𝟮𝟯. › TO RESTART.
( para recomeçar )
LEVOU TUDO DE STEVE PARA REALMENTE ABANDONAR O LOCAL. Se Natasha não estivesse lá para convencê-lo a deixar aquela base caindo aos pedaços, ele teria continuado fazendo o possível e o impossível para tentar retirar os escombros que bloqueavam a passagem. Sua mente apenas pensava em Cora, Daniel e todos os outros que estavam presos do outro lado. Se dependesse apenas de suas próprias vontades, Rogers se manteria ali até conseguir chegar até eles.
Quando compreendeu as palavras de Natasha, dizendo que ele não conseguiria fazer nada e que poderiam fazer bolar um plano melhor do lado de fora, Steve cedeu. Ele se deixou ser puxado pelo braço pela amiga e, de certa forma esperançoso, correu para o estacionamento em frente ao prédio. Vários dos Sentinelas estavam detidos pelos X-Men e pelos Vingadores, todos foram instruídos a abaixar suas armas e se render. Nenhum deles tentou ir contra aquelas ordens.
Algumas palavras foram ditas, o Capitão começava a pedir um relatório sobre entradas viáveis do prédio e qualquer informação que pudesse ajudá-los, quando o lugar atrás de si desabou. Todos os olhares se voltaram para o edifício que se desfazia, escombros e mais escombros que seriam capazes de soterrar qualquer um que ainda estivesse ali dentro.
O coração de Steve se apertou. Se sentindo impotente e perdido, sentia que tudo o que fez não valeu a pena. Era uma sensação de perda excruciante que estava crescendo dentro de seu ser. Ele sentia como se estivesse na guerra novamente, naquele mesmo vagão onde perdeu Bucky, onde não pode fazer nada para impedir o inevitável. Quando uma mão apertou o seu ombro, tentando lhe passar algum tipo de conforto, Rogers abaixou a cabeça.
Natasha também se encontrava sem palavras naquele momento. Pensando nos seus amigos, uma parte dela também se culpava. Todos os outros ainda continuavam parados olhando. Charles, Hank, Karen, Clint, Scott, Jean, os Sentinelas e o resto dos mutantes, incluindo até Sam Wilson e Louise Murray que estavam ali como reforços. Estariam completamente em silêncio se não fosse pelos destroços do prédio chegando ao fim.
Quando não houve mais qualquer sinal de movimento, Natasha deixou sua mão cair ao seu lado, livrando o ombro de Steve de seu aperto. Ela deu alguns passos para trás, começando a se virar para ir embora. Ficar parada ali, lamentando, seria pior. A ruiva já sentia as lágrimas se formando no canto de seus olhos e estava levando tudo dela para segura-las. Steve também iria fazer o mesmo, assim como todos os outros. Porém uma movimentação inesperada chamou a atenção.
Os escombros do prédio começaram a tremer. Preocupado e com uma chama de esperança crescendo em seu peito, Steve deu alguns passos para frente. Ainda estava receoso, sua guarda não estava abaixada ainda. A pilha de entulho que havia se formado foi jogada longe, fazendo com que vários deles tivessem que abaixar. Soltaram suspiros surpresos, olhares curiosos tentavam entender o que estava acontecendo.
No meio daquele prédio desabado, estava Wanda. Em pé e com as mãos brilhando pela magia que havia utilizado para criar uma grande redoma que foi capaz de proteger todos, isso incluía Blake e seu pessoal, assim como Cora, Daniel e Erik. Visão ajudava Tony se levantar, sua armadura estava um pouco defeituoso por causa do impacto e ele ainda precisava de um pouco de orientação para se manter me pé. No mais, todos pareciam bem, mesmo que estivessem um pouco feridos.
Cora se desvencilhou do abraço para poder olhar em volta. Mantendo um braço em volta de Daniel, ela se mexeu um pouco. Poeira e cimento cobrindo suas vestes. Conferiu para saber se cada um ainda estava ali, vivo e bem. Até o momento em que seu olhar cruzou com o de Steve do outro lado. Seu coração palpitou, não conseguiu evitar que um sorriso crescesse em seus lábios. Rogers espelhou as ações dela, alívio puro se apoderando de seu corpo.
Em seguida, Steve não hesitou em correr atrás onde eles estavam, Natasha o segundo em seguida e indo até Tony, Visão e Wanda. Ele foi recebido por um abraço apertado da Martin, que se ergueu para encontrá-lo. Um suspiro de alívio deixou os dois.
