𝟮𝟬. › LET'S SAVE THEM.
( vamos salva-los )
AS PALAVRAS DE STEVE ROGERS AINDA ECOAVAM EM SUA MENTE. Cora fazia o possível para continuar seguindo, mas ainda pensava em quanto tudo parecia confuso. Sabia que precisava de respostas, precisava entender o que estava acontecendo e, quanto antes fizesse isso, mais rápido poderia agir. Algo em seus instintos a alertava, a guiava para perseguir o caminho certo antes que fosse tarde demais.
Passos rápidos e focados pelos corredores, todos os agentes sentinelas de Blake marchavam pelos corredores. Gabe e Davenport estavam mais à frente, focados no que seria a segunda parte do plano e divagando sobre algo que Martin não conseguia entender e muito menos acompanhar. Aproveitando aquela oportunidade onde não estava sobre os olhos de nenhum dos dois, Cora pegou o caminho contrário que os dois homens. A chave de segurança que conseguiu roubar de Davenport alguns minutos antes estava presa ao seu punho fechado.
Tentando caminhar o mais calmamente, subiu alguns andares até a sala do chefe. Com Benjamin estava focado em seu mais novo experimento, aquele parecia ser o momento certo para entrar na sua sala principal. Cora conseguiu passar por todos os agentes quase despercebida, o que faltava era aquele que estava parado em frente a porta da sala de Blake. Com a designação de vigiar o local, o homem que era alguns centímetros mais alto do que ela, parecia uma estátua posicionado de maneira defensiva, porém nem tanto alerta. Respirando profundamente antes de caminhar na direção do homem, tentou agir de maneira casual, sem passar qualquer sinal do que iria fazer em seguida.
Quando avistou Cora pela visão periférica, ele endireitou a postura e observou se aproximar. Tentando forçar uma carranca e soar sério, foi o primeiro a dizer algo.
── Você não deveria estar aqui. ── disse o homem, de forma ríspida. ── Todos os agentes foram designados para os andares inferiores. Volte lá para baixo agora.
── Então você também não deveria estar aqui, não acha? ── ela tentou brincar. Pelo olhar que ele lhe lançou, não havia funcionado. ── O chefe me pediu para buscar algo na sala dele. Não precisa ficar preocupado, eu vou ser rápida.
Ela deu alguns passos na direção da porta, mas foi impedida de continuar quando o agente estendeu o braço na sua frente, bloqueando sua passagem.
── Não me passaram nada disso. ── resmungou ele, levando a mão ao aparelho de comunicação perto do ombro e preso ao seu uniforme ── Vou entrar em contato com o chefe para saber a veracidade desta informação.
── Isso não é necessário. Como eu disse, vou ser rápida. Na verdade, preciso ser rapida. ── Cora se corrigiu, seus nervos estavam ficando à flor da pele. ── O senhor Blake vai ficar muito irritado se eu não comprir com o que ele pediu.
── Vou comunicar o chefe. ── ele respondeu, impassível.
Antes que ele pudesse apertar o comunicar, Cora o acertou com um chute na barriga que o fez se curvar. Em seguida, seu cotovelo encontrou as costas do homem que se desequilibrou e caiu no chão. Para que ele fosse nocauteado de vez, desferiu um soco no rosto do agente que o fez desmaiar.
── Juro que eu estava tentando ser legal, ── disse ela para o homem desacordado. Aproveitou para massagear os nós dos dedos ── mas você tinha que dificultar as coisas.
Abrindo a porta com a chave de segurança, Cora puxou o corpo do agente para dentro do cômodo e o soltou em um canto qualquer para poder fechar o lugar em seguida. A sala estava silenciosa e fria, todos os aparelhos eletrônicos desligados. Também não era o local mais organizado, o que combinava bem com o jeito paranóico de Benjamin Blake.
Indo para trás da mesa de Blake, as gavetas estavam empanturradas de arquivos. Algumas estavam trancadas, outras fechadas de qualquer forma. Cora aproveitou para ligar o computador, mas a necessidade de ter uma senha logo se fez presente e ela decidiu focar em ler os papéis que tinha à mão. Vasculhando algumas pastas, lendo alguns arquivos por cima e encontrando respostas inesperadas, se deparou com alguns papéis falando sobre os mutantes que Benjamin estava "vendendo" para um grupo desconhecido e que era controlado por uma mulher chamada Lorna Hendrix. Além disso, havia o nome Alyssa Blake em alguns deles e Cora sabia que conhecia aquela mulher de cabelos loiros de algum lugar do passado.
