Uma visita

Dois dias depois...

Ainda eram 10:00am., mas já me encontrava fora do quarto e arrumado, pronto para ir ao hospital e visitar o homem que cuidou de mim nestes últimos cinco anos da minha vida. E sinto que terei que pedí-lo desculpas porque de uma certa forma, tenho uma pequena parcela de culpa por o ter feito parar naquele lugar.

Eu sabia que não deveria ter caído nas provocações do Dong-sun, porque se tivesse me controlado mais, ele não estaria lá internado. Só que agora era tarde demais e a única coisa que posso fazer agora, é torcer de que ele receba alta o mais rápido possível.

Tomei um café da manhã bem rápido e pedi para que o Sangjun me levasse até ao hospital, pois, não poderia me arriscar pegando algum táxi ou ônibus e alguém acabasse me reconhecendo. Já que não tinha tanta certeza se aquele idiota tirou mesmo a denúncia que fez contra mim na delegacia.

Enfim, assim que despedimos da senhora Somin, andamos em direção à porta da casa e assim que aproximamos do mesmo, abrimos e saímos rapidamente. E damos mais alguns passos até parar em frente da garagem, Sangjun pegou o pequeno controle e clicou no botão que em menos de dois segundos, o portão da garagem se abriu.

E com isso, entramos e andamos por mais alguns segundos até nos aproximarmos do veículo, abrimos as portas e entramos no mesmo instante. Ele colocou a chave no carro e assim que o ligou, posicionou o veículo até sair dali e depois disso, o acelerou.

No meio do caminho, Sangjun pediu para que abrisse o porta-luvas e pegasse uma touca preta e uma máscara branca simples como aquelas que usam em hospitais. Assim que fiz o que tinha me pedido, os coloquei em mim e sei que ele está fazendo isso, para me proteger.

Algum tempo depois...

Já estávamos nos aproximando do endereço do hospital no qual o senhor Jung está internado e confesso que o meu coração estava acelerando a cada segundo, pois, não sei como que vai terminar esta visita. E principalmente, se ele irá aceitar as minhas desculpas por causa daquela briga idiota e que foi o motivo dele está lá.

Mas enfim, assim que chegamos no bendito hospital, combinei com o Sangjun de me esperar no outro lado da Avenida e com isso, saí do veículo em direção a entrada do local. Fiz o possível para não ser reconhecido por ninguém e me aproximei da recepção:

— Com licença, poderia me dizer onde fica o quarto do senhor Jung Kwon? — Perguntei sendo o mais prévio possível.

— Perdão! O senhor é parente do paciente em questão? — Perguntou a recepcionista com um tom de desconfiança na voz.

— Sou filho de consideração dele, me chamo Kim Taehyung. — Dizia entre sussurros para que mais ninguém pudesse ouvir além dela.

— Kim Taehyung!? Não é você que está aparecendo em diversos jornais da televisão? — Perguntou, mas acabei a interrompendo assim que coloquei a mão tampando a sua boca.

— Por favor, só me diga onde fica o quarto dele e prometo que não voltarei mais aqui tão cedo. — A supliquei.

— Não posso fazer isso e irei chamar os seguranças. — Dizia assim que conseguiu tirar a minha mão sob a sua boca.

— Olha, você me parece ser uma boa pessoa e aposto que não gostaria de fazer um alvoroço desnecessário aqui neste hospital agora, certo? Então pode dizer onde fica o quarto do senhor Jung Kwon, por favor? — Perguntei já perdendo a paciência.

— Isso é uma ameaça? — Perguntou enquanto deslizava uma das mãos em direção ao telefone na intenção de chamar os seguranças.

— Ok, já vi que não vou conseguir nada contigo, certo? Então irei embora e não lhe atrapalharei mais o seu trabalho. — Dizia quando dava alguns passos para trás.

Ela apenas ficou me encarando até que pusesse os pés para fora da recepção e assim que já estava na calçada em frente do hospital, fiquei andando um pouco na intenção de pensar em algum plano para conseguir encontrar com o senhor Jung. E depois de andar ao redor do local, acabei me esbarrando com aqueles cestos enormes que continham várias roupas sujas e algumas parecem que mal foram tocadas.

