eu estou te esperando dormir
Ficamos abraçadinhos que nem idiotas por um tempo, até Taeyong ter a belíssima ideia de assistirmos um filme. O notebook estava num cantinho, então Tae o traz ao colo e abre. Sentamos encostados na parede do terraço, nos cobrimos com o cobertor e levamos cerca de quinze minutos decidindo qual filme iremos assistir. Após mil anos caçando filmes estrangeiros, paramos em The Way He Looks. Ficamos bem juntos mesmo. Eu até coloco minha perna direita em cima das pernas dele, porque eu sempre me sinto confortável assim. Eu gosto de abrir exceções para algum tipo de grude em alguns momentos. Talvez porque ficamos bastante tempo longe um do outro, e meio que tudo se acumulou. Eu me sinto bem agora. Aqui. Com ele.
E tudo está perfeitamente bem, sabe? Estamos assistindo ao filme e tudo está indo bem. Bem. Bem mesmo. Até ele começar a acariciar meu joelho. Até então, tudo bem. Afinal, é só um carinho, né? Pois bem. As coisas começam a piorar conforme os minutos do longa vão passando. Ele fica distraído demais assistindo que nem percebe que está deslizando a mão para a região interna da minha coxa que, se me permite a observação, é uma das partes mais sensíveis para mim. Mexo um pouco a perna para dar um "se toque" a ele, mas Taeyong simplesmente não percebe. Tipo... Como? Como não?
Tento me concentrar no filme, mas eu perco a legenda em alguns momentos quando sinto um coiso com seus dedos subindo e descendo na minha coxa. E só atinge o ápice quando ele aparece com a outra mão e as duas ficam explorando essa região. Eu acho que eu deveria me afastar e cruzar as pernas, porém não quero que ele pense que estou rejeitando seu carinho. É que meu corpo não entende isso como carinho. Está mais para atiça.
Me sinto bem descaradinho ao deslizar meu corpo para frente, aumentando mais a área de contato. Acho que... Se está acontecendo, eu não devo fugir disso, porque... Sabe, quando terei outra oportunidade, entende? Mesmo que ele esteja indo para baixo demais... Demais... Tento parar de pensar nisso, porém... Bem... É que meu corpo, ele... Sabe... Bem, está na cara.
— Quer? — Taeyong aparece outra vez com o pacote de jujubas. Glória! Eu já estava morrendo com suas mãos em mim.
— Não, obrigado — balanço a cabeça na negativa.
Ele come algumas gominhas, depois guarda, enfia as mãos dentro da coberta outra vez e volta a fazer aquilo em mim. Fico olhando para seu rosto, tentando checar se ele está dando de dissimulado ou realmente não percebe que isso pode dar ruim para mim. Mas não, Taeyong realmente parece não fazer ideia. A inocência dele, meu pai...
— Tá desconfortável? — me pergunta do nada. Eu o olho sem entender muito bem. — É que você não para quieto.
Por que será, né?
— Ah, não é isso... — fico olhando o monitor, porque encarar ele enquanto as pontas dos seus dedos estão constantemente tocando minha roupa íntima (acho que o short não tem mais utilidade nenhuma na minha vida, porque a mão de Taeyong já entrou faz tempo). — É que sou inquieto mesmo.
Taeyong estreita os olhos por alguns segundos, quando o encaro estranhando o silêncio.
— Balela — faz uma careta. — Mas se não quiser me contar, está tudo bem...
Está tudo tão bem que ele decide me beijar. Vamos ficar fazendo isso constantemente? Não sei. Só gostaria que ele cessasse o toque enquanto me beija, porque assim fica muita coisa para eu lidar. Meu corpo é um só, não tem como aguentar esse combo de informação, não. Ainda mais porque meu corpo adora um cumprimento. Eu sou bem gentil também. Se Taeyong fala "oi", todos os meus membros se erguem para cumprimentá-lo. Todos. Sim, todos. Isso se chama educação. Mamãe me deu. 🥴
— Você está recuando? — pergunta, bem próximo a mim, após eu ter correspondido ao beijo bem de qualquer jeito. Estou meio tenso aqui.
