Buscando ter uma vida normal

Jeon Jungkook

Na manhã seguinte...

Após uma noite de conversa com uma pessoa que só tinha falado uma vez numa festa beneficente que os meus pais me obrigaram a ir, parece que a minha vida ficou melhor só por ter passado algumas horas com o Kim Taehyung.

Confesso que no começo achei tudo muito estranho com a aproximação dele, mas com o passar do tempo até que o achei uma pessoa engraçada e interessante ao ponto de querê-lo ter na roda dos meus amigos. Apesar que não sei se isso era certo ou não, porque mal o conheço suficientemente para isso.

Mas enfim, vou ter que parar de pensar nisso já que tenho que vencer a preguiça e a vontade de passar o dia todo na cama hoje, já que não posso perder este teste da faculdade. Porque é com ele que decidirá se passo direto ou que terei que fazer mais um teste e torcer para não ficar dependente de uma matéria, que confesso que detesto no fundo do meu coração.

Após travar esta pequena batalha contra a preguiça, finalmente consegui levantar da cama e corri para o banheiro na intenção de tomar um relaxante banho. Porque só em pensar neste teste posso sentir os meus nervos ficarem na flor da pele de tão nervoso que fico.

E assim que já me encontrava no banheiro, tranquei a porta e comecei a tirar a roupa que costumo usar para dormir. Não, não é um pijama e sim, uma regata preta e uma calça moletom cinza mesmo. Depois disso, andei em direção ao chuveiro e o liguei no mesmo instante, com isso comecei a tomar o banho.

Confesso que realmente estava precisando disso para relaxar um pouco, cada gota que percorria no meu corpo era como se pudesse sentir o meu nervosismo diminuindo junto com elas. Sentia a vontade de passar horas e mais horas debaixo deste chuveiro, mas não poderia fazer isso porque iria acabar perdendo esse maldito teste.

Então não tive outra escolha a não ser desligá-lo e me enrolar na toalha, foi isso que acabei fazendo e saí do banheiro logo em seguida. Assim que voltei para o meu quarto, fui até ao guarda-roupa e peguei a primeira roupa que os meus olhos focaram. Que era uma camisa social branca, calça social preta e sim, na faculdade que estudo só permitem que os alunos entrem lá com roupas sociais.

Acho isso muito desnecessário, mas não posso fazer nada se os meus pais resolveram me matricular numa faculdade que tem este tipo de regra ridícula. Enfim, terminei pegando uma cueca box listrada e não demorou muito para que já tivesse terminado de me arrumar.

Depois disso, andei em direção ao espelho enorme que ficava praticamente ao lado da porta de meu quarto na intenção de arrumar o cabelo ou pelo menos tentar. E assim que me aproximei, comecei a ajeitar para ficar pelo menos apresentável diante dos meus pais e da faculdade no qual estudo à quase três anos.

Enquanto fazia isso, fiquei pensando em como que consegui convencer os meus pais a deixarem cursar uma área que antes eles repudiavam tanto. Que era de artes cênicas e sim, sonho em ser um ator profissional, mas não me importo em ser apenas aqueles de teatro. E não estou desvalorizando os que são, pois pra mim deve ser muito gratificante ver pessoas acompanhando a tua carreira tão de perto.

Pouco tempo depois...

Já me encontrava na cozinha tomando o café da manhã com os meus pais e com a minha irmãzinha, Daehyun. Que é a única pessoa desta mansão que posso contar, mesmo tendo apenas oito anos de idade. Ela é a única que parece verdadeiramente me incentivar na carreira que quero para a minha vida.

Enquanto estava terminando de comer, a minha irmãzinha começou a me cutucar insistentemente e não tive outra alternativa a não ser parar de comer para dar a devida atenção para a pequena:

— Daehyun, estou comendo agora... — Disse e acabei sendo interrompido pela pequena.

— Eu sei, mas preciso te mostrar uma coisinha que fiz especialmente para você. — Dizia enquanto fazia um bico com a boca.

— Está bem, maninha! Me mostre o que você tanto quer e tenho quase certeza que irei gostar seja lá o que for. — Falei e soltei um sorriso no final.

