eu tenho medo de ainda gostar de você

Taeyong tem me ignorado. Já eu, tenho aguardado um momento a sós. Ontem nadamos à praia, nos esgueiramos entre os becos vazios da ilha. Ele, apenas com roupa íntima, cobrindo-se todo atrás de mim. Fomos rápidos, ainda que estivéssemos com frio. Nos despedimos bem de qualquer jeito ao abrir o portão, daí cada qual foi para o respectivo quarto e nada. Nada mais.

Ele não falou comigo de manhã, quando fomos comer num lugar chamado Sea to See, sentados nas mesinhas da calçada. O vento secava meus cabelos e todos nós estávamos conversando. Mas ele só ficou em silêncio. E me evitou o tempo inteiro. Ele só falou comigo quando pediu licença para tirar uma foto do prato que ele pediu, usando o mar e horizonte como background do chá (τσάι) e o crepe salgado. No início, achei que estivesse só chateado. Mas não. Ele está normal com todo mundo, menos comigo. Eu já não tenho paciência para lidar com o humor de Taeyong, sinceramente.

Após isso, nos jogamos em inúmeras atividades. Inicialmente, fomos de carro a um monastério lindo que não sei bem como pronunciar o nome, porém a vista dos fundos dá-se perfeitamente para uma praia azul neon. Eu tirei inúmeras fotos da praia vista do monastério, daí postei algumas como story e as demais mandei para Yangyang editar. Ele é bom nessas coisas.

2yang pirralho cachaceiro: pagar minha passagem pra eu ir curtir aí nada né
2yang pirralho cachaceiro: mas mandar 30 fotos pra eu editar você gosta
2yang pirralho cachaceiro: tô amando, me usa mais que eu gosto
2yang pirralho cachaceiro: seu paliasso

Preciso gravar um áudio xingando para explicar que ele não tem que reclamar não, porque ele vai estar aqui de qualquer jeito. Tudo bem que ele reclamou pra caramba, pois queria ir antes do casamento para turistar, mas Yang simplesmente não pode ficar longe do restaurante por conta disso. Fico discutindo com ele que já bati o martelo há séculos de que chegará aqui um pouco antes do casamento e que precisa aceitar isso.

2yang pirralho cachaceiro: mas não vai dar pra ficar de keké
2yang pirralho cachaceiro: eu gosto é de luxar

Depois de eu responder que vou dar block nele, a benção decide me deixar em paz. E eu aproveito toda essa paz aqui mesmo, com esse céu azul da cor do mar. As estradas são meio estreitas e com demasiadas curvas, porém as pausas que fazemos para fotografar em algum mirante faz tudo valer a pena. Estou viciado nessa paz, na calmaria, no relaxamento. Menos peso dentro de si, mais momentos alegres. Eu experimento até mel, azeite caseiro e azeitonas de uma taverna ao lado de um dos mirantes que paramos. Gravo, tiro fotos, mas a melhor parte é quando guardo o celular e olho tudo ao redor. É calmo e gostoso sentir o vento bagunçar meu cabelo enquanto olho essa imensidão azul. Sinto-me afortunado, ademais, por terem me deixado pôr minha playlist de verão composta basicamente por músicas de Surfaces, Forrest e Khai Dreams. Eu nunca pensei que a escutaria tão longe de casa.

O vento sacode a camisa UV turquesa que uso, e Jaehyun comenta que é da cor do mar lá embaixo. Eu sorrio e deixo que ele ponha a mão na minha cintura. Demoramos pra burro só para chegar à famosa Praia de Porto Katsiki. O acesso é meio difícil, porém chegar lá compensa tudo. Está meio cheio aqui, porém a praia é linda. A água neon, a praia rodeada por alvos penhascos e paredões... Sério, isso é fenomenal. Descemos os degraus com muita luta, e no meio do caminho Jaehyun já está com o rosto vermelho do sol. Na verdade, todos nós já estamos meio mortos com o calor. Mas não importa nem um pouco. Espalho mais protetor solar nele — depois em Doyoung, porque ficou choramingando também —, e finalmente tocamos os pés mas pedrinhas da praia.

