𝟭𝟳. › THE SENTINELS.
( os sentinelas )
ERA NÍTIDO QUE DANIEL NÃO ESTAVA CONTENTE POR estar em Genosha, mas tentava fazer o seu melhor para que isso não afetasse o humor de seu pai. Ele queria convence-lo a deixa-lo ir, porque sentia que sua mãe estava em perigo. Queria fazer algo antes que fosse tarde demais e, mesmo que Erik estivesse com raiva dela, sabia que o homem ainda sentia amor por Cora. Lá no fundo, bem lá no fundo. Daniel tinha certeza que Lehnsherr se importava.
Mesmo que não gostasse de transparecer esse sentimento.
Ao longo do tempo que se passava, ele se perguntava como poderia sair daquela ilha. Tinha algumas canoas nas praia, talvez, durante a noite, ele pudesse sair escondido da casa que dividia com Erik e utilizar uma delas para chegar... A algum lugar. Não, não dava para fazer nada, se não soubesse onde e o quão longe de New York estava.
Afinal, ele tinha 10 anos, como poderia fugir? Ainda mais de alguém como Erik Lehnsherr. Sua única opção era tentar convencer o mesmo de ajudá-lo, o que estava completamente fora do cogitação, já que seu pai era bastante cabeça dura ── E Daniel esperava não ficar assim quando fosse mais velho.
Sentado em um balanço, que estava preso em uma árvore, o garoto observava os grandes campos de Genosha. Os mutantes que utilizavam seus poderes para ajudar nas plantações e conversavam entre si durante o trabalho. Não havia muitas crianças de sua idade pelo local. As únicas duas que Daniel havia encontrado ficaram um pouco intimidadas pelo fato do menino ser filho do seu líder. Então, desde que chegou aquele lugar, estava se sentindo completamente sozinho.
Nada o agradava. E tudo só piorava quando Erik tentava ajudar. Ele queria que todos os outros fizessem tudo por Daniel, que o respeitassem como se ele fosse um príncipe e o menino simplesmente detestava isso. Lehnsherr também não era bom com palavras, as vezes se tornava ríspido de mais e insensível quando o assunto era Cora ou Charles. Mantinha bastante rancor dentro de si, isso era um fato. Mas Dan não deixava de pensar que Erik estava se esforçando para fazer o seu melhor e, depois de tudo que ele havia passado, o homem finalmente tinha um filho seu e que estava disposto a tudo para manter seguro.
Não o perderia dá mesmo forma que perdeu Anya. Daniel seria tudo o que ele não conseguiu ser e até mesmo melhor. E, para isso, Erik não poderia baixar a guarda, não poderia ser tão descuidado como fora das outras vezes. Precisava fazer o que fosse possível, mesmo que isso significasse ter o ódio de Dan como resposta.
Perto do cair da tarde, o sol iria se por em algumas horas, quando Erik finalmente decidiu se aproximar do filho. Flutuando por cima das plantações até ficar ao lado de Daniel, Lehnsherr se manteve em silêncio por um tempo, apenas sentindo o vendo fresco que os atingia o rosto. Quando se sentiu pronto para dizer algo, o garoto foi mais rápido.
── Você acha que ela está viva? ── perguntou, sem tirar os olhos de algum ponto distante. Erik sabia muito bem a quem ele se referia. ── Seja sincero.
── Cora sempre foi... Dura na queda. A mulher mais forte que eu conheci ── Lehnsherr começou a dizer, olhando para Daniel. ── Não acho que ela esteja morta.
── Mas você queria que estivesse.
Erik ficou em silêncio. Queria poder dizer que sim, queria poder dizer que sempre desejou que Cora estivesse morta. Mas, por mais incrível que pareça, se sentiu ofendido pela fala do menino. Obviamente sentia raiva dela por ter ido embora, mas também ficava feliz por ela ter ido.
Erik Lehnsherr sempre soube que era uma bagunça e não queria que isso afetasse Cora. Então, todo esse tempo, apenas tentou desejar que ela estivesse bem. Queria que ela estivesse sã e salvo.
E agora não era diferente.
Mas, novamente, dizer algo do tipo a Daniel parecia demonstrar fraqueza, então Erik tentou parecer impassível. Mesmo que não se sentisse dessa forma naquela instante.
