𝟮𝟭. › TIME IS RUNNING.

( tempo está passando )

CORA E STEVE FORAM OS MAIS CUIDADOSOS O POSSÍVEL. Com o alerta de que Magneto estava na base, o foco da maioria dos Sentinelas no local recaiu sobre ele, porém alguns ainda estavam em seus postos, mantendo a segurança do resto da instalação. Mantendo a mão firme sobre a arma que carregava, a Martin seguiu a frente, guiando o caminho até o gerador de energia. Steve abriu as portas sem esforço, sendo o suficiente para deixá-los entrar na plataforma e encontrar os dois mecanismos que precisavam ser desligados.

Os dois grandes geradores ficavam ao fundo do lugar. Protegidos por grades de ferro e um cadeado que as mantinha trancadas. O zumbido dos dois funcionando perfeitamente inundavam o lugar. Não era tão alto, mas Cora podia sentir facilmente até mesmo sobre seus pés. Com aquela sala estando totalmente vazia, eles caminharam rapidamente até os geradores aproveitando a oportunidade que tinham.

── Se afastar um pouco, posso atirar no cadeado e... ── Ela não teve a oportunidade de terminar sua frase quando uma bala passou de raspão pelo seu braço. Grunhindo pela dor e pela surpresa do ato inesperado, Martin se sobressaltou.

── Você não sabe a quanto tempo eu estava afim de fazer isso, Corinha. ── disse Gabe Sullivan a alguns metros de distância dos dois. Cora levou a mão à ferida superficial, ela e Steve olhando para o homem com um olhar mortal. Sem o escudo, não havia qualquer tentativa de proteção ── Sabia que você ia trair a gente. Tudo por causa daquele pirralho.

── "Aquele pirralho" é meu filho, Gabe. ── Rosnou ela. ── Diferente de você, me importo com as pessoas que eu amo.

── Sério? Vamos partir pro sentimentalismo agora? ── Sullivan revirou os olhos. ── Sabe que isso não cola comigo. Minhas prioridades importam e eu não vou deixar você, nem esse Capitãozinho estragarem tudo.

── Claro, você sempre vem primeiro, não é mesmo? ── ironizou a Martin, frustração pura transbordando de suas palavras.

Rogers tentou dar alguns passos na direção dele, porém Gabe ergueu a arma como um sinal. Cora também utilizou sua mão para manter Steve em seu lugar, preocupada com o que Sullivan poderia fazer.

── Opa, quietinho aí, Vingador. ── disse ele em tom de deboche. ── Eu já tô afim de atirar nesse seu rostinho bonito a algum tempo, então não me teste.

── Você é um egoísta de merda. ── murmurou Cora, não ousando dar um passo. ── Acha mesmo que o Blake se importa com você? Na primeira oportunidade que tiver, ele vai te descartar.

── E acha que eu não sei disso? Eu não sou burro, Cora. ── exclamou Gabe. ── Assim como o idiota do Blake tem seus planos, eu tenho os meus. Posso pegar o lugar dele fácil, fácil. Aquele cientista pirado nem vai perceber o que o atingiu. Porém, primeiro, ── ele ergueu um dedo com a mão livre. ── tenho que me livrar de vocês dois.

── Você não precisa fazer isso. ── disse Steve. ── Podemos resolver as coisas de outra forma.

── Sabe eu nunca gostei de ter que estudar sobre você na escola. ── confessou. ── E agora eu detesto ter que te ouvir falando, me dá conta de vomitar.

── Seus insultos são tão fúteis quanto você, Gabe. ── Cora deu alguns poucos passos a frente de Steve. ── Sua vida se resume a se lamentar e sentir inveja das pessoas. Não suporta aceitar que existem outros melhores do que você, o que, sinceramente, nem é tão difícil de acontecer. Não acredito que eu ia me casar com você.

── Meio tarde pra se arrepender disso, não acha? ── questionou ele, um tanto irritado pela fala de Cora mas ainda assim com a arma erguida.

── É, que bom que não sou de cometer o mesmo erro duas vezes. ── respondeu a Martin, com uma leve inclinação de cabeça. ── Isso me lembra que, não retribui pelo o que você me fez passar naquele restaurante.

