Little house

Temos perseguido nossos demônios por uma estrada vazia

Tenho visto nosso castelo virar pó

Escapando de nossas sombras apenas para terminar aqui, mais uma vez

E nós dois sabemos

Este não é o mundo que tínhamos em mente

Mas temos tempo

Estamos presos em respostas que não conseguimos encontrar

Mas temos tempo

Different World - Alan Walker feat Sofia Carson

Quando acordo me enrolo nos cobertores para demorar mais um pouco, presto atenção em Lilith e Abel adormecidos e sinto vontade de chorar, eu deveria me sentir agradecido por ter tido tempo de ficar com eles, mesmo sendo pouco. Suspiro e penso em como Toby está lidando com Manson agora, eu não queria ter que ir assim, mas é o único jeito.

- Cain? - Ergo as sobrancelhas, Abel me encara. - Obrigado.

- Pelo que...? - Murmuro, ele sorri, os olhos azuis se revirando.

- Por ser meu irmão, idiota. - Seu sorriso desaparece. - Eu vou melhorar para estar lá com você, quando ficarmos.

- E eu te agradeço. - Sorrio. - Se ficasse sozinho, com certeza iria enlouquecer.

- Vocês não podem ser normais? - Lilith resmunga. - "Sim vamos conseguir e nos reencontrar, não aja como se fosse uma despedida". - Ela diz engrossando a voz.

- Nenhum de nós tem essa voz. - Abel ri. - Tudo bem, vamos nos reencontrar em Wonderland, chutar a bunda da Alice, coroar o Cain, e vamos dar uma festa.

- Uma festa? - Indago.

- Ah-ham. - Ele consente. - Uma festa, vai ser demais.

- Eu gosto dos seus delírios. - Dou risada e me sento. - Preparados para enfrentar o velho Charles?

- Nem um pouco. - Abel se senta. - Mas eu faço o que posso.

- Você que devia se preparar... - Lilith murmura.

- Eu já fiz isso. - Sorrio, definitivamente eu não fiz isso, mas não vou falar agora. - De qualquer forma, melhor irmos o quanto antes.

Suspiro e me levanto os deixando para trás.

XXX

Ando pelos corredores e vou até a sala do Marcel, não sei exatamente o que me fez vir até aqui, talvez a possibilidade de nunca voltar, bato e entro o encontrando de costas, Matthew e Chess estão ali conversando com ele.

- Oi...? - Murmuro, eles se viram para mim. - Eu vim me despedir.

- Ah claro, minha dor de cabeça vai embora agora. - Marcel sorri, entro e sorrio. - Na verdade eu tinha esperanças de você herdar isso aqui, talvez por isso fui tão duro com você.

- Acho que eu deveria ter pegado mais pesado com você. - Chess olha suas unhas. - Teria te preparado melhor. - Ele desaparece.

- Você foi um bom garoto, quando podia. - Matthew ri.

- Como o meu pai era como líder? - Eles trocam um olhar. - É a última coisa que vocês podem dizer pra mim, sabe...? - Dou de ombros.

- Chantagista... - Marcel suspira e apoia o rosto nas mãos. - Oscar era um pé no saco, quebrava as regras que ele mesmo criava, não tinha foco e ele estava sempre querendo mais.

- No começo ele era um líder brilhante, estudávamos casos estranhos, assuntos paranormais e essas coisas, foi quando Wonderland apareceu para nós e todas as peças se encaixaram, tínhamos um ponto de partida e um objetivo, juntamos os melhores para conseguir isso.

- Os melhores dentre os piores. - Marcel corrige e ri. - Conseguimos avançar muito, aprendemos coisas, criamos a casa Nonsense...

- Então Michaella morreu. - Matthew suspira e se senta na mesa. - Depois disso Oscar pirou de vez.

- Ele não matou minha mãe? - Os dois se encaram agora chocados.

- De onde você tirou isso? - Marcel ergue as sobrancelhas. - Oscar era apaixonado por aquela mulher, era a sua razão de viver ou de ser são pelo menos... Depois que ela morreu ele foi ficando...

- Louco de um jeito ruim. - Matthew murmura. - Ele entrou na busca pelo Abel, depois ganhou a permissão da própria Alice para ir e vir, ele ficou obcecado e afundou cada vez mais.

- Foi quando ele levou o Bill? - Indago, Marcel bufa e consente. - Então ele era um bom líder que ficou louco.

- E estava à beira de ganhar um motim quando morreu. - Marcel sorri perigosamente. - Mas ele morreu e não há mais o que fazer, deve estar com Michaella finalmente agora.

- Ou não... - Me balanço nas pernas. - E a Fox, o que ela é?