— Espere aí, que já volto em um segundo. — Disse e saiu correndo em direção às escadas que davam acesso ao teu quarto.

Enquanto esperava pela volta de minha irmãzinha, voltei a comer mas acabei sendo interrompido mais uma vez e desta vez pelo meu pai que tinha dado uma leve pigarreada na intenção de chamar a minha atenção:

— Como que está indo os estudos? — Perguntou sem ao menos se importar em perguntar se tinha dormido bem esta noite ou não.

— Estão ótimos como sempre, pai. Mais alguma coisa que queira me perguntar? — Perguntei já perdendo um pouco da paciência que demorei para adquirir nesta manhã.

— Veja bem como fala com o teu pai, garoto! Isso não é jeito de se dirigir ao seu genitor e sim, era só isso. Agora vou para o trabalho, porque não quero me estressar tão cedo assim. — Disse e se levantou no mesmo instante, depois andou em direção à saída da mansão e só pude ouvir o barulho que a porta fez ao ele bater com toda força do mundo.

Depois desta pequena e adorável conversa que tive com o meu pai, encarei por alguns segundos a minha mãe e pude perceber a tamanha decepção no olhar dela para mim, após ter presenciado isso. Mas o que posso fazer, se meu pai e eu não nos damos muito bem desde sempre? Isso mesmo, nada.

Por um minuto pensei que a minha mãe iria me dizer alguma coisa, mas não obteve tempo para isso quando a Daehyun apareceu correndo em nossa direção:

— Maninho, maninho! Era isso que queria te mostrar, era um desenho de você tirando a maior nota do teste que fará hoje e espero que isso possa te incentivar muito. — Disse enquanto me entregava o tal desenho e depois me abraçou fortemente.

— Obrigado, maninha! Você é a melhor irmãzinha que poderia ter pedido para os céus. Bom, agora preciso ir para a faculdade e você para a escola, certo? — Dizia com um sorriso em meus lábios.

— Ahhh, mas não quero ir hoje a escola. Hoje só terão matérias chatas e entediantes demais, sinto que não irei sobreviver se for para lá. — Dizia enquanto fazia uma careta engraçada.

— É o que você diz todos os dias, Daehyun! — Dizia enquanto ria dela cruzando os braços e aumentando mais ainda a tua careta.

— Eu sei, mas não posso fazer nada se lá é assim todos os dias. — Me respondeu rapidamente.

— Mas como você poderá se tornar uma grande cantora, se não souber compor as tuas próprias letras? Até onde sei, tem que saber escrever bem e saber quais palavras rimam com as outras. E lá na escola, você poderá aprender isso sem ao menos perceber. — Disse na intenção de incentivá-la.

— Você está certo disso e odeio quando está. — Me respondeu se desfazendo dos braços que antes estavam cruzados.

— Então, vamos? — Perguntei enquanto levantava da mesa.

Ela apenas assentiu e com isso, andamos em direção à saída da mansão até que uma das empregadas saiu correndo com as duas mochilas nas mãos:

— Esperem um segundo, por favor! — Dizia enquanto corria em nossa direção.

Assim que a mesma se aproximou de nós, entregou as mochilas para cada um e com isso, abrimos a porta e saímos no mesmo instante. Depois disso, andamos mais alguns passos até parar em frente do carro e era onde o nosso motorista estava nos esperando do lado de fora do veículo.

Ele fez questão de abrir a porta para nós e com isso, entramos após termos dado um "bom dia" para o mesmo. Assim que todos já estavam dentro do veículo, o motorista acelerou já que faltavam quarenta e cinco minutos para as aulas começarem. Digamos que moramos meia hora dos locais, quer dizer, eu no caso já que a minha irmã fica cerca de quarenta minutos e então cada minuto era precioso para que possamos chegar o quanto antes na escola dela.

Algumas horas depois...

Já tinha feito o maldito teste e já me encontrava no refeitório da faculdade, me sentindo um verdadeiro derrotado pois nunca pensei que seria tão difícil passar direto neste semestre. Realmente estava batendo todos os meus recordes de fracassos neste ano e não estava mais aguentando isso, até pensei que depois que acabar o período das aulas hoje que poderia ir em algum bar para comprar uma bebida.

