(𝟬𝟭) ♡⃕ ballerina

capitulo um: bailarina

Dezoito anos se passaram e Sam e Dean ainda carregavam uma força quase palpável, mesmo diante das sombras que os cercavam.

O tempo como caçadores os moldou de formas irrevogáveis, talhando em suas almas uma resistência endurecida pela perda, pelo sangue e pela constante luta contra o inominável. Já não se impressionavam facilmente; monstros, maldições e abominações tornaram-se tão rotineiros quanto respirar.

Entre batalhas e cicatrizes, a vida adquirira um ritmo implacável, mas, em seus raros momentos de folga, ambos buscavam as mesmas recompensas mundanas: uma garota bonita com quem passar a noite e uma cerveja gelada para lavar as amarguras.

Era uma indulgência simples, mas, ao mesmo tempo, merecida. Afinal, após enfrentar fantasmas vingativos, demônios sedentos por almas e criaturas que desafiam a própria lógica, um vislumbre de normalidade - ainda que fugaz - parecia quase um luxo.

Não era escapismo. Era sobrevivência. Uma forma de equilibrar o peso de suas existências em um mundo onde heróis não recebiam medalhas, apenas mais feridas para cicatrizar.

Mas hoje não era um dia de folga. Era apenas mais um dia de trabalho para os irmãos Winchester, investigando outro caso repleto de bizarrices. Desta vez, a trilha dos assassinatos estranhos levava a uma única pessoa: uma jovem mulher. Pesquisando mais a fundo, descobriram que ela era uma bailarina de uma renomada academia de balé, cujo nome figurava em círculos exclusivos e elitistas.

Isso os levou até ali, sentados lado a lado em poltronas acolchoadas de um luxuoso teatro, trajando ternos bem ajustados que Dean insistiu em chamar de "disfarces de gala".

— Isso é inédito até pra gente. — Dean murmurou, olhando ao redor com um misto de desdém e desconforto enquanto as luzes diminuíam e o burburinho do público se dissolvia. — Quem diria que caçar monstros nos levaria a... assistir balé.

— Shh. — Sam sibilou, o tom mais severo do que pretendia. Ele folheava o programa da apresentação, seus olhos atentos buscando o nome da bailarina. Lá estava: Blake Moreau. Um nome que já começava a soar mais enigmático do que a própria investigação.

Dean bufou, afundando na cadeira.

— Eu só tô dizendo... se algum bicho gigante aparecer dançando de tutu, eu juro que penduro as armas.

Sam ignorou o comentário, mas sentiu a tensão crescer dentro de si. Algo sobre esse caso parecia diferente, mais pessoal, embora ele não soubesse explicar por quê. Ele apertou o programa nas mãos enquanto as cortinas se abriam, revelando o palco iluminado.

E então, lá estava ela. Blake Moreau. A figura central da investigação... e, de alguma forma, de algo enterrado nas profundezas da memória de Sam.

Ela deslizou pelo palco como se estivesse flutuando, seus cabelos ruivos vibrando sob as luzes douradas, criando uma aura quase etérea ao redor dela. Vestida com um traje de balé preto adornado com pequenos detalhes brilhantes, ela parecia esculpida para aquele momento, cada movimento impecavelmente calculado, cada gesto transbordando uma graça quase sobrenatural.

Sam piscou, tentando lembrar a si mesmo por que estava ali. Ela não parecia uma assassina. Na verdade, era difícil imaginar alguém como Blake cometendo os crimes horrendos que eles estavam investigando. Mas ele sabia melhor do que ninguém que aparências podiam enganar. Pessoas que serviam como receptáculos para forças sombrias não tinham um estereótipo; muitas vezes, eram as que menos chamavam atenção.

Ainda assim, enquanto a observava, Sam não conseguia ignorar a estranha sensação que o invadia. Era como se já a tivesse visto antes, em algum lugar além daquele palco. Não era apenas familiaridade, mas algo mais profundo, quase primordial, como se sua presença despertasse um eco enterrado nas partes mais sombrias e esquecidas de sua mente.

Ele engoliu em seco, o olhar fixo nela.

— Sam? — Dean sussurrou ao seu lado, arrancando-o de seus pensamentos. — O que foi?

