Big plans
Porque eu preciso de alguém que me diga que estou bem
Não me menospreze, não me deixe aqui para morrer
A minha natureza exausta me aterroriza
Porque eu posso dizer que hoje em dia, nada mais faz sentido
Meu mundo está escuro agora e o seu?
Hoje em dia, nada mais faz sentido
Enfrentando essas coisas eu vou simplesmente ignorar
E eu olho para trás pensando: "como eu fui usado demais?"
Respire, desacelere
Quinn XCII — These Days
Posso afirmar com certeza que é muito estranho ter a Nonsense de um lado, que sempre me tratou como criança e me deixou de fora dos seus planos, e o povo de Wonderland do outro, que me deram credibilidade e confiam nas decisões que eu e os outros tomamos. O exército foi deixado de fora, mas serão informados assim que as coisas forem decididas aqui.
Assim que todos parecem prontos, Alethos se levanta do seu lugar e anda até o centro da sala, não nos sentamos em um círculo ou em volta de uma mesa. Ângelus está no canto da sala de pé, Maaka e Galahad se sentam próximos com Gareth, Nadia e Aolon ao seu lado, Scorpio está na única mesa com Matthew, Yue atrás deles encostada na parede, Alethos e Charles estavam juntos e Chess paira próximo a eles. Babel está ao meu lado e não sei o que fazer para juntar esse grupo.
— Bem... — Alethos começa tirando sua máscara. — Acredito que somos um grupo agora, um grupo estranho formado por vários pedaços que parecem não se encaixar muito bem, mas lutamos pelo mesmo objetivo e é isso vai nos unir quando for chegada a hora. — Ela é uma ótima anfitriã afinal, bufo cruzando os braços. — O primeiro passo que temos que dar é a organização do exército, quais frentes e como vamos nos dividir. Não existe uma hierarquia entre nós, mas vou repetir algo que meu lado já sabe. — Ela se vira para onde Maaka e os outros estão. — Eu quero matar Alice.
Maaka troca um olhar com Nadia e Aolon e os dois consentem, Nadia olha para mim e balanço a cabeça também, não quero matar Alice e se Alethos fizer isso agradecerei o favor.
— Dito isso, acho que podemos começar nossa reunião.
— Além das frentes eu gostaria de ter um tempo para descobrir se há alguma brecha nos espelhos do castelo. — Charles diz ainda do seu lugar. — Sei que Dormouse ou Tobias vão liberar as passagens quando começarmos a invasão, mas Alice deve ter se preparado para isso.
— Eu não irei com vocês por terra. — As cabeças se viram para Ângelus. — Serei mais útil no ar, especialmente quando soltarem o pássaro JubJub.
— Você é uma visão do inferno... — Nadia resmunga.
— Fiquei feliz em vê-la de novo, guarda. — Ângelus sorri de forma sarcástica. — Espero que Alice concorde com você.
— Todos vocês querem um lugar de destaque. — Yue diz repentinamente, olho para ela. — Eu protegerei o moleque, já que vocês não pretendem fazer isso.
— Eu estarei com ele. — Babel diz apoiando uma mão no meu ombro. — Não precisa se preocupar.
— Quanto a isso... — Alethos me encara. — Você poderia passar mais tempo com o exército vermelho, te daremos cobertura quando entrássemos, você não precisa sair da nossa frente.
— Não... — Sussurro querendo recuar, respiro fundo e a encaro. — Eu vou para a casa do Dormouse, Toby precisa de mim, eu sei como entrar no castelo e estarei com reforços importantes. Esse foi o plano que já decidimos.
— Ele não pode ficar no campo de batalha. — Maaka me apoia. — Nem com todos nós protegendo ele Cain vai deixar de ser um alvo precioso. Todos vão mirar nele.
— Ele estará seguro com o Dormouse. — Gareth continua, Alethos permanece sem expressão. — Eles conseguem abrir os espelhos de dentro do castelo, facilitaria para o Charles e a Espada Vorpal.
— Nisso ele tem razão. — Charles concorda. — Mesmo com todos os reinos e homens no campo de batalha ter alguém dentro do castelo é crucial, Wonderland é uma terra de regras e pilares e a mesma já o aceita como rei.
— Eu disse que seria o chamariz. — Continuo com mais confiança depois do que Charles disse. — Mas não que participaria da batalha. Eu seria inútil e, como os outros mesmos já disseram, um alvo fácil.
— Tudo bem então. — Alethos dá de ombros.
— E quanto a Mira? — Ângelus pergunta. — O que vão fazer com ela?
— Ainda não sabemos... — Maaka olha para os outros em busca de algo. — Ela não quer cooperar.
— Mira seria ótima se pudesse estar conosco, Rosalinda nunca foi uma demonstração de poder com toda sua benevolência... — Ângelus continua. — Mas ao ver sua antiga aliada se revoltando isso sim perturbaria Alice.
— Você sugere algo? — Pergunto, afinal daqui ele é um dos poucos aqui que conviveu com Mira antes dela trair a todos.
