Oysters
O que está acontecendo aqui?
O interior do espelho congela meu coração, o eu desconhecido sorri
Siga-me, siga-me, siga-me
não pode voltar atrás
O que está acontecendo aqui?
De alguma forma, remova as correntes entrelaçadas na injustiça que balançam nas sombras
Eu vou encontrar minha saída, porque sua chuva vai parar
Whiteout — Riko Azuna
Minhas bochechas estão quentes pela terceira vez e ainda nem saímos do túnel, Ethan e Taylor riem de mim mais uma vez.
— Então ele é mesmo seu namorado! — Ele diz surpreso. — Quero dizer, vocês estavam abraçados quando eu acordei, mas pensei que fossem só amigos.
— Só amigos... — Taylor bufa. — Foi a primeira coisa que ele me disse em Oddville quando eu capturei o Cain, "ei você aí, não ligo se vou chamar a atenção de todos os guardas, mas cuidado com meu namorado."
— Não foi assim... — Me defendo. — E me surpreende você rir, se fosse o Caleb já teria feito cara de nojo.
— Caleb é idiota. — Ethan dá de ombros. — E cabeça fechada, eu gostaria de ter chegado antes.
— Eu também gostaria... — Murmuro e ele gargalha.
— É, mas eu estou aqui disponível. — Taylor provoca.
— Bem e eu ia chegar em você depois se a gente sair vivo dessa.
— É um bom ponto. — Sussurro. — Espero que você esteja certo em não ter ninguém na torre agora.
— Se tiver algum guarda provavelmente vai estar sozinho, eu consigo dar um jeito nele. — Ethan se gaba.
— Mesmo se forem seus pais? — Taylor provoca.
— Ok... — Ele fica vermelho. — Acho que nesse caso vocês podem tentar.
— Sinto muito pelo que fizemos aos seus pais naquele dia. — Sussurro. — Mas você sabe, eram eles ou Bill teria nos matado.
— Eles se recuperaram, a verdade é que não gostamos de servir Alice, mas meus pais não conseguem seguir o exemplo do tio Gareth e da Nadia. — Ethan suspira. — Mas eles não contavam comigo sendo um traidor.
— Que bom que você é um traidor. — Sorrio, ele sorri em resposta. — Somos um grupo grande, mas foi bom ter vocês dois ou eu provavelmente estaria aqui sozinho, quero dizer, se não fosse um fracasso.
— Você fez meu pai mudar de ideia, nunca te chamaria de fracassado. — Taylor pisca pra mim.
— O Abel não acha o mesmo. — Dou risada.
— Ele está sozinho, né? — Ethan recomeça o assunto, reviro os olhos.
É um longo caminho pela frente, mas não é ruim conversar com eles.
XXX
Quando saímos das raízes da árvore TumTum estamos de frente para uma parede de pedra, a parte velha do castelo, Ethan vai na frente e respira fundo a abrindo. Olhamos o corredor vazio e frio, sorrio, ele estava certo ao dizer que os guardas estariam focados na parte de vidro e onde o exércitos estivessem.
— Você tava certo, mas não fica parado aí se achando. — Taylor sussurra o empurrando pra dentro. — Onde ficam as escadarias?
— No final do corredor vamos sair próximos a ala da torre.
— Próximos a ala... — Taylor resmunga entrando.
Olho para trás e respiro fundo antes de seguir eles, mais uma vez nesse castelo, mais uma vez entrando aqui com um plano maluco quase que feito cinco minutos antes de agir, acho que já é nossa marca registrada.
Ethan anda na frente com passos leves, Taylor no meio e tenho que me controlar para não reclamar do seu rabo que fica indo de um lado ao outro tirando minha concentração, mas ela deve estar nervosa e eu não quero começar uma briga agora. Ethan para e olha para os dois lados, com um sinal de mão ele corre para a esquerda, respiro fundo e sigo depois de Taylor, ele olha para mais um corredor no final do que seguimos e continua.
Me sinto um alvo fácil preso nesses corredores apertados de pedra sem nenhum lugar para nos esconder, segundo Ethan aqui é uma parte da cozinha, ou ao menos era antes de Alice a mudar para o prédio novo, corremos por quase cinco minutos até pararmos em frente a uma escadaria, antes de subir Ethan se esconde atrás dela junto com nós dois, estamos todos arfando e nervosos agora.
