PROLOGUE.
( feito pela ícone barbieenox )
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OLHANDO PARA O RELÓGIO PELA DÉCIMA VEZ, CORA SUSPIROU e repousou as mãos na mesa. A mente pensativa, os ombros rígidos. Ela sabia que Gabe se atrasaria, mas não achou que seria tanto.
Ela olhou para o filho do outro lado da mesa. Daniel parecia muito interessado no vidro das portas do restaurante, em nenhum momento desviou o olhar delas. Cora parou para pensar no que dizer para o filho, mas nada construtivo lhe veio a mente. Ela já havia dado todas as desculpas possíveis para os atrasos de Gabe. Nos últimos meses, a única coisa ele sabia fazer era se atrasar.
─ Já sabe o que vai querer de aniversário? ─ Cora perguntou, tentando puxar assunto com Daniel que já estava mais do que entediado.
─ Acho que vou querer um blusa do Capitão América ─ ele respondeu, agora olhando para a mãe.
─ Outra? ─ ele assentiu ─ Não acha que já não tem muitas blusas do Capitão? Poderíamos comprar uma do Thor, não?
─ Eu gosto do Thor ─ Daniel ficou um pouco pensativo ─ Mas ainda prefiro o Capitão ─ Cora sorriu, se dando por vencida. Ela sabia que não tinha discussão nesse assunto.
Ela estava prestes a entrar no assunto Gabe, quando o mesmo chegou. Um pouco ofegante e sem graça, o homem se sentou a mesa pedindo desculpas e dando um sorriso amarelo para os dois.
─ Tive um problema no trânsito ─ foi a desculpa dele.
Daniel apenas lançava um olhar desinteressado para o padrasto, enquanto Cora pedia aos céus para ele não começar com as piadinhas sem graça. Ela deu um curto sorriso para o noivo e, o analisando um pouco, acabou notando algo.
Uma marca de batom. Uma simples e bem visível marca de batom, na gola da camiseta de Gabe. Cora suspirou, desviou o olhar do homem e tentou se controlar. Como uma boa agente do FBI, ela repassou tudo o que iria fazer. Não se exaltar seria a primeira coisa de sua listinha mental.
Quando o almoço terminasse, ela acabaria tudo com ele. Pediria para ele sumir da vida dela e não falar mais com Daniel. Nada de escândalo, seria apenas mais um término normal. Ela já passou por tantos, esse não seria diferente.
Daniel se levantou, enquanto a mãe viajava em pensamentos e o - quase - padrasto, olhava para o cardápio, meio abobado.
─ Mãe ─ ele chamou a atenção de Cora ─ Vou ao banheiro ─ Daniel apontou na direção do banheiro. Cora assentiu.
─ Tudo bem ─ ela disse, tentando parecer calma porém Daniel sabia que tinha algo errado ─ Só volte logo para poder fazer seu pedido ─ Daniel assentiu e se retirou logo em seguida, deixando Gabe e Cora na mesa.
Cora observou o filho entrando no banheiro, ainda pensativa e um pouco ansiosa. Batucou os dedos na mesa, da forma que sempre fazia quando estava nervosa. Seria difícil dizer para Daniel que ela e Gabe terminaram mas difícil ainda colocar Gabe contra a parede. Ela não estava preparada para isso, nunca terminou com alguém por causa de traição. Não sabia como agir. Ajudar amigos que passaram por casos de traição, era totalmente diferente de lidar com a traição.
Observando Gabe pelo canto dos olhos, ela percebeu o quão calmo ele estava. Parecia tranquilo e muito seguro de si, como se não estivesse escondendo nada. Isso a deixou mais impaciente ainda. Ele levantou os olhos, olhando para ela.
─ O que foi? ─ ele perguntou, sem entender o porque de Cora o observar daquela forma. Ela sentiu vontade de revirar os olhos.
─ Nada ─ respondeu, bebendo um pouco de água logo em seguida.
─ Você está estranha ─ Gabe colocou o cardápio em cima da mesa, ainda aberto ─ Tem certeza que não está acontecendo nada?
─ Me diga você ─ Cora colocou o copo em cima da mesa e olhou para Gabe, séria. Ele estava confuso, não sabia ao o que ela estava se referindo.
Cora pensou em parar ali. Pensou em não colocar mais lenha na fogueira e deixar Gabe sem entender nada, com cara de paisagem. Porém, ela não podia, ela sentia uma necessidade enorme de falar algo, sabia que não iria aguentar até mais tarde.
─ Gostei da cor ─ Cora desviou o olhar de Gabe, com os cotovelos em cima da mesa e o queixo apoiado nas mãos que estavam unidas ─ Vermelho combina com a sua cara de pau.
