(𝟬𝟯) ♡⃕ the academy

capitulo três: a academia.

Sam subiu as escadas correndo, o coração disparado, enquanto Dean, a contragosto, ficava do lado de fora, pronto para agir se algo desse errado. Ele sabia que Sam era melhor com esse tipo de coisa—delicado, paciente—enquanto ele mesmo tendia a ser mais direto e explosivo. Mas isso não significava que ele gostava de ficar de fora.

Quando Sam abriu a porta do quarto, encontrou Blake exatamente como vira lá de baixo: de pé no parapeito da janela, os pés descalços contra o frio do concreto, o roupão preto balançando com o vento que entrava pela abertura. Sua silhueta era pálida contra o céu nublado, a tempestade ainda enfraquecida, mas presente.

Ela parecia totalmente desconexa. Seu olhar vagava pelo horizonte sem realmente enxergar nada, e sua respiração era superficial, como se estivesse presa em algum lugar muito distante dali.

— Blake... — Sam chamou suavemente, fechando a porta atrás de si. Seus passos foram lentos, medidos. Qualquer movimento brusco e ele poderia assustá-la—ou pior.

Ela piscou algumas vezes, como se sua mente tentasse processar a voz dele, mas não se virou.

— Eles nunca vão me deixar ir — murmurou, a voz baixa, quase carregada pelo vento.

Sam sentiu um arrepio subir por sua espinha.

— Quem? Quem não vai te deixar ir?

Blake franziu a testa levemente, mas não respondeu. Em vez disso, inclinou o corpo um pouco mais para frente, e Sam sentiu o estômago revirar.

— Blake, escuta... você não precisa fazer isso. — Ele deu mais um passo à frente, cuidadosamente. — Seja lá o que você está sentindo agora, seja lá o que fizeram com você, tem um jeito de consertar. Você não está sozinha.

Blake continuava desconexa, como se a voz de Sam fosse apenas um ruído distante, incapaz de atravessar a névoa que a envolvia. Seus olhos vagavam, a chuva fraca pingando nos fios ruivos desalinhados.

— Blake, por favor... — Sam insistiu, sua voz mais urgente agora.

Ela não respondeu. Em vez disso, seu corpo vacilou levemente para frente, um passo pequeno, mas o suficiente para fazer o coração de Sam saltar à garganta.

— Droga — ele sussurrou, avançando mais um passo. Ele estava perto, mas não perto o suficiente. — Blake, me escuta. Você precisa descer daí. Agora.

Nada. Nenhuma reação. Apenas aquele olhar vazio, aquela presença etérea, como se sua mente estivesse em outro lugar, longe demais para ele alcançar.

Sam sentiu a adrenalina queimando em suas veias. Ele não podia esperar mais. Num movimento rápido, ele avançou e agarrou Blake pela cintura, puxando-a com força para trás.

— Não! — Ela gritou, despertando da apatia no momento em que foi arrancada da beira da janela.

Os dois caíram no chão do quarto, Sam amortecendo o impacto enquanto segurava Blake firmemente contra si. Ela se debateu, ofegante, os olhos arregalados, como se estivesse voltando à realidade de repente.

— O quê... o que você fez? — A voz dela saiu trêmula, misto de choque e confusão.

— Eu te salvei, porra! — Sam rosnou, o coração ainda martelando no peito. Ele não a soltou de imediato, mantendo os braços ao redor dela, como se temesse que ela sumisse no instante seguinte.

Blake piscou algumas vezes, o peito subindo e descendo rapidamente. Sua mente ainda parecia embaçada, mas algo em sua expressão mudou. Como se, pela primeira vez em muito tempo, ela estivesse verdadeiramente presente.

Blake se afastou rapidamente, as mãos tremendo ao puxar o roupão mais firme contra o corpo. Seu olhar oscilava entre confusão e irritação, como se estivesse tentando processar tudo ao mesmo tempo.

— Eu estava bem — disse ela, a voz tensa, mas trêmula. — Não precisava da sua ajuda.

Sam soltou uma risada seca, incrédula.

— Ah, claro — ele debochou, passando a mão pelo rosto, ainda tentando controlar a adrenalina. — Porque ficar em pé no parapeito de uma janela prestes a despencar é exatamente o que pessoas "bem" fazem.

