The vampire tea

Levante-se criança e vire-se para o relâmpago e o trovão

Então eu posso ver o que eu conheço por todos esses anos

Sua pele estremece com meus dedos

Você está com frio, mas eu sei que não é sua culpa.

A tempestade está chegando agora

Podemos sobreviver de alguma forma?

Será que algum dia encontraremos nossa terra do nunca?

Neverland — Crywolf


Não fomos para a sala do Marcel e sim para a sala de jantar, mas o que me assusta é que todos estão aqui. Os membros da Nonsense incluindo Doll de olhos fechados em uma cadeira, Chess e o velho Charles, Ângelus e até mesmo Helena. Toby está com Manson, Barbie e Babel já estão sentadas e Caleb de braços cruzados na porta, acho que nunca vi todos juntos assim e isso faz meu peito se apertar.

— Parece que temos uma reunião e tanto, huh? — Me viro para trás e arregalo os olhos ao encarar Fox.

Ela entra na sala de jantar, dou um passo para trás que é acompanhado por Lilith e Abel para deixar ela passar, Alethos sorri e tira a máscara enquanto anda até parar em frente ao velho Charles, ele suspira e sorri amparando o rosto dela com a mão.

— Veja só o que você se tornou.

— Não teria chegado tão longe sem você. — Ela dá de ombros. — Claro, sem eles também. — Alethos se vira para os membros da Nonsense. — E sem que eu tivesse quase causado um motim contra o pai de algumas crianças também.

— Me desculpe. — Charles responde e Alethos se vira para ele suspirando.

— Você não precisa se desculpar. — Ela sorri e segura uma de suas mãos entre as suas. — Foi o melhor pai que eu tive e não errou ao me criar, estou aqui para reparar o que Alice fez que também não foi culpa sua.

— Tecnicamente... — Ângelus começa.

— Você não poderia nos deixar em paz por cinco minutos? — Charles rebate.

— Achei que a gente ia ter uma reunião, não chorar por pais e filhas se reencontrando. — Abel diz do nosso lado, dou uma cotovelada nele. — Aí! Nós somos órfãos e eles estão me deixando triste.

— Temos coisas mais sérias a tratar realmente. — Cheshire resmunga olhando as próprias unhas.

— O parasita quer opinar agora? — Ângelus rebate.

— Eu tava tão acostumado a reuniões sérias que não esperava essa palhaçada. — Toby ri.

— Vamos antes que as crianças nos ensinem sobre organização. — Marcel ironiza.

Dou risada que não é olhada feia pelos adultos e vamos até a mesa, pela primeira vez as duas mesas da sala de jantar são usadas unidas no centro e com todas as cadeiras em volta, olho para meus amigos ao meu lado e a Nonsense do outro, adultos e crianças, bem, é hora das crianças contarem o que andaram aprontando.

XXX

Quando terminamos nossa história de novo Chevonne já serviu chá com biscoitos para todos, já passa das cinco, apoio o rosto nas mãos e espero pelo veredito.

— Vocês têm três dias? — Alethos quebra o silêncio, concordo com a cabeça. — Bem, acredito que precisamos pensar não como um todo, mas qual lado cada um de nós quer apoiar, eu espero que entendam isso. — Concordo novamente com a cabeça, já passamos por isso.

— Tudo bem, mas temos algumas dúvidas. — Digo respirando fundo. — Eu queria que Cheshire ou Charles me dissessem o que o Coração Escarlate significa para Wonderland.

— Isso talvez leve algum tempo... — Charles apoia o rosto nas mãos. — Eu presumo que vocês saibam que antes de eu, Mandrake e... Copas. — Ele olha para Lilith. — Wonderland era um lugar ermo e sem vida, não porque ninguém tinha a descoberto ainda, mas porque juntamos uma série de fatores que a fizeram dar certo e chamamos de forças fundadoras.

— Antes que vocês perguntem... — Chess intervém. — É o principal motivo para que Tobias precise ficar em Wonderland sem voltar para o nosso lado.

— Isso. — Charles continua. — Porque acredito que agora vocês saibam que Wonderland não é o único mundo ligado ao nosso. — Consinto. — Quando as forças fundadoras de um lugar são movidas, quebradas ou perdidas, esse mesmo mundo entra em colapso.

— A Terra ainda é um dos poucos lugares onde não existem forças fundadoras. — Ângelus suspira.

— Alice não pode continuar mais tempo como rainha senão isso vai ruir com toda Wonderland. — Charles continua. — Porque suas forças fundadoras são os naipes que estão em declínio, as peças escassas de xadrez, os reflexos sem estarem corrompidos, os parasitas e as joias.

— Por que nos chamam de parasitas? — Toby pergunta olhando para Cheshire.