── Você estão bem. ── ele murmurou, sorrindo fracamente. Steve tinha os braços em volta da cintura, enquanto Cora o envolvia pelo pescoço. Ela sorriu contra ele. ── Eu pensei que...
── Já passou. ── Cora garantiu, antes que ele pudesse terminar. ── Estamos bem. Não precisa se preocupar mais.
── Quer dizer, bem não é exatamente a palavra que eu usaria... ── disse Tony, fazendo com que os dois olhassem pra ele. ── Mas vamos dizer que estamos entre "bem" e "muito perto de um colapso".
A fala de Stark fez com que Cora e Steve soltassem uma risada anasalada, enquanto se afastavam.
── É bom ver que você está vivo, Stark. ── confessou o Capitão, sorrindo fracamente para o amigo. ── Todos vocês.
── É bom ver você também, Capitão. ── Wanda disse.
Daniel e Erik se levantaram, o garoto indo até a mãe e a envolvendo pela cintura. Ela retribuiu o aperto carinhoso dele, sorrindo para o filho. Steve passou a mão pelos cabelos de Daniel, bagunçando um pouco. Algo que o fez sorrir para ele.
Acabando com o momento ameno, um grunhido de raiva foi ouvido, fazendo com que todos voltassem suas cabeças para a direção da onde aquele som veio. Benjamin Blake se ergueu da pilha de destroços, sangue escorrendo de seu rosto. Suas roupas estavam manchadas pela sujeira e pelo carmesim. Ele estava tão furioso, uma veia praticamente saltava em seu pescoço. Os agentes e os cientistas olhavam para Blake assustados.
── Isso... Isso ainda não terminou. ── ele rosnou, erguendo uma arma. Cora colocou Daniel atrás de si, Steve deu alguns passos a frente de forma protetora. ── Eu não vou me render.
── Eu não esperava que você fizesse isso, de qualquer forma. ── Erik respondeu, finalmente dizendo algo depois de ter se mantido calado por tanto tempo. ── Te prender nunca foi o meu objetivo.
── Erik... ── Cora o advertiu, já percebendo aonde ele queria chegar.
── Você não merece viver. ── Lehnsherr deu alguns passos na direção de Benjamin, ignorando as palavras da Martin. ── Depois de tudo que fez, não só ao meu filho mas também a todos aqueles mutantes. Todo o sofrimento que causou... Você vai pagar por isso.
Soltando um grunhido de indignação, Benjamin disparou várias vezes na direção de Erik. Antes que as balas sequer chegassem perto dele, Erik parou todas elas e fez com que as mesmas retornassem até Blake. Algumas o acertaram de raspão em várias partes do corpo do homem, outras foram diretamente a sua perna e ombros. Nenhuma na cabeça, coração ou órgãos vitais. O plano de Lehnsherr era fazê-lo sofrer o máximo que pudesse.
Rosnando de dor, Benjamin caiu de joelhos. Ainda segurava a pistola em mãos, mas não disparava mais. A dor lancinante que sentia dificultava todo o processo, algo que era prazeroso para Erik. Finalmente poder vê-lo indefeso e perto de sufocar no próprio sangue. Manipulando a mão de Blake, fez com que o cientista erguesse a arma até deixá-la apontada para o próprio queixo. Blake ainda tentou impedir, sua mão tremendo todo o caminho, mas não foi o suficiente para lutar contra os poderes de Magneto.
── Deveria ter me matado quando teve a chance. ── Erik murmurou para o homem. ── Perdeu sua oportunidade, Benjamin. Mas eu não planejo perder a minha.
── Erik, já chega. ── Steve interrompeu. ── Precisamos dele vivo. Blake tem que ser levado a julgamento, se mata-lo pode apenas comprometer a Cora e o Daniel.
── Não vale a pena, Erik. ── Cora disse, tentando fazer o possível para convencê-lo. ── Não faz isso.
── Escuta o eles estão dizendo, cabeça de metal. ── se intrometeu Stark. ── Além de dificultar a vida da Cora, você também vai piorar a sua e voltar a ficar na mira do governo. E, pelo o que eu acho, não é isso que você quer.
── Eu não me importo com isso. ── Erik respondeu, ríspido. Depois olhou para Cora e para seu filho, Daniel tinha os olhos arregalados e assustados para o pai. ── Genosha poderia proteger vocês, mante-los longe de qualquer um que ousasse ameaça-los. Eu os protegeria.