Claro que viemos todos preparados com nossas toalhas, comidas e dinheiro para caso decidirmos ir ao quiosque comprar alguma besteira. Na primeira oportunidade, Taeyong, Yuta e Jaehyun vão lá ver o que tem para comprar. Voltam com Cheetos, inúmeros cocos e uma bandeja com camarão e algum tipo de purê. Yuta me oferece um, então aceito.

— Abre a boca — ele pede. Fico olhando para a cara dele. — Se não fizer isso, não vai comer.

Eu faço o que pede, então ele literalmente me dá camarão na boca. Depois disso, ele bagunça meu cabelo e vai sentar-se com Dodo, Minyoung e as amigas dela. Eu o escuto cumprimentar com um "olá, jovens, vocês tem um minuto para escutar a palavra de Katy Perry?". Ele está com uma caixinha de som tocando This is how we do. Quem ainda escuta essa música, pelo amor? Só rindo mesmo.

— Bebe — Jaehyun me dá um coco já com um canudo. Infelizmente, eu não trouxe o meu. — Tu tá com cara de sono... Não está dormindo não, é?

Então... Hahaha.

— Estou sim, deve ser a maresia — minto. Eu devo ter dormido por umas quatro horas no máximo hoje, mas não acredito que isso esteja estampado na minha cara. Na verdade, desde que chegamos, estou dormindo muito pouco.

— Vê se dorme, Ten — me pede, e eu balanço a cabeça.

De soslaio, olho para Taeyong. Ele está vestindo uma camisa UV preta. Sentado, come o Cheetos olhando a vida dos outros. Jaehyun não entenderia se eu dissesse que ele é o motivo pelo qual não consigo dormir, o porquê de eu estar com cara de quem não dormiu. Ele não entenderia.

E, por não entender, ele acha que eu e Taeyong ainda estamos numa briga silenciosa. Eu também não o julgo. Ainda mais porque Taeyong nem está falando comigo. E eu estou louco para falar com ele. Estou com muita vontade de chegar ao lado dele e roubar um pouco do Cheetos chernobylmente alaranjado dele. E agora Yuta colocou Really don't care da Demi Lovato e estou me perguntando de que ano é essa playlist e qual a dificuldade em colocar pop dessa década. Sério. Pior que nem consigo falar nada. Não sei não, mas os gritinhos da Demi ao dizer "Oh, I really don't care" me dá um pouco de coragem para me questionar se talvez eu não deva ligar para essas porcarias sobre nós dois. Eu gostaria de dizer algumas coisas para ele. E não quero que briguemos mais. Preciso que fiquemos bem.

Mesmo assim, converso com todo o grupo por um tempo. Depois de comer bastante camarão (roubar de Yuta, fica aqui a tradução), eu me espreguiço para pegar um pouco de sol e me bronzear mais. Tiro a camisa. E sabe quem eu pego me espiando assim que abaixo os braços? Lee Taeyong. Ele desvia o olhar quando lhe encaro. Tomo um banho de protetor, ponho meus óculos escuros e me deito bem lindo. No início, o sol quente me incomoda pra caramba. Mas eu realmente caio no sono ao ponto de perder a noção de espaço e tempo. Eu realmente não dormi nada durante a madrugada.

Meu sono é interrompido com um jato d'água na minha cara. Acordo assustado, com o coração na mão, aturdido, sem saber o que fazer e quem raios me incomodou. Minha visão é turva no início e, mesmo tirando os óculos, consigo ver Yuta sorrindo um canudo entre os dentes e um coco nas mãos. Eu já sei que porra foi que ele fez. E sim, estou bem chateado, porque eu estava dormindo e ele simplesmente me acordou para fazer as brincadeirinhas dele. Eu. Não. Aguento. Mais.

— Você é idiota, porra? — eu me levanto virado na bruxa. Não vou aceitar dessa vez, não. Não vou deixar passar. — Sério, eu tô maluco pra picar a porra em você!

— Venha — ele tira o canudo da boca e sacode os ombros em deboche. Ele deve estar pensando que estou brincando. — Você não tem coragem mesmo.

Solto palavrão até em italiano e, assim que me curvo, Dodo percebe o que vou fazer e tenta até me alcançar para me segurar, mas não consegue fazer isso a tempo. Até o próprio Yuta se dá conta, sendo assim sai correndo. Mas, querido, eu posso estar com a visão embaçada, mas minha mira é perfeita. Estou farto desse menino chato me enchendo o saco. Sabe o que vai me fazer sentir melhor? Lançar um coco na cabeça dele.