— Não deveríamos ser de lá. — Ele passa um dedo pela borda da sua xícara. — Nós somos realmente como parasitas em um organismo, quando entramos em Wonderland criamos uma relação de dependência com o lugar. Nós nos alimentamos do poder que existe naquela terra e ela se equilibra por isso, quando os parasitas estão em falta ou saem de Wonderland ela começa a colapsar lentamente porque seus poderes não são canalizados e começam a influenciar os reflexos a se tornarem como eram antes de irem para lá, violentos e poderosos.

— Foi por isso que Dormouse nunca saiu de Wonderland, apesar de odiar continuar. — Charles sussurra. — Comigo e Cheshire longe o peso recaiu quase todo sobre ele que está mantendo as barreiras em pé.

— E onde as joias entram nisso? — Pergunto.

— Elas pertenciam aos três grandes pilares de Wonderland. — Charles apóia uma mão no peito. — Aqueles que morreram por sua terra, não eu, o desertor.

— Então Alice não tem parasitas, bagunçou os naipes, acabou com as peças e não tem mais duas joias... — Sussurro. — É por isso que Wonderland está morrendo.

— Você disse que o reino já começou a te aceitar, por que perguntou pelo Coração Escarlate? — Ângelus indaga.

— Eu o sinto me chamando. — Olho para Lilith apreensivo.

— Ele deve te considerar seu mestre já que Lilith recusou o trono. — Chess sussurra.

— Significa que eu nunca vou poder falar com ela? — Lilith pergunta de repente, seu rosto estranhamente mais branco.

— Eu não sei dizer. — Charles suspira. — Talvez sim, talvez não. É difícil porque nunca aconteceu algo assim antes, cabe a vocês descobrirem.

— Essa foi uma conversa que eu não esperava. — Alethos diz sorrindo. — Mas como eu disse antes precisamos pensar...

— E você quer que a gente saia daqui... — Abel diz com desdém.

— Na verdade, tenho algo para vocês. — Troco um olhar com os outros. — Alice deve estar com suas forças reunidas o que nos deixa baixar um pouco a guarda.

— E com algumas das poucas informações que vocês nos passaram... — Ângelus resmunga.

— Nós entramos em contato com a família do atual cavaleiro branco e descobrimos um lugar seguro para vocês darem uma saída. — Fox pisca para nós e recoloca sua máscara. — Vocês podem se divertir enquanto os adultos discutem coisas sérias.

— Finalmente um pouco de diversão! — Toby guincha.

Não o repreendo dessa vez porque agora sei que temos que aproveitar todo o tempo que ainda estamos aqui.

XXX

A viagem de carruagem foi prazerosa, quase tinha me esquecido como gosto da arquitetura daqui depois de tantos dias vendo apenas as terras de Wonderland, suspiro quando descemos para o ar noturno, talvez quando eu for rei possa fazer alguns prédios que me lembrem de casa, sorrio com o pensamento e me viro para admirar a mansão branca que está na nossa frente.

— Parece um palácio... — Abel sussurra.

Realmente, chamar de mansão não parece justo, a casa mais parece o palácio de Buckingham*. Os outros se aproximaram e soltaram exclamações de surpresa também, nossos acompanhantes da noite são Bankotsu e Jaken e acredito que só dessa vez eles são os únicos.

Em pouco tempo a porta é aberta por um homem de pele escura e olhos amarelos, ele sorri mostrando as presas maiores que as de um humano e nos dá passagem.

— Viemos para uma festa do chá... só não nos avisaram que chá vampiros bebem... — Toby murmura no meu ouvido, reviro os olhos.

— Eles são aliados...

Quando todos passam, o nosso anfitrião fecha a porta e olha para nós, na luz do hall posso ver mais detalhes dele, como suas orelhas pontudas, duas mechas roxas no cabelo volumoso preto e que ele usa luvas de couro que combinam com seu terno.

— Acredito que não fomos formalmente apresentados. — Ele diz com uma voz calma e baixa. — Meu nome é Maeve e todo e qualquer aliado de Maaka também é meu e da minha família, por isso estão seguros aqui hoje. — Ele abre as mãos e sorri de novo.

— Em uma festa de chá de vampiros... — Toby começa, piso no seu pé e ele guincha.

— Nem todos são vampiros. — Maeve o responde. — Houve um tempo em que comíamos humanos, só que assim como vocês aprendemos a nos alimentar de outros animais. — Ele dá de ombros. — Mas temos chás para vocês, claro.

— Por que decidiu nos receber? — Caleb pergunta quando Maeve começa a caminhar para nos guiar.

— Já disse. — Ele cruza as mãos atrás do corpo. — Como anda a guerra?

— Encaminhada. — Respondo o seguindo. — Pretendemos começar quando voltarmos em menos de uma semana. Blanchess, Queensland e Oddville estão conosco. — Digo mesmo sem saber se ele conhece os reinos.

— Maaka? — Ele pergunta sem se virar.

— Vai atacar na linha de frente. — Lilith o responde. — Com o exército vermelho e Espadas.

Maeve continua caminhando em silêncio, olho para Toby e me pergunto se ele me deixaria ir para longe e lutar uma guerra ou se fosse eu, como me sentiria sobre isso?