— Tivemos sorte que não tinha ninguém. — Ele murmura. — Mas não posso garantir que não vai ter algum guarda lá em cima, ainda mais depois de presumirem que os Tweedles morreram.
— Ou não... — Me arrepio e olho com raiva para Taylor. — O que foi?
— Hamnet tomou um tiro na testa e Judith teve a garganta cortada, não seja idiota. — Resmungo, mas meus braços continuam arrepiados. — E se precisarmos correr?
— Vamos ter que voltar todo esse caminho. — Ethan faz uma careta. — De qualquer forma seu namorado não está aqui e teremos que refazer nossos passos pra ir pra biblioteca.
— Fica muito longe? — Taylor pergunta e seu rabo bate em mim. — Foi mal.
— Um pouco... — Os ombros dele caem. — Temos que ser rápidos, entrar, pegar o pássaro e se tiver alguém de guarda... — Ethan olha para nós dois. — Vamos ter que matar o mais rápido possível.
Engulo em seco e olho para Taylor, ela concorda com a cabeça. Ethan tira sua espada da bainha, ela segura uma pistola pequena e prateada e eu tiro a chave do pescoço sentindo Laylah vir para minhas mãos. Trocamos mais um olhar e saímos um a um do nosso esconderijo para a escadaria.
Ethan com seus passos silenciosos e guarda alta na frente, Taylor no meio e eu tendo que olhar por cima do ombro a cada degrau. Quando estamos no meio da escadaria Ethan arqueja e para, congelo.
— Eu senti uma tontura... — Ele murmura, solto o ar pela boca.
— É porque sua cabeça de vento deu voltas demais nessa escada... — Taylor resmunga e volta a seguir ele, assim que alcança onde Ethan estava ela guincha. — Eu também.
Olho para trás e depois para os dois, passo pelo mesmo degrau e sinto como se estivesse quase dormindo e sonhasse que estou caindo, paro e confirmo com a cabeça.
— Não deve ser nada... — Taylor nos tranquiliza.
— Ou acionamos uma armadilha. — Ela fuzila Ethan com o olhar. — O que foi? É um fato a se encarar.
Olhando para os dois me sinto menor ainda, o que vamos fazer se for mesmo uma armadilha? Olho para trás esperando passos, mas o corredor ainda está silencioso, quando volto a olhar para eles me assusto por estarmos quase do mesmo tamanho agora.
— Vocês! — Eles param a discussão e me encaram. — Estamos diminuindo!
— Que?! — Taylor olha para mim e depois Ethan. — Estamos diminuindo!
— Temos que subir! — Apresso os dois. — Antes de ficarmos pequenos demais para os degraus.
Ethan xinga e quando se vira pra correr escorrega e cai em cima de nós dois, espero pela dor de rolar os degraus, mas quando abro os olhos estamos caídos no chão de carpete de uma sala com dezenas, não, centenas de portas.
— Acionamos uma armadilha! — Ethan resmunga se jogando no chão. — E temos o tamanho de um rato agora.
— Eu já estou acostumando... — Sussurro abraçando meus joelhos. — O que é isso?
— Tem cara de armadilha. — Taylor ironiza e se levanta. — Temos que achar a saída ou o que?
— Ficamos pequenos pra sempre... — Ethan se senta. — Como eu vou conquistar todo mundo sendo menor que um esquilo?!
— Se é uma armadilha, vai ter uma saída. — Me levanto também. — Seja para nós ou para alguém vir nos buscar.
— Você é sempre positivo assim? — Ethan resmunga se levantando.
— Pelo menos ele não está preocupado em pessoas admirando ele. — Taylor rebate, ele grunhe.
Consigo rir mesmo que a situação não seja das melhores, suspiro e olho para as inúmeras portas, não adianta nada tentarmos uma de cima então precisamos de uma do nosso tamanho. Olho em volta e meus olhos se focam na menor porta que está na altura do chão, começo a ir em sua direção e os dois vêm atrás de mim.
