eu estou falando a verdade
Já é a terceira vez que encho esse galão de água. E já é a terceira vez que seguro Yuta pelos ombros para que não abra o forno enquanto as pizzas estão assando. Eu preferi que o dia da pizza fosse hoje mesmo, porque vai que consigo ficar livre dele amanhã mesmo? Eu ficaria imensamente feliz, se sim. Ou melhor ainda seria se fosse depois de amanhã, quando iremos visitar o tal lugar em que ocorrerá a cerimônia do casamento. Eu ficaria imensamente agradecido. Mas Taeyong deveria saber que ele não precisava fazer acordo nenhum, era só pedir que eu faria a pizza com toda felicidade possível. Ok, eu brinquei que não iria cozinhar para ninguém, porque estava preguiçoso. Mas esse dia boêmio de hoje me revigorou de um jeito inexplicável.
Quando Yuta para de checar o forno e do nada some, eu realmente fico preocupado. Porque ele com certeza deve estar aprontando alguma coisa. Sei disso porque Jaehyun também sumiu. E Minyoung tem perguntado sobre o noivo para mim, o que me faz juntar as peças. Subo as escadas de fininho e escuto uns cochichos vindos do quarto de Taeyong. Ele está dormindo, porque cansou-se depois que assistimos um filme após o almoço (fomos a um restaurante aqui perto, já que Taeyong não pode se cansar muito). Eu estava planejando fazer as pizzas como surpresa e chamá-lo para comer, mas parece que tem três demônios tirando a paz dele.
Confesso que estou aqui por pura curiosidade, porque não vou impedir ninguém de fazer nada, uma vez que não sou babá. Mas se eu perceber que é algo doentio, vou ter que meter a fuça e acabar com a festa. Não consigo ver mais que um Doyoung gravando Yuta com a câmera do celular e lanterna ligada. E escuto Jaehyun dizer que Taeyong está mesmo dormindo, então é melhor fazer logo.
— Fazer o quê? — pergunto, me metendo na troca de cochichos. A lanterna do celular de Doyoung é disparada em meu rosto e a luminosidade me incomoda nos primeiros segundos.
— Shh... Ten, você vai acabar acordando ele... — Jaehyun chama minha atenção. Eu fico surpreso é com a audácia dele.
Cruzo os braços e me apoio no batente da porta. Tudo está suave e tranquilo para mim, até o momento em que Yuta começa a acariciar o cabelinho de Taeyong e dizer com uma voz terrivelmente fofa:
— Koi... Vem cá, vamos lá em baixo comer a pizza que Ten fez para a gente, vem...
Por que ele ainda chama Taeyong disso? Não que eu saiba o que significa em si, mas achei que poderia ser algo que eles usavam para chamar um ao outro durante o namoro. E se acabou, por que continua chamando? E que vozinha é essa? Isso não está legal. Não está. É melhor ele parar com isso.
— Hmmm... Sai, Yuta... — Taeyong se remexe na cama e vira o rosto para o outro lado.
— Ten fez pizza pra você — quanto mais Yuta tenta, mais Dodo se esforça em esconder o riso. Está quase audível.
— Fez, foi? — Lee nem se mexe quando pergunta.
— Vem cá, eu te carrego até chegarmos lá embaixo... Você tem que comer alguma coisa, mal comeu no almoço... Viu, TaeTae? Vou te carregar, tá bom? — gente do céu, que vontade de vomitar com todo esse carinho que, segundo eu mesmo, é forçado.
E, por incrível que pareça, Taeyong cai na dele e senta em seu colo. Eu estou tão aturdido que afasto-me da porta e descruzo os braços. E agora que Yuta o enrola com seus braços e se levanta com ele, eu me pergunto que porra é que está acontecendo. Depois o confuso sou eu, né? Ele me beijou ontem, e hoje está com as pernas ao redor do quadril do ex maluco dele. Sério mesmo, eu não vim ao planeta para ter de aturar isso não.
— Oh, Ten, sai da frente... — Jaehyun, meu amigo traíra, me empurra da porta com o intuito de deixar a passagem livre para Yuta passar com Taeyong nos braços. Fico tão pasmo que me deixo levar.
Acompanho o circo para o andar de baixo. Consigo ver o rosto adormecido de Taeyong esmagado contra o ombro do japonês enquanto descem as escadas. E eu só fico olhando, sério, toda a palhaçada acontecer. Sigo em silêncio. Tão silencioso que acho que até esquecem que estou com eles. E, ao invés de deixarem Taeyong deitado num dos sofás, eles seguem direto e vão para a área externa, onde tem a piscina. Quando percebo o que vai acontecer, já é tarde demais. O cachorro do Yuta literalmente joga Taeyong para dentro da água.
O coitado fica todo desesperado dentro da água, sem saber o que aconteceu. Quando nota todo mundo rindo (menos eu, porque achei isso uma bela sacanagem, porém bem feito), ele capta o que aconteceu. Uma brincadeira bem ridícula, não vou mentir. Mas não teria acontecido se ele não tivesse caído no papinho carinhoso de Yuta. Bom para os dois, se merecem. Então eu, que não quero mais ligar para isso, me viro e volto para checar as pizzas, logo após Taeyong sair da piscina e decidir correr atrás dos três que inventaram a brincadeira.
Minutos depois, quando as pizzas já estão prontas e sentamos para comer, Taeyong me aparece vestindo roupas novas e o cabelo ainda úmido. Ele senta ao meu lado e me enche de elogios quando prova. Diz que é a melhor pizza que já comeu na vida.
— Deixa de exagero... — respondo.
— Eu estou falando a verdade — ele me responde.
E os outros também dizem elogios, sobre como está perfeitamente no ponto certo, os sabores divinos e como uma mordida é caminho de ida e volta ao paraíso. Até Yuta me elogia. Ele me serve um copo de Sprite e dá tapinhas no meu joelho num momento aleatório. Então eu lembro do e-mail de hoje cedo que Taeyong mandou para mim... É, talvez Yuta tenha seu modo esquisito de começar uma amizade com alguém.
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