Porque era a única coisa que me fazia esquecer dessa tentativa falha de ter uma vida perfeita para conseguir agradar os meus pais, uma coisa que raramente conseguia. E era claro que não iria beber sozinho, iria chamar os meus amigos para isso.

E sim, eu sei que um dia a bebida alcoólica irá acabar com a minha saúde. Mas quer saber de uma coisa? Pouco me importo com isso agora, só quero aproveitar enquanto ainda posso.

Enquanto estava disperso nos meus próprios pensamentos, acabei sendo obrigado a voltar para o mundo real quando percebi alguém socar o meu ombro sem parar:

— Jungkook, você é o cara mais desligado que conheço. Estou aqui à mais de dez minutos tentando falar com você, mas parecia ser a mesma coisa que falar com uma parede. — Reclamou, Joseph, enquanto me encarava com uma cara feia.

— Me desculpe, você sabe o quanto tento parar com isso a minha vida toda. Então, já que você está aqui... — Dizia, mas acabei sendo interrompido pelo mesmo.

— E lá vem, o que você quer? Conheço esta cara de cachorro pidão, quando vejo uma. — Dizia e acabou finalizando com um suspiro.

— Continuando... Você bem que poderia ir comigo no bar depois das aulas hoje, certo? — Perguntei aumentando mais a minha cara de cachorro pidão como o meu amigo tinha acabado de me comparar.

— Está bem, está bem! Mas hoje não poderei beber, porque irei sair a noite com a minha namorada, April. E não quero brigar com ela, porque você sabe a opinião dela sobre bebidas alcoólicas. — Me respondeu enquanto passava a mão sob a sua nuca.

— Não sei porque ainda namora com esta chata, sinceramente. — Dizia enquanto revirava os olhos.

— Não comece com isso de novo, Jungkook. — Dizia, mas acabou levando um susto quando viu o teu professor de contabilidade passando próximo à nós em direção ao elevador.

— Cara, só corre antes de seu professor chegar até a tua sala porque você sabe que ele não deixa ninguém entrar depois dele. — Disse enquanto ria da cara de desespero do mesmo.

— E você acha que não sei!? Até mais tarde e te mando mensagem para nos encontrarmos em frente a saída da faculdade. — Dizia enquanto se levantava da mesa.

— Até mais e boa sorte, espero que consiga chegar antes desta vez. — Dizia enquanto ainda ria de toda esta situação de agora.

Duas horas se passaram...

Finalmente o período das aulas acabaram, confesso que não estava mais aguentando toda aquela chatice da senhora Han. Mas enfim, agora estou aqui esperando o digníssimo do Joseph aparecer para irmos em algum bar próximo daqui. Ele era e é o meu único amigo deste lugar, bom, o único que poderia contar pra tudo ou para quase tudo.

Joseph Michaels veio para a Coréia do Sul através de um intercâmbio, ele é nativo da Austrália e então já podem imaginar em como é a sua aparência. Louro, olhos azuis-esverdeados e pele levemente bronzeada, também era bem alto pelo menos perto de mim ele era e muito.

Por fim, ele tem vinte e dois anos que nem eu e acho que era por um destes motivos que nos damos tão bem. Também por ele ser quase fluente em coreano, então isso meio que facilitou muito a nossa aproximação e ele cursa Ciências Contábeis. Queria eu, ser de exatas e ser tão bom com números, mas desde que me entendo como gente, matemática e eu não nos damos muito bem.

Enquanto estava mais uma vez disperso no meio dos meus pensamentos, senti alguém me balançar para um lado e para o outro. Então isso me fez sair do meu "mundinho":

— Jeon Jungkook, vamos logo antes que o seu motorista apareça para te buscar. — Dizia Joseph todo eufórico.

— Então dá para parar de me balançar deste jeito!? — O pedi meio tonto.

— Ok, então vamos! — Dizia e começou a andar com os passos rápidos.

— Me espera, Joseph! — Dizia enquanto tentava acompanhá-lo.

Assim que chegamos em frente ao local que mais parecia abandonada do que frequentada, porque realmente estava precisando de uma reforma e dos grandes. Mas portanto que eu possa beber? Por mim, tanto faz.