— Ele vai matar, ele vai matar! — Doyoung repete, vindo até mim e praticamente implorando para que alguém se mobilize.

Não dá outra. Pego dois cocos de uma só vez. Com a força do ódio — gigantesca, estrondosa —, eu apenas o vejo mover-se para longe e jogo um. Depois, o outro. Tento até pegar um terceiro, mas Dodo me abraça por trás e me impede. Pelo menos acertei um na nuca dele e o outro nas costas. Yuta tomou foi uma pancada, chega caiu no chão perto da água. É bom que de lá ele não sai.

— Ai, Ten, por que você é assim? — Doyoung sussurra atrás de mim, pondo o queixo em meu ombro. — Ele tava era brincando...

Respiro fundo, já que a adrenalina me deixou meio zonzo. Taeyong está sentado rindo. Minyoung fica preocupada, ainda mais porque Yuta até agora não se levantou. Hanee, com suas pontas descoloridas, acabou por gravar tudo. As outras duas (talvez Minji e Chaewon, se me lembro bem), estão provavelmente se perguntando o que acabou de acontecer. E é claro que essa confusão chamou atenção de outros turistas. A maioria está rindo, porque acreditam tratar-se de uma brincadeira. Era pra eu ter metido bem na testa dele, aí iríamos ver a brincadeira.

— Vem cá, Ten... — Jaehyun me segura pelo braço e me leva para o local onde tem o quiosque. Há inúmeras barraquinhas com comidas aqui. — Você está de castigo, viu? Não tem que meter o coco nas costas do amiguinho.

— Meu cu que ele é meu amiguinho — reviro os olhos e cruzo os braços. Jaehyun me olha decepcionado. — Eu estou falando sério, ele está sendo bem insuportável. Eu hoje só queria ficar zen. Ele destruiu meu dia zen.

— Você que destruiu seu dia zen — Jung me puxa em direção aos banheiros. — Se você tivesse mandado ele se lenhar, como faz comigo, e voltado a dormir...

— Ele não é você, não iria funcionar — respiro fundo. — Minha satisfação é que ele tomou um quedão e deve estar com a cara toda marcada de pedra.

— Você é um demônio e eu nunca percebi em todos esses anos? — Jae finge um olhar de surpresa e medo. Ele abre uma das portas do banheiro, depois vira-se para mim com cara de cachorrinho sem dono. — Você quer encontrar algum estabelecimento que me deixe usar o banheiro se eu comprar uma balinha?

— Filho, eu não vou sair daqui — faço uma pose para que ele entenda que agora estou imóvel. — Você dê seus pulos.

— Vou mijar no mar, então...

— Jaehyun, eu te criei para isso? Pode voltar, você vai fazer aí dentro — aponto para a cabine do banheiro público. Jaehyun faz cara feia.

— Vem comigo, então?

— Quê? Pra quê? Tu mija e eu sacudo, é? — faço cara de nojinho. Acho que eu e Jaehyun sempre temos um papo sobre xixi e ir ao banheiro juntos. — Entra logo.

— Fique aí, então. Não saia daí — me pede. Eu solto um suspiro impaciente pela enrolação. — Fique aí...

— Entra logo nessa merda, Jaehyun! Quanto mais rápido, melhor — o empurro pelos ombros.

— O que você acabou de falar tem um grande teor sexual — então ele fecha a porta com um sorriso podre no rosto. Ele não presta.

Fico aqui plantado esperando Jaehyun sair. Mesmo que só tenha passado alguns segundos, já me sinto entediado. Eu estou irritadiço, porque meu sono estava profundo demais e eu fui acordado da segunda pior forma possível. A primeira é gritando, a segunda é com água. E agora eu quero mandar todo mundo ir para os quintos dos infernos. Só que eu percebo que devo me acalmar, beber uma aguinha de coco e depois entrar no mar. Acho que Jaehyun não vai ficar chateado se eu sair só um pouquinho para ver o que tem vendendo por aqui...

Vou me afastando devagar, porém com um olho na porta do banheiro. Conquanto, minha atenção é toda roubada quando vejo esse gatinho todo molhado andando, com os olhos à procura de algo, desfilando com uma beleza fenomenal. Ele consegue ser lindo em qualquer lugar. Mas acho que o fato nem é esse. É que ele consegue me desestabilizar em qualquer lugar do globo. Seja na Coréia, França ou Grécia.