— Você vai mesmo fazer isso? — Ethan anda ao meu lado. — E se for uma armadilha? — Levanto as sobrancelhas. — Outra...
— Você tem uma ideia melhor?
Ele olha em volta e apoia as mãos na cintura sorrindo triunfante.
— Tenho, ali! — Ethan aponta para a porta um pouco maior em cima da que estávamos indo. — Vocês me levantam e eu vou ver o que tem lá.
Olho para Taylor em busca de apoio e ela só dá de ombros, eu e ela nos abaixamos e damos impulso para Ethan se agarrar na maçaneta e abrir a porta com facilidade, pelo menos não estão trancadas, ele dá alguns passos pra dentro em silêncio e uma porta na outra parede se abre com Ethan caindo dela.
— As portas estão conectadas... — Olho para cima. — Só tem uma saída.
— Ótimo. — Taylor cruza os braços. — Agora podemos tentar a ideia do Cain?
Ethan se arrasta de volta e olho para eles antes de abrir a porta, mais uma vez todos com armas em punho, giro a maçaneta e me preparo para o que vamos encontrar ali dentro.
XXX
Meus olhos demoram pra se acostumar com a escuridão da sala em que entramos, mas depois que se acostuma tenho que me controlar pra não recuar e sair correndo, estamos em uma sala enorme, todos os móveis estão a metros de altura e eu nunca me senti tão pequeno.
— O que é isso...? — Ethan sussurra.
As luzes se acendem e ele puxa eu e Taylor para baixo de um banco, pelo menos seus reflexos são rápidos.
— Os convidados chegaram, mas não é de bom tom se esconderem. — Uma voz calma e extremamente alta diz de algum lugar, me encolho mais para a sombra. — Alice sabia que vocês iam tentar entrar aqui, mas venham, vamos ter um belo jantar de ostras.
— Vocês são as ostras.
Os dois riem e eu me arrepio por completo, a Morsa e o Carpinteiro. Taylor e Ethan olham pra mim e depois para suas armas minúsculas.
— Deve ter outra porta do outro lado... — Murmuro, as expressões deles não me animam muito. — Precisamos de um plano.
— Pensei que você era o cérebro... — Ethan resmunga.
Um barulho de coisas se quebrando fazem nós três pularmos, espio devagar e me arrepio de novo, um homem grande e gordo está com um taco de madeira de croquet e pelo estrago a sua frente ele deve ter acertado a pilha de louças e atrás dele um homem alto e magro aperta os olhos para o chão.
— Precisamos subir em alguma coisa... agora.
Ethan se abaixa e faz um apoio, olho para trás do banco e a estante de livros mais parece um muro de um castelo, engulo em seco e sou jogado pra cima, Taylor logo em seguida e nós dois puxamos ele. Se tivéssemos demorado mais um pouco teríamos ido aos ares junto com nosso esconderijo, colo o corpo contra uma lombada e prendo a respiração, mas os dois homens voltam para o final da sala longa e estreita.
— As ostras vão se mostrar em algum momento. — A Morsa ri, ele puxa uma cadeira e se senta, à sua frente o Carpinteiro também faz o mesmo. — Um chá, velho amigo?
— Seria muito bem vindo, meu velho.
Os dois riem e começam a se servir, o barulho da louça me dá confiança de falar mais uma vez.
— Eles realmente não sabem onde estamos... — Olho para a sala melhor agora, está cheia de tralhas espalhadas e quebradas, mas ficar no chão é perigoso, olho para cima em busca de algo e tem mais tralhas ali também. — Temos que ir o mais alto que conseguirmos.
— E depois? — Taylor murmura.
— Depois a gente tenta sair daqui vivos.
É um bom plano, eu espero.
XXX
Subir demorou uma eternidade, sempre tomando cuidado para os dois homens não nos verem e tendo que escalar até nossos braços doerem, finalmente conseguimos chegar ao topo da estante e dali um relógio cuco foi fácil de alcançar para descansarmos dentro do mecanismo, não sei se depois de hoje ainda vou gostar de relógios, respiro rápido e olho para a mesa, os dois cochilam a Morsa quase caindo da cadeira e o Carpinteiro com seu queixo apoiado no peito. Procuro por uma porta e ela é bem fácil de achar, o problema é que não é pequena igual a que viemos e sim do tamanho normal, engulo em seco e continuo analisando a tralha na sala apertada.