Sam balançou a cabeça levemente, desviando os olhos do palco por um instante.

— Nada. Só... alguma coisa sobre ela parece... familiar.

Dean arqueou uma sobrancelha, mas antes que pudesse responder, Sam voltou a olhar para Blake, determinado a descobrir por que aquela sensação o perseguia. Porque, por mais que tentasse afastar o pensamento, algo dentro dele dizia que essa investigação era mais do que apenas mais um caso.

Dean soltou uma risada baixa, inclinando-se na direção de Sam enquanto mantinha os olhos fixos no palco.

— Familiar, né? — Ele sussurrou, com aquele tom zombeteiro que Sam conhecia tão bem. — Cara, ela é gostosa. É isso que tá te pegando.

Sam lançou-lhe um olhar de reprovação, mas Dean apenas deu de ombros com um sorriso satisfeito, afundando-se na cadeira como se estivesse assistindo a um jogo de futebol, não uma apresentação de balé.

Mais garotas começaram a encher o palco, suas entradas perfeitamente sincronizadas, mas o foco de Sam permanecia em Blake. Enquanto Dean parecia imerso em sua própria diversão, Sam não conseguia se livrar daquela estranha sensação de que a conhecia. Era como tentar lembrar de um sonho que se desfazia a cada tentativa de capturá-lo.

Dean, no entanto, parecia completamente despreocupado.

— Sabe, até que isso não é tão ruim assim. — Ele murmurou, cruzando os braços enquanto as luzes mudavam para um tom mais suave no palco. — Talvez eu devesse vir a espetáculos de balé mais vezes.

Sam apenas revirou os olhos, ainda tentando juntar as peças que teimavam em não se encaixar.

Após a apresentação, Sam e Dean, com seus disfarces de jornalistas bem ensaiados, conseguiram autorização para entrar no camarim de Blake. A porta rangeu levemente ao se abrir, revelando um espaço luxuoso, mas pequeno, com espelhos emoldurados por lâmpadas quentes e um aroma leve de flores que pairava no ar.

Blake estava ali, usando um roupão preto de cetim que caía suavemente sobre seu corpo, conferindo-lhe uma elegância quase despretensiosa. Seus cabelos ruivos, antes presos em um coque impecável, agora estavam soltos e longos, caindo em ondas naturais sobre seus ombros. Ela não parecia tão intocável quanto no palco, mas ainda carregava uma presença magnética que era difícil ignorar.

Seus olhos, de um tom profundo e inquisitivo, analisaram os dois irmãos com um misto de desconfiança e cortesia. Apesar da evidente hesitação, ela manteve um sorriso educado, suas mãos ocupadas em dobrar meticulosamente um dos figurinos que estava sobre a bancada.

— Boa noite. — Ela começou, a voz suave, mas com um toque de cautela. — Me disseram que vocês queriam uma entrevista?

Sam deu um passo à frente, assumindo o papel de repórter com uma naturalidade que quase impressionou Dean.

— Sim, senhorita Moreau. Somos jornalistas independentes fazendo uma matéria sobre a elite do balé contemporâneo. Sua apresentação foi... impressionante. — Ele disse, escolhendo as palavras com cuidado enquanto tentava avaliar a reação dela.

Blake ergueu uma sobrancelha, mas manteve o sorriso, como se estivesse acostumada a elogios ensaiados.

— Agradeço. Embora eu tenha que dizer que esse tipo de matéria não é exatamente novo. — Ela respondeu, cruzando os braços de maneira casual, mas mantendo uma postura firme. — O que exatamente vocês querem saber?

Dean, que estava encostado casualmente na porta, deixou escapar um sorriso encantado antes de intervir.

— Na verdade, estamos mais curiosos sobre você. Sua dedicação ao balé é fascinante. — Ele inclinou levemente a cabeça, como se analisasse cada reação dela.

Blake estreitou os olhos por um momento, ainda desconfiada, mas sem perder a compostura.

-—Minha vida não é tão interessante quanto vocês imaginam. É basicamente treino, ensaio, apresentação, e tudo de novo no dia seguinte. — Ela respondeu, inclinando-se ligeiramente para a bancada, como se quisesse avaliar melhor os dois.

