Capítulo 1| I'm so tired...

Jimin's pov.

O dia parecia estranho, o céu estava cinza, praticamente sem nuvens e o vento soprava forte, gélido e úmido em meu cabelo coral.

Dramático, era um dia dramático.

Notava isso sentado na varanda do meu quarto, enquanto acendia um cigarro do maço recém comprado, com meu isqueiro próprio, decorado com adesivos e quase sem combustível, e o levava a minha boca.

A fumaça passava pela minha garganta, ardendo, e entrava diretamente em meu pulmão, segurava por poucos segundos e soprava o que restava dela, deixando o gosto do tabaco em minha língua e a nicotina em meu sistema.

Minha cabeça já parecia mais leve, e o nó no meu peito era desfeito pouquinho por pouquinho a cada tragada.

Aquele dia, uma segunda feira, era especificamente muito ruim. Segunda essa, aguardada desde de sexta, quando o boletim final deveria ter sido entregue aos pais, e realmente foi, mas só o dos alunos que passaram.

E ao invés de um arquivo com a palavra escrita "aprovado" bem grande, minha mãe recebeu uma ligação da escola solicitando a presença dela e minha, em uma reunião com o diretor na segunda. E aqui estamos.

Nem sei como consegui dormir essa noite, ou como passei o final de semana inteiro sem vomitar ou derramar uma lágrima. Tudo que eu conseguia fazer, era questionar o que havia acontecido.

Não fazia sentido, eu fiz as provas e me saí bem, não tive desavenças com professores ou colegas de turma, fiz o esporte obrigatório e mantive um bom comportamento durante o semestre inteiro, então eu realmente não sabia o que esperar.

Acabei com aquele cigarro e entrei para dentro do meu quarto, dei uma leve cheirada nas minhas roupas e obviamente eu estava fedendo. Optei por não tomar banho, mas sim um banho de perfume, não tinha mais tempo, já era 12h e a reunião estava marcada para às 13h. Eu ainda precisava preparar algo para comer, já que minha mãe estava no trabalho e nós iríamos para escola em seu horário de almoço.

Mesmo atrasado, eu enrolei mais ou menos uns 15 minutos antes de realmente ir para a cozinha e procurar algo para comer. Acho que no fundo eu demorei para preparar algo de propósito por que eu sabia que não ia conseguir comer nada, e assim eu poderia dar a desculpa perfeita para minha mãe, estava atrasado.

Fui em direção a fruteira e peguei a primeira banana que vi, mas antes de conseguir comer meu telefone toca, era a minha mãe.

— já estou indo, espera na garagem. — e foi isso, ela desligou logo em seguida. Eu sabia que ela estava puta, escutei reclamações o fim de semana inteiro. Ela dizia o quanto estava decepcionada e que eu estaria completamente fudido se tivesse repetido.

Eu não entendo os pais, eles nos criticam como se já não soubéssemos exatamente o que eles estão pensando, ou como se já não estivéssemos decepcionados o suficiente com nós mesmos. É impressionante como eles sempre querem estar corretos e ter a última palavra. E assim eles criam filhos que se odeiam e são muito duros consigo e com os outros, que orgulho!

🕑🕒🕓🕔🕕

Sentado no banco da frente vou observando a rua pela janela, lojas, parques, pessoas. A música nos meus fones está propositalmente alta, alta o suficiente para minha mãe ouvir e saber que não importa o que ela queira dizer, eu não vou ouvir.

Ainda era 12h34, e a escola não era longe da minha casa, iríamos chegar cedo. Isso sempre acontece, Lia acha que é melhor ser o primeiro a chegar do que o último, e eu não concordo. Durante meus 18 anos de vida, tudo que ela conquistou com essa política foram longos minutos de chá de cadeira.

Cansei de observar as pessoas e simplesmente fechei meus olhos sentindo a vibe do som, sabia que só teria tempo de terminar de ouvir essa faixa "I'm so tired" pois já conseguia ver a escola atrás de um prédio.

Dito e feito, na letra final da música desço do carro e bato a porta com força, minha mãe me olha com cara feia, mas depois de tudo que eu havia escutado, isso parecia pouco.