Ela franziu a testa, cruzando os braços.

— Eu não ia pular.

— Ah, não? — Sam ergueu uma sobrancelha, ainda com o tom sarcástico. — Então o que você estava fazendo? Pegando um pouco de ar fresco?

Blake desviou o olhar, apertando os lábios, mas não respondeu.

Sam suspirou, esfregando as têmporas.

— Olha, você pode fingir que estava tudo sob controle, mas eu vi o seu rosto, Blake. Eu vi o que estava acontecendo.

Ela mordeu o lábio, desconfortável, como se quisesse dizer algo, mas desistisse antes mesmo de tentar. O silêncio entre os dois foi cortado pelo som de passos apressados no corredor e, no segundo seguinte, Dean abriu a porta com força, os olhos arregalados.

— Ela está bem? — Ele perguntou, varrendo o quarto com o olhar até pousar em Blake.

— Está ótima — Sam respondeu secamente, ainda fitando Blake com intensidade. — Afinal, ela "não precisava de ajuda".

Dean apoiou a mão no batente da porta, ainda recuperando o fôlego da correria. Seu olhar avaliou Blake de cima a baixo, e então ele bufou, cruzando os braços.

— Certo, moça. — disse ele, com aquele tom meio debochado que sempre usava quando queria disfarçar preocupação. — Já que o Sammy aqui acabou de impedir você de virar panqueca no asfalto, acho que o mínimo que pode fazer é nos compensar... contando a verdade sobre essa sua academia esquisita.

Blake, ainda um pouco ofegante, engoliu em seco e desviou o olhar.

— Eu não posso.

— Ah, pode sim — Dean rebateu, dando um passo à frente. — Mas não quer. O que estão escondendo lá dentro? Quem tá no controle de vocês?

Blake apertou o roupão contra o corpo, como se quisesse se proteger.

— Eu não posso — repetiu, e sua voz soou diferente dessa vez. 

Sam, que até então apenas observava a troca, estreitou os olhos.

— O que acontece se você contar?

Blake hesitou, e por um breve instante, Sam viu algo em seus olhos. Medo.

— Eu não posso — foi tudo que ela disse, agora um sussurro.

Dean e Sam trocaram olhares. Ela não estava apenas escondendo algo — ela estava apavorada.

Sam deu um passo à frente, a expressão suavizando enquanto ele olhava para Blake. Seu tom agora era mais baixo, mais gentil, sem vestígios do sarcasmo de antes.

— Blake... seja lá o que estiver acontecendo nessa academia, a gente pode ajudar. Você não precisa carregar isso sozinha.

Ela manteve os braços cruzados, como se estivesse tentando se encolher dentro de si mesma.

— Vocês não entendem... — murmurou, sem encará-los.

— Então faz a gente entender — insistiu ele, dando mais um passo. Sua voz era baixa, persuasiva. — Você acha que é a única que já passou por algo assim? Eu e o Dean lidamos com esse tipo de coisa o tempo todo. Nós caçamos essas coisas, impedimos que continuem machucando pessoas.

Blake apertou os olhos por um segundo, respirando fundo, como se lutasse contra alguma coisa dentro dela.

— Não tem como impedir — sussurrou.

— Tem, sim — Sam rebateu, se inclinando levemente, tentando alcançá-la naquele abismo de resignação. — Se tem alguma coisa controlando vocês lá dentro, a gente pode acabar com isso. Podemos impedir que outras garotas passem pelo mesmo inferno que você.

Blake finalmente levantou os olhos para ele. E ali, por um instante, Sam viu o que já suspeitava. Cansaço. Medo. Uma sombra de esperança que ela tentava enterrar.

— Eu... — ela começou, mas sua voz falhou.

Sam esperou, paciente.

Dean, no entanto, suspirou impaciente e jogou as mãos para o alto.

— Certo, foi um belo discurso, Sammy, mas se ela não quiser ajudar, não podemos obrigá-la.

Blake olhou para os dois, claramente dividida entre o medo e algo que parecia um anseio por acreditar neles. Mas a resposta ainda não vinha. Ela ainda não conseguia dizer "sim".

Blake soltou um suspiro pesado e passou a mão pelo rosto, parecendo ainda mais exausta do que antes.