— Não? — nem eu sei se foi uma pergunta ou afirmação. Acho que até eu estou com dúvida sobre mim.
Taeyong dá um tapa na barra de espaço. Eu suspiro ao vê-lo deslizar o notebook para o cantinho outra vez. Senhor, sua mão está indo mais pra dentro. Porra, que saco... Que vontade de gritar pra ele colocar a mão logo de vez. Inferno, Taeyong!
— A gente pode terminar outro dia... — vira o corpo na minha direção. Ele entende a tensão sexual aqui? Porque eu acho que não.
Me surpreendo com minha tentativa em fugir, porém minha perna emaranhada a sua me faz ficar preso e acabo por não conseguir avançar muito. Tombo um pouco e caio deitado. Não dói, uma vez que eu não estava me levantando, mas sim me afastando. Taeyong vem até mim e deita ao meu lado. Ele está com um sorriso bobinho no rosto, os olhos brilhantes.
— Você está cansado, né?
Taeyong, eu estava fugindo, não me deitando!!! Queridos deuses, abram os olhos dele, pelo amor dos deuses.
— É, isso mesmo... — tenho que concordar.
O negócio é que Taeyong é simplesmente adorável. Eu não consigo parar de olhá-lo. O cabelo preto bagunçado na cabeça, cobrindo as sobrancelhas, faz parecer que ele literalmente acabou de acordar. Ele é tão despojado naturalmente que fica impossível competir. E digo que não é só questão de beleza. Não, não. É que ele é tão despreocupado que a espontaneidade chega a doer de tão formosa. Eu gosto muito, muito dele. Queria poder gostar muito dele.
— Só relaxe — me pede, olhando-me nos olhos e vagarosamente deslizando uma das mãos para dentro da minha camisa. Era pra ser carinho ou malícia? Porque estou sentindo os dois.
— Estou relaxando.
— Feche os olhos, então — me pede.
Eu solto um suspiro e fecho os olhos. Então sinto quando ele começa a acariciar meu abdômen com as pontas dos dedos. E seu corpo fica tão próximo de mim, seu rosto fica tão próximo, seus lábios ficam tão próximos... Ele me beija sem eu previamente saber. Viro meu rosto para ele e afasto meus lábios. Eu gosto quando a gente se beija assim do nada, com ele fazendo carinho na barriga, deitado de ladinho. Chega a ser impossível não acariciar seu cabelo.
Quando o beijo, é como se eu estivesse escutando aquelas músicas antigas outra vez. As que falam sobre amor e sobre gostar de alguém. Sobre pôr a cabeça no ombro, pedir para amar com ternura, não conseguir tirar os olhos de você, sobre hoje à noite você pertencer a mim... E é engraçado. Digo, a última música citada. Tonight you belong to me. É que hoje à noite eu sinto isso. Eu e ele em conjunto por tempo limitado, porque amanhã não estaremos assim tão íntimos. Eu acho que não, não contenho a certeza necessária para o veredito. Mas isso é bom, de todo modo.
Quão ridículo é pensar em músicas românticas de época beijando Lee Taeyong? Porque eu gostaria que estivesse tocando I don't want to set the world on fire de The Ink Spots. É tenso pensar nisso. Nunca pensei que isso aconteceria, pois fica a parecer que estou a padecer de amores por ele, quando na verdade nem estou. Só o quero por perto, apenas. Não há razão para pensar no interlúdio de uma canção que diz: eu não quero pôr fogo no mundo, eu apena quero começar uma grande chama em seu coração. Qual o sentido dessa estupidez? Sobre dizer que "amor, eu só tenho um único desejo, e esse único desejo é você". Porque... Nossa, eu detesto estar pensando em love love quando estou com ele. Eu prefiro pensar na sentada que quero dar do que o fato de eu estar molenga com toda a obra que ele é. Não, não. Não quero me envolver. Não quero.