Antes que Gabe pudesse agir, Cora atirou na direção de um extintor na parede perto do Sullivan. O ar que saiu do objeto o atingiu e o fez recuar para trás alguns passos, enquanto tentava se proteger com as mãos na frente do rosto. Ele praguejou e xingou, piscando loucamente para conseguir voltar a enxergar normalmente.

── Cuida do gerador, ── Cora disse para Steve. ── eu cuido do Gabe.

── Cora... ── ele a advertiu, temendo o que o Sullivan poderia fazer porém a Martin não estava com tempo para sentimentalismo naquele momento.

── Sei o que estou fazendo. ── garantiu ela. ── Gabe é problema meu.

Não houve uma discussão após isso, Rogers sabia que o tempo deles era curto. Cora correu até Gabe e o empurrou contra a parede, desferindo um soco no rosto dele em seguida e acertando seu joelho na barriga. A arma do homem havia sido esquecida, caída em algum canto daquela sala. Ela não hesitou em momento algum, todo o ódio que sentia pelo ex-namorado estava sendo descarregado naquele momento. Pensava no incidente no restaurante, pensava nas coisas que ele havia dito para ela, pensava em Laura e em todo mal que Gabe causou apenas por ser uma pessoas extremamente amargurada.

As noites que passou em claro nas últimas semanas, o fato de que teve sua mente controlada, anti-mutantes na sua cola. A forma como tudo desandou e como ela sentiu sua vida se partir aos pedaços. Se Cora pudesse definir como a teoria do caos começou na sua vida, seria por culpa dele. Gabe Sullivan foi o principal fator para tudo desandar. Ele poderia ter seguido em frente, ter buscado um recomeço ou uma outra história. Porém não o fez. Para ele era mais fácil remoer o passado do que encontrar um novo futuro.

Enquanto os dois lutavam, Steve quebrou o cadeado e abriu as duas grades de ferro. Dois geradores extensos, com dois mecanismos simples de desligamento. Apertando os botões vermelhos, um de cada vez, Rogers os desligou. Toda a sala foi inundada pela escuridão, assim como o restante do edifício. As luzes de emergência foram acessas, luzes vermelhas banhando o ambiente. Cora e Gabe pararam de lutar para observar o que estava acontecendo, ele estando muito mais machucado que ela e praticamente deitado no chão.

── Cora, precisamos sair daqui. ── Rogers disse para ela, se encaminhando até a mulher. ── Temos 30 minutos, certo?

── Sim ── ela murmurou, tentando recuperar o fôlego e com um olhar esperançoso no rosto. ── Espero que Hank tenha conseguido entrar. Não podemos perder essa oportunidade.

── Vai dar tudo certo. ── Assegurou ele. Entrelaçando a mão com a de Cora novamente, Steve a puxou em direção a saída. ── Agora vamos.

Um rosnado de raiva foi ouvido e Gabe se ergueu, chamando a atenção dos dois.

── Vocês não vão a lugar nenhum! ── exclamou o homem, machucado e ensanguentado.

Em algum momento, enquanto havia sido esquecido, ele conseguiu alcançar sua pistola novamente e começou a atirar a esmo. Sem se importar com o que realmente estava atingindo, o que bastava era que Steve ou Cora fossem machucados. Com o capitão a puxando para perto de si e fazendo o possível para protegê-la, os dois fugiram pela porta, fechando a mesma em seguida e deixando um Gabe furioso lá dentro. Seu descontrole emocional lhe custando caro quando uma das balas ricocheteou e acertou o gerador de energia em cheio.

Observando através da pequena janela redonda de vidro na porta, Cora pode ouvir os estalos elétricos que o gerador soltou e o fogo que começou a aumentar até se tornar uma grande explosão pela sala ao entrar em contato com um cano de oxigênio. Ele consumiu todo o ambiente onde Sullivan estava e. Os dois ao lado de fora chegaram a se sobressaltar com o impacto, se recostando na parede oposta enquanto a fumaça começava a sair pela frestas. A mente da Martin girou, tentando entender o que havia acabado de acontecer. Seu ódio por Gabe era enorme, porém nunca esperou que fosse vê-lo morrer de tal forma. Sua respiração engatou e só voltou a realidade quando o rosto de Steve se sobressaiu através da fumaça. Uma mão firmemente no ombro dela, apertando apenas o suficiente para chamar atenção.