Então entramos lá e sentamos nas primeiras cadeiras que avistamos, pedi uma bebida o mais forte que tivesse naquele lugar e o Joseph apenas pediu um copo de água com gás mesmo. Ele realmente não estava muito afim de desentender com a tua namorada, porque se fosse o Joseph de dois anos atrás? Com certeza, ele teria pedido o mesmo que eu.

Enfim, após alguns ou vários copos de bebida alcoólica, decidimos pagar a conta e irmos embora daquele bar já que estava faltando mais ou menos cinco horas para o encontro dele com a April. Assim que já nos encontrávamos na calçada, Joseph me levou até um ponto de táxi e por sorte ou ironia do destino, tinha um estacionado lá.

E com isso, ele abriu a porta do veículo e me colocou lá dentro, eu mal conseguia me manter sentado no banco de tão bêbado que estava. Então ele disse ao taxista o endereço da mansão onde que eu moro desde quando era uma criança e já deu o dinheiro o suficiente para pagar a corrida até lá.

Depois disso, ele se despediu de mim ou foi isso que tinha parecido na minha cabeça. O taxista acelerou o veículo e não demorou muito para chegarmos a mansão, ele me ajudou a sair do veículo, e tocou na campainha que ficava ao lado do portão cinza e enorme da residência.

Até que não demorou muito para que aparecesse alguém para nos atender e tenho quase certeza de que era a babá da Daehyun que nos atendeu. Posso jurar que ela ficou horrorizada quando me viu naquele estado, mas estava pouco me lixando no que ela estava achando disso.

Então ela me segurou pelo braço ou apenas tentou fazer isso, já que não estava ajudando muito e me ajudou a entrar na mansão, mas antes disso perguntou para o taxista quanto tinha ficado a corrida e o mesmo disse que já tinha sido pago pelo meu amigo.

Enfim, por sorte não tinha ninguém na mansão e então não teria nenhum dos meus pais para me encher o saco por ter chegado bêbado. A babá chamou duas empregadas para ajudá-la a levar-me até ao banheiro que ficava dentro do meu quarto na intenção de me fazer tomar um banho de água gelada.

Assim que chegamos até ao banheiro, elas tiveram um pouco de dificuldade mas conseguiram tirar a minha roupa e ligar o chuveiro. Confesso que mesmo bêbado, não gostei nenhum pouco de sentir aquela água gelada no meu corpo e não pude reclamar disso, porque sabia que elas estavam fazendo isso para o meu próprio bem.

Após este banho, elas colocaram uma roupa limpa em mim e uma delas trouxeram um café bem forte, também trouxe um remédio para ressaca e um copo de água para mais tarde. Bebi o café o mais rápido que podia e depois acabei desmaiando de sono mesmo sabendo que o café tem efeito ao contrário disso, mas parece que o meu organismo não tinha entendido muito bem sobre esta parte.

Anoiteceu...

Acordei com uma ressaca tão forte que até me fez arrepender de ter bebido tanto assim, mas já que não tinha como voltar atrás não tive outra alternativa a não ser arcar com as consequências do meu ato impensável. Então me levantei com um pouco de dificuldade e peguei o copo de água com o remédio, o tomei como se a minha vida dependesse disso e realmente parecia que estava mesmo.

Depois disso, peguei o meu celular e voltei a deitar na cama. Quando estava prestes a desbloquear a tela de bloqueio, percebo que surgiu uma mensagem nova e vi que era daquele cara que tinha conversado ontem a noite lá naquela lanchonete.

Então desbloqueei rapidamente e cliquei na mensagem:

Taehyung:

Oi, aqui é o Kim Taehyung! Só queria saber se está tudo bem contigo, como foi o teu dia e de como foi o teu teste da faculdade? Por favor não me ache estranho, porque só estou sendo um curioso mesmo. E sinto que poderemos ser grandes amigos um dia ou até mais, enfim, era só isso mesmo que queria te dizer.

Confesso que achei as últimas partes da mensagem um pouco estranhas, o que ele quis dizer com "E sinto que poderemos ser grandes amigos um dia ou até mais"?

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