— Eu diria que vocês devem mostrar a ela o que estão fazendo, pelo menos, é o que sua irmã vai fazer. — Aperto as sobrancelhas. — E a deixem lutar, Mira sempre amou esgrima e exibir toda sua habilidade com sua rapieira.
— Por que você não aparece para fazer uma visita a ela? — Nadia provoca mais uma vez. — Um fantasma do passado com certeza a perturbaria a ponto de fazê-la ajudar.
— Por que a sua guarda não faz o mesmo? — Ele rebate. — Você a conhece tão bem quanto eu, ou mesmo o cavaleiro branco, afinal, você é uma das peças mais importantes do tabuleiro mas se esqueceu disso pensando ser uma torre.
— Você podia agir com mais seriedade. — Scorpio se pronuncia pela primeira vez. — Até mesmo as crianças estão levando isso mais a sério.
— Ninguém o obrigou a estar aqui. — Yue sorri quando Ângelus a encara. — Você pode só se fingir de morto outra vez, ninguém vai dar falta.
— Chega. — Chess revira os olhos. — Enquanto vocês estão aqui brigando feito crianças eu vou ver o lado branco, não tenho nada a agregar mesmo, sou só um parasita para alguns.
E sem dar chances de alguém rebater Cheshire desaparece deixando a sala em um silêncio desconfortável. Olho pra Babel que parece tão exasperada com tudo quanto eu, Nadia sussurra algo para Gareth e Maaka olha para Scorpio, Matthew, depois Alethos.
— Bem... — Ela começa passando uma mão pelo cabelo branco. — Como o Gato bem nos lembrou também temos o exército branco que não pode marchar conosco na primeira semana, eles estarão atrás de nós, provavelmente na fronteira mais próxima de Heartsplains, mas não entrarão por causa da febre do pólen.
— Então você sugere que ao invés de chegar atacando nós vamos esperar o exército branco? — Alethos pergunta.
— É uma decisão sábia. — Nadia responde erguendo o queixo. — Mesmo que o fator surpresa pareça promissor, ele pode virar um banho de sangue, íamos ter perdas assim como Alice e não podemos controlar o quanto vamos perder ou ganhar fazendo isso.
— E um cerco seria mais efetivo pois teríamos Oddville do outro lado. — Gareth continua sua ideia. — Enquanto nós fecharemos a frente do reino eles fariam o mesmo por trás e teríamos duas, quem sabe três vezes mais homens.
— E o tempo desse cerco seria o mesmo do exército branco poder se juntar a nós, o que você acha? — Nadia termina cruzando os braços de forma ameaçadora.
— Não é garantia que Alice não vai tentar nos atacar. — Matthew sussurra.
— Mas estamos preparados pra essa possibilidade, diferente dela. — Yue rosna.
— Acredito que acuar Alice é a decisão correta. — Charles se manifesta. — Quando ela venceu foi porque se adiantou sobre todos, controlou todas as pontas e usou de tudo o que tinha à sua disposição é o que precisamos fazer. Limitar seus recursos e acuar Alice vai fazer a tensão crescer dentro dos muros de Heartsplains e se tivermos tudo sob controle teremos mais essa vantagem.
— Então acho que chegamos a um acordo. — Alethos olha para todos, o silêncio soa confirmatório. — Iremos marchar daqui a dois dias, o exército vermelho na frente com o branco atrás. Ângelus vai pelo ar, Charles vai procurar brechas, Cain irá conosco até Heartsplains chamar a atenção de Alice e depois ir de encontro ao Dormouse, é isso que temos por enquanto.
— O que faremos com os cavalos? — Scorpio pergunta. — Se as crianças vão se separar eles ficarão conosco?
— Muito provavelmente... ou... — Alethos olha para mim e não gosto do brilho do seu olhar. — Ou Cain espera aqui para ir junto da Lilith, Caleb e ao invés de mandar o Abel pro Dormouse ele se junta nessa marcha.
— O que? — Babel se levanta. — Não!
— Seria uma ótima ideia você ficar também. — Alethos continua. — Vocês vão estar mais seguros sendo deixados para trás.
— Isso não é certo... — Maaka sussurra. — Eles tem que ir conosco.
— Eles iriam apenas alguns dias depois e nos encontrariam da mesma forma. — Alethos rebate. — Não vamos fazer nada além de montar uma barricada em volta de Heartsplains, talvez montar um acampamento, nem sabemos se já vamos ser atacados ao chegar.
— Ela tem um bom ponto... — Nadia faz uma careta por concordar com alguém.
— Não! — Tento não soar como uma criança birrenta. — Nós estivemos envolvidos nisso desde o começo, é o nosso direito.
— É para te proteger... — Olho para Scorpio como se ele tivesse enfiado uma faca entre minhas costelas.
— Nós sabemos dos riscos! — Babel abre os braços. — Sempre soubemos ou vocês acham que estamos apenas brincando?
— Você estaria com a Lilith e o Abel. — Charles diz me olhando. — Poderia trazê-los com você, isso se esperasse mais alguns dias.