Sem querer, bate o olho em mim. E do nada acende os passos, vira o corpo de volta para aonde estava vindo. Eu corro para alcançá-lo. Eu admito que não estou acostumado com isso. Correr atrás de alguém.

Eu sempre achei que, se preciso correr atrás de alguém, é porque talvez não tenha acontecido de uma maneira natural, que talvez eu esteja forçando algo que não deveria ser. Eu já fiz algumas vezes, mas não tanto quanto deveria. Não é que desisto fácil. Talvez eu nunca tenha encontrado alguém que me fizesse pensar que valeria a pena correr atrás e me esforçar.

Digo isso porque é horrivel correr nessas pedrinhas e que está muito, mas muito quente. Está queimando meus pés, ainda mais porque já saí da área sombreada que estava com o Jung. E isso é horrivel. Eu o chamo, porém sou ignorado. Apressa os passos, fica fazendo curvas e desviando do caminho a todo momento, tentando me despistar. O pior de tudo é isso, ele ficar correndo para longe de mim, quando estou maluco para lhe alcançar.

Perto de uma barraca de sorvetes, eu tomo coragem em dar uma de Usain Bolt e chegar até ele. Seguro seu braço, o que faz virar-se na minha direção. Sua expressão é de raiva. Eu sei quando ele está com raiva. Ainda que seu rosto esteja meio avermelhado por conta do sol, ele consegue ser fofo até bravo. Eu não deveria estar pensando nisso.

— Sério que você me fez dar voltas? — digo. Puxo Taeyong pelo braço na minha direção, mas vou andando até onde posso encontrar alguma sombra. Ele tenta ir contra, mas eu o seguro firme. — Fica quieto, Taeyong.

— Eu não quero conversar com você — me diz. Nós dois sabemos que isso é mentira.

— Por que não?

— Vai fingir que não sabe?

Fico olhando seu rosto por um tempo.

— Vem cá — continuo puxando até que nós dois estejamos com os pés dentro d'água. Muita luta e chororô até chegarmos aqui, mas pelo menos consegui sem precisar usar muita força. — Meu pé estava queimando...

— Tá, legal — ele cruza os braços e fica olhando as ondas do mar.

— Oh, Taeyong, qual o problema da vez?

— Nada. Eu só não quero falar com você e você me obrigou — ele aperta mais o braço um ao outro.

— Eu quero saber por que você está me evitando.

— Não estou te evitando.

— Hoje você só falou "com licença, quero tirar foto" e nem olhou para a minha cara.

— E daí? Não sou obrigado a ser social todos os dias — ele finalmente me olha no rosto. Eu gosto quando ele faz isso numa discussão, porque me mostra um pouco de maturidade.

— Deixa de negação, ok? — é o que tenho que pedir, senão vou jogar ele na água pra ver se percebe que não adianta ficar mentindo e fugir da discussão.

— Eu pensei que você fosse mais esperto, Chittaphon — descruza os braços. — Ou você se finge.

— Quê?

— É óbvio que estou chateado por conta de ontem. Você nunca me dá respostas. Não vou mais ficar pensando em alguém que nem sabe o que quer — ok, mas quando foi que Taeyong ficou tão ousado assim? — Se quiser, pode ficar com deus e o mundo. Eu não vou mais ligar.

— Taeyong, você vai ligar — meu tom é super calmo, porque quero que ele perceba que não estou brigando com ele. — Você vai se incomodar e vai fazer exatamente isso comigo. Vai ficar me evitando e se fechar. Isso te faz mal. Eu não quero mais te fazer mal.

— Então decide o que você quer.

— Quero que tudo seja de uma maneira natural. Gosto de perceber que já estou com alguém quando nem conversamos sobre isso. Só quero aproveitar.

— Eu também quero. Mas você... Bem... — ele vacila um pouco nas palavras, como se estivesse tentando medir. — ... É um pouco problemático.

Excusez moi s'il vous plait?

— Ah, eu sou?

— Vai jogar coco em mim também? — tô amando ele ficar brincando com isso. Ninguém respeita meus momentos de raiva. — É só que... Tipo... Eu ainda gosto de você.