Sam percebeu a reticência dela e tentou suavizar o tom.

— Entendemos. Mas o que nos chamou a atenção foi sua trajetória na academia. Parece que você tem uma conexão muito especial com ela, não é?

A menção à academia fez algo passar pelo rosto de Blake, uma sombra momentânea que desapareceu quase tão rápido quanto veio.

— A Academia é minha casa há anos. Tudo o que sou como artista veio de lá. — Ela respondeu, o tom controlado, mas não tão relaxado quanto antes.

Sam trocou um olhar breve com Dean, ambos percebendo que haviam tocado em algo delicado.

Dean inclinou-se ligeiramente, cruzando os braços e assumindo uma postura casual, mas seu olhar avaliava cada detalhe na expressão de Blake.

— E há quanto tempo você está nessa academia? — Ele perguntou, com um tom despreocupado que contrastava com a intensidade do interesse que ele realmente tinha.

Blake hesitou por um instante, mas acabou respondendo, mantendo a voz controlada:

— Faz 18 anos.

A resposta fez Sam e Dean trocarem um olhar rápido, mas eles disfarçaram bem o impacto da informação. Sam inclinou-se um pouco à frente, fingindo uma curiosidade jornalística neutra.

— Uau, isso é bastante tempo. — Ele comentou, tentando soar casual. — Quantas bailarinas fazem parte da academia?

Blake deu de ombros, como se a pergunta fosse comum.

— Normalmente, somos em média dez. Não é um grupo grande. A maioria das meninas que entra não dura muito tempo.

A última frase pairou no ar, carregada de um significado que Sam não conseguiu ignorar. Mas Dean manteve o tom leve, tentando extrair mais informações.

— E vocês devem treinar muito, certo? Quantas horas por dia, mais ou menos?

Blake soltou um riso breve, quase amargo.

— Depende do dia, mas, em geral, umas 10 a 12 horas. Às vezes mais, se há uma apresentação importante chegando.

Dean ergueu as sobrancelhas, tentando esconder a surpresa.

— Isso é... intenso.

— É o que precisa ser. — Ela respondeu simplesmente, com um tom que misturava convicção e resignação.

Sam sentiu um desconforto crescente com as respostas dela. Algo sobre a forma como Blake falava, tão metódica e contida, parecia artificial, como se ela recitasse uma narrativa ensaiada. Ele não conseguia afastar a sensação de que havia muito mais por trás daquela academia do que ela estava deixando transparecer.

Sam sentiu a oportunidade escapar de suas mãos enquanto o silêncio pairava na sala. Ele se recompôs, tentando manter a postura de jornalista, mas as palavras pareciam mais arriscadas do que ele gostaria.

— Você... poderia nos levar até lá? — Ele disse, e logo percebeu o quanto a pergunta soava inadequada. Ele tossiu, tentando corrigir. — Quero dizer, a gente... gostaria de entender mais sobre o funcionamento da academia, ver um pouco do ambiente.

Blake olhou para ele com uma sobrancelha arqueada, a desconfiança transparecendo em seus olhos.

— Por que eu faria isso? — Ela perguntou, a voz um tanto cínica, como se soubesse que a intenção por trás da pergunta era mais do que parecia.

Sam se emaranhou nas palavras, tentando criar uma explicação convincente, mas sua mente parecia ter ido para outro lugar. Foi então que, de maneira quase involuntária, soltou o que queria evitar.

— Bem, você... parece ser muito boa no que faz. Seria... interessante ver o lugar onde uma bailarina tão talentosa treina. — Ele completou com um sorriso que tentou ser charmoso, mas sabia que não era exatamente o que esperava.

Blake olhou-o com uma expressão de leve surpresa, mas não se deixou impressionar. Ela cruzou os braços, avaliando-o por um momento.

Dean, que estava mais acostumado com o jogo de palavras e fintas, não perdeu tempo.

— Estamos tentando entender mais sobre a academia, Blake. O que ela representa, como funciona... Temos algumas questões que, bem, só você pode responder. — Ele explicou, sua voz mais séria, tentando dar um tom de legitimidade à conversa.

Blake suspirou, claramente ciente da insinuação em suas palavras.