── Cora, não podemos ficar aqui. ── disse o loiro, tentando não transparecer tanta preocupação. ── Sei que isso não era o planejado, mas pode servir para alguma coisa. Só não podemos ficar aqui enquanto fogo consome tudo, esse lugar não vai durar.

── Você está certo ── ela assentiu. Seu olhar se desviando do fogo e encontrando o dele ── Precisamos ir até o Daniel.

── Isso. ── murmurou, antes que se afastassem da parede e se desatassem a correr pelo corredor que ficava cada vez mais quente graças ao fogo.

Fazendo o percurso reverso e retornando ao andar onde Benjamin Blake deveria estar fazendo seus experimento, os dois encontraram algumas dificuldades pelo caminho. Os sentinelas marchavam de um lado ao outro, desta vez totalmente voltados para o combate. Toda a base estava em alerta vermelho. Não pela queda de energia, mas sim por uma explosão eminente. Alguns prezavam pela própria vida e seguiam o plano de evacuação, outros tendiam a ser uma grande pedra no meio do caminho e garantir que Cora e Steve fossem derrubados ── ordem essa que havia vindo de cima, vindo de Blake já sabendo o que deveria ter acontecido ou imaginado algo. Felizmente nenhum Sentinela foi capaz de parar os dois e, quando os sons de explosões se tornaram mais audíveis, alguns realmente caíram em si sobre a gravidade da situação.

Dois corredores antes da área onde Erik e Daniel deveriam estar, o som de luta parecia mais alto. A preocupação transbordava nos olhos de Cora, pensando no seu filho e no que poderia estar acontecendo. Assim como também se preocupava com Lehnsherr e na possibilidade de ser tarde demais. Ela não se perdoaria se fosse. Se no final de tudo perdesse os dois. Mesmo que não amasse mais Erik como antes, ainda existia um afeto. Uma empatia pelo homem que era o pai de seu filho e que, por mais que tivesse feito escolhas erradas durante sua vida, ainda era uma boa pessoa. Alguém que havia sofrido tanto que transformou toda a dor em ódio.

Vendo uma movimentação na esquina mais a frente, Cora ergueu a arma que havia roubado de um dos agentes e se posicionou. Steve estava atrás dela e, assim como a mulher, aguardava para ver quem apareceria. Com a expectativa de que fosse um inimigo, a Martin foi pega de surpresa pela voz que falou dentro da sua cabeça.

Pode abaixar a arma, Cora. Não somos inimigos.

Respirando com certa reação de surpresa, ficou aliviada ao encontrar Charles, Karen, Natasha ── que trazia consigo o escudo do Capitão América ── e Scott. Fazendo o que o professor havia pedido, ela abaixou a arma e caminhou até eles.

── Vocês conseguiram. ── ela comentou ao se aproximar.

── Sim, graças a você ── respondeu Natasha, com um indicio de sorriso nos lábios. ── Dessa vez estamos preparados para uma luta. ── a ruiva olhou para Steve, enquanto lhe entregava o objeto que tinha em mãos. ── Louise e Sam também estão aqui, sempre preparados pra ajudar.

── Isso é ótimo. ── disse o loiro, posicionando o escudo no braço. ── Onde estão o resto do pessoal?

── Contendo alguns sentinelas do lado de fora, em outros andares e aqui perto ── Summers respondeu. ── Tá tudo se tornando uma grande bagunça. Nunca pensei que veria Vingadores e os X-Men lutando juntos.

── E não podemos ficar aqui por muito mais tempo. ── disse Cora. ── Esse prédio vai desabar. Todos os andares inferiores já foram consumidos pelo fogo, é questão de tempo até chegar ao resto e acabar nos prendendo aqui dentro.

── A explosão nos alertou sobre isso. ── afirmou Karen. ── Vamos evacuar o local. Charles pode falar com eles e avisar que está na hora de sair.

── E o Daniel? Precisamos busca-lo.

── Wanda e Tony ficaram encarregados disso. ── foi a vez do professor responder, nesse instante parecendo mais sério. ── Eles vão tira-los de lá. Agora precisamos sair desse lugar.

── O que? Você quer que eu saia e deixe meu filho aqui? ── ela riu com escárnio. ── Preciso saber se ele está bem.