- Isso você vai ter que descobrir sozinho. - Chess reaparece e ri.

- Estava demorando para as respostas pararem. - Dou de ombros. - De qualquer forma eu vou agora, talvez eu volte, talvez não, mas até que foi bom conviver com vocês.

- Tão dramático. - Marcel ri. - Foi bom ter você aqui, conde.

- Espero ver o que você vai se tornar no futuro. - Matthew ri.

- Te vejo em Wonderland. - Chess sorri. - Isso é se você estiver vivo até lá.

Bufo e faço uma mesura me virando e saindo deixando os três de volta a sua conversa, de algum jeito vou sentir falta disso tudo.

XXX

Consegui me despedir de quase todos da casa, cada um teve um papel diferente aqui dentro para mim, Doll foi o começo, Jaken sempre foi uma espécie de inimigo, Bankotsu uma incógnita, Emmeline e Chevonne sempre foram mães para mim, nunca entendi muito bem a Yue mas tivemos alguns momentos, Marcel e Matthew sempre foram como professores chatos e Meddi uma antiga protetora, só mesmo a raposa nunca representou nada para mim, nunca soube sua origem e nem quem ela é mas acho que agora não me importa mais.

Encaro Caleb que está sentado ao meu lado com sua espada batendo em um joelho e depois no outro.

- Ansioso? - Ele me encara como se só tivesse me notado agora.

- Pode-se dizer que muito. - Ele suspira. - Acho que sou sortudo por ainda ter pais neste grupo.

- Pois é. - Me lembro do que Marcel disse, então ele realmente gostava da nossa mãe. - Gostaria de ser adotado por eles quando ficar em Wonderland, já que o filho deles não quer. - Sorrio.

- Jamais um fracote como você seria aceito no nosso naipe. - Ele sorri.

- Então um brutamontes como você não vai ser um Maurêveilles. - Rebato virando o rosto e bufando.

- Tudo bem, podemos fazer uma troca então. - Caleb ri, sorrio.

- Ei grandão você é um cara legal. - Sussurro. - Desculpa no nosso primeiro encontro tentar matar você.

- Eu que ia te matar, ok? - Caleb gargalha, algo raro.

- Credo, tão agressivos. - Toby se aproxima, ele está usando shorts e uma camisa clara leve, seus cabelos bagunçados e olheiras sob os olhos castanhos. - Quando eu conheci o Caleb ele estava preso com a Barbie e começou a atirar na diretora do orfanato e em um moleque chato, quando eu conheci o Cain ele estava dormindo, coisa rara por sinal.

- De fato. - Ele sorri. - Mas quando eu te conheci de verdade tivemos que forjar uma briga pra ir pra sala do Marcel, foi divertido.

- Você se apaixonou por mim quando eu te xinguei e te joguei no chão? - Caleb revira os olhos. - Que estranho.

- É um talento meu. - Toby se senta no braço do sofá, ele parece frágil e cansado, diferente da semana passada.

Me deito contra seu braço e ele aperta meu nariz me fazendo sorrir, Caleb não reclama nem nos chuta, apenas volta a bater a espada contra suas pernas no mesmo tique estranho, nenhum de nós está preparado para ir, essa é a verdade.

- O que aconteceu com vocês? - Babel para com as mãos na cintura. - Que clima de velório, vocês estão indo pra Queensland! Lá é quente e agradável não deveriam estar assim.

- Esqueceu que vivem presos e tem uma guerra iminente. - Completo.

- Estou vendo o lado positivo. - Ela balança as mãos, seus cabelos curtos seguem o movimento. - Estou querendo motivar vocês.

- Eu fiz algo para ajudar! - Barbie anuncia entrando. - Broches combinando!

- Muita ajuda por sinal... - Dou uma cotovelada em Toby. - Aí... Sim são de grande ajuda.

- Eu sei que parece bobo. - Ela bufa e nos mostra os três broches bordados a mão, são três miniaturas de uma casa, sorrio. - Foram feitos aqui dentro então significam que vocês vão ter algo da casa para voltar.

- Isso é realmente útil... - Murmuro, prendo o broche na minha camisa escura, Toby e Caleb repetem o gesto. - Eu espero voltar.

Barbie sorri e seus olhos ficam vermelhos, ela abana o rosto para não chorar e depois cobre a boca com a mão.

- Não tivemos nosso piquenique no parque. - Ela ri. - Você precisa voltar.

- Claro, ex noiva. - Toby bufa. - Você poderia parar de agir como o Caleb?

Sou empurrado primeiro por Caleb, depois por Toby, dou risada e Barbie ri também, ela se aproxima de Babel e as duas me encaram.

