The garden
Viajando, girando por aí
estou no subsolo
Eu caí, sim, eu caí
Estou enlouquecendo, onde estou agora?
De cabeça para baixo
E eu não posso parar com isso agora
Isso não pode me parar agora
Alice - Avril Lavigne
Depois de andarmos um pouco eu consigo ver as flores falantes e como os dois disseram não tem como confundi-las. As flores são mais altas do que as demais e grandes como guarda-chuvas, suas cores são mais vivas do que as normais também.
Durante todo o caminho Abel vai chutando as outras flores, tento não destruir elas e empurro seus caules com o cano do rifle, Caleb faz o mesmo com sua espada para o ar ficar cada vez mais cheio de pólen, não escuto nada fora dos muros do jardim o que confesso me deixa um pouco apreensiva, a primeira equipe já deveria ter feito algum barulho mesmo que nosso grupo esteja longe e depois temos a armadilha que foi ativada, se Alice sabe que entramos no castelo por que ninguém apareceu ainda?
Quando estamos perto das flores escuto um som alto de algo se quebrando e instintivamente me abaixo, mas o barulho não parece ser aqui.
— Você ouviu...? — Abel sussurra se aproximando. — Parecia... algo grande.
— Era algo grande... — Caleb respira fundo. — Precisamos ir logo.
Ele corre na frente e seguimos atrás, sempre olhando para trás esperando um ataque. Quando chegamos as flores estou cansada de correr usando essa máscara grossa, Caleb olha para nós dois e sem dizer nenhuma palavra cada um escolhe uma flor e a empurra, meu primeiro choque é o caule ser muito mais pesado do que eu esperava, quase como uma árvore, me viro de costas e empurro com toda a força que tenho até uma chuva de pólen colorido me cobrir como flocos de neve, vou para a outra flor e faço o mesmo até estar coberta de pólen e suor.
Escuto as flores se mexendo e congelo, me viro em direção ao barulho enquanto minhas mãos pegam o rifle já me preparando para um ataque, mas quem aparece no meu campo de visão não são soldados ou Alice e sim Toby, Barbie e Babel.
Sorrio de alívio e corro até eles que estão sujos e parecem cansados.
— Como foi? — Pergunto parando os três.
— Soltamos os cavalos e os nossos, vocês devem ter escutado eles quebraram um muro do castelo. — Babel diz orgulhosa.
— E correram em direção ao nosso exército como um aviso. — Barbie completa.
— É, mas ainda precisamos de alguns guardas espirrando. E eu posso dar uma mãozinha nisso.
Toby respira fundo e seus olhos ficam de um tom mais vivo de laranja, como fogo, ele segura meu ombro depois a puxa coberta de pólen e abaixa a máscara para assoprar. E é como se um pequeno furacão se formasse no meio do jardim, todas as flores são agitadas e preciso cobrir o rosto e fechar bem os olhos para não ser afetada também, depois que o vento para Toby balança a cabeça tirando o pólen do seu cabelo.
— Exibido... — Abel grunhe. — Aliás, como vocês entraram sem passar pela armadilha?
— Vocês desativaram a armadilha... — Ele dá de ombros e recoloca a máscara, mesmo que eu ache que não precise dela.
— É muito bom ter alguém com poderes, mas podemos ir agora? — Caleb resmunga. — Mesmo que a confusão maior seja lá atrás, sabem que estamos aqui.
— E eu não vi nenhuma comoção lá dentro... — Babel olha para o castelo. — O que significa que eles devem estar bem.
— É o que eu espero. — Suspiro e meu nariz coça. — Como vamos fazer para entrar lá?
— Eu posso colocar a gente lá dentro, mas vou precisar de um tempinho pra me recompor se isso acontecer.
— Direto para a biblioteca? — Barbie pergunta.
— Devem ter armadilhas em alguns lugares estratégicos. — Caleb pondera. — Precisamos entrar por uma área neutra e depois seguir pra biblioteca, assim você consegue descansar.
Escuto o barulho de galopes e acho que os cavalos que eles soltaram estão vindo para nossa direção, ou os nossos estão voltando, olho de Caleb para Babel em busca de uma solução.
— O jardim interno. — Ela responde. — Se dermos sorte vão estar ocupados demais correndo para os estábulos e dali conseguimos chegar à biblioteca porque não é a parte nova, não tem tantas paredes de vidro.
— Certo... — Toby suspira. — Depois que tudo isso acabar eu vou querer dormir por um mês inteiro.
Ele levanta os braços e traça um círculo no ar, o chão aos meus pés desaparece e caímos em outra grama, um em cima do outro, Toby grunhe e Caleb o ajuda a se levantar, mesmo sendo muito poderoso acredito que carregar a gente esteja acabando com sua energia mais rápido do que ele imaginava, engulo em seco, que os outros estejam bem porque não podemos sobrecarregar ele, respiro fundo e me levanto também, estamos em um claustro no centro do castelo, ainda fico surpresa como esse castelo é enorme e idiota.
