcilie com Copas e eu só quero chorar.
"Sei que é perigoso, mas só você consegue fazer isso, eu acredito em você" não há nada de romântico nas palavras, mas elas ficaram gravadas da minha cabeça e eu sei que aquela não é a letra do Cain, bufo me virando para a parede, Caleb idiota.
Paro e penso no que Abel disse e no anel que está na minha mesa de cabeceira, talvez eu me arrependa muito disso, mas pego o anel e o coloco voltando a deitar para dormir.
XXX
Abro os olhos e estou em uma sala clara, pisco para me acostumar com a luz e olho em volta é uma sala de vidro e eu posso ver os campos lá fora, campos destruídos com corpos e focos de fogo. Olho para baixo e arregalo os olhos.
Vejo um homem de cabelos brancos, suas roupas estão manchadas de vermelho e ele está deitado com os braços cruzados sobre o peito ao seu lado um homem maior está na mesma posição, menos sua cabeça, ela está virada na direção do outro e posso ver que ela também está separada do pescoço. Estico minha mão e desfaço a pose dos dois unindo suas mãos no chão, eles gostariam disso. Seco minhas lágrimas e olho para o teto branco, quando alguém entra e caí no chão, me viro para o garoto de cabelos castanhos e olhos laranjas que apareceu ali naquela sala trancada.
- Céus eu... Eu não achei que se fechasse as passagens, eu... Eu queria ajudar, não... - Ele não consegue mais falar por causa das lágrimas.
- Não foi sua culpa, foi minha. - Digo com firmeza. - O que você está fazendo aqui? Se Alice te pegar...
- Fuja comigo. - Dormouse se aproxima a passos oscilantes. - Por favor rainha eu ainda posso te ajudar, posso te levar ao Charles.
- E de que me adianta? - Olho para os corpos sem vida dos meus companheiros. - Eu estaria traindo os dois se fosse. Eles eram os dois amores da minha vida e eu os deixei ir.
- Mas a senhora pode restituir o reino... Pode vingar eles...
- Vingança não vai trazer eles de volta. Eu já vivi demais, já errei demais... - Olho o anel vermelho em meu dedo. - Já perdi demais.
Beijo o anel, minha pequena Siena, suspiro e o tiro dando a Dormouse que olha para mim confuso.
- Você pode ver o futuro e minha intuição diz que tenho que fazer isso. - Sorrio. - Agora vá.
- Mas... - Ele aperta o anel. - A senhora...
- Está tudo bem... Eu espero que Wonderland volte a ser maravilhosa um dia.
Dormouse tenta dizer algo, mas abaixa a cabeça, afago seu rosto e o abraço, depois ele vai até o espelho oval da sala, seus olhos ficam completamente laranjas e ele desaparece ali. Volto a olhar Mandrake e Charles, não vou abandoná-los e eu espero que em outra vida faça tudo certo, do jeito que deveria ter sido nessa. Abaixo a cabeça e deixo as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas.
XXX
Acordo com meu coração acelerado e lágrimas escorrendo pelas bochechas, seco elas e me sento. Você não abandonou seus companheiros, você falhou em deixá-los vivos, mas eu não... Suspiro encarando Abel dormindo, mas você não fugiu quando teve oportunidade para se salvar, talvez fosse boa. Olho o anel e sorrio, ainda tenho muito para aprender sobre Copas, só que não é o momento, agora eu tenho que continuar em frente e mudar o que ela não conseguiu.
XXX
Não me despeço da Nonsense, eu sei que vou voltar e vê-los mais uma vez, e antes do meio-dia sigo com Barbie, Babel e Abel pela casa medonha do Ângelus com quartos imensos e vazios, a casa Nonsense sempre me pareceu calorosa, mas aqui é o inverso.
- Sabe o que fazer, certo? - Ele diz me trazendo de volta. - Está com as peças. - Consinto. - Meu cavalo branco é um mapa e você sabe disso, use os corredores secretos, Cain disse que existe um novo cavaleiro branco, espero que ele não esteja na minha torre.
- Por que não estaria? - Indago.
- Eu a usava para voar... Era só por isso que meu quarto era lá, duvido que ele queira se isolar de todos como eu fazia.
- Eu já visitei o palácio algumas vezes, mas não me lembro de um cavaleiro, talvez ele seja novo. - Babel diz.