── Eu nunca seria capaz de desejar algo do tipo a ela.
── Mas parece que sim! ── esbravejou o garoto, se pondo de pé. ── Se não queria, porque não sabíamos dessa ilha no meio do nada e vamos salva-la?!
── Já te expliquei o porque...
── É, algo sobre me afastar dela, governar o mundo e me utilizar como um dos seus brinquedos.
── Você não é um brinquedo, não é descartável. É meu filho. ── tentou se aproximar um pouco de Daniel. ── E eu só quero o que é o melhor para você, dá mesma forma que quero o melhor para os mutantes. Não devemos viver nas sombras, não somos monstros, muito menos bichos que devem ser enjaulados, esculachados ou utilizados como marionetes do governo.
── Somos mais do que isso ── ele continuou a dizer ── e eu posso fazer algo para que o resto do mundo entenda isso, mas preciso de você ao meu lado. Preciso que entenda que perder algumas pessoas, as vezes, é necessário para que possamos fazer algo maior. Eles se curvaram aos nossos pés quando isso tudo acabar.
── Eu nunca me curvaria a você! ── exclamou Daniel ── e sei que o resto mundo também não.
── Isso não será uma escolha para eles. ── a voz de Lehnsherr saiu mais firme e séria ── Foram capazes de se curvar perante um deus de outro mundo, porque não podem se curvar perante aos deuses dos deles?!
── Não somos deuses pai. Não é assim que se muda o mundo pra melhor, é assim que piora tudo. ── Dan abaixou a cabeça um pouco. ── Sinceramente, eu não seria capaz de apoiar um tirano.
A pessoa que disse que palavras machucam, não estava mentindo. Erik sentiu o peso da decepção que compunham as palavras de seu filho e realmente se sentiu culpado. Queria poder dizer algo, responder o garota a altura, mas nada que pensou parecia certo. 10 anos e ele já parecia ser mais correto do que Lehnsherr jamais foi.
Não podia negar que estava orgulhoso. Cora o havia criado bem. Melhor do que ele teria feito ── e isso era um fato, mesmo que não gostasse de admitir. Erik não disse nada por um tempo e isso deixou Daniel um pouco decepcionado. Esperava que o pai respondesse, que tivesse coragem para assumir que estava errado. Mas ele era Erik Lehnsherr e não cedia tão facilmente.
Então, foi exatamente quando o menino pensou em dizer algo que o tremor ocorreu. O som alto de um helicóptero se aproximando e o vento forte que as hélices traziam, fizeram com que pai e filho olhassem ao mesmo tempo. O grande helicóptero preto que pousava nos solos férteis de Genosha não era reconhecido por Lehnsherr. O mesmo tinha um emblema nas laterais, escrito "Sentinelas".
── São eles. Como nos acharam? ── Daniel perguntou a Erik.
── Eu não sei. ── disse o homem, sério. Depois olhou para o outro lado, chamando um dos mutantes com a cabeça ── Leve ele daqui. ── pediu, se referindo ao garoto.
── O que?... ── perguntou Dan.
── Vá com a Selene, ela irá te deixar em um lugar seguro enquanto eu resolvo isso. ── disse, enquanto segurava os ombros do filho ── Depois, daremos um jeito de salvar sua mãe. ── deu um curto sorriso, porém sincero. Daniel assentiu.
Enquanto o menino se afastava junto de Selene, Erik manteve seu foco no helicóptero pousado, que agora estava aberto e mostrava os alguns agentes saindo. Enquanto ele caminhava na direção do mesmo, alguns outros Mutantes de seu grupo ficavam mais próximos e preparados para qualquer tipo de ameaça eminente.
A última pessoa a sair do helicóptero fez Erik gelar por um tempo. Seus olhos se arregalaram quando a mulher de cabelos castanhos escuros, que ele conhecia tão bem, saiu do veículo aéreo segurando uma arma grande e vestindo um uniforme de agente da Organização Anti-Mutantes. Erik suspirou pesadamente, quando Cora Martin retirou os óculos escuros e lhe deu um sorriso prepotente.
── Erik Lehnsherr. Você tem algo que nos pertence. ── ela disse ── Mas especificamente a mim.