— Para onde? — Barbie pergunta olhando para os lados.
— Me segue! — Abel parece feliz por nos guiar. — Eu sempre fui o melhor em me esgueirar por esse castelo.
— Então coloca essa habilidade em ação... — Caleb resmunga.
Abel o xinga enquanto corre em direção a um pátio, ele força a porta que se abre facilmente, espero por outra armadilha, mas passamos com facilidade para uma cozinha velha e empoeirada, Toby hesita em ir pelo outro caminho e sei que é o caminho da torre, mas com Abel nos guiando pelo outro lado seguimos ele, apoio minha mão no seu ombro e ele sorri cansado.
— Ele é mais durão do que você pensa... — Sussurro.
— Não é não. — Abel fala um pouco mais alto do que um sussurro. — É um molenga que deve estar chorando, mas precisamos de você aqui.
— Isso me tranquiliza muito. — Toby ironiza.
— Caso ele morra eu sou a segunda opção. — Abel brinca, reviro os olhos.
— Dá pra parar de falar em morte?
— Obrigada Lilith... — Caleb resmunga.
Abel bufa e viramos em um longo corredor sem nada.
— Aqui é uma área desativada?
— Quase isso, é a parte onde os naipes inferiores ficam, a cozinha foi desativada, mas geralmente é por aqui que os guardas entram ou andam pelo castelo. — Babel me responde passando um dedo pela parede empoeirada. — Mas pelo visto acho que nem os guardas estão entrando mais aqui.
Os mesmos guardas que devem estar agora lá fora espirrando e sofrendo da febre do pólen, antes que me sinta culpada afasto o pensamento porque estamos fazendo isso para eles não atacarem o exército vermelho e evitar um banho de sangue.
De novo tenho a sensação de que isso está errado, por que Alice deixa o castelo vazio? Por que tem tantas áreas fáceis de invadir? Suas armadilhas podem ser desarmadas, é como se ela esperasse por nós e isso me faz ter um pressentimento ruim sobre essa investida. E se tivéssemos ouvido Nadia e esperado? Será que não teria sido o melhor?
Suspiro abaixando a cabeça, acho que tenho muitas perguntas que não podem ser respondidas agora e mais um longo caminho para cruzar e é melhor minha cabeça estar em alerta para reagir e depois me questionar se fiz ou não as escolhas certas.
XXX
Andamos por um labirinto de corredores vazios e o único guarda que cruzou nosso caminho foi deixado inconsciente e amarrado no meio do caminho, ainda está fácil demais e o pior é não ter nenhum sinal do Cain e dos outros, quando vi o guarda vindo em nossa direção jurei que eles apareceriam logo em seguida, mas não foi o caso.
— Agora é a minha vez de dizer que ele vai ficar bem. — Bell resmunga de braços cruzados, Caleb vai na frente.
— Eu sei que sim, é só que nós tivemos um desafio e se eles também tiveram e precisam de ajuda?
— Eles têm o Cain, ele vai usar o cérebro.
— E a Taylor é muito incrível também... — Toby completa. — E eu aposto que o primo do Caleb é muito melhor do que esse aqui.
— Muito engraçado. — Ele resmunga.
Caleb para e Toby recua, mas ele não parece querer brigar pelo que ele disse e sim percebeu algo, engulo em seco puxando a arma para perto do corpo, Babel saca suas facas e Abel para ao meu lado.
— Nós não esperávamos convidados na biblioteca, não hoje. — Uma voz calma diz a nossa frente, o som apático me faz lembrar do Ângelus, mas não pode ser ele.
Caleb vira no corredor e todos o seguimos, ao final dele eu posso ver uma porta enorme feita de metal branco e vitrais que devem contar uma história e em frente a ela estão uma mulher alta de cabelos brancos e com um único chifre saindo da sua testa, seus olhos negros nos encaram com raiva e atrás dela um homem grande de pele escura e cabelos vermelhos trançados rosna para nós, engulo em seco, quem diria que encontráriamos o Leão e o Unicórnio...
— Que grupo estranho temos aqui... — O Leão começa andando até parar ao lado da Unicórnio. — Alice nos disse que pequenos ratinhos invasores poderiam aparecer, mas não esperávamos que vocês realmente seriam loucos de virem aqui.
— Já ouviu dizer que somos todos loucos por aqui? — Abel rebate.
— O filhote da espada Vorpal... — A Unicórnio faz cara de nojo. — E temos também o garotinho de espadas e a outra Joker traidora.
— E eu me lembro bem dessa cara, Dormouse. — O Leão ri, Toby grunhe.
— E temos também duas garotinhas assustadas e eu posso ver muito bem quem é a nova Copas. — Barbie olha para mim, engulo em seco. — E uma peça branca como eu fui um dia.
— O que vai ser? — Abel continua. — Uma luta? Uma charada?