Depois de esperar pelo menos 20 minutos na recepção, finalmente escuto meu nome e me direciono a sala do diretor. Me sento, comprimento o homem em minha frente e minha mãe faz o mesmo. Ela parecia outra pessoa, estava simpática e sorridente, até me chamou de filho e deu algumas gargalhadas singelas.

Como eu queria que algo milagroso saísse da boca desse homem, que ele só havia nos chamado para aquela reunião porque ele queria me parabenizar pessoalmente pelo meu excelente desempenho. Mas a realidade foi outra.

Me deparo com um monitor enorme na parede em nossa frente, e nesse monitor havia a gravação das câmeras presentes na sala que eu realizei as provas naquele semestre. O vídeo ficou um pouco parado a princípio, mas não demorou nem 5 segundos e a imagem pausa. Eu gelei.

Era eu, sentado em minha cadeira, com a prova de física sobre a mesa e o meu celular em meu colo. A partir desse momento eu ja sabia o que tinha acontecido. Eu tinha me fudido muito, mas muito mesmo.

— Essa não é a única gravação que temos, graças a um aluno arrependido recebemos algumas denúncias anônimas de que certas pessoas estavam colando durante o semestre, e seu nome Jimin foi citado algumas vezes. —  Quem foi o filha da puta??? Honestamente era só nisso em que minha cabeça parecia focar naquele momento, não tive nem coragem de olhar para a mulher ao meu lado, mas eu conseguia sentir o olhar dela me fuzilando.

— Temos no total 6 gravações em que você faz o uso do celular para colar em provas diferentes durante o bimestre —  Ele diz me olhando seriamente, quase sugestivo. Nunca fui com a cara dele, e agora com esse jeito sínico o ódio ficou maior.

— Eu não sei nem o que dizer... Eu sinto muito... — falei com a voz trêmula. Tiveram alguns dias em que o nó no meu peito estava muito grande e eu não conseguia fazer nada, muito menos estudar. Mas tendo a mãe que eu tenho, não fazer uma prova não era opção, então eu precisava arranjar maneiras de conseguir o mínimo, e infelizmente a cola era a mais fácil.

Minha mãe estava quieta, sem expressão. Achei que ela não iria dizer nada, mais aí ela perguntou — E o que isso significa para o jimin? Ele está reprovado? — Nesse momento eu já nem respirava mais, acho que eu preferia não saber a resposta dessa pergunta.

Ele para, me encara e depois dá um sorrisinho. — Bom, devido a quantidade considerável de flagrantes, nós decidimos que daríamos uma segunda chance a alunos que passaram por situações complicadas durante o ano. E como o Jimin sofreu uma perda grande, ele se enquadra nessas circunstâncias. —

Eu acho que nunca estive tão aliviado na minha vida, eu juro que se eu repetisse eu ia me matar, não tem como. Parece ser o pior destino possível. — E como funciona essa recuperação? —

— Os alunos terão aulas durante o período da manhã por 3 semanas nesse mês, e após esse período, farão um prova de 90 questões de múltipla escolha de todas as matérias. Porém a média para essa prova é de 6 para cada matéria. —-

Eu não sei o que senti nesse momento, talvez a reprova não seja tão ruim. — Essas aulas começam quando? — minha mãe perguntou, mas eu também queria saber. Só não podia prever a bomba que viria da boca desse homem no próximo segundo. — Amanhã — .

🕑🕒🕓🕔🕕

O caminho de volta para a casa foi silencioso, Lia me disse que eu estava de castigo até me formar na faculdade. Mas a realidade é que ela está 70% do tempo fora de casa, então eu posso fazer o que quiser nesse período, consequentemente eu estou de castigo só 30% do tempo, não era tão ruim.

Nesse ponto eu já estava em minha varanda, acendendo outro cigarro. Meu isqueiro quase me deixa na mão, vou precisar comprar um novo. Eu, a nicotina e meus pensamentos. Que dia.

É isso por hoje pessoal, até a próxima 🩵🩷

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