Sua memória a guiou a sua época no FBI, a sua perseguição a uma assassina procurada. Lembrando que já esteve frente a frente com aquela mulher no passado, mas seu nome não era esse. Alyssa Blake deveria ser seu nome verdadeiro e ela conseguiu enganar muitos polícias estando disfarçada. Benjamin e Alyssa tinham uma ligação e, pelo o que contava em seus papéis, o homem também entregou a prima nas mãos daquele grupo. Algum trabalho não identificado que ela fazia para eles em Nova York.
Continuando sua busca, Cora tentou ir mais a fundo. Retirando os grampos que usava para prender o cabelo em um coque, ela começou a destrancar as gavetas trancadas e retirar de lá os arquivos mais confidenciais. Sentindo a pressa crescendo em seu interior, abriu mais pastas amarelas e tentou ler o máximo possível. Tentando receber o máximo de conhecimento possível.
Foi pega de surpresa lendo os arquivos dos últimos meses, o que Benjamin descrevia sobre ela e sobre Daniel. Sua busca incansável por Erik Lehnsherr, por destruí-lo e controlar os mutantes. Descobriu sobre a ligação que ele tinha com Pietro e Wanda Maximoff. Sobre sua arma que é capaz de acabar com Magneto, através de Dan. Benjamin descrevia cada processo, cada teste, cada etapa de seu jogo sinistro e pecaminoso. Uma mente corrompida pela necessidade de vencer uma ameaça fantasmagórica em sua cabeça. Ele estava tão perdido naquilo que nada mais importava.
Ela pensou em Steve, pensou no seu filho. Pensou em Laura, nos seus amigos. Em tudo que percorreu até ali. Não importava quantas pessoas morressem, quantos se machucariam no caminho, Benjamin não se importava com nada. E enquanto engolia cada uma daquelas palavras com uma sensação amarga crescendo no seu interior, enquanto ingeria cada uma delas com fervor.
Cora se lembrou de tudo.
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Steve se mexeu desconfortável. As amarras capazes de conte-lo arrastando pela pele de seu pulso, fazendo uma fricção desagradável. Algo estava acontecendo do lado de fora daquela sala e tudo que ele queria fazer era sair dali e descobrir o que estava acontecendo. Sua mente foi para Cora e Daniel, a preocupação se estalando pelo seu corpo mais uma vez. Rogers tentou, falhamento, quebrar as correntes novamente, porém nada aconteceu. Frustrado e ainda mais irritado, ele tentou analisar o seu redor, em busca de qualquer coisa que pudesse ajudá-lo a sair dali.
Antes que Steve pudesse ir muito além, a porta da sala se abriu. Houve um momento de espectativa, esperava que fosse a Martin novamente. Tudo o que ele precisava era vê-la. Mas, para o seu descontentamento, a pessoa que apareceu era Jane Kimura. A jovem lhe lançou um sorriso malicioso e o capitão já esperava que ela estivesse ali para mexer em sua mente novamente.
── Capitão América, bom saber que continua no mesmo lugar em que foi deixado. ── comentou Jane, fechando a porta atrás de si e dando alguns passos na direção do homem de cabelos loiros.
── Espero que não por muito mais tempo. ── Steve respondeu.
── Oh, não precisa se preocupar. ── zombou ela. ── Quando eu acabar com você, sairá daqui como um novo homem. Igual a sua namorada, Cora. Uma nova mente, um novo Steve Rogers. Do lado certo desta vez.
── Acho que temos perspectivas diferentes sobre o lado certo, jovem. ── disse ele, tentando não deixar transparecer o incomodo a menção do nome de Cora. ── Sabe que Blake só está usando você, certo?
── Todo mundo faz isso, Capitão. ── ela deu de ombros. ── Todo mundo usa todo mundo para seus próprios objetivos. Quer você goste ou não, é assim que funciona.
── Essa é uma forma meio sombria da se pensar.
── Essa é a verdade, Capitão Rogers. Deve ter passado muito tempo no gelo pra entender, mas posso te ajudar com isso. ── mais alguns passos mais perto, Jane estava quase tocando a testa de Steve, que tentava se esquivar. ── Não vai doer nada. Apenas relaxe e a aproveita a viagem pelas suas novas memórias.
Ele fechou os olhos em antecipação, aguardando o momento, porém nunca veio. O som de alguém sendo eletrocutado foi ouvido e Steve abriu os olhos a tempo de ver Jane caindo no chão, desmaiada. Ao levantar seu olhar, encontrou com o de Cora que segurava uma arma de choque nas mãos e tinha outra arma no coldre da perna, assim como uma daquelas coleiras capazes de anular poderes mutantes.