— Ei, Ten... Não pense em nada — e então me dá um beijo estático e vagaroso nos lábios. — Você parece estar meio... Aéreo. Só quero te deixar confortável.
Taeyong, eu não sei se você quer me fazer carinho ou me fazer de sua janta. Eu realmente estou bem confuso agora. Se você puder, por obséquio, dizer: "ten, tenho a intenção de tirar sua roupa como se fosse carinho, mas na verdade você vai ser meu escargot de hoje à noite". Só diga isso, ok? É só dizer. Eu posso facilitar o processo para você.
— Não, tá... Tudo ótimo — levo um tempinho para responder.
— Certeza?
Certeza, pô. Bota a mão lá no meu short pra você ver quão ótimo tudo está.
— Sim, sim... — concordo com a cabeça. Taeyong usa a outra mão para acariciar minha cabeça. — Vem cá...
Taeyong ama quando o puxo para beijá-lo. Porque eu acho que ele interpreta isso de uma maneira grande e exagerada. Ele fantasia muitas coisas, eu aposto. E fantasia o que isso pode significar, sobre eu chegar e beijá-lo, não o contrário. Eu gosto de estar no controle. Curva-se um pouco mais até, praticamente sobre mim. E quando busca um pouco de ar, aproveita o tempo para ajeitar-se melhor junto a mim e descer a mão bem devagarinho até o cós do short. Por um mísero segundo eu acho que irá descer mais... só que não. Isso me deixa aliviado. Não sei bem o porquê. É como se eu gostaria que ele fizesse, mas o fato de ele não fazer me deixa num conforto de que não iremos ter que nos preocupar com mais coisas.
— Está com sono? — sussurra ele.
— Não muito.
— Estou te ajudando com isso?
— Ahn... Mais ou menos.
— Eu estou te esperando dormir — faz um movimento circular no meu peitoral. Ele não costumava fazer muito carinho em mim, por isso é tão novo. — Acha que vai funcionar?
— Talvez — mordo o lábio, distraído.
Taeyong arma uma careta meio debochada, então move-se para cima de mim. Isso me assusta, porque esse combo de atitude dele está me deixando meio mexido demais. Para minha felicidade, antes de encostar o corpo em mim, ele puxa o cobertor e tenta ajeitá-lo sobre nós, de joelhos no colchão. O momento perfeito para eu puxar uma almofada e pôr na região da virilha, porque vai que do nada ele sente alguma coisa lá embaixo? Eu acho até que ele estranha minha atitude, de acordo com sua expressão. Mesmo assim, ele deita sobre mim com cuidado, e apoia-se com os antebraços em ambas laterais da minha cabeça. Eu olho em seus olhos escuros. Parece-me terem sido desenhados à mão. Eu quero dizer que já estou sentindo calor com isso, mas não tenho pretensão de acabar com a animação dele com essa de ficar sobre mim e só deixar nossas cabeças fora da coberta. Mas realmente está ficando quente.
Taeyong, eu não vou dormir assim.
— Você é um gatinho charmosinho e cheirosinho... — e ele nem precisa forçar um tom fofo para ser carinhoso.
— Você está querendo algo de mim?
— Não... — se abaixa e dá uma cheirada no meu cangote. — Na verdade, só uma coisinha...
Eu rio, tombando a cabeça para o lado. Ele me beija o pomo de adão, a depressão da clavícula, a mandíbula, o canto dos lábios... Do jeitinho doce e amável que sempre faz. Abraço seu corpo, porque sinto-me radiante e amado. Algo como sentir-se uma montanha e apenas uma pessoa ser capaz de chegar ao topo. Mas ao invés de gritar vitória e erguer um estandarte, ela planta uma flor. E a rega. E eu já estava ficando tão farto dos terríveis alpinistas que me apareciam... É que depois de tanta decepção na vida, quando aparece alguém com o script diferente dos demais, eu apenas me pergunto como é que ousaram enganar-me com novas ilusões. Das terríveis coisas que pensei quando estava com ele, uma das mais pesadas foi questionar-me quando é que ele iria embora da minha vida. É que eu sempre me acostumei em estar desconfortável. É o costume. Sempre nos acostumamos com o que não deveríamos, deve ser por isso que vivemos numa peça de mediocridade. Com ele, aqui, a minha será diferente?
