O encontro (parte 01)

Assim que a reunião acabou, Sangjun e eu já nos encontrávamos em casa, por sorte a senhora Somin já estava dormindo em seu quarto. E aproveitei para ter aquela conversa que ele tinha me prometido lá naquela lanchonete abandonada, então pedi a ele para que fôssemos até ao escritório para que pudéssemos conversar mais à vontade. 

Enquanto andávamos em direção ao cômodo, fiquei criando várias teorias da minha cabeça sobre o real motivo do desentendimento entre eles. E sei que não devo me meter na vida de um casal, mas realmente me importo com eles e os vejo como uma família além do senhor Jung. 

E após entrarmos no local, tranquei a porta e dei mais alguns passos até parar em frente do mesmo, respirei fundo:

— Por favor seja direto ao assunto, pois ainda temo que a tua esposa possa acordar a qualquer momento e acabar ouvindo a nossa conversa. — Disse e acabei percebendo o quão ridículo que esta situação estava se tornando. 

— Ok, vou te dizer tudo mesmo achando esta conversa desnecessária. Quando a equipe tinha acabado, o meu mundo também acabou e sei que isso possa parecer muito idiota para você. Mas é que me senti perdido e não sabia no que fazer da minha vida depois disso, então fui procurar emprego e como estava devendo algumas coisas com as lojas daqui do bairro. Eu... Eu acabei entrando em contato com um amigo da época da faculdade e pedi que me emprestasse uma grana, jurei para o mesmo de que iria pagá-lo assim que conseguisse algum emprego fixo. E digamos que consegui pagar as minhas dívidas com as lojas, mas agora estou devendo um valor altíssimo para este meu amigo. Mas... — Dizia e acabou sendo interrompido por mim. 

— Mas o que? Que tipo de amigo de faculdade é este? Ele é perigoso ou o que? — Perguntei meio impaciente e preocupado com o mesmo. 

— Calma, me deixe te explicar. Continuando, acabei descobrindo que este meu amigo é um contrabandista muito perigoso e agora ele não para de mandar várias mensagens ameaçando a matar a minha mulher, o meu filho e a mim, se caso não quitar estas dívidas até Janeiro do ano que vem. Ou seja, só tenho uns três ou quatro meses para resolver isso. Pronto, satisfeito em saber em que provavelmente irei morrer dentre de alguns meses? — Dizia em meio aos prantos. 

Fiquei por alguns segundos sem reação, não conseguia raciocinar no que tinha acabado de ouvir e a única coisa que pude fazer neste exato momento era de abraçá-lo fortemente. Depois o mesmo se desfez do abraço:

— Por isso que tinha ficado feliz quando o senhor permitiu a volta da nossa equipe, porque tenho uma esperança de que talvez consiga quitar esta dívida com o dinheiro que receberei do senhor ou simplesmente irei ocupar a minha cabeça antes que ele seja estraçalhado por alguma metralhadora. — Dizia soltando uma risada na tentativa de quebrar o gelo que tinha se formado entre nós. 

— E a senhora Somin descobriu isso, certo? Por isso que vocês tinham brigado naquele dia e estão até hoje estranhos um com o outro. O que faremos agora? — Perguntei enquanto buscava achar alguma solução para isso. 

— Não sei, eu realmente não sei no que fazer. — Dizia enquanto passava as mãos sob o seu rosto. 

— A única coisa que posso fazer por agora, seria te mandar um valor considerável na tua conta bancária e contratar algum advogado, porque isso é um caso policial. Mas para que eu possa fazer isso, tenho que ver se a minha conta não foi bloqueada. Te peço que tenha calma, que iremos resolver isso antes do prazo que foi estimado por seu amigo louco aí, tudo bem? — Disse na intenção de acalmá-lo. 

— Então podemos fazer isso na semana que vem, já que temos que nos focar com o plano da nossa equipe e por favor não diga para eles sobre isso, eu preciso ocupar a minha mente antes que acabo enlouquecendo de uma vez por todas. — Me suplicou. 

— Você tem certeza disso? Tudo bem então. Realmente somos as pessoas mais problemáticas do mundo, meu amigo. — Dizia enquanto passava a minha mão sob a nuca. 

— Sem sombras de dúvidas! Agora vamos dormir e fingir que nunca tivemos esta conversa, não conte nada a minha esposa sobre isso e finja que não está sabendo nada sobre, ok? Não quero piorar mais a minha situação com a Somin. Vamos resolver isso sem que ela saiba que você estará me ajudando. — Dizia enquanto se dirigia em direção à porta. 

— Você que sabe... — Disse e com isso, andei atrás do mesmo. 