- Não, acho que é uma arma secreta. - Abel rebate.
- Você pensa às vezes. - Ângelus sorri, fecho a cara. - Quero dizer, Cain é o cérebro, não vocês.
- Mesmo não sendo os cérebros sempre nos saímos bem. - Barbie funga.
- E somos muito mais sensatas. - Babel resmunga.
- Certo, certo, não diminuo a superioridade de vocês. - Ângelus para e estamos em outra biblioteca, mas diferente da outra essa tem as estantes brancas e as capas dos livros em tom pastel. - Aqui fica o limite entre a minha casa e a torre de Blanchess, boa sorte garotas.
- Espero vocês quando eu for um mestre das dimensões. - Ângelus revira os olhos. - Eu vou treinar pra isso, não vou?
- E fique bem, se esses malucos tentarem algo com você, chame o Scorpio. - Alerto Abel e o abraço. - Fique bem.
- Você também. - Ele me aperta e depois se afasta. - Use o caderno e fale sempre com o idiota.
- Eu sou o idiota, na verdade. - Sorrio me afastando, Barbie e Babel o abraçam também. - Posso contar com você para proteger ele, certo?
- Sou uma boa babá, apesar de não parecer. - Ângelus passa a mão na estante e puxa um livro que abre uma passagem. - Vão em frente e se quiserem voltar você tem que usar a peça, mas acho que já sabe como fazer.
Ângelus sorri e se afasta, dou um último tchauzinho para o Bell e sigo em frente, é escuro depois da estante e andamos reto até eu bater em uma parede, tateio até achar uma maçaneta e abrindo.
Saímos em uma sala circular enorme, a torre. Tudo nela é branco, a roupa de cama, os tapetes, os móveis até mesmo os livros na prateleira, um único copo com líquido vermelho está sobre uma penteadeira imaculada.
- Acho que o novo cavaleiro gosta de se isolar... - Barbie diz devagar.
- Ângelus disse sobre os corredores secretos. - Abro minha bolsa lateral e pego a peça branca. - Vamos, seja um mapa... Nós precisamos de um mapa. - Giro-a nos dedos e depois a peça se estica e desenrola.
- Funcionou! - Babel sorri animada. - Me dá isso aqui. - Ela pega o pedaço de papel e o vira. - Tem um túnel embaixo da penteadeira.
Babel anda até lá e se abaixa, olho a taça e penso se ele vai notar que estivemos aqui, me abaixo e passo as mãos no carpete tirando as marcas dos nossos pés, Barbie faz o mesmo. Babel consegue abrir o papel de parede sem rasgá-lo com suas facas e puxa uma portinha falsa.
- Vamos ter que engatinhar.
- Tem certeza de que ele não vai ver? - Murmuro.
- Só se ele gosta de analisar embaixo das penteadeiras... - Babel resmunga.
Me abaixo para entrar primeiro e ela me dá o mapa que volta a ser um cavalo, engatinho e consigo ver que o túnel não é tão longo, Babel fecha a entrada e tenho que engatinhar no escuro, sinto que estamos descendo um pouco e ao final do túnel saio em uma salinha quadrada e apertada com outro corredor, aqui é um pouco mais claro. Me levanto e olho em volta, não tem muito o que fazer aqui.
- Precisamos achar uma sala secreta maior. - Barbie olha em volta.
- E de fogo, senão não vamos achar nada no escuro. - Sussurro.
- Queria que a torre estivesse vazia. - Babel resmunga.
- É uma torre ou vamos subir ou descer se continuar por aqui. - Olho para o outro túnel. - Como é o teto da torre?
- Pontudo. - Babel diz se animando. - Deve ter um bom espaço ali! Você é um gênio Lilith, só precisamos achar o túnel que sobe.
Dou de ombros e sigo tateando até o corredor novo, consigo andar em pé, mas é apertado demais, temos que andar com as costas coladas na parede. Quando penso que minha ideia foi péssima sinto que estamos subindo, continuo até ver uma saída.
- Eu estava ficando claustrofóbica... - Barbie sussurra.
Continuo até sair agora em uma sala circular e ampla, no topo da torre! Olho o chão, não é fino, podemos andar sem se preocupar que o Cavaleiro nos escute, Barbie anda devagar e depois tira os sapatos, deve ter pensado o mesmo. Babel vai até uma mesa de madeira e acha um lampião o acendendo, agora sim consigo ver bem a sala, tem um armário pequeno e velho, não espero que tenha comida. Alguns copos e taças poeirentos, uma cama grande e pergaminhos, penas e tinta para todo lado. Deveria ser um lugar para espiões, duvido que o Ângelus ficava aqui.