— Olha... eu preciso me trocar. Podem me dar um minuto?

Sam hesitou por um segundo, mas assentiu.

— Claro.

Dean lançou um último olhar desconfiado antes de dar de ombros.

— Sem pular da janela de novo, tá bom, bailarina?

Blake não respondeu, apenas cruzou os braços e esperou até que os dois saíssem.

Do lado de fora, Dean recostou-se na parede, impaciente.

— Ela tá escondendo algo grande — murmurou.

Sam cruzou os braços, ainda processando tudo.

— Eu sei. Mas ela tá com medo.

Antes que pudessem continuar, a porta se abriu e Blake saiu, agora vestindo calça jeans e uma blusa de mangas compridas. Os cabelos ainda estavam um pouco úmidos, mas caíam soltos sobre os ombros.

— Obrigada por... tudo isso — disse ela, hesitante. — Mas eu preciso ir. Vou pegar um táxi.

Dean bufou imediatamente.

— Ah, claro, ótima ideia. Porque nada grita segurança como pegar um táxi sozinha depois de quase pular de uma janela.

Sam suspirou, tentando ser mais diplomático.

— Blake, não acha que seria melhor a gente te levar? Pelo menos até termos certeza de que você tá segura?

Ela forçou um sorriso, mas havia algo tenso nele.

— Eu fico bem sozinha. Sempre fiquei.

Os irmãos trocaram olhares. Nenhum deles gostou da resposta.

Blake se virou e saiu antes que qualquer um deles pudesse protestar mais. Sam e Dean a observaram desaparecer na rua, sem deixá-los tempo para insistir.

— Isso foi uma péssima ideia — murmurou Dean, cruzando os braços.

Sam não respondeu, apenas soltou um suspiro pesado antes de seguir com o irmão até a recepção para pagar a hospedagem. Minutos depois, já estavam no Impala, sentados lado a lado, prontos para pegar a estrada novamente.

Sam passou a mão pelos bolsos, apenas por hábito, mas franziu a testa quando sentiu algo estranho na jaqueta. Ele puxou um pequeno pedaço de papel dobrado.

— O que é isso? — perguntou Dean, percebendo o movimento.

Sam abriu o bilhete e estreitou os olhos ao ver uma sequência de números e letras rabiscadas.

— Parece um endereço...

Dean ergueu uma sobrancelha.

— Espera aí... Como diabos ela colocou isso no seu bolso sem você perceber?

Sam não tinha resposta para isso. Mas uma coisa era certa: Blake Moreau ainda não tinha saído de suas vidas.

A lua cheia mal iluminava o céu encoberto por nuvens pesadas quando o Impala parou a uma curta distância do casarão. A construção era imponente, com traços de um luxo antigo, agora carcomido pelo abandono. Janelas imensas estavam cobertas de poeira e cortinas pesadas. A estrutura exalava um ar de decadência e mistério, como se fosse um retrato de algo grandioso que havia caído em ruínas.

Dean desligou o motor e analisou o lugar com um olhar experiente.

— Bom, pelo menos ela tem bom gosto pra escolher locais assustadores — murmurou.

Sam permaneceu calado, encarando o casarão com uma expressão concentrada. Ele ainda não sabia se aquilo era um aviso ou uma armadilha, mas, de qualquer forma, não estavam ali para hesitar.

Os dois desceram do carro e abriram o porta-malas, pegando armas, facas e frascos de água benta. Sal, ferro, lâminas enfiadas nos cintos. Eles estavam preparados para qualquer coisa—ou pelo menos gostavam de pensar que sim.

— Certo — Dean murmurou, testando a lanterna antes de seguir em direção à porta principal. — Vamos descobrir o que diabos essa bailarina misteriosa quer de nós.

Sam respirou fundo e seguiu o irmão, cada passo ecoando na calçada de pedras gastas. O ar ali parecia mais frio, mais pesado, como se o próprio casarão estivesse respirando à espera deles.

Eles estavam prontos para qualquer coisa. Pelo menos, era o que esperavam.