─ Do que você está falando, Cora?─ Gabe parou um pouco para assimilar tudo, ficou sem entender até perceber a marca de batom na gola da camiseta. Foi naquele momento que a ficha caiu para ele.─ Eu posso explicar ─ Cora soltou uma risada sarcástica.
─ Pode mesmo?─ ela ficou séria logo em seguida. Gabe engoliu o seco e desviou o olhar algumas vezes, era evidente que ele não sabia como se explicar.
Cora suspirou pesadamente e se levantou da mesa, pegando sua bolsa. Gabe entrou em estado de desesperou ao ver sua noiva fazendo isso, ele também se levantou.
─ Aonde você vai? ─ ele perguntou, Cora ajeitou a bolsa nos ombros.
─ Eu e meu filho iremos embora. Não temos mais nada para fazer aqui com você ─ Cora se virou na direção do banheiro onde Daniel havia entrado, quando Gabe segurou em seu braço.
─ Cora, por favor, não faz isso ─ ele disse, tentando não deixar o nervosismo transparecer ─ Eu não fiz isso porque eu quis. Você sabe, eu gosto muito de você, nunca seria capaz de te trair por vontade própria.
─ Vai me dizer que ela te obrigou, é isso? ─ Cora perguntou, incrédula. Gabe engoliu o seco ─ Eu não sou burra, Gabe.
─ Eu prometo que nunca mais vou fazer isso, Cora ─ Gabe implorou ─ Só me dá mais uma chance. Eu gosto de você, gosto do Daniel e ele também gosta de mim, vamos ser uma família em alguns meses! Não jogue o que temos fora, amor.
─ Não quero alguém que 'goste de mim', quero alguém que me ame. Se for por gostar, tenho o total direito de ficar com todo mundo então ─ Cora se manteve calma e direta, enquanto falava com Gabe ─ Siga sua vida, Gabe. Mas siga sua vida sabendo que, não fui eu que joguei tudo fora, foi você amor. ─ Cora se soltou de Gabe e andou alguns poucos passos em direção ao banheiro masculino.
Não demorou muito para um Gabe furioso ir atrás dela, depois de ter digerido tudo o que ela disse. Ele puxou Cora pelo braço, com uma certa brutalidade que assustou a mulher.
─ Vai mesmo fazer essa drama todo por causa de uma traiçãozinha? ─ as palavras dele saíram altas e atraíram a atenção de algumas pessoas ─ Isso é ridículo, Cora!
─ Me solta, Gabe ─ Cora tentou não se alterar, ela estava com um pouco de medo do que ele poderia querer fazer.
─ Isso é muito infantil, Cora! Muito! ─ ele começou a falar mais alto ainda ─ Você não está pensando no seu filho, ele precisa de uma influencia paterna, ele precisa de mim. Enquanto você só pensa em si mesma, porra!
─ O meu filho nunca precisou de você e muito menos de homem nenhum ─ Ela disse enquanto tentava se soltar do aperto de Gabe ─ E o único que está sendo infantil aqui é você, Gabriel. Me solta, agora! ─ Gabe segurou o outro braço de Cora e a sacudiu.
─ Você não entende, não é?! Você não vai achar ninguém melhor do que eu, Cora.─ Gabe a sacudiu mais, de uma forma violenta e que a assustava ─ Me diz, quantos homens você já arrumou?! Quantos ficaram por tanto tempo como eu, Cora?! Quantos?! Ninguém fica por causa desse muleque, ninguém quer uma mulher com bagagem! Você deu sorte que eu te quero, Cora.
─ Mãe? ─ Cora e Gabe olharam para o lado na hora, os dois viram Daniel. O garoto estava assustado e preocupado. ─ O que está acontecendo?
Cora se soltou de Gabe e limpou algumas lágrimas que caíram, ajeitou a bolsa nos ombros e se agachou ficando na altura do filho. Sua única preocupação era ele agora.
─ Está tudo bem, querido ─ ela disse para ele, tentando parecer calma ─ Não está acontecendo nada demais.
─ Já chega, Cora. Vamos embora, vamos terminar de conversar na minha casa ─ Gabe disse, ríspido e nervoso. Cora levantou e olhou para ele, ela pois Daniel para trás, como se estivesse o protegendo.
─ Senhora, está tudo bem?─ o garçom perguntou ao se aproximar.
─ Está tudo bem sim, idiota! Agora sai daqui. ─ Gabe respondeu por Cora.