── Cora, estamos resolvendo isso. ── assegurou Karen, tentando convence-la. ── Você não tem poderes, ou qualquer proteção necessária para uma batalha. Vai ficar vulnerável aqui.

── Eu não me importo. ── exclamou a mulher. ── Só quero saber do meu filho e, nesse momento, sinto que vocês estão escondendo algo de mim.

Houve alguns entreolhares entre os quatro a frente dela. Steve franziu a testa, Cora começou a ficar mais preocupada.

── O que houve? ── questionou a Martin. ── O que vocês sabem que eu não sei?

── Cora... ── advertiu Xavier. ── Precisa nos ouvir. Sabemos o que estamos fazendo, é melhor assim.

── Charles, vou te ouvir quando me disser a verdade. Pare de construir barreiras entre elas e me diga: o que realmente está acontecendo? ── perguntou para ele, séria.

Suspirando pesadamente, o professor sabia que não havia para onde fugir. Com o cheiro de fumaça ficando mais forte e parte da instalação desmoronando, seu tempo estava passando rápido. Ele sabia o quanto a Martin era persistente. Ela não mudaria de ideia fácil.

── A situação saiu do controle. ── Xavier começou a explicar. ── O Daniel... Algo aconteceu com ele, Cora.

── Xavier, ── disse ela com a respiração engatada. ── o que aconteceu com o meu filho?

── Agora não é o momento para fazer suspense, professor. ── advertiu Steve, quando o silêncio do homem se tornou opressor. Rogers também se sentia tenso pelas palavras do homem.

── Daniel perdeu o controle dos poderes novamente. ── respondeu Charles, diretamente. ── Como da última vez, porém pior. Não conseguimos entrar naquela sala e, quando os agentes de Blake tentaram, eles morreram. Não sabemos se há mais alguém vivo naquela sala, Cora. Wanda, Visão e Tony entraram e não saíram.

── Até o momento em que os Sentinelas entraram, tínhamos as câmeras e conseguimos ver o que aconteceu. ── explicou Natasha, que também não concordava em deixar seus amigos para trás porém não sabia mais o que poderia fazer. ── Mas agora elas estão destruídas e não sabemos mais nada do que acontece lá dentro. É arriscado demais entrar.

── Jean talvez consiga, mas não sabemos o quão longe o Dan está indo. ── Scott respondeu. ── Pode ser arriscado pra ela também.

── Por isso precisamos sair daqui e esperar lá fora. ── repetiu o professor. ── Esperar que tudo se resolva.

── Esperar até que todo esse prédio desabe e todo mundo morra? ── perguntou Steve. ── Wanda, Tony, Visão, Daniel, Erik... Eles estão lá dentro e talvez nunca saíam sem a nossa ajuda.

── Você sequer chegou a ouvir o que dissemos? ── Karen questionou.

O prédio começou a tremer antes que uma discussão se iniciasse. Deixando todos em alertas e observando em volta, alguns passos foram dados.

── Merda, nosso tempo já acabou. ── disse Romanoff. ── Temos que sair daqui agora.

Todos assentiram e caminharam em direção a saída. Quando mais um tremor percorreu o lugar, uma rachadura se formou no teto. Cora ficou para trás ao levantar os olhos e observar o lugar se deformar. Sentindo a falta da mulher ao seu lado, Steve olhou para trás.

── Vocês não vão arriscar, eu entendo. ── Cora disse, a expressão distante. Todos olharam para ela. ── Não é responsabilidade de nenhum de vocês. ── dando alguns passos para trás, continuou a falar. ── Nem dos Vingadores, nem dos X-Men. É minha. Eu coloquei todos vocês nisso e sinto muito por isso.

── Não, não. ── Rogers balançou a cabeça, compreendendo o que ela estava fazendo. Ele deu alguns passos a frente e a Martin alguns para trás, se afastando dele com um olhar de desculpas. ── Cora!

Antes que o Capitão pudesse correr atrás dela, a passagem foi bloqueada graças ao andar de cima que havia despencado. Ninguém havia sido capaz de reagir antes e apenas observavam o entulho que foi formado a frente deles. Steve praguejou e murmurou, irritado por não ter conseguido impedi-la. Uma sensação de impotência se apoderando de seu corpo, enquanto pensava na possibilidade de perder todas as pessoas que amava.

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