— Não é assim que funciona. — Ela respondeu, a voz mais firme. — Ninguém entra lá tão facilmente, e definitivamente não é um passeio casual. É um lugar... fechado, e os treinamentos são intensos. Só as pessoas certas têm acesso.

Sam sentiu o peso de suas palavras. Ela estava alertando-os, talvez tentando mantê-los afastados do que quer que estivesse por trás daquela academia. Ele sabia que a resposta dela era um obstáculo, mas algo dizia a ele que havia mais do que ela estava disposta a contar.

Blake começou a se afastar um pouco, sua postura tornando-se mais rígida, os olhos agora um pouco mais atentos e desconfiados. Ela parecia estar percebendo que a conversa estava indo para um lugar que ela não queria. A tensão na sala ficou palpável, e Sam sabia que não conseguiria mais nada naquele momento.

Com um suspiro silencioso, ele puxou uma caneta do bolso e, em um gesto simples, anotou o número dele no papel que estava ao seu lado. Estendeu a folha para Blake com um sorriso leve.

— Se você quiser conversar mais, me liga. — Ele disse, a voz tranquila, tentando parecer descontraído, mas seus olhos estavam fixos nela, observando qualquer reação.

Blake hesitou por um momento, olhando para o papel antes de voltar os olhos para ele. Ela não disse nada, mas aceitou o número sem dizer uma palavra, como se a ação em si fosse mais uma formalidade do que uma intenção real.

Dean, sem perder a chance, viu a oportunidade e sorriu largo, ainda encostado na parede.

— Ou, sabe... se preferir, podemos continuar a entrevista em um lugar mais particular. — Ele disse, lançando-lhe um olhar provocador. — Um lugar mais tranquilo, onde você pode se sentir mais à vontade.

Sam imediatamente virou o olhar para Dean com uma expressão de repreensão, um leve franzir de sobrancelhas demonstrando seu desconforto com a cantada.

— Dean. — Ele murmurou em tom baixo, mas firme, tentando fazer seu irmão se comportar.

Blake, por sua vez, apenas sorriu de forma suave, mas a tensão ainda estava evidente em seu rosto. Ela ficou em silêncio por um momento, como se ponderasse suas palavras antes de falar.

— Vou pensar sobre isso. — Foi tudo o que disse, de maneira educada, mas com um tom que indicava que a conversa tinha chegado ao seu limite.

Sam, percebendo que não conseguiriam mais nada ali, decidiu que era hora de sair, não sem antes fazer um último esforço.

Dean, por outro lado, parecia mais preocupado com sua própria saída do que com a situação.

— Foi um prazer, Blake. — Dean disse, dando um sorriso charmoso, que ela respondeu com um simples aceno de cabeça.

Sam e Dean se levantaram para sair, Sam ainda sentindo a tensão no ar enquanto a porta se fechava suavemente atrás deles. Ambos sabiam que a investigação estava longe de terminar, mas o comportamento de Blake só os fazia questionar ainda mais o que realmente acontecia naqueles corredores, e se ela seria a chave para entender o que estava por trás da academia.

Assim que a porta se fechou atrás deles, Sam não pôde mais conter a frustração. Ele parou no corredor por um momento, dando uma olhada severa para Dean, que caminhava com um sorriso satisfeito, como se tivesse acabado de conquistar o mundo.

— Você não sabe a hora de parar, Dean. — Sam disse, a voz baixa, mas com um tom firme de reprovação. — A gente estava ali para uma investigação, não para fazer piada.

Dean riu, como se aquilo fosse só mais um detalhe insignificante.

— Ah, qual é, Sammy? Eu não ia perder a oportunidade. — Ele respondeu com um sorriso maroto, passando as mãos pelos cabelos enquanto se ajeitava. — Eu gosto de ruivas, e ela definitivamente estava dando sinais.

Sam bufou, sentindo um desconforto que não queria admitir. Ele sabia que Blake era bonita, até desarmante de certa forma, mas... bem, isso não era o ponto. Não ali, não agora.

— Certo, ela é bonita. — Sam disse, as palavras saindo de maneira rápida, como se estivesse se forçando a aceitá-las. Ele não falou mais nada, mas, por dentro, estava claro que o foco dele estava em algo muito mais sério do que as flertes de Dean. Eles tinham pendências mais importantes no momento.