- Também temos broches combinando. - Babel mostra o seu em um colar. - Assim estaremos sempre ligados por alguma coisa.

- Estaremos sempre em casa. - Abel diz se aproximando, Lilith está com ele. - Sempre juntos na nossa casinha. - Ele mostra seu broche rindo.

- Olhando por esse lado foi um grande presente. - Caleb apoia os cotovelos nos joelhos e sorri. - Te devemos uma.

- Eu sinto que ainda vamos nos ver aqui... Mais uma vez. - Barbie afasta uma mecha do rosto e sorri.

- Olha sou eu que prevejo o futuro, mas eu quero acreditar em você. - Toby sorri e suspira.

- De qualquer forma, adeus aos três... - Ela coça os olhos. - Hoje nós não vamos com vocês.

- Fiquem bem. - Babel sorri e afaga as costas de Barbie que se inclina chorando. - Eu quero encontrar vocês de novo e surrar alguém do lado dos melhores.

- Você está exagerando. - Sorrio e balanço a cabeça para não chorar.

Barbie e Babel nos abraçam e depois se afastam e novamente o clima de tristeza se instaurou, suspiro encarando minhas botas.

- O que aconteceu com vocês? - Ângelus resmunga entrando na sala.

- Só estamos indo para uma missão mortal, nada demais. - Toby rebate.

- Ah isso? - Ele bufa. - Se estão tão conformados vamos logo, não temos o dia todo.

Me levanto devagar e dou uma última olhada no hall da casa para enfim seguir Ângelus pela porta aberta.

XXX

Dessa vez cruzamos a porta saindo no jardim da universidade, suspiro olhando os prédios altos, estudar aqui deveria ser tão incrível quanto ir para outro mundo e essas coisas bizarras, balanço a cabeça olhando para minhas botas, Blackfire está na minha cintura e carrego uma bolsa com algumas coisas, afinal, diferente das meninas, eu vou poder ficar no reino de forma segura, eu espero. Quando entramos por um corredor lateral o clima muda novamente e um formigamento estranho passa pelo meu corpo, eu ainda estranho isso.

Ângelus abre as portas pesadas e entramos na sala de Charles, Abel olha para tudo devagar e Lilith para cruzando os braços quando o próprio Charles vem até nós, ele não sorri nem parece feliz nunca, nisso tem muito em comum com o Ângelus, Mandrake apesar de tudo sorria às vezes e era debochado, às vezes acho que gostaria de ter convivido com ele antes da loucura, Charles se aproxima e para entre nós.

- E então acho que você decidiu algo. - Charles se dirige ao Abel.

- Se estou aqui... - Ele bufa.

- Mas ele não vai ficar agora. - Lilith responde. - Precisamos do anjo para ir a Blanchess e só vamos quando Toby mandar um sinal, logo Abel não vai ficar definitivamente hoje porque estaria sozinho.

- Ah, tudo bem. - Charles revira os olhos e balança sua mão. - E vocês?

- Nós vamos embora? - Murmuro dando de ombros.

- Eles estão preparados? - Charles indaga a Ângelus. - Você sabe o que vem acontecendo com o reino?

- Não sei mais nada sobre lá. - Ângelus torce suas mãos. - Eu nunca mais pisei lá desde que, bem... Eu morri, sabe?

- De fato seria uma péssima ideia voltar e você perderia seu fator surpresa.

- Fator surpresa? - Caleb repete.

- Não é algo que vocês devam conhecer de qualquer forma. - Charles resmunga. - Aliás, antes de eu sair de lá, Queensland não gosta tanto de Wonderland e como a cidade é fechada só os guardas de confiança da rainha estão lá e se a capitã de Alice está com Rosalinda vocês estarão em solo seguro, mas não se achem invencíveis, principalmente você que parece o Dormouse, será um alvo fácil.

- Eu sei me cuidar. - Toby rebate.

- Enquanto estamos aqui eu quero te perguntar umas coisas. - Murmuro, Charles ergue uma sobrancelha. - Podemos voltar? Quero dizer se o Toby não se fundir ao Dormouse ele pode voltar certo? E eu...?

- Enquanto não assumirem seus postos vocês podem voltar. - Ele suspira. - Eu sei que vocês em teoria se prepararam... - Ângelus ri com desdém. - Mas uma investida direta de Queensland e Blanchess... - Ele encara Lilith. - Não é o melhor com os líderes, no caso vocês, na linha de frente.

- O que você quer dizer com isso? - Lilith se aproxima de mim.

- O que eu quero dizer é que mesmo que estejam em seus cavalos todos vocês estarem separados antes da investida final não é o melhor. - Charles encara Ângelus. - Vocês precisam de nós.