E pensei que poderia pegar uma destas roupas e me passar por um enfermeiro, depois entraria nos fundos e sairia em cada canto deste hospital na procura do quarto dele. Mas este plano tinha o risco, só que tinha quase certeza que valeria me arriscar para poder me encontrar com ele.

Então as peguei e fui até atrás do cesto na intenção de me trocar, não demorou muito para já está vestido e com isso, guardei as roupas que estava usando antes em um cantinho naquele local. Depois andei por alguns metros até chegar na porta dos fundos do hospital, entrei.

E após alguns ou vários passos, já me encontrava no primeiro andar daquela instituição e por incrível que pareça, ninguém me reconheceu já que estava usando também a máscara que o Sangjun tinha me emprestado. Assim que entrei em um corredor que não tinha quase ninguém, aproveitei para começar a pegar cada prontuário que estava dentro de um cesto colado na porta de cada quarto, na esperança de encontrar o do senhor Jung.

Peguei o primeiro e não era o dele e sim, de uma senhora que sofreu um acidente de carro. Depois peguei o outro prontuário que ficava poucos metros de onde me encontrava e também não era o dele, foi assim por bom tempo.

E para o meu azar, parecia que ele não estava neste andar e então resolvi andar até parar em frente de um elevador na intenção de ir para o próximo andar, ou seja, o segundo e espero que ele esteja lá. Se ele não estiver, o procurarei andar por andar nem que isso leve o dia todo e não sairei daqui até vê-lo novamente.

Assim que entrei, cliquei no botão para que fosse ao andar desejado e quando as portas do elevador estavam quase se fechando, alguém gritava pedindo pra que segurar-se para que também pudesse entrar no mesmo. E não conseguia acreditar no que estava acontecendo, pois, eu conheço esta voz e torci muito para que fosse apenas uma mera coincidência.

Mas não, aquela voz era do maldito e desgraçado do Dong-sun...

O que eu faço agora? Não era para ele aparecer antes que pudesse me reencontrar com o senhor Jung, droga...

E nestes milésimos de segundos que para mim, pareceu uma eterna agonia, só conseguia fazer o que ele tinha me pedido e deixar que entrar-se no elevador. E no meio disso, iria fazer o possível para não fazer algum contato visual com o mesmo para não correr o risco de ser reconhecido logo por ele.

Assim que saí dos meus pensamentos, segurei o elevador e ele entrou já agradecendo pelo favor que tinha feito para o mesmo:

— Obrigado e por favor, poderia clicar no botão do sexto andar? — Pediu enquanto ajeitava o cabelo e a camisa social preta.

Eu apenas cliquei no botão e deduzi que era o andar onde o pai dele deve está internado, por um momento agradeci aos céus por ter encontrado com este imbecil já que me poupou do trabalho de procurar andar por andar desta instituição.

Após ter feito o que tinha me pedido, o mesmo ficou de costas para mim e ficou mexendo no celular o tempo todo até chegarmos no andar desejado. Mas mesmo assim fiquei muito tenso, pois achava que a qualquer momento ele iria se virar para mim e acabar me reconhecendo de alguma forma.

Mas por ironia do destino, ele não virou nem por um segundo e também fiz o possível para não ficar o encarando, nem falar uma única palavra também. E quando as portas do elevador se abriram, esperei que o Dong-sun saísse primeiro e com isso, fiz o mesmo e andei no corredor do lado direito e ele foi no lado esquerdo.

Decidi fazer isso, para não parecer que estava o seguindo e fiquei o observando de longe até ver ele entrando no quarto. Com isso, acabei tendo certeza que era onde o pai dele está internado e agora o que me resta, era de esperar ele sair de lá e entrar após alguns minutos dele ter ido embora.

Meia hora depois...

Finalmente aquele maldito saiu do quarto, ele demorou demais e até pensei que ficaria lá ou até passar a noite com o senhor Jung. Enfim, assim que o vi entrando no elevador na intenção de descer para a recepção do hospital, resolvi andar bem devagar na direção do quarto. E para não levantar suspeitas dos demais funcionários que estão neste andar, peguei um carrinho de PCR e assim que me aproximei da porta, o abri.