A porta do casarão rangeu alto quando Dean a empurrou, revelando um interior muito diferente do que eles esperavam. Em vez de um espaço decadente e empoeirado, o hall principal era impecável. O mármore escuro brilhava sob a fraca iluminação dos lustres antigos, e um cheiro sutil de incenso pairava no ar.

Sam franziu a testa, analisando as colunas altas e os espelhos ornamentados nas paredes. Não havia sinais de abandono ali.

— Isso não parece nada com um lugar deserto — murmurou ele, os olhos varrendo o ambiente.

Dean segurava sua arma com firmeza, pronto para qualquer surpresa.

— Isso é pior do que um casarão assombrado. É uma maldita armadilha bem decorada.

Eles avançaram cautelosamente, os passos ecoando no piso impecável. O silêncio era inquietante, mas não por falta de vida. Havia algo ali, algo que observava, escondido nas sombras daquele luxo impecável.

No fundo do hall, uma grande porta dupla se destacava, ligeiramente entreaberta. Sam trocou um olhar rápido com Dean antes de empurrá-la.

A visão que os aguardava fez o estômago dos dois revirar.

O salão era enorme, e no centro dele, um palco elevado com um espelho gigante ao fundo. Em frente a ele, fileiras de barras de madeira para exercícios de balé. O chão era feito de madeira polida, perfeito para giros e saltos.

Aquela não era apenas uma academia.

Era a academia.

A mesma da qual Blake Moreau fazia parte.

— Filha da puta... — Dean sussurrou.

Sam engoliu em seco, absorvendo o peso da descoberta.

Eles não haviam sido guiados para um esconderijo ou um covil de criaturas. Eles estavam dentro do próprio coração do problema.

De repente, uma leve brisa percorreu o ambiente, seguida pelo som de passos rápidos. Quando Sam e Dean se viraram, três meninas estavam posicionadas atrás deles, surgindo das sombras com uma calma perturbadora. Elas usavam pijamas curtos, seus rostos pálidos e vazios de emoção. O olhar de Dean, mais instintivo que cuidadoso, caiu sobre elas, e ele não pôde deixar de assoviar, num sorriso descompromissado.

— Essa não era a recepção que eu esperava, mas não vou reclamar. —  Dean começou, já abrindo um sorriso travesso.

Mas, à medida que ele falava, um calafrio percorreu sua espinha. Algo não estava certo. A suavidade de seu sorriso desapareceu, e ele parou de falar, percebendo o que estava errado.

Os olhos das meninas não refletiam nada humano. Eram opacos, negros, e a energia no ar parecia mudar de temperatura, tornando-se mais densa e gelada.

Sam imediatamente entrou em alerta, observando o movimento delas. Não era normal. Não era... natural.

— Dean... — Sam sussurrou, apontando discretamente para os olhos das meninas.

Dean cerrou os olhos, seu instinto de caçador tomando conta.

— Merda... — Ele murmurou, já sacando a arma, a diversão desaparecendo de seu rosto.

Uma das meninas deu um passo à frente, seu corpo movendo-se de maneira exageradamente rígida, como se estivesse sendo controlada por uma força externa. O ar ao redor delas parecia vibrar com uma presença maléfica.

Sam e Dean trocaram um olhar rápido, o instinto de caçador disparado, e ambos se prepararam para o que vinha a seguir.

— Demonios. — Sam murmurou, os dedos já firmes sobre o sal e os outros ingredientes para o exorcismo, prontos para agir.

Dean sacou a faca de arcanjo, mantendo o olhar fixo nas meninas possessas, sem dar um passo atrás. Ele sabia que precisava manter a calma.

— Não é só uma possessão normal. Algo muito pior está acontecendo aqui. — Dean comentou em voz baixa, a tensão no ar se tornando palpável.

A menina que estava mais próxima deles deu um sorriso perturbador, a voz profunda e gélida, mas não a dela, tomou o lugar.

— Não podem... escapar...

Antes que ela pudesse avançar, Sam começou a entoar as palavras do exorcismo, a voz firme e imperturbável, cada palavra marcada pela força de séculos de rituais. Ele sabia que o exorcismo não seria fácil, mas não havia escolha.

— In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti... — Sam falou, com um tom grave e ritualístico.

A possessão reagiu com um grito de dor, as meninas estremeceram, como se o próprio corpo delas estivesse resistindo à força do exorcismo. O ar ficou mais pesado, o ambiente parecia se distorcer em torno deles.