— Uma luta? — O Leão ri e sua risada reverbera. — Nós vamos ser bem mais cruéis com vocês.
Engatilho meu rifle e respiro fundo me preparando para o que quer que venha agora, só me preocupa onde os outros estão e se chegarem no pior momento?
Sinto a tensão se formar no ar como uma tempestade, os dois adultos continuam nos seus lugares, mas algo estranho muda, olho para o lado e todos os rostos são familiares, mas...
Mas eu não sei mais o nome de nenhum deles.
— O seu desafio... — A mulher de cabelos brancos sorri. — E se lembrarem dos seus nomes, mas aqui é nosso território, onde todos os nomes desaparecem.
Engulo em seco e penso rápido, como fugir? Como me lembrar do meu nome? Olho para o menino de cabelost brancos e eu sei que ele é meu irmão assim como o de cabelos pretos e olhos brancos importa para mim, mas quem são eles?
— E só existem dois meios de vencer, um deles é nos matando e o outro é quebrando o encanto. — O homem negro ri cruzando os braços. — Então, o que vai ser?
O garoto da frente se move rápido demais para meus olhos o acompanharem, mas a mulher de branco desvia do seu ataque, a garota de cabelo monocromático grita e parte para luta também, eu preciso subir em algum lugar alto, alguém me disse que um tiro meu sempre pode acabar com as brigas, olho para cima e tem dois corredores ladeando a passagem onde estamos, olho em volta e acho a entrada da escada, respiro fundo e puxo a garota loira comigo, o de cabelos brancos olha para nós duas e assente recuando para proteger nossas costas.
— Você sabe atirar, não sabe? — Ela concorda com a cabeça. — Vai pra aquele lado e eu vou por esse.
Ela concorda de novo e nos separamos deixando os quatro que ainda lutam ali embaixo. Escuto o barulho da briga, mas não paro de correr, quando viro na escada um guarda me encara e então começa a descer, reviro os olhos, isso não é hora pra ser interrompida. Disparo um único tiro em sua perna e ele rola escada abaixo, espero para ver se o guarda ainda respira e corro me segurando no corrimão para chegar mais rápido.
Chego lá em cima e olho para baixo, a luta continua e parece que estamos perdendo, olho para o garoto de cabelo escuro e ele luta com o homem grande junto com meu irmão enquanto a mulher recebe ataques alterados da garota e do menino de cabelos castanhos.
Respiro fundo e apoio meu rifle na amurada, olho pela mira, mas a mulher com o chifre parece perceber meu plano e ri com desdém, o garoto que luta contra ela me encara e seus olhos laranjas me passam uma confiança que eu sei que independente do que ele está planejando eu vou acatar, concordo com a cabeça e ele faz o mesmo, vejo sua mão se balançar como se ele segurasse uma corda invisível então olho pela mira e espero. A garota monocromática é jogada para o alto, na minha direção, mas o menino envolve ela em uma corda laranja e a puxa deixando minha mira livre e sem pensar muito eu disparo.
A mulher de cabelos brancos desvia, mas não a tempo e sangue prateado vaza da sua perna longa, ela me olha como se eu fosse um inseto irritante, sorrio.
— Aquela ali é boa... — O homem recebe um olhar azedo de sua companheira.
Mas sua piada não paira muito tempo no ar porque a garota que foi puxada pela corda laranja é arremessada nele e ela sabe o que faz. Suas facas dançam por um segundo quando elas giram nas suas mãos e depois ela enfia as duas nos olhos... do Leão!
A mulher grita, mas o homem cai no chão e não se levanta mais, olho para os outros, mas ainda não me lembro dos seus nomes. Enfurecida a que resta avança sobre a garota monocromática, mas um tiro atravessa sua cabeça e ela caí também, pisco surpresa e Barbie se pendura no outro muro gritando.
— NUNCA MEXA COM A MINHA BABEL!
— Eu te amo Barbary D. Guildford! — Babel ri em resposta.
— Lilith! — Abel diz sorrindo, olho para ele. — A MINHA MANINHA LILITH!
— E o meu namorado Cain. — Toby aponta para o final do corredor onde Cain, Ethan e Taylor parecem assustados e surpresos com toda a cena.
— Lilith! — Caleb grita e ri, dou risada. — Você pegou o guarda de jeito.
— É um talento Caleb. — Gargalho.
— Agora você podia dizer: "eu te amo tanto TOBIAS"! — Toby grita abrindo os braços. — Porque ninguém gritou meu nome ainda.
— O que diabos aconteceu aqui...? — Cain pergunta olhando para cima. — O que você está fazendo aí? Por que tem... pessoas mortas aqui?
— O papo tá bom, mas a gente precisa entrar... — Taylor olha pra trás. — Os guardas estão vindo.
E assim que olho para o final do corredor eu vejo um paredão de guardas de Espadas, é, correr parece bom agora.
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