— Um beijinho? — ele pede, quase esqueci do que ele tinha dito previamente.
Sorrio.
— Você já me beijou demais — me movo um pouco, porque eu realmente não gosto muito de contatos em excesso e desnecessariamente. Não é que está ruim, é só que... Bem, sou problemático.
— Eu sei... — arma um beicinho. — No que está pensando?
— Honestamente... Acho que no fundo, no fundo, tenho coisas aleatórias na cabeça.
— Como...?
— Ah, sei lá — ergo um pouco o queixo e olho para o céu por cima dos ombros dele. — Eu estava pensando em como será quando voltarmos à Seul. Mas em algo em específico e aleatório, tipo... Arquitetura.
— Quê? — ele ri. — Que tem a arquitetura?
— Não sei. Sabe... Os prédios... Olha, arquitetura moderna é um saco. Quer dizer, foda-se tudo isso, por que não voltamos para o vitoriano ou... Melhor ainda, o rococó? — parece até que peguei a doença de Taeyong em falar coisas aleatórias em momentos aleatórios.
Ele faz carinho no topo da minha cabeça. Eu faço carinho nas suas costas.
— Você tem uma áurea bem europeia, seu safado — ele me dá um tapinha na testa.
— Mas foi só uns exemplos... Claro que amo o Japão, a Coréia, meu país, o...
— Já entendi — me interrompe. — Você gosta de coisas antigas e históricas. Porque talvez você sinta que tenha nascido na época errada, certo?
Concordo com a cabeça. Taeyong me dá um selinho rápido. Eu nem estou resistindo. Acho que cansei de tentar.
— Taeyong, você já me achou desinteressante?
Ele ri, sem entender.
— Como assim, docinho? — filho de uma mãe... Por que ele usou isso de docinho comigo?
— Só... Perguntando...
— Em que contexto?
— Não tem contexto.
— Qual contexto te levou a pensar nisso?
Não sei. Tudo na minha vida?
— Não que eu não tenha autoestima nem nada do tipo... Quer dizer, a questão não é essa... — me distraio com o colarinho da camisa azul que ele veste. — É que... Uma hora as pessoas se enjoam da outra... Ou deixa de ser especial... Ou talvez você sinta que sou superestimado e... Até você mesmo possa ter me superestimado, mas com o tempo percebeu que não é nada disso. Como... Por exemplo... Na adolescência, eu super via O Morro Dos Ventos Uivantes como algo magnífico, mas nunca tinha lido... E então eu fui ler e meio que... Não consegui, entende?
— Frustração?
— Sei lá, eu não estava entendendo nada... Não gostei. Gostava mais dele antes de ter começado a ler — dou uma contorcida nos lábios por alguns segundos. — Ou, por exemplo, quando li pela primeira vez um livro de Bukowski e pensei: "puta merda, se uma cara ganhou fama e dinheiro escrevendo isso, eu poderia ganhar mais fazendo mais!" Sabe... Algo que todos dizem que é bom e legal, mas quando você está lá dentro... Meio que perde o encanto.
— Você tem medo de se abrir para mim e eu me desinteressar por você?
Sim? Talvez? Não?
— Bem... — eu não completo.
— Você nunca vai saber se não fizer — Taeyong dá uma olhadela para a escada, mas logo volta a olhar-me nos olhos. Gosto dessa nossa conexão. — Acho que somos bem opostos.
— En effet.