Dean, sem hesitar, avançou com a faca em mãos, pronto para cortar qualquer tentativa de interrupção. Mas seu olhar não se afastava das meninas possuídas, cientes de que a verdadeira luta estava apenas começando.

— Não vai ser tão fácil, né? — Dean murmurou, os olhos brilhando com determinação.

A possessão da menina mais próxima deles gritou, a voz distorcida e cheia de ódio.

— Não... podem... nos derrotar...

Mas Sam não parou. Continuou com o exorcismo, com mais força agora, a pressão da entidade se tornando quase insuportável. O ar parecia tenso, os ventos começando a soprar forte dentro da casa. A possessão estava lutando, mas Sam e Dean sabiam que, com um pouco mais de tempo, poderiam tirá-las daquela influência maligna.

— Tu immundissime spiritus... — Sam gritou, as palavras reverberando com um poder crescente.

A possessão estremeceu, as meninas caindo no chão, gritando de dor, os olhos se revirando, como se algo estivesse tentando se soltar de dentro delas.

Dean não vacilou, cortando o ar com a lâmina da faca, preparado para atacar qualquer coisa que tentasse impedir o exorcismo.

Com um grito final, um som de ruptura, a possessão foi forçada a ceder. As meninas caíram no chão, exaustas e inertes. Sam recuou, ofegante, o suor escorrendo por seu rosto. Ele sabia que tinham conseguido, mas o perigo ainda não havia passado.

— Que merda... — Dean disse, olhando ao redor, percebendo que as coisas não estavam tão simples quanto pareciam.

Sam olhou em volta, analisando o ambiente. O peso da presença maligna ainda pairava no ar, e ele sabia que aquilo não era algo simples.

— É melhor a gente sair daqui e voltar mais preparados. Não temos nem ideia de que tipo de demônios estamos enfrentando. — Sam disse, sua voz firme, tentando transmitir urgência.

Dean revirou os olhos, visivelmente irritado com a sugestão.

— Ah, para, Sammy. Você sempre pensa que precisa de mais equipamentos. Já estamos aqui, então vamos resolver isso agora. — Dean respondeu, a confiança transparecendo em sua voz, apesar da tensão no ar.

Sam deu um passo à frente, parecendo quase cansado dessa conversa, mas ele não podia simplesmente ignorar a situação.

— Não adianta a gente ficar aqui sem saber o que estamos enfrentando. Se a possessão foi difícil, imagina o que mais podemos encontrar aqui. — Sam retrucou, seu tom mais sério agora.

Dean permaneceu em silêncio por um momento, a expressão no rosto indecifrável. Ele sabia que, no fundo, Sam tinha razão, mas não queria sair dali sem mais informações. Mas, ao final, ele concordou com um suspiro.

— Tá bom, vamos sair. — Dean disse, guardando a faca com um movimento rápido e decidido.

Sam deu uma última olhada ao redor, sentindo o peso daquilo que tinham encontrado. A sensação de que havia algo ainda mais sombrio e sinistro ali não desapareceu. Ele sabia que não podiam deixar a situação continuar sem saber o que realmente estavam enfrentando.

Os dois saíram, as portas rangendo à medida que se fechavam atrás deles, e a escuridão da casa pareceu os engolir. A tempestade lá fora parecia ter diminuído um pouco, mas a sensação de iminente perigo ainda os acompanhava.

Dean seguiu logo atrás, olhando para o grande casarão uma última vez. O lugar estava imponente, mas ao mesmo tempo, exalava um mal indescritível. Eles não tinham escolha a não ser estar mais preparados na próxima vez que se enfrentassem àquilo.

O sol mal começava a aparecer no horizonte quando os irmãos Winchester chegaram na casa de Bobby, a manhã estava fria e o céu ainda nublado, com nuvens escuras. Eles haviam passado a noite revisando tudo que tinham descoberto sobre a academia e, com a ajuda de Bobby, estavam agora cercados por pilhas de livros e anotações.