─ Senhor, tenho que abaixe um pouco o seu tom de voz ─ Gabe impediu que o garçom continuasse a falar e começou a falar mais alto do que antes, xingou o homem que não tinha nada haver com a história e as pessoas que estavam a volta deles, como se eles também tivessem culpa.
Cora não sabia mais o que fazer, muito menos como acalmar Gabe. Daniel continuava assustado, escondido atrás da mãe.
Quando parou de gritar com as pessoas em volta e os seguranças pediram para ele se retirar, Gabe se virou para Cora e segurou o braço dela novamente. Ele a puxou com mais força do que das outras vezes. Daniel se agarrou ao outro braço da mãe.
─ Vamos embora Cora, agora! ─ ele a puxou enquanto tentava andar em direção a saída.
─ Não! ─ ela gritou e tentou se soltar.
─ Solta a minha mãe! ─ Daniel gritou para Gabe.
─ Não se mete, moleque. ─ Gabe disse ─ Isso é coisa de adulto!
─ Gabe, me solta. Eu não vou sair daqui com você ─ Cora respondeu.─ Me solta, você está me machucando!
─ Larga a minha mãe, agora! ─ Daniel gritou, se colocando entre a mãe o padrasto furioso.
─ Já disse para você não se meter, pirralho! ─ Gabe empurrou Daniel que acabou caindo sentado no chão.
─ Para com isso, Gabe. Ele é apenas uma criança! ─ Cora gritou para Gabe, que ainda segurava o braço dela.
─ Eu to cansado disso, to cansado! Eu vou te ensinar boas maneiras ─ e dizendo isso, levantou a mão livre logo em seguida, ele estava pronto para bater em Cora.
O que aconteceu em seguida, foi algo muito rápido. As pessoas que estavam em volta não tiveram tempo de assimilar nada, apenas puderam sentir a fúria de uma criança de 9 anos.
Várias coisas do restaurante começaram a flutuar e a colidir umas com as outras, com uma fúria incrível e incontrolável. Não havia um alvo certo, porque tudo havia se tornado um alvo. As pessoas, as paredes, os vidros. Nada ficou de fora.
Daniel estava de pé, suas mãos fechadas em um punho enquanto ele olhava diretamente para Gabe. As pessoas em volta se jogaram no chão, assim como Cora e Gabriel e os seguranças que estavam em volta. Não tinha lugar fugir e muito menos se esconder, todos só conseguiam gritar assustados enquanto tentavam se proteger.
Cora olhava o filho, assustada. Ela não sabia como para-lo e tinha um certo medo de se aproximar. Ele parecia ter entrado em um transe da raiva e ela só tinha visto uma pessoa ficar assim em toda a sua vida, uma pessoa que ela lutou tanto para esquecer. Todo aquele poder, toda aquela fúria, Cora sabia que aquilo a perseguia mas não esperava que isso fosse cair sobre o seu filho.
Os objetos que voavam, acertavam várias pessoas e estavam começando a causar estragos muito grandes a estrutura do restaurante. Se Daniel não tivesse parado naquele momento, todo mundo seria soterrado pelo restaurante. Quando perceberam que o menino parou, várias pessoas saíram correndo em direção a saída.
Gabe chorava no chão, quando Cora se levantou. Com uma certa dificuldade, ela andou até o filho que ficou assustado com todo o estrago.
─ Querido... ─ Cora o chamou, andando com cautela até Daniel.
─ Mamãe, e-eu não... eu n-não quis...─ Dan olhou para todos os lados, nervoso e assustado.
─ Está tudo bem, filho. Está tudo bem ─ Cora envolveu Daniel em um abraço apertado, ele escondeu seu rosto na curva do pescoço da mãe e chorou baixo. Cora acariciou as costas do menino, tentando acalma-lo.
Ela o pegou no colo e olhou em volta, Gabe ainda estava no chão, algumas outras pessoas que estavam gravemente feridas, também ficaram no chão.
Olhando todo aquele desastre, a mulher percebeu a gravidade de seus problemas. Lidar com as coisas que se seguiriam, não seria fácil. Cora tinha certeza disso. Daniel era um mutante, não tinha como negar. A sociedade não via os mutantes com bons olhos e ninguém compreenderia o que havia acabado de acontecer naquele lugar. Sua única escolha era usar a saída de emergência.
Fugir.
── NOTES.
001. ── ₊˚✧ Optei por não mudar o prólogo pôs percebi que gosto bastante de como ele está. Alguns caps não devem ser muito reescrito, porém parte do enredo pode ser mudada.
002. ── ₊˚✧ Não se esqueçam de votar e comentar o que acharam. O feedback de vocês é muito importante pra mim e para o desenvolvimento da história.
LOVE, ORIE.
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