— Eu quero me mostrar todo para você, porque pelo menos um pouco do que sou tenho esperança de você gostar... — ele não liga se eu rio um pouco no meio da sua fala. — Já você, só mostra um pouco... Não sei se é como uma proteção.
— Não é bem proteção, é só que... Cresci assim, sacou? — eu enfio minha mão dentro da sua camisa e agora passo a acariciar suas costas tocando na sua pele macia. — Eu nunca conversei com meus pais sobre minha sexualidade, por exemplo, porque achei que não era da conta deles. Não ia fazer diferença nenhuma. Eles não iriam me tratar melhor, também tinha a chance de me tratarem pior, então... Por que mexer nisso?
— A questão é essa, Ten. Você não se mostra porque você tem medo de perder coisas. Como o meu interesse caso eu te conheça mais. Nisso você fica preso numa mesma imagem, na primeira impressão que deixa nas pessoas, e não deixa ninguém passar disso.
Eu engulo em seco. Faço carinho nas suas costas com ambas mãos e seu corpo fica pesado sobre mim. Ou falar sobre isso me deixou mais leve e sensível? Tenho medo das pessoas saberem demais sobre mim. Como um lago reluzente, que durante o dia é calmo e paciente, porém à noite é demasiadamente pávido pelo conceito da escuridão. E todos que ali passam, entram, se banham, lhe apodrecem com suas impurezas, enchem suas garrafas para beber mais tarde... E de repente, aquele lago não é mais dele. E de tanta visita que recebe, lamentavelmente torna-se uma poça. Eu não quero virar uma poça.
— Vou tentar melhorar nisso — decido.
Taeyong sorri.
— Então... Me conte coisas sobre você que eu não sei. Ou melhor, sobre sua vida ou o que você gosta ou já fez ou...
— Eu tenho uma irmã — conto logo de uma vez.
— Eu meio que soube disso naquele dia no carro — ele enruga o nariz de uma maneira fofa. — Fale outras coisas aleatórias. Não precisa dizer muito, sabe...
Ele está tomando cuidado.
— Ahn... Tá... Deixe-me pensar — fecho os olhos por um tempo, mas os abro ao sentir a respiração de Taeyong no meu pescoço. Esse menino está cheio de fogo hoje. — Eu tenho um terraço, e nesse terraço tem uma piscina e uma jacuzzi. Você já dormiu na minha casa e nunca foi lá.
Taeyong ergue ambas sobrancelhas, joga os olhos nos pés de uma das cadeiras do outro lado do terraço e eu tenho a conclusão de que ele está divagando sobre o fato por mim contado.
— Por que eu nunca fui lá ou soube disso? — quer saber.
— Você perdeu alguma coisa lá?
— Credo... — me olha dramaticamente. — Na próxima vez, me bate.
— Calma, Taeyong... Foi por isso que não te contei... Não achava que você tinha alguma relação com o assunto — desço ambas as mãos para o cós da calça dele. E se eu colocar minha mão lá dentro? Tipo... Pra carinho, claro.
— Ok, continue...
— Também sobre minha casa... Eu tenho um quartinho onde eu guardo algumas coisas, como uma vitrola e uma coleção de livros clássicos em capa dura... — delicadamente, deslizo meus dedos para dentro da calça dele. Taeyong não esboça nada, parece até algo natural. — Em falar em livros... Minha família é dona de uma editora muito famosa na Tailândia, e é por isso que não somos escassos de capital.
Ele ri do termo ao contrário que dei a uma das suas falas no mesmo dia que chegamos aqui e ele estava brilhante de breguice. E ele também está brega agora, mas não tem como chamar de brega roupas confortáveis. Roupas confortáveis foram feitas para a breguice. A única lógica.
— Então você é burguesinho desde berço? — Taeyong tenta tirar a almofada entre nós. Até se levanta um pouco, e nisso levando meu braço, já que minhas mãos estavam escorregando pela bunda dele. Quando consegue tirar a almofada, volta com o corpo sobre mim.