Sam estava absorto em um dos grimórios, folheando as páginas com agilidade, enquanto Dean mexia distraído em um dos livros de histórias sobrenaturais. Bobby, por sua vez, estava com os óculos empoleirados na ponta do nariz, estudando um velho livro que, aparentemente, tinha as respostas que eles estavam procurando. O silêncio pairava no ar, a tensão de não saber o que exatamente estavam enfrentando ainda os envolvia.

Finalmente, Bobby levantou a cabeça, um brilho de compreensão em seus olhos.

— Eu encontrei. — Ele falou com a voz grave, fazendo os dois irmãos pararem o que estavam fazendo e se concentrar nele.

Sam olhou para Bobby, quase não conseguindo esconder a ansiedade.

— O que é, Bobby? — Ele perguntou, sua voz carregada de pressa.

Bobby respirou fundo, fechando o livro diante de si antes de falar, como se estivesse ponderando cuidadosamente suas palavras.

— A academia... Não é o que parece. Não é um lugar de balé, como vocês pensam. — Ele começou, a expressão séria. — Foi construída em cima de algo muito mais antigo, um ponto de energia sombria. Algo que, de alguma forma, solta demônios, ou ao menos permite que eles entrem neste plano. Esse lugar foi feito para alimentar a essência de criaturas do além, e as meninas que lá entram... — Bobby hesitou por um momento, olhando para os dois irmãos. — Elas não são apenas bailarinas, elas são usadas como receptáculos.

Dean franziu a testa, claramente chocado.

— Receptáculos? — Ele repetiu, sua voz carregada de ceticismo. — Então, aquelas garotas... elas estão... sendo possuídas?

Bobby assentiu, o peso da informação pairando no ambiente.

— Não é apenas possessão, Dean. Elas são... marcadas. Usadas para rituais. Esses demônios entram nelas, tomam controle de seus corpos, e podem usá-las para diversos fins. Alguns deles podem ser apenas intermediários, fazendo o trabalho de entidades mais poderosas, outros... — Bobby fez uma pausa, parecendo pesar as palavras com cuidado. — Outros simplesmente as usam como carne de canhão, se é que me entendem.

Sam estava com os olhos fixos no chão, o semblante sombrio. Ele não gostava do que ouvia, mas entendia a gravidade da situação.

— E Blake? — Sam perguntou, a voz mais suave, como se temesse a resposta. — Ela... Ela foi uma dessas meninas?

Bobby suspirou profundamente, sentindo o peso de tudo o que estava acontecendo.

— Sim. Blake, assim como as outras, foi recrutada para esse lugar quando ainda era uma criança, e foi usada para muitos desses rituais. Ela não sabe de tudo, mas o que eles fazem com elas... é terrível. — Bobby explicou, e seu tom de voz indicava que ele já havia enfrentado coisas semelhantes antes, mas nada com tanto desespero. — Agora, ela é o que chamamos de "receptáculo perdido", uma menina que já foi marcada, mas que ainda tem o controle do próprio corpo.

Dean, ainda em choque, coçou a cabeça.

— Então, toda essa... "academia" é na verdade uma fachada para algo ainda mais sujo. Usar essas garotas como... ferramentas para demônios.

Bobby assentiu.

— Exato. E a coisa mais perigosa é que, por mais que essas garotas não tenham consciência de tudo o que acontece, uma vez que estão lá, já são parte do que mantém o mal em movimento. Elas são manipuladas, controladas e, muitas vezes, nem sabem.

Sam ficou em silêncio, tentando processar tudo o que Bobby acabara de dizer. Ele olhou para Dean, que parecia mais pensativo do que nunca. Eles haviam encontrado algo muito maior do que poderiam imaginar, algo que não só ameaçava Blake, mas todas as meninas que passavam por aquela academia. A vida delas havia sido roubada, mas a questão era: o que eles poderiam fazer para detê-los?

— E agora? — Sam perguntou, quebrando o silêncio. — O que a gente faz?

Bobby fechou o livro, o olhar firme.

— Agora, precisamos entrar naquela academia e terminar o que começamos. Temos que destruir o que mantém essa energia presa, e libertar essas garotas de uma vez por todas.

Oie, como estão? Espero que bem! 

Estou feliz de estar conseguindo seguir com o planejamento da fanfic e atualizar todos os domingos.

Estão gostando até aqui? Espero um feedback :) Não esqueçam de votar!

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