Três dias se passaram... 

Após aquela reunião que me renderam risadas e alguns momentos de tensões, continuei mantendo contato com os meninos que ficaram insistindo em criar um grupo de uma rede social no qual não me recordo o nome agora. E no final, acabaram me convencendo e eles criaram, o meu celular passou a travar de tantas mensagens que aqueles desocupados mandavam. 

Antes achava isso um saco, mas depois passei a gostar disso já que me fazia esquecer dos meus problemas e da minha preocupação constante com o senhor Jung que ainda não recebeu alta. Isso só me deixava mais paranóico do que nunca e achar que os médicos se enganaram sobre a condição de saúde do mesmo, porque ele já devia está de volta a sua mansão há muito tempo. 

Enfim, pensei muito nestes últimos dias e cheguei a conclusão de que terei que me arriscar em ir até à mansão da família Jung e ver pessoalmente se ele realmente recebeu alta ou o senhor Lee mentiu pra mim quanto à isso. Já que tenho quase certeza de que o Dong-sun possa ter dado ordens para não dá informações sobre o pai dele para ninguém. 

Então assim que já tinha tomado o meu café da manhã, olhei no relógio que estava sob a parede de frente a mim e vi que ainda eram 09:45am., com isso me levantei rapidamente da mesa e me dirigi em direção às escadas na intenção de voltar para o meu quarto e pegar as minhas coisas. 

Assim que já me encontrava dentro daquele cômodo, peguei as chaves da mansão, meu celular, uma máscara para usar como um disfarce e a carteira já que desta vez irei de táxi, já que tinha a consciência de que abusei muito da boa vontade do Sangjun. Após ter feito isso, saí do quarto e desci as escadas em direção a porta da casa, avisei para o casal de que iria resolver algumas coisas sem dar muito detalhes. 

Depois de ter saído de lá, andei por alguns metros até avistar algum ponto de táxi e por sorte, tinha um estacionado e então me aproximei do veículo. Olhei pela janela e percebi que o motorista estava dormindo ou melhor, roncando que nem um trator e podia jurar que ainda estava babando. Este realmente não deve ter uma boa noite de sono há anos. 

Enfim, bati devagar na janela com intenção de acordá-lo e com isso, o mesmo acordou um pouco assustado, abaixou a janela:

— Me desculpe por ter dormido, aposto que o senhor deve está aí já faz um tempinho. E pode entrar no carro, por favor. Onde deseja ir? — Perguntou enquanto se ajeitava. 

— Sem problemas! Poderia me levar até a mansão da família Jung? — Perguntei enquanto abria a porta do veículo. 

— Posso! — Me respondeu e com isso, ligou o veículo e acelerou no mesmo instante. 

Ao decorrer do caminho, fui dizendo por quais ruas que teria que entrar e até que não demorou muito para chegar ao endereço da mansão. Então o paguei conforme foi combinado e o mesmo saiu, já que tinha dito para não me esperar. 

Depois disso, andei em direção ao interfone e cliquei no botão, não demorou muito para que alguém me atendesse:

— Com licença, por favor poderiam me dizer se o senhor Jung Kwon se encontra na residência? — Perguntei engrossando a voz, para que não acabassem me reconhecendo. 

— Não posso dá informações a estranhos, senhor. — Me respondeu e pela voz, certeza que era o senhor Lee. 

— Mas aposto que você daria, se caso esta pessoa for um conhecido teu ou não? Sou eu, senhor Lee e só diga se está ou não, pode só dizer um "sim" ou um "não" para mim, se caso estiver alguém por perto e estiver com medo que acabe tomando algum sermão. Será que pode fazer isso por mim, em nome de todos estes anos que convivemos juntos nesta mansão? — Perguntei enquanto ficava olhando para cada canto da residência e torcendo para que não fosse visto por ninguém. 

— Não acredito que é o senhor!? Ok.. Sim e agora tenho que desligar, porque o senhor Dong-sun está me chamando. — Disse e desligou na mesma hora. 

Com isso, pude finalmente respirar fundo só por saber que ele já recebeu alta e já se encontrava lá dentro. A minha vontade era de entrar e abraçá-lo, mas sei que é muito arriscado fazer isso por agora e juro que irei arrumar um jeito de entrar em contato com o senhor Jung. 

Bom, agora uma coisa a menos para me preocupar por hoje e tenho que voltar pra casa do Sangjun, ver o que ele irá aprontar comigo. E falando nele, ainda tenho que resolver aquele problema que o idiota foi se meter. Mas vou deixar para semana que vem, como ele tinha me pedido. 

Algum tempo depois... 