Ele ainda gosta de mim. E ele diz isso, então aperta os lábios. E sua mão direita acaricia o pulso esquerdo. Ele parece desconfortável. Eu estou desconfortável. Não por ele estar aqui comigo, bem próximo, ainda molhado, com esse cheiro de cabelo quente e protetor solar ao redor de nós. É algo mais interno.

— Você não, né? — ele quer saber.

— Taeyong... É que... — parece até que esqueci o idioma. Como eu gostaria de ter esquecido o idioma! — Eu tenho medo de ainda gostar de você.

Não sei se ele entende isso. Eu posso estar diferente agora. Atravessei um oceano, refiz o cabelo, treinei um novo idioma e aprendi inúmeras receitas novas. Eu não me acho o mesmo de antes, mas ainda sou. Ainda penso da mesma maneira, embora me sinta diferente. Não é o cheiro do mar que me faz pensar que talvez eu deva dar uma chance a isso. Como eu fiz da outra vez. Todo dia pensava em dizer que não era bom ficarmos tarde no restaurante, que era melhor cada um ir cuidar da sua vida, que não deveríamos ficar naquela situação. Mas o problema é que eu não via a hora do dia amanhecer, de brotar ao lado dele para bater um papo, ou beijar seus lábios, sentir seu cheiro. Seu cheiro, que foi anulado pelo salino mar. Sinto raiva disso. De eu estar com medo de machucá-lo outra vez. E mais ainda do fato de eu não ter coragem de falar nem metade do que penso. Não gosto de sentir demais. Às vezes olho para ele e quero chorar.

— É assustador pensar em você — acrescento ainda. Vejo Taeyong engolir em seco. — Porque eu sempre vou te machucar. E você nunca fala. Você nunca fala quando te machuco.

— Mas eu vou te falar... dessa vez eu falo... — parece até que Taeyong está implorando ou prometendo, me olhando com esses olhos brilhantes. As pontas molhadas do cabelo encostam em suas pálpebras, ele as joga para trás e depois se aproxima de mim. — A gente só pode... Sabe... Igual aquilo de Paris. Se você quiser parar, você me fala. Se quiser continuar, também me fala... Ou, se quiser também, nem precisa falar.

Respiro fundo. O vento bate em nós. Ele treme um pouco, com a pele úmida. Eu estou pegando fogo. Taeyong gentilmente prende uma parte da minha franja atrás da orelha, então se aproxima, e eu sinto que meu fim também está próximo. Minhas costas pegam fogo, eu deveria cair no mar. Meus lábios pegam fogo quando ele se inclina, eu deveria simplesmente parar. Mas não consigo. Me pergunto porque minha hipocrisia é tão grande. Como eu digo que não vou mais beijá-lo, mas jogo os braços sobre seus ombros e me ergo um pouco. E em como deixo nossa umidade se entrelaçar e balançar a Terra. Seja em qualquer lugar, eu ainda morro toda vez que ele me visita dessa maneira. Desse jeito vagaroso, formoso, tonteante.

Eu não respondi. Mas meu pedido para que fique mais um pouco no beijo, quando ele começa a se afastar, talvez diga mais do que um "tudo bem" ou "tanto faz". Disso ele entende. As ondas empurrando e sugando nossos pés fincados na areia. Estamos em público, talvez tenham crianças por aí. Mas ele fica mais um pouco, sim. Mais um pouco comigo aqui. Quando a gente se toca, depois separa, depois se toca de novo, e sempre mais úmido, e ainda mudamos o ângulo, ou ele desliza os dedos pela minha nuca... Ele me abraça pela cintura. Eu pertenço a mim, só que tem vezes que me sinto dele. Como se eu não pudesse me controlar e fosse capaz apenas de fazer o que ele quer. Eu sorrio quando ele sorri. E quando ele morde minha bochecha, gruda o corpo ao meu, quando deita o rosto na curva do meu pescoço e fica assim, sentindo o cheiro da minha pele de protetor solar fritando nesse sol desgraçado... Eu me sinto teu.

— Tennie... — sussurra ele, após me dar um beijo rápido na lateral do pescoço. — Eu vou ser melhor dessa vez. Vai ser melhor dessa vez.

Eu gostaria de acreditar nisso. Mas eu finjo. Eu sempre finjo.

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