— Eu não falaria desta maneira...
— Se eu estou falando, é isso — agora ele está deitando a cabeça em meu peito. — Me conte mais sobre você, então.
— Já disse metade da minha vida.
— Você é um mentiroso descarado, Chittaphon! Você só disse três coisas.
— Tu tá pegando boi que eu disse três, sendo que você merece só uma pela sua ousadia...
— Só mais uma coisa, então... — ele sobe um pouco o corpo, até sua cabeça estar em meu ombro direito. Eu fico fazendo carinho na sua bunda por cima da roupa íntima. Ele parece gostar muito disso, porque solta alguns suspiros e mexe o quadril um pouco para me incentivar a continuar.
Dou um pequeno belisco. Ele contrai o bumbum e solta um gemido em rejeição, e isso me faz sorrir. Ficar abusando ele é muito bom.
— Posso colocar a mão lá dentro?
— Onde você quiser, Chittaphon.
— A cara nem arde, né sua peste? — balanço seu corpo rapidamente, antes de cair uma das mãos para além do tecido fino e elástico da roupa íntima. Sua testa gruda em meu queixo e ele se encolhe todo pra parecer que é menor que eu. Enquanto ele ri, acaricio sua pele levemente. Eu amo fazer carinho nele.
— Obrigado, Ten... — ele sussurra. — Por estar tentando.
— Vai dormir, Taeyong — beijo sua testa. — Agora sou eu que estou te esperando dormir.
Eu sei que tudo está saindo dos trilhos quando percebo que eu gostaria de estar deitado no tapete lendo um clássico da literatura com Taeyong — uma mão mudando a página do livro que estaria apoiado em meu quadril, e a outra fazendo carinho no couro cabeludo dele. Ele, que estaria deitado ao chão, a cabeça sobre minha coxa. Estaríamos esperando algo assar no forno, com o alarme do celular ligado para o horário de cada checagem. E na vitrola, que também aceita cassetes, talvez as melhores do século passado, qualquer que fosse o país e idioma, o vinil dançando brilhante. E seria uma noite de verão, mas ele estaria de calça. Eu estaria sem camisa e de samba canção. Um tecido bem gracioso, talvez cetim estampado. Aquele azul que tenho. E ele, com aquela camisa de Yoohoo & Amigos já desbotada, a calça preta de flanela toda torta e tão abaixada que daria para ver o escrito de Calvin Klein da cueca falsificada dele — mas que ele ama, e por isso eu também. Ele estaria lendo uma obra de Immanuel Kant e estaríamos sendo empurrados por um ventilador ligado, pois Taeyong traria de casa por ser mais econômico em todos os sentidos, comparado a um ar-condicionado — e sim, a gente teria discutido sobre isso, mas eu iria ceder só para deixá-lo livre. E o vento estaria passando as páginas do meu livro sem que eu tivesse concluído a leitura da página, o que me forçaria a fazer um comentário opositor à proposta do ventilador. E iríamos discutir daquele jeito que usamos a palavra abutre, estrupício e bocó. O celular iria apitar, então teríamos que checar a tarte tatin no forno. Taeyong iria discutir comigo enquanto fôssemos para a cozinha, com o celular lendo dados sobre consumo, mas ainda teria Kant numa das mãos. Deixaria o livro e o aparelho no sofá, entraria na cozinha comigo puxando a calça pra cima e me chamando de loiro oxigenado irresponsável. E depois de checar a torta, eu iria beijá-lo. Ele iria me beijar de volta, porque ele não resiste. E mesmo que tivéssemos brigado um pouco antes, iríamos fazer um amor barulhento e gostosinho na cozinha. No balcão. E ele me faria chegar no ápice duas vezes seguidas. E iria ser tão bom que eu quase diria que o amo. Que o amo. MEU DEUS, EU NÃO POSSO ESTAR APAIXONADO PELO TAEYONG!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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