— Eu não quero esperar! — Assim como Babel me levanto.
— Ainda temos o Abel aqui, ele pode ficar até decidirmos. — Alethos continua como se não estivéssemos mais ali.
— Por que vocês são sempre assim?! — Babel olha de um para o outro. — Nós batalhamos tanto ou mais do que a Nonsense para estar aqui, mas vamos ser sempre crianças? Só isso?
Maaka olha para ela com pena, eu sei que ela concorda conosco, mas está em minoria e gritar não parece ajudar a mudar o pensamento dos outros.
— Babel está certa. — Sussurro. — Nós estamos aqui por um motivo e vocês não podem nos tirar isso.
— Os seus ânimos não estão dos melhores, é difícil ver que estamos certos quando estão com raiva. — Alethos diz devagar como se estivesse falando com uma criancinha. — Acho melhor vocês se retirarem.
— Vai ter que me arrancar daqui primeiro! — Babel diz se preparando para uma luta.
— Ótimo. — Ela sorri e agora entendo o porquê de seu apelido ser "fox", seu sorriso é igual o de uma raposa. — Faça as honras Charles.
— O que? — Maaka se levanta, congelo no lugar me virando para o velho Charles.
Mas mal consigo encontrar meu olhar com o seu e já estou do lado de fora da sala, Babel grita ao meu lado e chuta a porta inúmeras vezes, mas não tem o porquê tentar voltar, suspiro engolindo minha frustração, acho que preferia a Nonsense no seu lado certo, não dando ordens aqui.
XXX
Depois de contar tudo para os outros, sinto uma falta terrível do Toby aqui pra fazer alguma piada e amenizar a raiva do quarto, Barbie torce as mãos antes de falar.
— E se eles estiverem certos? — Ela murmura. — Nós juntos não estamos em vantagem?
— É uma vantagem pra gente. — Caleb diz apoiando o rosto em uma mão. — Porque estaríamos juntos e os cavalos devem ter alguma ligação, acho que nunca ouvi histórias deles agindo juntos.
— Mas... mas nós tínhamos bolado nosso plano! — Lilith diz com raiva. — Eles não podem simplesmente...
— Você queria ir. — Abel diz a calando. — Você queria ir com a gente desde o começo, nós três. Você quer provocar Alice. — Ele sorri e entendo o que aquele sorriso quer dizer.
— Nós podemos ir juntos... e ir com o nosso plano. — Murmuro.
Babel e Barbie trocam um olhar e a compreensão também aparece no rosto delas, Caleb franze as sobrancelhas, mas sorri.
— Nós vamos esperar e depois que a Nonsense achar que nos tem sob controle fazemos o que sabemos fazer de melhor. — Sorrio. — Quebramos as regras deles.
Como uma luz se acendendo o clima do quarto melhora e consigo ver as engrenagens em todas as cabeças ali funcionando para bolar o melhor plano, um que vai nos fazer vencer e ainda desafiar, mais uma vez, a autoridade da nossa organização.
— Bem, não querendo ser um romântico idiota... — Começo.
— Vamos buscar o Toby, pode ficar tranquilo. — Lilith ri. — E eu gostaria de colocar as mãos na arma que sua amiga fez para mim antes de chegarmos até Alice.
— Então você está sugerindo ir pelo outro lado? — Caleb pergunta.
— Duvido que tenha alguém no Vale das Lágrimas. — Abel treme os ombros. — Estive tempo demais ali, sei do que tô falando.
— E depois? — Indago me abraçando. — Eu ainda quero ir até o castelo, até mesmo o velho Charles concordou com isso antes de sermos expulsos.
— Faremos o caminho contrário. — Lilith diz pegando um mapa dobrado e o abrindo na parede, sua mão começa a traçar uma rota enquanto ela fala. — Vamos ficar na barreira de Blanchess e esperamos a linha de frente nos dar notícias, quando isso acontecer saímos pelo caminho mais longo.
— O que vai dar no Vale das Lágrimas... — Caleb sussurra.
— Buscamos Toby e os outros. — Babel diz se animando enquanto olha o mapa. — E voltamos para o castelo.
— Causamos uma bela confusão... — Barbie solta uma risadinha.
— E quando Alice estiver surtando entramos pela árvore TumTum e vamos para o castelo. — Lilith vira pra mim e sorri. — Todos nós.
— Todos nós... — Repito sorrindo.
Alethos talvez pensou que fosse nos atingir mudando nosso plano, mas mal sabe ela que o que fez melhorou essa invasão e nos fez mais uma vez encontrar de onde vem a nossa força que nos trouxe até aqui: essa união. E nenhum dos lados pode tirar isso de nós.
XXX
Mais um capítulo veio aí UwU confesso que meu plano inicial era o mesmo que os das crianças, mas escrevendo os personagens foram agindo sozinhos e quando eu vi deixar o grupinho se reunir de novo parecia muito mais legal do que separar eles, mais uma vez os personagens bolando seu próprio plano, mas enfim espero que tenham gostado 😎
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