── E viveríamos o resto de nossas vidas fugindo? ── A Martin perguntou a ele. ── Escondidos, longe de nossos amigos, da nossa família. Erik não é assim que as coisas funcionam. Tudo isso começou por causa de uma fuga. Estamos nesse estado agora justamente pelo medo.
── Então o que planeja fazer? Continuar aqui e deixar que eles prendam você? Que tirem o Daniel dos seus braços novamente? ── perguntou Lehnsherr, furioso. Sua mão erguida ainda mantinha a arma no queixo de Blake, que tremia sem parar. ── Se acha que vou ficar aqui e ver isso acontecer, está redondamente enganada.
── Vou arcar com todas as consequências, Erik. Mas não vou fugir novamente. ── ela garantiu. ── Sinto muito, mas eu não vou com você. É a minha decisão.
O olhar de Erik recaiu sobre o filho, aguardando para saber o que Daniel tinha a dizer. O menino o encarou por alguns minutos.
── É a sua decisão também, Daniel? ── ele perguntou ao garoto.
── Pai, por favor. ── Daniel pediu. ── Não faz isso. Sei que você está com raiva, mas matar o Blake não muda nada do que aconteceu.
── O garoto é mais inteligente que ele ── Tony murmurou para Visão e Natasha, algo que fez com que Wanda lhe lançasse um olhar furioso, pedindo para que o homem calasse a boca.
── Mas é isso que você quer então? ── Erik continuou perguntando ao menino. ── Você quer ficar?
Daniel assentiu, com o semblante triste.
── Eu respeito a sua decisão. ── Lehnsherr murmurou, em seguida seu olhar se direcionou a Blake. ── Acho que hoje é seu dia de sorte, Benjamin. Agradeça ao meu filho por isso. Se não fosse por ele, você já estaria morto.
Puxando a arma da mão de Benjamin e a utilizando para nocautea-lo, ao acerta-lo na cabeça, Erik a descartou longe em seguida. Puxou seu capacete do meio dos escombros e o colocou. Depois disso ele começou a levitar até estar voando para longe, deixando um último olhar na direção de Cora e Daniel.
── As portas de Genosha sempre estarão abertas para você, meu filho. ── garantiu o homem, antes de ir embora. Desaparecendo a distância.
Houveram um suspiros aliviados e um silêncio recaiu por um tempo.
── Todo mundo sabe que ele tá indo embora pra não ter que pagar pensão. ── Tony cortou o silêncio com a sua fala, enquanto todos seguiam para deixar os destroços do prédio.
── Tony! ── Natasha o repreendeu.
── Que foi? Tava só brincando. ── ele disse, rindo fracamente. ── Ou não. Quem sabe, não é mesmo? Ei, Daniel. Você está mais calmo agora, certo?
── Se você continuar falando, vai acabar deixando o garoto nervoso. ── disse Romanoff para ele, tentando fazer o amigo calar a boca. ── Aí ele vai ser obrigado a destruir uma propriedade pública na sua cabeça.
── Eu não o julgaria se ele fizesse isso. ── Wanda se intrometeu.
── O que eu quero é dizer é, esse é um ótimo pra uma reunião em uma pizzaria. ── Tony explicou, ignorando os comentários da Maximoff. ── Comemos shawarma quando salvamos Nova York da primeira vez. Podemos comer pizza dessa vez.
── Fallon vai ficar com raiva por não termos convidado ela. ── Natasha respondeu, sorrindo ladino.
── Bom, ninguém mandou ela sumir junto da Barbie Asgardiana. Infelizmente, perdeu a oportunidade da comer pizza com a gente. ── Tony respondeu. ── Mas eu não vou pagar dessa vez. Essa vai pra conta do Charles.
Cora revirou os olhos, rindo fracamente. Sua mão estava entrelaçada com a de Daniel. Steve ao seu lado. Visão se encarregou a carregar o corpo desacordado de Benjamin, enquanto Natasha ajudava Tony. Vários murmuros se seguiram, algumas ordens sendo dadas e uma movimentação se seguiu. A distância, foi possível ouvir as sirenes da polícia e vários carros se aproximando.
Cora suspirou pesadamente, já imaginando tudo que deveria fazer e a dor de cabeça que teria. Porém aquilo era necessário, ela sabia que tinha que lidar com as consequências. Fazer o possível para explicar o seu lado e expor a verdade. Seria difícil, mas tinha que arcar com isso.