Dean percebeu a mudança no tom de Sam e fez uma careta. Ele sabia onde aquilo estava indo.

— Eu sei, eu sei, você quer a parte séria da investigação, eu também quero, relaxa. — Ele disse, levantando as mãos em sinal de rendição, mas com um sorriso de lado, ainda achando graça na situação. —  Mas vou te dizer, ela não é de se jogar fora.

Sam olhou para ele com impaciência, mas não respondeu. Em vez disso, ele passou a mão pelo rosto, tentando se recompor.

— A gente vai precisar de outra abordagem para entrar na academia. Não vamos conseguir só com conversa. — Sam disse, mais focado no problema em mãos do que na situação com Blake.

Dean deu uma risadinha, ciente de que Sam ainda estava irritado, mas sem deixar de estar atento àquilo que realmente importava.

— Como sempre, você tem um plano. — Ele disse, ainda dando uma piscadela para Sam. — Agora, vamos? A Baby está me esperando.

Os dois saíram do teatro, e o som do motor do Impala logo encheu o ar enquanto Sam e Dean se acomodavam nos bancos dianteiros. Dean ligou o carro com um ronco familiar, a estrada à frente parecendo, mais uma vez, uma nova missão à qual os dois caçadores estavam prestes a se lançar. Mas no fundo, algo lhe dizia que a verdadeira chave para desvendar o mistério da academia estava mais perto do que imaginavam.

Enquanto Sam e Dean partiam em direção ao próximo passo do plano, Blake deixava o teatro, unindo-se às outras bailarinas nos bastidores. O grupo, em silêncio absoluto, moveu-se com uma sincronia perturbadora, como se cada uma das jovens estivesse conectada por um fio invisível. Suas posturas eram impecáveis, rígidas como se fossem bonecas de porcelana. Nenhuma palavra foi dita enquanto entravam na van preta estacionada discretamente atrás do edifício.

Blake sentou-se no canto, os cabelos ruivos caindo soltos sobre os ombros enquanto seus olhos vagavam pelo espaço, mas sem de fato olhar para nada. Era como se ela estivesse em um estado de vigília forçada, o semblante calmo demais para ser natural. A van partiu, deslizando pelas ruas escuras, levando-as de volta para o lugar que chamavam de "academia", embora tivesse muito pouco de um ambiente comum de aprendizado.

O edifício, escondido no coração de um bosque denso e silencioso, era uma construção imponente, mas sombria. Suas paredes de pedra negra eram cobertas por trepadeiras, e as janelas, altas e estreitas, deixavam escapar uma luz fraca e opressiva. O portão de ferro rangeu ao se abrir, permitindo a entrada do veículo que estacionou na entrada principal.

As bailarinas desceram uma a uma, ainda em total silêncio, seguindo em uma fila perfeitamente alinhada. Blake estava entre elas, os passos mecânicos ecoando no pátio. Dentro da academia, o ar era pesado, como se o próprio espaço estivesse impregnado de segredos e rituais antigos.

Elas foram conduzidas para o salão principal, um espaço amplo e austero, com pisos de madeira escura e paredes adornadas por cortinas pesadas de veludo carmesim. No centro, uma grande marca no chão - um círculo desenhado com símbolos intricados que cintilavam com um brilho fraco.

Blake sabia o que viria a seguir. Como sempre, após uma apresentação, o verdadeiro propósito de sua existência seria cumprido.

As bailarinas formaram um círculo ao redor do símbolo no chão, cada uma se posicionando com precisão, os rostos serenos, quase vazios. Uma figura encapuzada surgiu das sombras, carregando um objeto que parecia pulsar com energia própria - um artefato que Blake sabia ser essencial para o ritual.

Enquanto o ritual começava, uma luz etérea banhava o espaço, e uma energia estranha começou a se formar no ar. Blake sentiu o arrepio familiar percorrer sua espinha enquanto algo além da compreensão começava a preencher o espaço.

Elas estavam ali para servir. Para se tornarem receptáculos. E, como sempre, nenhuma delas tinha escolha. Lentamente, ela perdeu a consciência e seus olhos ficaram escuros.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top