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Steve sentiu sua cabeça doer, assim como seus olhos que custavam a se acostumar com a claridade do local em que estava. Tentou se mexer, levar pelo menos a mão aos olhos, mas falhou miseravelmente graças ao fato de estar preso a uma cadeira com correntes.
Ele tentou se movimentar. Se balançava para tentar se soltar a todo o custo. Talvez pudesse até quebrar aquela cadeira, mas nada que tentava dava certo. Eram apenas várias e várias tentativas falhas, que não o faziam se mexer nem um mísero centímetro sequer. Se sentiu tão fraco e impotente, pior do que estava antes.
── Capitão Rogers, por favor não tente quebrar minhas correntes ── uma voz disse, em meio aquela imensidão branca. O loiro pode ouvir o som de passos se aproximando ── Elas custaram caro e foram feitas especialmente para suportar alguém como você.
O homem finalmente havia se sobreposto a luz e ficará mais fácil de Steve ver o seu rosto. Ele não era muito alto, vestia um janelo branco e tinha cabelos escuros. Utilizavam um óculos de grau e sorria para ela largamente.
── Ah, você deve estar se perguntando quem eu sou. Me chamo Benjamin Blake. Sou o atual líder do Sentinelas. ── disse ── É um prazer finalmente conhecê-lo pessoalmente.
── Então é você quem está por trás de tudo isso. Como pode ir a um nível da baixo, apenas para machucar pessoas inocentes?
── Ambições, Capitão, grandes ambições. ── ele deu alguns poucos passos pela sala. ── E infelizmente, tudo acabava incluindo Daniel e Cora Martin. Um infortúnio, eu sei. Mas era necessário.
── E felizmente, não penso da mesma forma que você.
── Uma pena, porque agora a sua querida Cora Martin pensa.
── Do que você está falando? ── Steve franziu a testa, sem compreender ── O que você fez com a Cora?! ── cerrou os dentes.
── Nada demais, meu saudoso Capitão. ── sorriu abertamente, com as mãos nas costas. ── Apenas fiz o que era necessário e agora tenho uma nova agente ao meu lado. Cora Martin trabalha para mim e ela mesma trará o filho dela até aqui.
── Ela nunca seria capaz de fazer algo desse tipo.
── Não a Cora que você conheceu, mas a minha Agente Martin sim.
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── Cora? ── Erik perguntou, ainda sem entender o que estava acontecendo ── O que você está fazendo?
── Vim buscar o menino, Erik. ── ela disse, ríspida. ── O meu filho, que você tirou de mim.
── Eu nunca... ── ela travou por um minuto, tentando assimilar o que estava acontecendo ── Você o entregou a mim, Cora. Pediu para que eu o protegesse.
── Você não me engana mais, Magneto. Devolva o meu filho e eu prometo não acabar com você e suas aberrações agora mesmo.
── Veja como fala... ── um dos mutantes ao lado de Erik disse, cerrando os punhos.
── Eles fizeram algum tipo de lavagem cerebral em você. Precisa me escutar...
── Você tem 5 segundos para nos entregar Daniel Martin, Magneto ── ela disse, sem ligar para o que ele queria dizer ── Se não, além do seu circo de aberrações, seu amigo Charles também sofrerá as consequências. ── um dos agentes Sentinelas mostrou a imagem de Xavier preso em uma sala, no tablet que ele tinha em mãos.
E isso foi o suficiente para clarear a mente de Erik um pouco. A única pessoa que sabia a localização de Genosha, além das pessoas que moravam em Genosha, era Charles. Os agentes deveriam tê-lo sequestrado e o obrigado a dizer.
Não, o obrigado não, pensou Erik, mexido com a mente dele da mesma forma que fizeram com a Martin.
Lehnsherr fechou os punhos, cravando as unhas nas palmas, os cerrando fortemente, enquanto tentava pensar em uma solução. Se fosse necessário, lutaria contra eles sem pensar duas vezes. Mesmo que isso arriscasse a vida de Xavier, ele não estava disposto a ceder facilmente.
── E eu irei avisar apenas uma vez ── esbravejou Erik ── Saíam de Genosha agora, se não sofreram a minha irá! Não iram levar ninguém daqui, terão que passar por cima de mim para chegar até o garoto!
── Terão que passar por cima de todos nós! ── alguém do meio de Lehnsherr gritou e todos os outros assentiram, apoiando seu líder.