Já tinha voltado pra casa e estava jogado no sofá, quer dizer, sentado depois de ter levado um pequeno sermão da senhora Somin. E digamos que o marido dela mais uma vez, se encontrava dentro daquele escritório. Aposto que deve está tramando alguma coisa e tenho medo só em pensar no que poderia ser. 

Não demorou muito para que o mesmo saísse de lá, ele foi correndo na minha direção todo eufórico:

— Eu já sei como que você e aquele garoto lá irão se encontrar. Juro que será mais natural do que daquela vez com a garota que não me recordo o nome agora. — Dizia sem conseguir se conter. 

— Calma, cara! Inspire e respire, faça isso várias vezes. Você parece está mais animado do que eu com esta história. — Dizia enquanto ria da forma em que ele estava no momento. 

— Eu sei, mas não consigo me controlar e tenho certeza de que irá dá certo desta vez. — Disse todo entusiasmado. 

— Então me conte o que conseguiu pensar sobre o assunto. — Disse e fiquei o encarando como uma forma de demonstrar de que estava pronto para prestar atenção no que ele for me dizer. 

— Bom, entrei em contato com o Jooheon e você sabe o quão ele é bom em descobrir onde as pessoas estão, certo? — Disse e acabou sendo interrompido por mim. 

— Que é mais conhecido por todos, como espionagem. — Disse e logo em seguida me espreguicei na intenção de expulsar toda preguiça que estava sentindo. 

— Que seja! Então ele me disse que o garoto que o senhor está interessado, costuma muito em ir a lanchonetes do centro de Seul durante a noite. E pensei que isso seria uma ótima oportunidade de vocês se encontrarem, o que acha disso? — Perguntou um pouco ansioso pra saber de minha resposta. 

— Não sei se isso irá funcionar, ainda parece ser planejado ou forçado demais para mim. Mas posso tentar e não espere que aconteça algo de outro mundo lá, pois provavelmente só irá rolar uma conversa mesmo. E quando iremos nesta tal lanchonete aí? — Perguntei e soltei um suspiro no final. 

— Hoje à noite antes do jantar, ou seja, dentre de três horas. E por favor, use alguma roupa decente. Ah, antes que me esqueça... Irei ficar te esperando do lado de fora do estabelecimento, ok? — Disse e voltou para dentro de seu escritório. 

— Sim, senhor! — Disse e bati uma continência para o mesmo. 

Corri para dentro do meu quarto, vi que não tinha nenhuma outra roupa para usar e então fui para o quarto do filho deles, sei que isso é muito errado mas não tive outra escolha à não ser pegar alguma emprestada. No final, acabei pegando um moletom azul escuro e uma calça preta, por sorte serviram direitinho em mim. 

E com isso, saí de lá e fui para as escadas, assim que desci degrau por degrau, avistei uma pessoa que não parava de andar pra lá e para cá. Esta pessoa era o Sangjun e eu podia jurar que se ele continuasse assim, iria acabar criando um buraco no chão. Andei em direção do mesmo, o cutuquei por trás e como sempre, ele pulou de susto:

— Já virou uma rotina para você, né? Então vamos? — Perguntou enquanto pegava as chaves que estavam penduradas na parede atrás da porta. 

— Talvez e vamos sim. — Disse enquanto o acompanhava. 

Algum tempo depois chegamos ao destino que era uma lanchonete que ficava exatamente no centro da Capital do país e hoje parece que estava bem tranquilo, já que tinham poucos fregueses no local. Então sentei numa mesa um pouco afastada, fiz o pedido e enquanto o garçom não chegava com o mesmo, fiquei observando a movimentação na rua já que estava sentado do lado da janela. 

E para a minha tristeza, Jeon Jungkook não tinha chegado ou ele já esteve aqui e já tinha ido embora. Bom, pelo menos foi o que tinha pensado até que o avistei, ele estava rodeado de amigos e estava rindo com eles. A risada dele parece ser muito contagiante, pois não consegui me controlar e acabei rindo também. 

Ok, isso realmente foi muito estranho até para mim. Mas ser normal nunca foi o meu forte mesmo... 

Então assim que consegui controlar a minha risada, fiquei apenas o observando e em alguns momentos, tive que olhar em outros lugares assim que achava que ele tinha percebido que estava fazendo isso. E cara, não sei como farei para conseguir me aproximar daquele garoto e com certeza não irei chegar lá com os amigos dele por perto. 

Sei que já conversamos bastante lá naquela festa beneficente, mas acho que não será a mesma coisa agora. Acho que vou esperar aparecer alguma oportunidade e uma hora ou outra, ele estará sozinho nem que seja por alguns instantes.

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