Percebendo a preocupação aparente nas feições da mulher, Steve entrelaçou sua mão com a dela, aquela que Daniel não estava segurando.
── Vai dar tudo certo. ── Steve garantiu, puxando a atenção da mulher para si. ── Prometo que iremos proteger vocês dois.
── Obrigada, Steve. ── ela sorriu para ele. ── Obrigada mesmo, por tudo. Você não precisava ter feito tudo o que fez, essa não era uma briga que lhe pertencia. Obrigada por tudo que fez pela gente.
── Teria feito tudo novamente. ── Steve respondeu, sorrindo ladino para ela.
Quando os veículos polícias pararam em frente a entrada, Daniel apertou a mão de Cora, um pouco preocupado.
── Mãe... ── Daniel chamou por ela, aflito. Cora se virou para ele.
── Não precisa se preocupar, Dan. ── Cora garantiu a ele. ── O pior já passou.
── Mas... E se eles tentarem fazer o que meu pai disse? ── o garoto questionou. ── E se tentarem me afastar de você ou se tentarem te machucar?
── Isso não vai acontecer.
── Como você tem tanta certeza? ── Daniel perguntou, ficando mais nervoso. Seus olhos se perdendo naqueles homens que pareciam estar se preparando para qualquer tipo de movimentação inesperada. Charles foi o primeiro a se aproximar deles.
── Daniel, olhe para mim. ── ela pediu. Mesmo um pouco relutante, o menino fez o que a mãe pediu. ── Eu não vou deixar você, nada nesse mundo seria capaz disso. Não importa como, vou garantir que você esteja seguro. Agora eu só preciso fazer o que é certo para resolver a nossa vida e para que possamos recomeçar. Não posso prometer que vou conseguir, mas posso prometer que vou fazer o possível para isso.
Cora passou a mão suavemente pelo rosto do filho, sorrindo para ele.
── Também temos ajuda dessa vez. ── seu olhar foi para Steve, um pouco a distância deles. ── Não estamos sozinhos nesse percurso. Vai ficar tudo bem, ok? Não se preocupe.
── Tá bom. ── ele assentiu.
── E saiba de uma coisa querido. ── Daniel olhou para ela com expectativa. Um sorriso cresceu nos lábios de Cora. ── Eu te amo muito.
── Também te amo, mãe. ── o garoto respondeu, abraçando Cora em seguida. Todas as suas preocupações se dissipando enquanto era envolvido pelos braços dela.
Depois disso eles caminharam juntos até os carros de polícia, Steve os acompanhou, assim como Wanda. Charles havia terminado de conversar com o policial que estava a frente do grupo. Ele ainda parecia um pouco irritado e nada contente, mas deveria ter cedido ao o que o professor havia dito.
── Devemos levá-los até a delegacia. ── o homem de farda noticiou. ── Vocês tem muito a explicar.
── Sabemos disso, senhor. ── Cora assentiu para ele. Daniel estava a sua frente e ela mantinha as duas mãos nos ombros dele. ── Vou explicar tudo, sem poupar detalhes.
── Pode garantir que seu filho vai estar sobre controle? ── ele apontou para o menino. ── Sabemos que ele tem indícios de instabilidade emocional.
── Daniel parte de uma filosofia bem simples, senhor. ── Wanda disse, o que fez com que o homem olhasse para ela. ── Não machuquem a mãe dele e ele não machuca vocês.
── Isso foi algum tipo de ameaça, senhora? ── ele perguntou, com uma sobrancelha arqueada.
── Não. Apenas um conselho. ── a Maximoff sorriu, ladino.
Sem ter muito mais a dizer, o policial bufou e pediu para Daniel e Cora seguissem com ele até a viatura. Steve garantiu que estaria lá com eles, assim como Charles disse que também ajudaria. Visão levou Benjamin Blake até um outro carro e o colocou na parte de trás. Antes de entrar no carro, a Martin deu uma última olhada naquelas pessoas que se tornaram parte da sua vida nos últimos meses.
Ao puxar Daniel para perto de si e passar as mãos carinhosamente pelos cabelos castanhos dele, ela pensou em algo que descobriu durante sua pesquisa pela base de Blake. Um último olhar para a Wanda e Cora fez uma anotação mental de conversar com a mulher depois de seu interrogatório. Ela tinha algo muito importante a dizer para a Maximoff.
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