— Você tá pensando? — Ethan ri baixinho.
— É o que eu faço de melhor. — Sorrio. — O que vocês têm que podemos usar? Eu tenho dois chicotes, não é muito para atacar os dois, mas posso jogar coisas longe e confundir eles.
— Isso é realmente muito útil. — Ethan cruza os braços. — Só tenho uma espada, mas eu consigo pular longas distâncias e posso pegar vocês também. — Ele pisca, reviro os olhos.
— Eu tenho duas pistolas, algumas balas e um rabo. — Taylor ri. — Também posso jogar coisas longe com ele.
— É, temos um plano. — Olho de novo para a porta. — Precisamos distrair eles a ponto de alguém chegar na porta e a abrir, mas não pode ser no chão senão eles nos pegam. — Me abaixo para olhar os enfeites do relógio cuco. — Você disse que consegue saltar, daria para chegar no outro lado da sala?
— Em condições normais sim...
— Frouxo. — Taylor rebate e ele grunhe.
— Tudo bem, posso tentar se você conseguir me pegar caso eu caia.
— Se a Taylor me ajudar a puxar sim.
— Tudo bem, e depois? — Tiro Blackfire do cinto e passo pra ele. — Mas só vamos jogar coisas aleatórias?
— Vamos enganar eles, você joga e pula pra outra prateleira, nós jogamos e fugimos, temos que nos espalhar antes e se tivesse algo pesado o suficiente pra... — Meu olhar vai para o lustre no meio da sala, bem acima da mesa de chá. — Ah... eu já sei! Precisamos derrubar o lustre, mas pra isso eles precisam estar bem embaixo e por tempo o suficiente para isso sem nos notar, Ethan você tem que pular e levar a Taylor com você, ela vai me ajudar a distrair os dois enquanto você usa sua espada para cortar a corrente que prende o lustre no teto e nós temos que cansar eles o suficiente para ambos irem tomar chá mais uma vez e aí...
— Eu derrubo o lustre neles. — Ethan aponta pra mim. — Fizemos bem em pegar o esperto.
— Se eu fosse você só comemorava quando sairmos daqui... — Resmungo.
— Pronto pra pular, bonitão? — Taylor pergunta olhando pra baixo, ele fica vermelho, bufo. — Você também é bonitinho.
— Pronto? Eu já nasci pronto. — Ethan se levanta e quase posso ver o desespero que ele está sentindo, dou risada.
Ethan se pendura na base do relógio e solta o peso do corpo se agarrando nas correntes dos enfeites, engulo em seco e desenrolo Laylah para caso precise pegá-lo, ele se balança por um tempo como um pêndulo até que escuto seus pés batendo na parede e ele salta, prendo a respiração o vendo no ar, mas ele cai na prateleira do outro lado da sala em segurança, solto o ar pela boca e Taylor me acerta com o seu rabo.
— Desculpa, eu tô nervosa... — Ela sussurra.
— Nós vamos te pegar se algo der errado. — Sorrio. — Ou eu posso pular.
— Você é mais leve mesmo, né? — Fecho a cara. — Tá, eu vou, só porque seu chicote aqui é minha segurança.
Ela desce como Ethan fez e se balança antes de pular, mas não consegue atingir a mesma distância que ele, mas ele a pega antes de cair usando meu chicote e a iça para junto dele na prateleira, nesse segundo o Carpinteiro se sobressalta e olha em volta.
— Sua Morsa preguiçosa! — O velho guincha e bate na mesa acordando o outro. — Temos que pegar eles.
A morsa se levanta resmungando e os dois voltam a pegar seus tacos de croquet, vai ser um jogo interessante só espero que a gente saia vivos dele.
XXX
Oiê! Finalmente vim com O anúncio dessa história que é: eu terminei de escrever aaaaa 😭☝ e pra chegar aos últimos capítulos vou começar a postar semanalmente em outubro e duas vezes em novembro hehe enfim espero que estejam preparades muhahah
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