Andei até ter a condição de fechá-lo, deixei o carrinho encostado ao lado da porta e dei mais alguns passos até me aproximar da cortina que estava em volta da cama, o puxei aos poucos e o vi.

Ele estava dormindo e parecia que estava numa paz, como se todos os seus problemas tivessem desaparecidos e até pensei em ir embora para não atrapalhar o seu sono. Mas quando estava dando alguns passos para trás, de repente ele abre os teus olhos:

— Quem está aí? — Perguntou meio confuso.

Fiquei sem saber se poderia dizer que era eu mesmo ou que sou apenas um enfermeiro, já que estava com receio de acontecer alguma coisa ruim com ele:

— É você, Taehyung? — Perguntou, mas só que desta vez estava me encarando.

Com isso, resolvi tirar a máscara e fiz o possível para segurar as lágrimas, mas algumas acabaram me traindo e comecei a chorar que nem uma criança:

— Sou eu, senhor Jung! Por favor me perdoe por não ter o visitado antes, é que aconteceram algumas coisas que estavam me impedindo. Mas que agora estou aqui e se quiser que eu vá embora para nunca aparecer na frente do senhor? Eu farei sem questionar e... — Dizia até que acabei sendo interrompido pelo mesmo.

— Calma, inspire e respire várias vezes até conseguir se acalmar. Sei o que estava acontecendo entre o meu filho Dong-sun e você, ele me garantiu que retirou a denúncia e se quiser, pode voltar para a mansão ainda hoje. — Dizia com a serenidade no olhar.

— O senhor tem certeza? Não acha que isso poderia lhe causar mais problemas? E o senhor aceita as minhas desculpas? — Perguntei inseguro.

— Tenho sim e não tem nenhum problema. Sim, eu aceito as tuas desculpas, meu garoto. Agora será que pode abraçar este velho que estava morrendo de saudades aqui? — Pediu com um sorriso em seus lábios.

Com isso, nem pensei em duas vezes e me posicionei com o maior cuidado para abraçá-lo já que ele estava deitado naquela cama de hospital. Confesso que estava necessitando deste abraço e sim, eu sei que estou parecendo uma criança carente ou mimada. Mas o senhor Jung foi a única e mais próxima de uma figura paterna na minha vida, já que o meu genitor não cumpriu o seu papel, digamos assim.

Enfim, após este longo e merecido abraço, desfiz o abraço já que surgiu mais uma dúvida em minha mente:

— Quando o senhor irá sair deste lugar, quer dizer, receber uma alta e voltar para a mansão? — Perguntei sem hesitar.

— Segundo o médico que está responsável por mim, irei receber alta na semana que vem se os resultados dos exames saírem tudo bem e... — Dizia e acabou sendo interrompido mais uma vez por mim.

— Exames? Quais exames que o senhor fez? — Perguntei com um semblante de preocupação.

— Calma, não precise se preocupar comigo e respondendo a tua pergunta... São exames de rotina que todas as pessoas da minha idade fazem. — Respondeu na intenção de me tranquilizar.

— E que exames de rotina seriam estas? — Perguntei insistindo mais uma vez.

— Todos os exames existentes do coração, porque o médico suspeita de aterosclerose aórtica e se for confirmado? Passarei o resto dos meus dias, visitando hospitais mais do que o esperado para alguém da minha idade e esta doença não tem cura, mas o tratamento ajuda a conviver com ela. — Explicava finalizando com um suspiro no final.

— Ah, isso não pode ser verdade e espero que este tal médico esteja errado, porque o senhor não merece isso. Por quê as pessoas boas neste mundo, acabam sofrendo tanto no final? Juro que não entendo isso. — Dizia enquanto me entregava as várias lágrimas que estavam caindo.

— Ah, minha criança... Também gostaria de saber, mas existem coisas neste mundo que nunca saberemos os motivos do por quê que acontecem. — Dizia enquanto segurava uma das minhas mãos, que estava tremendo e suando.

Quando estava prestes a respondê-lo, o senhor Jung começa a tossir sem parar e eram aquelas tosses secas, até que o mesmo acabou cuspindo sangue. E eu só consegui saí do quarto correndo desesperadamente, chamando os médicos para virem o mais rápido possível.