── Ela é muito melhor quando está desacordada. ── comentou a Martin, abaixando a mão e depois caminhando até Rogers. ── Você está bem?
── É, acho que sim. ── respondeu ele, um pouco incerto e confuso, enquanto observava Cora prender a coleira no pescoço da garota desacordada e retirar o corpo dela do caminho. ── É realmente você?
── Quer saber se sou realmente a Cora ou se ainda estou sobre controle mental? ── a mulher questionou, no que o capitão assentiu. Ela respirou fundo, caminhando para trás do homem para poder destravar as correntes. ── Me sinto estranha, mas sei que sou eu mesma novamente. Então, pode relaxar... Eu não vou tentar te matar.
── Isso me deixa muito aliviado, se quer saber. ── Steve comentou, se pondo de pé e massageando os pulsos. Depois, ele se virou para ela. Seus olhos se encontrando e ele também se sentia estranho sobre isso.
Steve sabia que não foi Cora. Tudo que ela fez antes como enganar ele e prende-lo aqui, tudo isso foi obra de Jane e Benjamin, porém ele não podia evitar gravitar em direção aquela sensação estranha onde poderia ser traído de novo. E se tudo não passasse de uma emboscada? Uma tentativa louca de Blake de manipula-lo, de levá-lo bem para onde ele quer? Tudo naquele lugar era distorcido para Rogers. Já não tinha mais certeza em quem poderia confiar.
Cora parecia sentir a hesitação dele, a forma como Steve não tentou se aproximar dela ou como suas feições deixavam claro suas dúvidas. Ela não o julgava por isso, estaria da mesma forma se estivesse no lugar dele. Era difícil de compreender tudo o que estava acontecendo nos últimos dias, tudo saiu do controle muito rápido. Infelizmente, eles não tinham muito tempo e isso era o que mais doía. Daniel e Erik precisavam de sua ajuda, e ela precisava de Steve para continuar.
── Me desculpe pelo o que aconteceu na base dos Vingadores ── ela começou a dizer. ── Eu não queria enganar você...
── Eu sei que não. ── confirmou Steve.
── Sei que você não deve confiar tanto em mim agora, mas acredite em mim quando digo que não tenho mais nada a ver com o Blake. ── continuou. ── Daniel está em perigo e eu preciso salva-lo. Nós precisamos.
Ele assentiu.
── Vamos fazer isso. ── ela sorriu para ele. Em seguida, Steve a puxou para um abraço. Seu corpo relaxando por ter a mulher novamente em seus braços. ── Como você se lembrou de tudo?
── Você meio que ajudou. Nossa conversa, ela não saía da minha cabeça. ── eles se afastaram. ── Fui atrás de respostas e descobri tanta coisa, Steve.
── Sabe onde Daniel está?
── Consegui entrar nas câmeras em uma outra sala, eles estão nesse andar. ── respondeu ela. ── Erik também está preso com ele, Blake vai matar os dois com aquela máquina dele. Precisamos fazer algo agora.
── E o que seria? ── questionou o capitão. ── Não podemos simplesmente entrar lá. Blake deve estar cheio de homens armados naquela sala.
── E ele está. ── Cora afirmou. ── Mas consegui a planta do prédio, sei onde fica o gerador de energia. Podemos destruí-lo e acabar com a energia do prédio. Vamos ter uns 30 minutos até que entre no gerador reserva que fica a algumas plataformas abaixo, mas acho que vai ser tempo o suficiente.
── Tempo o suficiente para quê?
── Para a ajuda chegar. ── respondeu a mulher.
── Ajuda? ── questionou Rogers, com atesta franzida.
── Sim, ajuda. Benjamin Blake não é o único que tem os mutantes ao seu lado. ── ela sorriu. ── McCoy já sabe onde estamos a algum tempo, com todos os sistemas abaixados ele vai conseguir entrar aqui sem esforços. E os Vingadores também. Só precisamos resgatar o professor antes disso e tudo está feito.
── Sabe que esse plano tem muita possibilidade de dar errado, certo? ── o loiro perguntou, enquanto eles se aproximavam da porta.
── Eu sei, mas é tudo que temos agora. ── ela respondeu, olhando para ele. ── Faço de tudo pelo Dan. Não importa o que seja, o quão difícil vai ser. Preciso tentar.
Eles se entreolharam e um sorriso simples cresceu aos poucos nos lábios de Steve. Qualquer dúvida que tinha sobre Cora se dissipou ao olhar nos olhos dela e ver o quão verdadeira ela estava sendo.
── Vamos fazer isso. ── disse entrelaçando seus dedos e a fazendo sorrir também. ── Vamos salva-los.
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