- Mas você disse que não podia entrar! - Abel exclama.

- Bem, se vocês conseguirem com que o verdadeiro Dormouse abra uma brecha para mim eu posso entrar. - Charles sorri pela primeira vez. - E claro vocês precisam do fator surpresa que vai ser treinado por mim. - Abel cora.

- Você quer que a gente volte! - Toby arregala os olhos. - Você... Você vai nos ajudar?

- É claro que eu vou ajudar. - Sua expressão se torna azeda de novo, mas eu não consigo deixar de sorrir. - Vou ensinar um truque a você e que você pode usar com aquilo... - Charles fecha ambas as mãos e quando as reabre tem uma caneta prateada entre elas. - Ache o livro de Rosalinda e escreva nele com isto que suas mensagens serão enviadas para o livro da Mira.

- Mas o livro da Mira não deveria estar com ela? - Lilith resmunga.

- Na verdade eu o roubei. - Ângelus sorri. - Ela não ia precisar mandar cartas para a amiga depois que brigaram e era um meio de comunicação fascinante. - Ele pensa. - Eu vou encontrar o livro na minha casa e assim poderemos manter contato.

- Vocês até que são legais. - Toby pega a caneta e a guarda em seu bolso.

- De qualquer forma é melhor irmos. - Charles bufa. - Eu vou abrir o portal para vocês.

Aperto a alça da bolsa entre as mãos, há uma mínima possibilidade de voltarmos mais uma vez, mas mesmo assim não consigo parar de encarar minhas botas, Lilith bufa e me puxa para um abraço apertado, cubro o rosto com as mãos e choro em silêncio.

- Vocês três têm que voltar. - Abel sussurra e sinto ele me abraçar também. - Os Maurêveilles vão fazer do jeito certo agora.

- Eu sou quase um Maurêveilles agora. - Toby sussurra indignado. - E o Caleb também.

- Aparentemente só famílias vêm para despedidas. - Charles resmunga. - Quando estiverem prontos estaremos na sala ao lado.

- Estaremos? - Escuto Ângelus dizer.

Abro os olhos para ver os dois saindo da sala, Lilith esfrega o rosto e abraça Toby que tenta em vão não chorar.

- Quando nos encontrarmos eu vou voltar a ser o irmão durão. - Abel ri e me acerta um soquinho. - E você vai ser quem vai apanhar de mim.

- Não é uma novidade. - Sorrio. - Cuida da Lilith enquanto ela estiver aqui. - Murmuro e o abraço. - Não se esforce demais também, esse mundo pode te matar e eu preciso de você.

- Não vou. - Abel se afasta e afaga meus cabelos. - Digo o mesmo pra você.

Volto a abraçá-lo e depois Abel vai se despedir de Toby, Lilith e Caleb conversam virados, eu não quero atrapalhar o que eles têm a dizer, Abel volta e me puxa pelo pulso assim como Toby, não protesto dessa vez. Quando entramos Ângelus e Charles estão conversando, Abel continua andando até parar encarando um de cada vez.

- Eu me sinto observado. - Charles brinca e ri, depois fecha a cara.

- Você deveria ser um cara legal com as crianças. - Sussurro. - Afinal Alice gostava de você.

- Às vezes eu me esqueço de que houve um tempo em que Alice era apenas uma garotinha que ria das minhas piadas, não uma rainha desalmada, sabe? - Ele suspira.

- Vamos trabalhar para mudar isso. - Toby balança a caneta na frente dele e se vira para trás. - Oh vocês estão aqui?

Dou uma cotovelada nele que resmunga, Caleb para ao nosso lado, Lilith e Abel ficam perto de Ângelus quando Charles se vira para uma moldura vazia e apoia as mãos nela fechando os olhos, quase como Toby fez ao nos trazer de volta, ele reabre os olhos e uma maçaneta aparece no centro da moldura que ele gira e revela um caminho brilhante.

- Admito que isso é muito legal. - Toby murmura. - Você poderia me ensinar quem sabe. - Charles revira os olhos. - Não? Tudo bem, eu continuo com os espelhos de qualquer forma.

Toby passa primeiro, Caleb bufa e passa em seguida, dou uma última olhada para meus irmãos e sorrio, Abel e Lilith sorriem e acenam, respiro fundo e assim como os dois também atravesso pela passagem.

XXX

FINALMENTE O FIM DA PRIMEIRA PARTE, EU OUVI UM AMÉM IRMÃOS??? 

No meu arquivo esse é o capítulo 14 e depois dele temos a segunda parte, clássica, com os irmãos separados e dois pontos de vista em lugares diferentes, admito que tava bem empolgada para escrever isso, então espero que gostem!

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