- Podia ser pior. - Sussurro.
- Pode falar alto, vai ser difícil ele nos escutar lá embaixo. - Babel olha em volta. - Aqui deve ser o centro dos esconderijos, precisamos mapear e descobrir onde os outros estão para roubar comida, água e observar.
- A torre não é só dele, é? - Barbie indaga. - Deve haver um quarto vazio ou algo do tipo, tinha uma taça de vinho pode ter uma adega, o que implica um subterrâneo.
- Estou feliz de ter vindo com as duas. - Sorrio. - Vamos nos sentar e ver o mapa, algum desses tinteiros deve ter tinta para nós.
Me sento com elas, bem isso não vai ser a parte divertida afinal.
XXX
Babel conseguiu mapear todas as rotas úteis em três pergaminhos para nenhuma se perder, as saídas da torre são mais ou menos as mesmas, mas como Barbie desconfiava tem uma adega aqui e um dos corredores mais abaixo se liga com uma cozinha, o mapa do Ângelus é mágico, isso eu já desconfiava, mas ele mostra a localização de onde a peça está em outra cor, fora que é atual, não acho que ele usava uma cozinha.
Deve ser tarde, quase noite, quando Babel volta da adega e cozinha, eu e Barbie limpamos o lugar para ficar mais arejado e achamos uma pedra que pode ser retirada e deixar a luz natural entrar, mas não o deixamos aberto porque aqui é muito frio.
- A adega não tinha ninguém. - Ela diz e solta uma bolsa lateral. - Foi mais rápido do que parece descer pelos túneis secretos, a cozinha era movimentada.
- Você viu alguém? - Sussurro me aproximando, ela tira um queijo, vinho e pedaços de pão da bolsa, também um odre com água.
- Algumas cozinheiras, mas elas não me notaram nem estavam cozinhando. - Ela aperta as sobrancelhas. - Ouvi algumas fofocas sobre outras empregadas, nada importante.
- Eu gostaria muito de sair logo daqui. - Barbie se enrola na sua capa de viagem. - É frio demais.
- E vai piorar a noite... - Babel leva as coisas para a mesa, sigo-a. - Mas é o melhor momento pra gente dar uma volta.
- Juntas? - Indago, ela nega. - Ah...
- Quanto mais informações melhor e se conseguirmos fazer isso em menos tempo vamos ter vantagens de começar a andar pelo palácio. - Ela diz e corta o queijo, Barbie abre os pães com uma faca. - E aqui parece bem vazio na verdade... A extensão do palácio é bem maior, podemos andar pela torre primeiro e depois vamos expandindo as passagens pelos lugares, temos que sempre ter uma rota pra fugir.
Pego um dos pães e suspiro, bem, é melhor fazermos isso logo afinal Cain também está agindo em Queensland e não podemos ficar para trás.
XXX
Empurro a saída do túnel devagar, seguimos juntas até uma ramificação e cada uma foi explorar um pedaço da torre, estou nos fundos e segundo meu mapa existem um jardim e uma estufa aqui. Consigo abrir e saio na estufa olhando para cima, ela é toda de vidro e consigo ver o céu com nuvens pesadas e frias, afasto as folhas brancas e quebradiças enquanto engatinho, tem plantas estranhas aqui que eu nunca vi na Terra nem em Heartsplains. Paro e me sento olhando para a porta enorme com um vitral, me levanto e fico de frente a ele, mostra três rainhas com Copas no meio, seu manto vermelho se misturando com o de Rosalinda, e Mira sozinha em todo o branco a direita, embaixo há pessoas, torço o nariz.
- É bonito, não é? - Congelo e me viro para trás quase caindo sobre o vitral.
Por um breve segundo penso que estou cara a cara com Mira, mas a mulher não é ela, seu longo vestido é branco assim como o corset, ela usa um casaco de pele que cobre os ombros e se arrasta no chão, seus cabelos brancos estão presos e seu olho esquerdo é queimado... Ah!
- Você andou pela minha torre, não foi? - Ela se aproxima e para a luz da lua apertando os olhos. - Espera, eu conheço esse rosto! Você é a garota de olhos de ametista de Queensland.