Cora sorriu, deixando a cabeça pender levemente para o lado.
── Como quiserem, docinhos. ── ela disse e fez um sinal com a mão ── Acabem com eles.
Os disparos de tiro começaram, pegando alguns mutantes de surpresa. Vários foram pegos de surpresa e não conseguiram de proteger na fora. Foram acertados, caindo no chão na hora. Erik utilizou seus poderes para parar algumas balas e fazer com que as mesmas voltassem na mesma direção que haviam vindo, acertando o máximo de soldados que ele conseguiu mirar.
Os mutantes ao seu lado seguiram a frente, tentando chegar perto dos agentes. Eles usavam seus poderes como defesa e ataque, derrubando alguns no chão. Cora desviou de todas as investidas de Erik e revidou tentando acertá-lo. As longas plantações de Genosha, agora se transformavam em uma zona de Guerra.
O som dos gritos, dos tiros e do ferro do helicóptero se arrastando enquanto Magneto o puxava e derrubava vários soldados no chão. A hélice do mesmo passou perto da cabeça da Martin, que se abaixou antes que fosse decapitada. Já o agente ao lado dela não teve tanta sorte. Sangue corpo do homem jorrou para toda a parte, manchado o solo e a própria hélice que havia causado a sua morte.
Cora se levantou do chão e fez um chamado no rádio preso em seu ombro. Em poucos minutos um segundo helicóptero se aproximava e dele alguns outros soldados desciam por cordas. Mas, diferentes dos outros, eles não tinham armas em suas mãos. Pôs eles mesmos eram armas. Os mutantes utilizados em pesquisas para os Sentinelas, os jovens aprimorados e cobaias de laboratório que haviam traído seu próprio povo.
Erik tentou derrubar o helicóptero que eles usavam para descer, mas fracassou no instante em que algo lhe atingiu fortemente, fazendo com que voasse para longe. Uma árvore foi lançada contra ele por um dos mutantes do grupo de Cora e havia caído de forma que lhe prendia no chão. Lehnsherr tentou levanta-la com as mãos, mas não tinha forças para isso.
── Erik! ── ele ouviu a voz de Selene lhe gritando e seu olhar se direcionou para casa grande onde Daniel deveria estar escondido. A Mutante era arrastada por dois dos agentes e seu filho também.
── Me solta! ── Daniel gritou, porém se assustou quando foi posto frente a frente com a sua mãe ── Mãe?
── Oi, garoto ── ela sorriu, ironicamente. ── Vim buscar você. Vamos para um lugar melhor que esse.
── O quê? Por quê você está com essas pessoas? O que está acontecendo mãe? Eu tô com medo.
── Fica tranquilo, pirralho. ── ela bagunçou o cabelo dele ── Nada de ruim irá acontecer com você. Estamos do lado certo agora. Você não vai ser mais uma aberração, conheço alguém que vai te ajudar com esses poderes e você vai ser normal novamente.
── Por que você tá falando desse jeito? ── o menino parou abruptamente ── Você não é a minha mãe. Ela nunca seria capaz de dizer algo do tipo.
── Eu apenas abri meus olhos querido, e você também deveria ── ela olhou para o agente que segurava Daniel pelo braço ── Coloque a coleira nele e bela também.
Mesmo tentando resistir e utilizar seus poderes, Daniel não conseguiu. Os soldados colocaram as coleiras que inibiam os poderes dos mutantes e os arrastaram até o helicóptero novo que havia pousado. Erik gritou de raiva, estendendo a mão na direção do veículo aéreo tentando mexe-lo.
Houve um tremor momentâneo, mas que caiu por terra na hora que Erik levou um tiro no pescoço. Como estava focado em um único ponto, não percebeu o momento em que um agente atirou um dardo nele, que o fez sentir uma grande ardência. Por fim Lehnsherr perdeu a noção de seus poderes e do que estava fazendo.
── Espere um pouco, Erik ── Cora gritou para ele ── Vamos voltar por você depois.
A visão dele ficou turva e por fim tudo escureceu. O helicóptero se afastou aos poucos, levando consigo Daniel e aquela nova e detestável Cora Martin. Deixando para trás apenas um rastro de sangue por Genosha e sensação inebriante de que ele havia falhado com seu próprio filho.
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