— Espero que volte com honrarias de guerra para uma vida pacata, como todo bom soldado. — Maeve brinca abrindo grandes portas de vidro. — Bem vindos ao claustro e se sintam à vontade.

O claustro é quase tão grande quanto a casa Nonsense inteira, algumas pessoas usam máscaras e outras estão com seu rosto à mostra, tem mesas baixas para o chá e toalhas espalhadas pelo chão, mais a frente vejo um longo salão aberto e pessoas também estão ali. É realmente muito lindo. Ainda estou decidindo o que fazer quando uma garota mais ou menos da nossa idade se aproxima, ela tem cabelos brancos presos de forma elegante e usa um vestido branco que está sujo como se ela tivesse caído, por trás das lentes dos óculos posso ver seus olhos amarelos como os de Maeve, mas tudo nela me lembra Maaka.

— Vocês chegaram! — Ela diz animada. — É difícil ter outras crianças por aqui. De qualquer forma eu sou a Maplebell.

— Acredito que nossos convidados não sabem muito bem o que fazer ainda. — Maeve começa devagar. — Por que não apresenta o local a eles Maplebell enquanto os adultos conversam?

— Eu vou adorar. — Ela sorri e nesse momento reparo nos seus dentes. — Sete é um bom número, mas eu posso não me lembrar de todos, sabe?

A sigo sem saber como interagir, talvez isso seja algo a se melhorar porque assim como a Lilith acho que só sei fazer amizades em situações extremas. Suspiro e aceito o tour de Maplebell com os outros.

XXX

Como Toby decidiu realmente aproveitar a festa de chá, somos os únicos a ficar sentados em uma mesa, Lilith e Abel foram para o salão seguidos por Caleb enquanto Barbie e Babel estão sob as árvores em uma toalha branca, e Maplebell resolveu nos acompanhar em nosso chá. Depois de um tempo tagarelando com Toby sobre os melhores doces, ela fica quieta e séria.

— Então... — Maplebell cruza as mãos e olha em volta. — Como meu pai está?

— Maaka é incrível! — Toby sorri. — Fomos os que passamos menos tempo com ele, sabe? Lilith ficou mais dias em Blanchess, mas só conseguimos nos aliar ao reino branco por causa dele, foi basicamente quem começou o motim contra a Mira.

— Sinto falta dele, mas fico feliz que seja tão bom assim. — Ela suspira. — É estranho, porque passamos pouco tempo juntos, eu mal me lembro dele...

— Maaka é ótimo. — Sussurro, ela olha surpresa para mim. — Ele é gentil, valente e sabe fazer boas escolhas, um ótimo pai.

— Ou mãe. — Toby completa, ela ri.

— Sim, é bom ter dois pais e uma mãe ao mesmo tempo.

— Ele não gostou da ideia de ir na linha de frente no começo, mas fez isso porque pode evitar muitas mortes com seu poder. — Continuo. — É uma atitude muito nobre.

— Você tem os poderes dele também? — Encaro Toby por cima da mesa.

— Ah não, eu puxei o outro lado da família. — Toby se inclina para frente fugindo do meu olhar e implorando para saber mais. — Eu consigo me transformar em animais!

— Wow! — Toby guincha. — Qualquer um? Qualquer tamanho? Você pode fazer agora?

— Você pode estar incomodando ela... — Sussurro ofendido.

— Claro que não, eu adoro me transformar, minhas roupas que não gostam tanto... — Maplebell se levanta e puxa o vestido mostrando a mancha de lama. — Qual você quer primeiro?

Bato contra minha testa, isso vai virar um espetáculo.

— Um tigre! Não, um leão! Espera, um lobo? Ah, já sei um morcego!

— Que jogo é esse? — Lilith pergunta se aproximando com Caleb e Abel.

— Um morcego é tão clichê. — Maplebell ri e gira o corpo como se fosse fazer uma pirueta, mas quando o giro termina não existe nenhuma menina ali.

Olho assustado para cima e vejo um morcego albino batendo suas asas translúcidas, pisco surpreso e depois sorrio, existem tantas coisas estranhas nesse mundo e eu fico feliz de poder descobri-las.

XXX

*Palácio de Buckingham é a residência oficial e principal local de trabalho do Monarca do Reino Unido em Londres. Localizado na Cidade de Westminster.

XXX

Finalmente, repito, FINALMENTE uma explicação digna sobre os parasitas lakskjaksj e uma aparição inesperada pra esse capítulo? Sim! Como eu achei que já tinha muitos capítulos com eles apenas em mesas de reunião os próximos vão mesclar um pouco de cotidiano com os planejamentos, uma coisa que eu sempre senti falta em TR é trazer a grandiosidade das casas na era vitorianas, principalmente de famílias ricas (mesmo quando são uma família de vampiros), os próximos também vão seguir essa mescla de momentos dentro e fora da casa Nonsense, espero que gostem hehe  

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