- Garota...? - Sussurro, depois nego. - Não, aquela é minha irmã.
- E quem é você? - Ela não parece que vai me capturar e entregar para Mira agora, então acho melhor falar.
- Sou Cain Maurêveilles. - Faço uma mesura, o que quer que Cain tenha feito para parecer uma garota foi perfeito pra situação. - Reflexo do Jaguadarte e o herdeiro do Mandrake. - Ela arregala o único olho bom.
Fico em silêncio enquanto vejo sua expressão mudar de desconfiança para curiosidade, ela sorri e indica um banco com as mãos enluvadas, sigo-a e sento morrendo de medo.
- De onde você veio? - Ela começa. - E por que sua irmã não está aqui?
- Eu vim do Lado de Lá. - Sussurro. - Eu e minha irmã estamos executando um plano... Você não vai me entregar, vai?
- Eu não sei. - Ela sorri e noto caninos maiores que os dentes normais. - Diga seu plano e eu posso pensar.
- Por que já não me prendeu?
- Existem muitas coisas estranhas nesse reino Cain. - Quase franzo as sobrancelhas, tenho que me acostumar. - Uma delas é que as pessoas podem ter memórias do futuro. - Não consigo esconder minha confusão, ela ri. - E quando vi sua irmã em Queensland sabia que aquele rosto era familiar porque eu estava vendo o seu rosto.
Penso e depois abaixo a cabeça, as pessoas desse lado geralmente me comparam a Copas ou sabem quem eu sou e quem são meus irmãos, mas não ela.
- Não sei seu nome. - Murmuro.
- Eu sou Maaka o Cavaleiro Branco. - Inclino a cabeça. - Eu não me importo com gêneros, minha aparência muda, mas eu continuo o mesmo e esse é meu título. Você se apresentou como Jaguadarte então presumo que entenda de títulos tanto quanto qualquer um desse lado.
- Sim, entendo muito bem. - Sussurro, ela sorri.
- Você pode me tratar no feminino ou no masculino, eu não me importo.
- Certo. - Murmuro, eu estou disfarçada de Cain, mas entendo que não é isso que ela está fazendo, é algo diferente. - Viemos para destituir Alice.
Maaka arregala os olhos e depois sua mão enluvada dança em frente aos lábios, talvez seja agora que eu vou presa e entregue para Mira.
- Continue.
- Você não vai me entregar? - Solto um gritinho.
- Não gosto da Alice, nunca gostei. - Ela suspira. - Você veio de um lugar ruim, mas não se compara ao que ela fez aos reinos inferiores, eu odeio ir a Queensland e ver todas aquelas pessoas com potencial tão alto trancados porque Alice tem medo e seus subalternos são lixos esnobes.
- E Mira? O que ela pensa disso tudo.
- Ela é amargurada Cain, Alice tirou tudo que ela tinha por isso Mira se juntou a ela, mas ainda sente arrependimento pelo que fez a... - Ela franze as sobrancelhas. - Copas? - Seus olhos escuros focam no meu rosto. - Prossiga.
- Estou acompanhada por duas amigas, uma delas é a ex Joker de Ouros e Espadas e a segunda o reflexo da Lírio Branco.
- A filha dela... - Maaka pensa. - Onde vocês estão?
- Nos corredores secretos.
- Fiquem na minha torre. - Encolho os ombros. - Não vou dedurar vocês ainda, não estou te dando confirmação de que sim estou do seu lado, mas eu quero ver as opções e escolher de que lado ficar.
- E se você não quiser estar do nosso lado?
- Vocês serão enviadas para Alice. - Ela sorri pressionando os caninos longos nos lábios inferiores. - Agora volte e desçam ao amanhecer para meu quarto ninguém sobe sem minha autorização.
- Certo... - Sussurro e me levanto fazendo uma mesura. - Obrigado.
- Não me agradeça ainda.
Engulo em seco e volto para meu esconderijo.
XXX
Mais um capítulo fresquinho hehehe aí eu confesso que estou apaixonada pela Maaka desde que criei ela ;w; Maaka é agênero, que não tem identidade de gênero, e usa os pronomes ela/dele como disse no capítulo :v o ritmo da história vai começar a mudar um pouquinho agora 7w7 teorias para os próximos capítulos???
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