Por favor, senhor Jung... Pai, por favor não me deixe agora!

Não demorou muito para que os médicos chegassem correndo em direção ao quarto dele, eu não tive outra escolha a não ser de me afastar para não atrapalhá-los e também para conseguir me esconder. Pois temia que me chamassem para fazer o procedimento seja lá o que for com eles, já que eu estava disfarçado como um enfermeiro.

Sei que isso pareceu ridículo e até covarde de minha parte, mas se caso ocorrer-se o que estava temendo... Provavelmente iria só piorar mais as coisas ainda. Então fiquei o tempo todo próximo ao quarto, na esperança de que aqueles médicos saíssem e nos dissessem que conseguiram reverter a situação. E que foi algo nada que seja tão grave assim ao ponto de precisar de alguma cirurgia de emergência, pois este era o meu maior medo neste exato momento.

A cada segundo que se passava, mais o meu desespero aumentava e ficar nesta angústia sem saber no que estava acontecendo lá dentro, era pior ainda. E no andar da carruagem, aposto que todos os funcionários deste andar devem ter percebido que estou chorando e que não sou enfermeiro. Já que alguns passavam pelo corredor me encarando como se nunca tivessem visto alguém chorar na vida, mas resolvi ignorá-los.

Assim que voltei a encarar a porta do quarto, vi os médicos saindo dizendo o seguinte: "Aposto que aquele enfermeiro deve ser novo aqui, porquê quem em sã consciência sairia correndo naquele estado, sendo que é apto para resolver este tipo de situação sozinho?" e o outro o respondeu de volta com: "Exatamente, o paciente está bem agora graças a nós médicos".

E com isso, se retiraram daquele corredor e eu fiquei os fitando sem parar, confesso que estava me segurando para não ir atrás deles e ensinar a serem mais humildes. Odeio pessoas que ficam diminuindo as outras profissões, por acharem que as delas são as melhores.

Mas no final, acabei respirando fundo até conseguir raciocinar sobre tudo que tinha acabado de acontecer hoje e agora terei que ir embora, queria me despedir do senhor Jung. Só que ele deve estar descansando e se fosse lá, aposto que acabaria o acordando e só atrapalharia a sua recuperação.

Alguns instantes depois...

Já me encontrava no mesmo lugar que tinha trocado de roupa, ou seja, na porta dos fundos desta instituição e por sorte, as minhas roupas ainda estavam no mesmo cantinho que tinha os deixado antes. Com isso, troquei rapidamente e me posicionei até ao local que tinha combinado de encontrar com o Sangjun.

Assim que o encontrei, ele estava dormindo todo jogado no banco do carro e podia jurar que estava babando, então entrei no veículo e apertei a buzina na intenção de acordá-lo:

— Quer me matar de susto, seu desgraçado!? — Gritava enquanto massageava o seu peito.

— Vamos embora pra casa agora, por favor. — O respondi friamente.

— O que houve? Para está me tratando desta forma, boa coisa que não é. — Dizia buscando entender o motivo da minha atitude.

— Não quero tocar no assunto! — O respondi enquanto encarava a fachada do hospital.

— Ok, já vi que não conseguirei tirar nada de você agora. E a reunião com a nossa equipe? Ainda está em pé? — Perguntou na tentativa de mudar de assunto.

— Depois falam que sou inconveniente, né? Vamos deixar esta reunião para outro dia, pode ser? — O respondi rispidamente.

— Me desculpe, não foi a minha intenção! Então a situação do senhor Jung é grave mesmo, pelo que estou vendo aqui. — Dizia assim que percebeu a mancada que tinha cometido.

Eu apenas o encarei e assenti como confirmação do que tinha acabado de me dizer, então o mesmo apenas ligou o carro e acelerou rumo à casa dele. Sei que fui um monstro com ele agora a pouco, mas tudo que aconteceu na minha estadia com o senhor Jung, me deixou transtornado ou melhor dizendo, acabado. E precisava esfriar a cabeça para conseguir pensar em como ajudá-lo, já que tinha certeza que nem o Dong-sun e os outros filhos dele, iriam se disponibilizar para isso.

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